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Participantes do Miss Goiás denunciam “jogo marcado” e assédio no concurso

A competição para eleger a representante goiana no Miss Brasil teve desde mensagens com “resultado antecipado” até relatos de situações vexatórias O universo dos concursos de beleza exerce fascínio e arranca suspiros tanto de mulheres quanto de homens desde as épocas mais antigas. Para se ter uma noção, a primeiríssima edição do famoso Miss Universo remonta a meados do século XX, precisamente no ano de 1952, quando a finlandesa Armi Kuusela foi eleita a primeira miss universal. Desde então, diversas ramificações da competição foram criadas para escolher a mulher considerada a mais bela e carismática de cada território. O Estado de Goiás, assim como todos os outros Estados do país, elege anualmente a sua miss para a disputa na categoria nacional, o Miss Brasil, que teve a primeira edição realizada no ano de 1954, coroando a baiana Martha Rocha. Entretanto, por trás dos belos sorrisos e da graciosidade das concorrentes, das cintilantes coroas e das pomposas faixas que ornam as moças, as candidatas alegam existir um outro lado do concurso que se esconde nos bastidores e que, ao contrário das misses, não é nada bonito. O concurso Miss Goiás coroou no dia 29 de novembro, em Goiânia, a Miss Goianápolis, Lorena Campos, de apenas 19 anos, como a representante do Estado apta a concorrer no Miss Brasil. Porém, o concurso, promovido pela empresária Fátima Abranches desde 2003, terminou com participantes relatando desde suspeitas de fraude até casos de assédio, situações de humilhação e exposição. O Jornal Opção conversou com participantes do Miss Goiás, que trouxeram à tona o que aparenta ser o “submundo” dos concursos de beleza. Elas narram uma rotina de assédios que levaram algumas, inclusive, a procurar ajuda psicológica. Outras denunciam um suposto clima de parcialidade presenciado durante a competição. É o caso da jornalista Sara Prado, de 23 anos, que representou o município de Caçu, no sudoeste do Estado. A miss, que veio a público recentemente nas redes sociais para falar sobre o concurso, contou que gastou cerca de R$ 10 mil para participar do evento – montante que inclui a inscrição de R$ 3 mil; passagens; compra de itens como coroa, faixa e preparativos no geral – e, assim como outras participantes ouvidas pela reportagem, saiu profundamente abalada dele. Sara relata que desde o início ela, assim como outras participantes, começou a sentir pressão para fazer alterações em sua aparência, como perder peso para estar apta a participar. Em uma conversa pelo WhatsApp cedida por Sara, Fátima Abranches, organizadora e dona do concurso Miss Goiás, pergunta à coordenadora responsável por Sara – figura responsável pela intermediação entre as candidatas e a organização do concurso – se ela conseguiria perder peso, uma vez que ela estaria, segundo Fátima, “muito cheinha” e que “quanto mais magra, mais bonita” era a candidata na competição. A miss de Caçu diz que perdeu 11 quilos. Ela conta que teve que recorrer à ajuda de um psicólogo devido às crises de ansiedade sofridas geradas pela pressão. [caption id="attachment_224893" align="alignleft" width="300"] Pelo WhatsApp, Fátima Abranches conversa sobre peso de um miss[/caption] “Mulher bonita tem que sofrer assédio mesmo”, teria dito especialista em concursos de Miss para participantes O concurso Miss Goiás teve duração de dois dias, quinta-feira, 28, e sexta-feira, 29 de novembro, entre a preparação e confinamento das candidatas no hotel San Marino até a coroação, que ocorreu no espaço de eventos do Restaurante Árabe, em Goiânia. Na noite de quinta, um jantar de confraternização foi oferecido pela organização do evento em uma residência no Setor Sul, de propriedade de um amigo da organizadora do concurso. A Miss Caçu, Sara Prado, expôs à reportagem o que teria sido uma situação que causou embaraço nas participantes que compareceram ao jantar. Segundo a miss, em um dado momento do jantar, Fátima e os auxiliares de organização solicitaram às candidatas que deixassem seus aparelhos celulares em algum local e fossem para uma sala fechada, uma espécie de cabine de vidro. No local, conforme a miss, foram recebidas por Evandro Hazzy, especialista em concursos de beleza e apresentador ligado ao Miss Brasil. Após uma fala de boas-vindas para as candidatas do Miss Goiás, Hazzy teria abordado uma polêmica envolvendo a modelo Wilma Paulino, detentora dos títulos de Miss Pará e Miss Itaituba de 2019. No mês passado, a modelo denunciou a coordenação do evento Miss Pará sob a alegação de que o coordenador do concurso, Herculano Silva, teria tentado fazer dela uma "acompanhante de luxo". Segundo a Miss Caçu, Hazzy teria condenado a atitude de Wilma Paulino e dito que misses deveriam estar acostumadas a cantadas e assédios, uma vez que apenas “mulher bonitas” sofrem com isso. O relato foi corroborado por outras duas misses ouvidas pelo Jornal Opção. Segundo uma delas, que não quis se identificar, Evandro Hazzy teria dito que “mulher bonita tem que sofrer assédio mesmo”. O clima no ambiente com a fala de Hazzy, de acordo com a moça, foi de constrangimento e indignação. Sara também contou que, durante o processo de preparação das meninas para o júri técnico, presenciou o momento em que um dos coordenadores teria se irritado com uma das misses, chamando-a de “burra” e “gorda”, À reportagem, uma outra miss enviou áudios em que um dos coordenadores se refere a ela como “lesada”. Ela conta que a irritação do mesmo se devia a uma pergunta que ela havia feito sobre seu maquiador, e que teria sido mal interpretada pelo coordenador. [caption id="attachment_224620" align="alignright" width="407"] Júri técnico e jantar de confraternização foi feito em casa no Setor Sul[/caption] Segundo ela, era frequente os colaboradores do concurso se referirem às participantes em tom agressivo e com termos ofensivos como “sonsa” e “burra” quando elas faziam algum questionamento. Mensagem enviada às candidatas antes da coroação dizia que vencedora seria Miss Goianápolis Na quinta-feira, um dia antes da solenidade que coroaria a Miss Goiás 2020, uma mensagem partindo de um perfil no Instagram trazia em seu teor uma informação que deixou atordoadas as participantes do concurso que a receberam. A concorrente Sara Prado foi uma das que receberam a mensagem. No texto enviado pelo perfil “jhonyjoy01”, uma pessoa dizia que torcia pela Miss Caçu, mas que infelizmente o concurso já estava comprado por uma candidata que teria apoio de um cantor goiano. A mensagem, recebida por Sara às 8h43 da manhã de 28 de novembro, dizia o seguinte: “Torço por vc, te acho mt linda mais (sic) é uma pena já sabermos que esse concurso está compro (sic) por uma candidata que tem influência do XXXX, a miss Goianapolis”. De fato, a miss Goianápolis venceu. No dia da coroação, o cantor compareceu ao evento. Conforme relatado pelas misses, o artista teria comemorado a vitória da Miss Goianápolis quando ela foi anunciada. Uma das misses ouvidas pela reportagem, que também não quis se identificar, contou que teve contato direto com a que levou a coroa. De acordo com ela, a miss de Goianápolis revelou que estava insatisfeita com o desenrolar do concurso, uma vez que estaria sendo negado a ela o direito de escolher quesitos básicos para avaliação do júri, como vestido e maquiagem. [caption id="attachment_224623" align="alignnone" width="300"] Pelo Instagram, pessoa usando perfil fake contou quem ganharia concurso[/caption] Lorena, então, teria contado para a miss ouvida pelo Opção que tudo o que estava usando ao longo da competição era escolhido a dedo diretamente pelo organizadora Fátima Abranches. “Ela estava muito insatisfeita, chateada, porque ela disse que a Fátima estava escolhendo tudo pra ela, e ela não podia escolher nada. Ela chegou a chorar no dia porque não havia gostado da maquiagem que havia sido feita nela”, afirma a miss. Fátima Abranches, organizadora do concurso Miss Goiás, diz que candidatas derrotadas “agem de má-fé” À frente do Miss Goiás desde o ano de 2003, a empresária Fátima Abranches declarou que as afirmações feitas pelas participantes do concurso são absurdas e que elas agem de má-fé como uma forma de retaliação, uma vez que perderam a competição. Por e-mail, a empresária respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem. De acordo com ela, em nenhum momento “a coordenadora se dirigiu a qualquer uma das candidata com desrespeito”. A empresária disse que “se algum prestador de serviço contratado pela Organização Miss Goiás tivesse se comportado de maneira inadequada e tal comportamento tivesse chegado ao conhecimento da coordenação, o mesmo teria sido veementemente repreendido”. Ainda conforme Fátima, a informação de que o resultado do concurso estava definido já no dia anterior à coroação é “falsa e caluniosa” e faz parte dos concursos de beleza. A empresária diz que “não houve, em hipótese alguma, interferência externa” no resultado do evento e que o artista mencionado pelo perfil que enviou a mensagem para as candidatas “não tem qualquer relação, pessoal ou profissional, com a coordenação do evento”. Fátima esclareceu que o método de escolha da Miss Goiás é composto por um júri técnico integrado por “pessoas com ótimo conceito na sociedade, sem qualquer vínculo entre si”, e um júri final, onde um novo corpo de jurados “tem a responsabilidade de escolher, dentre as cinco finalistas, a nova Miss Goiás”. Ela afirma que o resultado do concurso Miss Goiás 2020 “foi apurado junto a representantes de uma empresa de auditoria e o documento que comprova esta decisão será encaminhado a todas as candidatas, chancelado por esta empresa”. [caption id="attachment_224624" align="aligncenter" width="840"] Candidatas do Miss Goiás 2020[/caption] Sobre a informação de que Fátima teria escolhido pessoalmente as roupas e a maquiagem da miss vencedora, ela nega e diz que a coordenação do evento “não participou da escolha dos figurinos das candidatas”, uma vez que “esta decisão coube às candidatas e seus familiares ou coordenadores e assessores”. Segundo ela, a coordenação esteve aberta a todas as candidatas para orientar e instruir quanto à mecânica do concurso, “mas se absteve de tomar decisão de escolha da produção de beleza para a candidata vencedora ou qualquer outra miss”. Fátima também respondeu aos relatos das misses sobre a fala de Evandro Hazzy, que teria afirmado que “mulheres bonitas deveriam sofrer assédio”. Conforme a organizadora do Miss Goiás, durante o jantar oferecido na casa localizada no Setor Sul, em Goiânia, devido à música que era tocada para a descontração do ambiente, foi solicitado às participantes do concurso que fossem até uma sala de vidro que contava com isolamento acústico, onde teriam o primeiro contato com Hazzy. No primeiro contato com a reportagem, por telefone, Fátima negou que tivesse feito qualquer pedido para que as candidatas deixassem os celulares fora da sala. Entretanto, nos esclarecimentos enviados por e-mail, a empresária admitiu que “o uso do celular foi restrito” e explicou que a decisão foi tomada “para que as candidatas pudessem focar suas atenções ao momento, considerando a troca de conhecimento com um expert em misses e recordista na eleição de Misses Brasil”, se referindo ao encontro com Evandro Hazzy. Sobre as supostas declarações feitas pelo especialista em concursos de beleza, “o contexto do que foi mencionado por algumas candidatas está absolutamente distorcido”. Conforme Fátima Abranches, o que foi orientado é que “candidatas, por serem mulheres com beleza em destaque, são notoriamente vítimas de cantadas e precisam, enquanto pessoas públicas, saber se posicionar e se desenvolver em momentos que podem incitar constrangimento ou assédio”. Ela finaliza dizendo que a coordenação do Miss Goiás “não endossa situações de assédio físico ou moral”. A reportagem também entrou em contato com Evandro Hazzy sobre as supostas declarações atribuídas a ele pelas misses. Hazzy declarou que como especialista em Misses, profissional com mais de 30 anos no segmento, "repudia qualquer calúnia e inverdade" envolvendo sua participação no Miss Goiás. Conforme ele os questionamentos enviados pela reportagem, no qual "algumas candidatas derrotadas expõem suas opiniões, são mentirosas e caluniosas". O concurso, afirma ele, teve um corpo de jurados "idôneo e um auditoria credenciada para acompanhar a apuração". "A vencedora venceu todas etapas com méritos em todos quesitos", e "qualquer acusação precisa estar munida de prova concreta, sob pena judicial de quem o fez", finaliza.

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Vereadores são assíduos e apresentam muitas propostas, mas qualidade de projetos é questionável

Produtividade de vereadores não pode ser medida apenas por número de projetos apresentados ou frequência nas sessões  [caption id="attachment_223186" align="alignnone" width="620"] 359 propostas e vetos foram apresentados no primeiro semestre de 2019 na Câmara Municipal | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption] O vereador Paulo Magalhães (PSD) defende desde 2014 seu Projeto de Resolução na Câmara Municipal de Goiânia para que a presença dos vereadores em plenário seja verificada através de ponto biométrico. Finalmente, após cinco anos de tramitação, o projeto foi à votação no plenário no dia 13 de novembro de 2019 e, necessitando do apoio de 18 dos 35 vereadores, foi rejeitado com apenas sete votos favoráveis. A decepção de Paulo Magalhães foi tanta que o vereador afirma que desistirá da vida pública.  O parlamentar desabafa: “Fiz um juramento; prometi defender o povo com corpo e alma, mas a maioria ali [na Câmara Municipal] quer sombra e água fresca. Lá, a maioria dos projetos é para dar título a fulano, criar dia do saci, dia do colhedor de abóbora, etc. Eu tento fazer um trabalho sério, mas me sinto desanimado. Por exemplo: regulamentei a feira da madrugada, mas logo criaram uma feira paralela que não obedece às regras que criamos. Você faz o projeto, mas a lei é desobedecida. Estou muito decepcionado, não voltarei nunca mais a ser vereador; talvez possa me arriscar como deputado”. Apesar da indignação de Paulo Magalhães, o relatório de frequência e atuação parlamentar revela que o comparecimento dos vereadores nas sessões não é um problema tão grave. A presença é verificada em três chamadas durante a sessão e registrada pela assinatura do parlamentar em lista; pelo taquígrafo da Casa; pela ata das sessões; pela TvCâmara, que permite que cidadãos confiram a anuência de vereadores ao vivo; e há ainda a obrigação de vereadores inserir senha no momento do voto. Nas 63 sessões realizadas de fevereiro até julho deste ano houve apenas nove ausências não justificadas. [caption id="attachment_174120" align="alignnone" width="620"] Decepcionado, Paulo Magalhães afirma que desistirá da vida pública como vereador / Foto: Fernando Leite | Jornal Opção[/caption] Entretanto, como explicam os vereadores, a mera presença do parlamentar nas sessões não significa produtividade, e também é importante lembrar que parte do trabalho desta profissão se realiza nas ruas. Anselmo Pereira (PSDB) afirma sobre a produtividade na Câmara Municipal: “Mais importante do que a frequência é o nível dos projetos apresentados pelo vereador, como conduz audiências públicas, se convoca sessões para debater temas importantes, se realiza ações intinerantes em locais de conflito.” A análise da produtividade defendida por Anselmo Pereira depende de um acompanhamento do trabalho do vereador pelo cidadão que é complexo, mas que tem sido facilitado pelas novas tecnologias. “Estou na Câmara Municipal de Goiânia desde 1977. De lá para cá tudo mudou muito. Imagine que, quando comecei, a Câmara tinha uma única máquina de escrever Remington que servia a todos os vereadores. Rodávamos projetos de lei e todo tipo de papéis para toda sociedade no mimeógrafo. Hoje, com o avanço na velocidade da difusão da informação, a câmara produz mais em um mês do que em todo um mandato naquela época”. Anselmo Pereira, que acompanha as obras de reforma na Praça Universitária, exemplifica como a atuação parlamentar é mais eficiente hoje: “Em menos de um minuto toda minha comunidade já sabe o que estou fazendo na Praça Universitária por minhas redes sociais. Idealizo um compromisso, realizo e comunico – é a consagração de qualquer homem público”. O vereador lembra outra vantagem que parlamentares dedicados ganharam: as redes deixam um rastro acessível. Hoje, o vereador não pode mentir sobre quanto realizou em seu mandato. [caption id="attachment_107137" align="alignnone" width="620"] Anselmo Pereira diz que a Câmara Municipal é hoje muito mais produtiva do que no passado | Foto: Divulgação / Câmara Municipal de Goiânia[/caption] No primeiro semestre de 2019, a Câmara Municipal de Goiânia apresentou 291 projetos de lei. O número, entretanto, não deve ser usada como medida de produtividade, segundo o vereador Oséias Varão (PSB). Ele afirma: “No contexto atual, o grande desafio não é falta de leis. Nos acostumamos com a ideia do vereador como legislador, mas também é obrigação dele fiscalizar o cumprimento das leis. Temos um número de leis muito grande, mas os problemas são persistentes. O que precisamos fazer é um mutirão para revogar leis inúteis e supervisionar as restantes”. Oséias Varão exemplifica como a fiscalização de políticas existentes pode contribuir mais do que a criação de novas leis. Uma investigação conduzida por seu gabinete sobre os pacientes do Sistema Único de Saúde que mais demoravam a ser atendidos revelou que, em muitos casos, a falta de padronização nos pedidos de exame e orientações médicas criava entraves burocráticos. “Eu propus que médicos e servidores da saúde municipal passassem por treinamento para preencher formulários. É uma coisa simples, mas acaba com o problema de centenas de pessoas sem atendimento”, afirma Oséias Varão.  O vereador Clécio Alves (MDB), que justificou sua posição contrária ao projeto de Paulo Magalhães pela redundância da verificação de presença na Casa, engrossa o coro dos vereadores que priorizam a fiscalização. “Sou contra esse 'circo' que fazem na Casa por conta de ponto biométrico. É desnecessário. É uma proposta demagógica para capitalizar no sentimento de descrédito que passa a classe política. Não adianta apontar defeitos nos colegas vereadores, mas mostrar o que não funciona e tentar corrigir”. [caption id="attachment_182872" align="alignnone" width="620"] Segundo Oséias Varão, foco de vereadores deveria ser fiscalização | Foto: Livia Barbosa/Jornal Opção[/caption] Clécio Alves, que presidiu a Comissão Especial de Inquérito (Cei) que investigou irregularidades dentro da Saúde Municipal em 2018, afirmou sobre o papel fiscalizador da Câmara: “A Saúde comprava carros-sucata, sem motor nem câmbio, por R$ 80 mil; existia aparelhos de raio-x novos, fechados na caixa, enquanto a saúde pagava empresas privadas para fazer esse exame”. Integrantes da Cei encontraram as irregularidades após análise de 50 mil páginas de documentos que levou seis meses para ser completo, resultando indiciamento de 31 pessoas.

Limitações

Quando perguntados sobre a qualidade dos projetos de lei, vereadores frequentemente afirmam que o poder de legislar em nível municipal é limitado. “Boa parte dos projetos apresentados não terão efetividade porque esbarram nas jurisdições das esferas estadual e federal”, afirma Oséias Varão.  Além deste fator, segundo a Lei Orgânica do Município, apenas o poder executivo pode cortar cargos e qualquer gasto que onere o município é considerado inconstitucional se partir do legislativo. “Como resultado, mais de 50% das leis apresentadas serão consideradas inconstitucionais”, afirma Oséias Varão. A estrutura da Câmara custa R$ 120 milhões por ano, incluídos o trabalho das comissões, procuradoria da Casa, plenário, assessores – “uma enorme estrutura para discutir projetos que nunca serão implementados”, diz Oséias Varão.  A solução para este problema, segundo o vereador Lucas Kitão (PSL), é complexa e passa pela reforma do pacto federativo: “O que precisamos para otimizar a atuação dos vereadores é atribuir maior responsabilidade aos municípios. A grande dificuldade é que desperdiçamos muitos esforços pedindo recurso. Grande parte dos serviços sociais são cumpridos pelos municípios, e eles têm de ser compensados.” [caption id="attachment_172447" align="alignnone" width="600"] Lucas Kitão diz que maior produtividade dos vereadores passa por repactuação federativa| Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]

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A um mês do recesso, Alego e Câmara ainda têm projetos polêmicos para votar

Na Assembleia Legislativa a PEC da Previdência é alvo de muita polêmica. Com revisão do Plano Diretor, que tramita na Câmara, não é diferente [caption id="attachment_221815" align="alignnone" width="620"] Foto: Colagem[/caption] A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e a Câmara Municipal de Goiânia dividem, neste momento, responsabilidades semelhantes em esferas diferentes da administração pública. O alinhamento das pautas entre ambos os Poderes se sobressai especialmente na reta final de cada ano. Hoje, o sentimento de ambas as Casas legislativas se resume a uma torcida intensa pelo "bom andar da carruagem". Acontece que pautas polêmicas vindas do Poder Executivo ainda se encontram em tramitação e as discussões para apreciá-las parecem longe do fim. Na Alego, por exemplo, a reforma da Previdência no Estado é alvo de muita polêmica. Com a revisão do Plano Diretor, que tramita na Câmara, não é diferente.  Decano no Legislativo estadual, o deputado Álvaro Guimarães (DEM) resumiu o imbróglio típico de fim de ano: “Estou aqui há muito tempo. Todo final de ano a discussão é a mesma. Temos que aprovar a LOA [Lei Orçamentária Anual] e outros projetos de interesse do Estado. Aí começa a correria”. A correria a qual o parlamentar se refere diz respeito ao prazo apertado para apreciação de matérias complexas, como a própria PEC da Previdência, por exemplo.  [caption id="attachment_221862" align="alignnone" width="620"] Deputado Alvaro Guimarães: "Todo final de ano a discussão é a mesma", diz ao avaliar reta final de 2019 / Foto: Felipe Cardoso/Jornal Opção[/caption] “Hoje, o texto da previdência do Estado é a matéria mais importante na Casa. Não tenho dúvidas que será bastante discutida. Segundo as informações que recebi, devo ser o relator. Se for, garanto que não aprovaremos nada a toque de caixa. Esse projeto demanda muitas discussões até chegarmos a um denominador comum entre o governo e o povo. Pela contagem, acho difícil que esse debate seja findado este ano”, considerou Guimarães.  No entanto, a esperança do Executivo é que a matéria seja, sim, aprovada este ano. Caso contrário, a lei não entraria em vigor em 2020 — o que não soa nada interessante. Apesar da avaliação do ‘possível’ relator da matéria, o relógio não tem sido um fator preocupante para o líder do governo na Casa. “Os deputados estão analisando cada ponto desta reforma. Muitos já se manifestaram favoráveis. Acredito que haja tempo suficiente para convencer e adquirirmos os votos necessários [para aprová-la]. Estamos caminhando para atingir mais de 27 votos”, considerou o deputado Bruno Peixoto (MDB).  Pela complexidade do tema, representantes de diversas categorias já elencaram pontos que provavelmente serão levados em consideração nos próximos dias. Dois deles dizem respeito aos trechos que tratam sobre a retirada do quinquênio e contribuição extraordinária. “O projeto evidentemente pode ser aprimorado. Faremos tudo dentro do diálogo. O que for possível, faremos. No entanto, não podemos admitir aquilo que trouxer prejuízo futuro ao servidor e ao bem maior que é o povo de nosso Estado”, completou o líder.  [caption id="attachment_220332" align="alignnone" width="620"] Deputado estadual Bruno Peixoto (MDB) diz que PEC da Previdência será aprimorada na base do diálogo | Foto: Felipe Cardoso/Jornal Opção[/caption] Mas há quem duvide de todo esse controle. É o caso do deputado Alysson Lima (Republicanos) que garantiu à reportagem que o governo não tem tanta tranquilidade para aprovar esta matéria. “Acredito que a margem será bem apertada. Minha grande dúvida é em relação aos prazos. Se alguém pedir vista, isso travará a pauta completamente de forma que não haverá condições para qualquer votação em 2019. A reforma é necessária, mas não podemos votar de forma a sacrificar o servidor”.  Outro ponto que será intensamente debatido no Parlamento diz respeito à previdência especial para forças de Segurança Pública. O deputado Humberto Teófilo (PSL), por exemplo, é um grande aliado do governo Caiado, ao passo em que também é um dos principais representantes da Polícia Civil na Alego. O descompasso entre Executivo e PCGO diante desta matéria tem forçado Teófilo a escolher um lado. “A PEC não tem meu total apoio. Penso que precisamos ter igualdade entre as forças de Segurança Pública. Neste caso, o que temos é um prejuízo à Polícia Civil. (...) Quero seguir o que foi decidido pelo Congresso Nacional para manter minha coerência, mas do jeito que está não conta com meu apoio. Estou trabalhando junto com sindicatos e outras forças da segurança para elaborar uma emenda e alterar essa proposta”, disse o parlamentar em entrevista ao Jornal Opção

Recém-nascido  

O presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira, e o líder do Governo, Bruno Peixoto (MDB), apresentaram na última semana um projeto de Lei que prevê a encampação da Enel pelo governo. A Ideia é que a Celg assuma novamente a gestão da energia no Estado até a realização de um nova licitação. A matéria tem lá sua importância, mas a tramitação de um novo texto polêmico dificulta ainda mais que a apreciação da PEC da Previdência aconteça em tempo hábil.  [caption id="attachment_195960" align="alignnone" width="620"] Presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira, garante ter esgotado as possibilidade de diálogo com a Enel / Foto: Felipe Cardoso/Jornal Opção[/caption] Segundo o presidente da Alego, a medida foi proposta após os Poderes esgotarem as possibilidades de entendimento com a Enel. “Tentamos de todas as formas de diálogo e nada adiantou. A população está revoltada e aqui [Assembleia] há quem represente a população e irá fazer com que essa empresa respeite os sete milhões de habitantes deste Estado”, garantiu. Bruno Peixoto também falou com a imprensa sobre o assunto: “A Alego autorizou a venda. Entendo que da mesma maneira temos o poder para aprovarmos a encampação. (...) Assim que a lei for aprovada e sancionada pelo governador, vamos agir imediatamente ao Governo Federal para que autorize a Celg GIT a assumir a distribuição de energia em Goiás”. Se tudo transcorrer conforme o esperado, a Celg, segundo Peixoto, deve gerir de maneira temporária até que haja um novo processo licitatório.  Questionado sobre a possibilidade do projeto simbolizar uma pauta encomendada pelo governo, Bruno disparou: “Foi uma pauta que teve origem na Casa. O presidente e o líder estão agindo em sintonia. O governador, evidentemente, está apoiando toda e qualquer ação que possibilite a retirada da Enel [do Estado]”.  [caption id="attachment_173453" align="alignnone" width="620"] Deputado Zé Carapô sobre Enel: "Todas as ferramentas que temos para colocá-la no seu devido lugar são muito bem-vindas" / Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Para o deputado Zé Carapo — que apesar de ainda não ter o cargo oficializado é tido como o vice-líder do governador —, o ideal é que o Legislativo use todas ferramentas disponíveis para colocar a Enel em seu devido lugar. “A empresa não está respeitando o contrato, os termos de compromisso e o cidadão. Todas as ferramentas que temos para colocá-la no seu devido lugar são muito bem-vindas”. 

Anos e anos depois…

Na esfera municipal a situação não é diferente. Lá, a discussão se resume a sanar o imbróglio da revisão do Plano Diretor de 2007. Após percorrer um longo caminho até finalmente chegar à Câmara — haja vista que o que deveria ser feito em 2017 só aconteceu em 2019 —, o Plano se encontra na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e protagoniza uma discussão calorosa acerca da necessidade de sua passagem pelo Conselho Municipal de Política Urbana (Compur).  Diante de tanta confusão, o próprio presidente do Legislativo já considera a possibilidade — para não dizer o fato — da matéria ficar para o ano que vem. “A tendência é que realmente fique para 2020. Acho pouco provável que, diante da quantidade de divergências e as incertezas dos vereadores sobre alguns pontos, o plano seja votado este ano”.  [caption id="attachment_174649" align="alignnone" width="620"] Presidente da Câmara Municipal, Romário Policarpo diz que "tendência" é que Plano Diretor "fique para 2020"  | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção[/caption] A relatora do processo, Doutora Cristina (PSDB), não tem pressa. A preocupação latente da vereadora se resume em aprovar um plano que não ofereça prejuízo futuro ao município. “Seguiremos tomando as atitudes necessárias para que o compur, de fato, análise. Além disso será contratada uma comissão técnica que deverá participar da avaliação desse processo”.  Já o líder do prefeito, Oseias Varão (PSB), demonstrou tranquilidade em, se Câmara entender como necessário, submeter o projeto à análise do órgão. “Não há prazo para aprovação deste plano na Casa. Acredito que ele não deva ser aprovado este ano, não há tempo hábil para isso. Quanto a necessidade da prefeitura ter recorrido ao Compur anteriormente, disparou: “O Executivo entende que não há fundamento ou imposição legal neste sentido, mas a Câmara tem autonomia para fazê-lo durante a condução das discussões aqui na Casa”. [caption id="attachment_221863" align="alignnone" width="620"] Vereador Oseias Varão, líder do prefeito na Câmara Municipal, diz que Plano Diretor não deve ser votado em 2019 / Foto: Felipe Cardoso/Jornal Opção[/caption] Apesar das cenário nebuloso, o vereador Lucas Kitão (PSL) mantém a esperança de que, pelo menos, a primeira votação do processo ocorra ainda esta semana. “Precisamos aguardar as definições da CCJ para ver se temos esta condição”, acrescenta. Ainda na turma dos otimistas, o vereador Andrey Azedo (MDB) destacou que tudo o que foi solicitado pela Câmara já está contemplado na documentação recentemente enviada.  “Todos os requisitos foram atendidos. Agora, cabe a nós vereadores a responsabilidade de analisar essa matéria o mais breve possível. No ponto em que se encontra hoje não vejo dificuldades. Vamos analisar a constitucionalidade, legalidade e se há dispositivo antiregimental; que é uma competência da CCJ. Nada além disso”, pontuou.

2020 em foco 

Seguindo os mesmos passos do legislativo estadual, a Câmara Municipal de Goiânia também elabora os detalhes da Lei Orçamentária que pautará as atividades do e Executivo no ano que vem. Quanto a ela, não há escolha: enquanto não for aprovada, vereadores e deputados não gozam do recesso. Para do tucano Hélio de Sousa, decano do Legislativo goiano e ex-presidente do Parlamento, este é um avanço significativo. “Desde 2015 temos no Congresso as emendas impositivas. Na Alego elas estão implantadas desde o ano passado. Estamos colhendo, com isso, os frutos. Temos municípios recebendo essas emendas. É uma maneira de darmos uma respostas às bases que nos apoiam”, avaliou o tucano.  Já o  líder do prefeito destacou que há um cronograma bem definido e em andamento na Câmara. “Os vereadores estão no prazo de apresentarem suas emendas e o relator, que é o vereador Wellington Peixoto, deverá então dar andamento para que a matéria seja aprovada até o fim do ano”. Policarpo, por sua vez, endossou o discurso: “Nossa previsão é que, no máximo, até a primeira semana de dezembro a gente aprove em votação final e encaminhe de volta ao Paço [sede do Poder Executivo municipal]”. 

Há espaço para mais? 

Na Alego sempre há. É o que diz a experiência de Álvaro Guimarães. “Sempre chega alguma coisa. O período de recesso é grande então o governo costuma usar esses dias que o antecede para aprovar aquilo que é de mais interesse. não tenho conhecimento [de nenhum projeto], mas certamente o governo deve estar preparando alguma matéria”, pontua.  Do outro lado, porém não menos experiente, Helio de Sousa coaduna — em partes — com o pensamento de Guimarães. Apesar de desconhecer qualquer projeto que possa ser encaminhado pelo Executivo — haja vista o distanciamento natural do tucano com o governador em exercício —, se chegar, Helio arrisca palpite sobre o teor.  [caption id="attachment_148572" align="alignnone" width="620"] Deputado estadual Helio de Sousa (PSDB) sobre incentivos fiscais: "Creio que o governo tenha a intenção de votar algo sobre o assunto ainda este ano" / Foto: Divulgação[/caption] “Penso que possa ser algo relacionado aos incentivos fiscais. Estamos vigilantes pois somos favoráveis que se tire a gordura desses incentivos, mas que ao mesmo tempo mantenha a competitividade do Estado. São matérias muito polêmicas e que precisam atingir um acordo necessário entre o governo e os empresários. Penso que poderá acontecer, e, acontecendo, ela é muito preocupante para mim. Creio que o governo tenha a intenção de votar algo sobre o assunto ainda este ano”. Na Câmara, a leitura sobre o assunto também é unânime, porém, oposta: “Acho que esse ano são só essas duas matérias. A única expectativa em relação a este assunto é que a  prefeitura, no início do ano que vem, mande o código de posturas para a câmara. Este foi até um pedido meu para que não enviasse esse ano e gerasse uma sobrecarga de processos importantes aqui na Casa”.  O líder na Câmara, por sua vez, reforça que se houver algum encaminhamento certamente será um projeto de baixo impacto. “São assuntos mais secundários. Não há previsão para chegada de um projeto relevante”.

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A seca pela qual a capital passa chama atenção para a situação dos recursos hídricos e revela medidas paliativas e falta de entendimento da situação de fato  [caption id="attachment_214027" align="alignnone" width="620"] Uma das diversas nascentes do Córrego Rosão que alimenta o Meia Ponte tem suas margens degradadas | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] Pelo fundo dos bairros Jardim Conquista, Dom Fernando I e Dom Fernando II passa o Córrego Rosão, um dos afluentes do Rio Meia Ponte. Há mais de uma década, o rompimento de uma adutora da Saneago causou um enorme processo erosivo que viria a ficar conhecido como “buracão”. O buracão foi aterrado em 2017 e o esgoto, que era despejado no córrego, foi devidamente canalizado, mas, embora haja decisão judicial para recuperação da área degradada, o local continua sofrendo com invasões, despejo de lixo doméstico e uso ilegal dos recursos hídricos. A situação não é melhor no restante da cidade.  Quando a vereadora Dra. Cristina chamou a atenção para a situação dos moradores da região e conseguiu reparar a erosão com fundos de emenda parlamentar municipal, foi acordado que a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) apresentaria um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad), mas nunca o fez. Os moradores que formaram a Associação Comunitária do Jardim Conquista (Ascojaco) relatam que o problema está longe de definitivamente solucionado.  [video width="704" height="480" mp4="https://jornalopcao.com.br/wp-content/uploads/2019/10/TVBRASILCENTRALGOINIAGO-12.38.21-12.41.31-1569945409.mp4"][/video] Raquel Alves Batista, vice-presidente da Ascojaco relata que o interesse da associação é transformar o local em um parque, com isolamento das nascentes, reflorestamento da vegetação nativa e desocupação de invasões no local. “Até que isso aconteça, vão continuar aparecendo processos erosivos nesta, que já é uma Área de Preservação Permanente (APP). Isso não é respeitado. Hoje mesmo (1 de outubro) a Amma apreendeu uma fábrica de gelo clandestina que retirava água do córrego para vender no centro da cidade”, afirma a vice-presidente da associação de moradores.  [caption id="attachment_214028" align="alignnone" width="620"] Região ainda não tem um Plano de Recuperação de Área Degradada | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption]

Manda-chuvas

Há 187 mananciais identificados e que estão distribuídos por todas as regiões de Goiânia. Segundo a assessoria de imprensa da Amma, os principais problemas constatados nestes cursos hídricos são: descarte de entulho e lixo doméstico, lançamento clandestino de esgoto, desmatamento de mata ciliar resultante de invasão de APPs. Não há, entretanto, estudo que monitore a qualidade das águas ou verificação do grau de degradação dos mananciais.  Gilberto Marques Neto, presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente, afirma que a fiscalização tem sido um dos focos do órgão: “Através de parceria com o Comando de Policiamento Ambiental (CPA) da Polícia Militar, a Amma passou a ter suporte nas abordagens aplicando não apenas medidas administrativas, mas judicializando infratores que podem ser criminalmente processados”. Gilberto Marques Neto afirma também que a Medida Provisória (MP) da Liberdade Econômica já facilitou o licenciamento ambiental de 775 processos através do programa Licença Ambiental Fácil. O presidente do órgão espera que, ao modernizar a concessão de licenças, parte da equipe possa ser alocada no monitoramento ambiental.  De forma semelhante, a Secretaria de Estado de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) também fiscaliza e pune infrações, mas não tem estudos para controlar nível ou qualidade hídrica. Como o licenciamento ambiental é descentralizado – compartilhado entre Governo Estadual e município –  ambos os níveis têm a obrigação de supervisionar o uso de recursos hídricos. Entretanto, a estadual Semad tem uma obrigação a mais, pois autoridade sobre as águas subterrâneas é sua, exclusivamente. A autorização para abrir poços artesianos não depende de licenciamento ambiental, mas sim de outorga, que tem encargo estadual. [caption id="attachment_214033" align="alignnone" width="620"] Apesar de ser uma Área de Preservação Permanente, Córrego Rosão tem diversas ocupações ilegais | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] Marcos Menegaz, superintendente de recursos hídricos e saneamento da Semad, afirma que o nível dos lençóis freáticos em Goiânia o preocupa, pois sabe empiricamente pelo número de pedidos de abertura de novos poços artesianos que uso da água subterrânea se multiplicou. “Tivemos uma reunião recentemente e pretendemos monitorar essa atividade. Queremos criar um grupo de trabalho para definir diretrizes para avaliar o balanço hídrico. Mas hoje nada é feito nesse sentido”, afirma Menegaz. O superintendente cita como ações da Semad em prol da manutenção do nível hídrico a revitalização da bacia do Meia Ponte, que consiste em ações de conscientização, educativas e operacionais para recuperar os afluentes do Rio Meia Ponte. Entre os exemplos práticos deste último grupo de ações estão a melhoria da infiltração da água no solo, que envolve ainda mais um órgão governamental, a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), por meio da seção do Plano Diretor. Janamaina Costa Bezerra de Azevedo, funcionária técnica da Seplanh afirma que, desde 2013, a secretaria obriga a construção das caixas de recarga na capital. Segundo a lei Nº 246, de 2013, que altera o Plano Diretor vigente, tratam-se de: “reservatórios de armazenamento das águas pluviais coletadas dos telhados e de áreas impermeabilizadas, tais como estacionamentos, ruas e avenidas, podendo ser destinadas ao reuso, em unidades residenciais ou não residenciais, para fins não potáveis. O reservatório de retenção deverá permitir, sempre que viável, a infiltração da água armazenada, funcionando também como caixa de recarga do lençol freático.” [caption id="attachment_214032" align="alignnone" width="620"] Uma das nascentes da região do Jardim Conquista é utilizada para descarte de lixo doméstico e bebedouro de gado | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] Entretanto, Janamaina Costa Bezerra de Azevedo afirma que a Seplanh também não verifica se a lei foi obedecida ou não. Marcos Menegaz, superintendente de recursos hídricos e saneamento da Semad, diz: “Os projetos antigos não se adequaram. O problema de impermeabilização do solo em Goiânia é antigo. Novos empreendimentos observaram esses índices e obedecem as regras adequadamente, mas, como não temos monitoramento, não há como determinar se houve melhora”. 

Conversa com quem entende

[caption id="attachment_189066" align="alignright" width="300"]| Luziano Carvalho afirma que proteção ambiental não deve ser apenas caso de polícia | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] Luziano Carvalho é delegado titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) há 20 anos. O delegado trabalha diariamente com a recuperação de mananciais em Goiás e na capital e conta como tem percebido a situação hídrica mudar ao longo dos anos. Apesar de relatar diversas ocasiões em que seu trabalho foi feito apenas para ser frustrado posteriormente, ele afirma não perder esperança de ver uma mudança na cultura da preservação socioambiental. Qual é a situação dos córregos goianienses atualmente? Praticamente todas as nascentes de Goiânia foram cercadas e reflorestadas até onde é possível. Algumas têm danos irreversíveis ou construções ao redor, mas já fizemos o que poderia ser feito: reflorestamento, isolamento, monitoramento. Estão isoladas, mas quando se faz fundações que chegam ao lençol freático, isso uma agressão; se fizerem uso irregular das águas, é uma agressão; se descartarem lixo e esgoto clandestinamente, isto é uma agressão.  Na Serrinha, por exemplo, se recuperou a nascente, mas uma rede pluvial desvia a água. No parque Cascavel fizemos esse trabalho, mas foi assoreado. Recuperamos o parque Macambira Anicuns, mas foi construída uma rua em cima. Quando se faz esse tipo de coisa, acabou. Recuperamos cerca de 80% das nascentes, a maioria se tornou parque, Área de Preservação Permanente, mas isso não significa que serão completamente recuperados. Existe legislação para proteger mananciais, plano diretor, diversos outros dispositivos legais. Por que a lei não está sendo suficiente? Tome por exemplo a obrigação de guardar 50 metros de mata ciliar. Não se pode construir mais próximo de córregos do que isto, mas é uma medida que simplesmente não é obedecida. A realidade é que não entenderam que Área de Preservação Permanente é PERMANENTE. O shopping Passeio das Águas, por exemplo, foi feito em cima de uma APP desta forma: Se constrói em APP de qualquer forma e, depois que se é questionado judicialmente, envia-se uma composição para a justiça, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), ou uma compensação ambiental como reflorestamento em outra área. Qualquer coisa do tipo funciona. A justiça entende que, uma vez que a já construção foi feita e a natureza já foi destruída, é melhor que não se tenha também a perda econômica, ninguém manda demolir.  Agora, está acontecendo novamente no setor Parque Oeste Industrial. Não há falta de legislação então? De forma alguma. Se alguém quiser fazer uma lei para proteger o meio ambiente não aparece quem discorde, mas isso não resolve o problema. Nosso grande desafio é colocar tudo que está em lei na prática. É muito fácil criar leis, mas é também uma transferência de responsabilidade.  Cria-se a lei mas não a cultura os mecanismos para fazê-la valer. Aí acontece a infração, vem a polícia, o Ministério Público, e esses se tornam os culpados porque serão incapazes de arranjar um jeito de fazer a lei ser cumprida. Eu tenho agora 80 requisições do Ministério Público na minha mesa. Me pergunte se eu tenho estrutura para resolver. O senhor não vê o que pode ser feito? O problema só será solucionado com uma evolução da cultura. É preciso uma adequação social, as pessoas precisam fazer sua parte. Tem que compatibilizar o econômico com o socioambiental. É obrigação do poder público e da comunidade proteger o meio ambiente, criar estratégias de conscientização, prevenção, planejamento, fiscalização e punição. Mas isso tem uma ordem para funcionar.  Veja, como se consegue resolver o problema da impermeabilização do solo sem prejudicar crescimento urbano? O único jeito é investir em tecnologia, pesquisa e ciência. Estamos indo no caminho oposto, mas não podemos perder a esperança. 

“Bolsonaro e Dilma têm reações semelhantes sobre políticas de Direitos Humanos”, avalia ex-ministro Aloysio Nunes

O atual e a ex-presidente reagiram de maneira igualmente duras, embora sejam alinhados politicamente a dois extremos do centro político: direita e esquerda [caption id="attachment_214049" align="alignnone" width="620"] Ex-ministro das Relações Exteriores e ex-senador Aloysio Nunes considera que Bolsonaro e Dilma têm reações semelhantes sobre Direitos Humanos | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção[/caption] Rafael Oliveira* O ex-chanceler brasileiro no governo Michel Temer, de março de 2017 a janeiro de 2019, Aloysio Nunes (PSDB), de 74 anos, comparou as reações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ao serem criticados por autoridades internacionais no ambiente de Direitos Humanos no Brasil. O atual e a ex-presidente reagiram de maneira igualmente duras, embora sejam alinhados politicamente a dois extremos do centro político: direita e esquerda. Quando a Alta Comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, criticou a redução do espaço cívico e democrático no Brasil durante participação em um evento em Genebra, Suíça, após “ataques contra defensores dos direitos humanos, restrições ao trabalho da sociedade civil e ataques a instituições de ensino”, o presidente brasileiro respondeu as críticas com elogios ao governo do general Augusto Pinochet à frente do Chile, entre 1973 a 1990. “Se há uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, bem, que dia que a morte de meu pai por tortura permitiu que (o Chile) não fosse outra Cuba, a verdade é que me dá pena pelo Brasil”, disse Bachelet em entrevista à Televisão Nacional do Chile (TVN), no final de setembro. Anteriormente à resposta de Bachelet, o presidente brasileiro elogiou a “coragem” da ditadura de Pinochet em frear o avanço da esquerda e “comunistas como seu pai [de Bachelet]”, um general da Aeronáutica chilena que morreu na prisão em 1974. Para Aloysio Nunes, “notoriamente Jair Bolsonaro é alguém que tem profundo apego a personagens trágicos a vida brasileira, que fez até apologia da tortura. A reação dele em relação à manifestação da Comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas [Bachelet] é uma grosseria inominável”. Em 2011, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) reagiu duramente a críticas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre supostas irregularidades no processo de licenciamento ambiental da obra da Usina de Belo Monte (PA), que poderiam causar impacto sobre indígenas da região. A ex-presidente decidiu retaliar a organização e retirou o embaixador brasileiro na OEA, em Washington, Ruy Casaes. O posto só voltou a ser reocupado quatro anos depois com a indicação do embaixador Guilherme Patriota, irmão do chanceler brasileiro, à época, Antônio Patriota. “A reação dele [Bolsonaro] com a Bachelet lembra a reação da Dilma quando o Conselho de Direitos Humanos da OEA criticou algumas coisas em relação ao Brasil na questão humanitária. Mas ela [Dilma] resolveu tirar o embaixador brasileiro na OEA”, associa Nunes. O sistema prisional brasileiro é considerado um horror, na avaliação do ex-ministro das Relações Exteriores, enquanto cita políticas positivas no País, como a Lei Maria da Penha, que deveria ser usada como resposta numa situação de colisão diplomática, como Bolsonaro e Bachelet. “Quando alguém fala de política de Direitos Humanos, como a Bachelet, fala de coisas ruins, é natural, mas críticas devem ser bem recebidas e dadas respostas à altura, porém de forma positiva”.

Indicação de Eduardo Bolsonaro a embaixador

Sobre a indicação ao cargo de embaixador brasileiro em Washigton, capital dos Estados Unidos, o ex-ministro do Itamaraty esperava alguém com mais “bagagem” e “qualificação” para ser indicado pelo Planalto. O cargo de embaixador no país mais poderoso economicamente do mundo exige outras habilidades além de “bom relacionamento com a Casa Branca”, ao falar sobre a indicação do filho do presidente e deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro (PSL). “O bom embaixador, principalmente nos Estados Unidos, não é alguém que se relaciona apenas com o presidente americano ou com a família dele, mas com o Estado norte-americano, com o Congresso, com o Judiciário, com a diversidade social daquele país, o empresariado, a imprensa. Tem que ser alguém de grande qualificação”, sugere o ex-chanceler. Segundo Nunes, a ligação familiar entre o deputado e o presidente não prejudica a indicação, e recordou que o ex-presidente americano John Kennedy nomeou o irmão, Robert Kennedy, como ministro da Justiça, mas a falta de experiência de vida de Eduardo Bolsonaro. “Encontrei o Eduardo poucas vezes no Congresso Nacional e acho que ele não tem a bagagem necessária para o cargo”. O ex-ministro usou uma memória de quando chefiava o Itamaraty para exemplificar o traquejo inerente ao cargo. “Quando o presidente Donald Trump impôs medidas de restrição à importação do aço brasileiro, nós conseguimos minimizar o estrago numa articulação com o Congresso americano, junto aos deputados dos Distritos que importavam insumos brasileiros. E eles interviram”, recorda. Em suma, o “embaixador não fica o dia todo na Casa Branca, mas tem uma presença enorme no Congresso americano”. Política Externa [caption id="attachment_214050" align="alignnone" width="620"] Aloysio Nunes diz que queimadas na Amazônia também são problema para países vizinhos ao Brasil | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção[/caption] O governo brasileiro anunciou diversas medidas diplomáticas que não se concretizaram, segundo Nunes, a principal foi a transferência da embaixada brasileira da cidade de Tel Aviv para Jerusalém, ambas em Israel, “o que provocou um enorme dissabor no mundo árabe”. O ex-ministro estava em Xangai, na China, quando Bolsonaro anunciou a transferência. “Eu acompanhava uma delegação de empresários brasileiros ao Egito para abrir mercado ao Brasil, mas lembro de que a reunião foi cancelada pelo próprio presidente. É uma decisão que não correspondia a um pleito de Israel. Estive naquele país mais de uma vez e ninguém colocou essa questão de embaixada em conversa. Foi para atender um segmento muito estridente da base evangélica brasileira”, analisa. Outros anúncios também ficaram no esquecimento, lembra Nunes, como a possibilidade de instalação de uma base norte-americana no Brasil para retaliar a Venezuela e a saída do acordo sobre o clima mundial. Nunes diz que o Brasil continua negociando acordos importantes com o Canadá, Cingapura e Coréia do Sul, iniciados em sua gestão. “Aquele receio de um mergulho incondicional nos braços dos americanos não vai se concretizar. Existe uma consciência de extratos importantes da burocracia brasileira, que diz que o Brasil tem que ter relação equidistante com todos os países do mundo”. Imigração Antes de Bolsonaro assumir o comando do Planalto, o então vitorioso da eleição tomou uma atitude incompreensível no entendimento de Aloysio Nunes: abandonou um acordo encaminhado sobre imigração com países da Europa. “Ao lado de pessoas como a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, ministros da Espanha e Portugal, ele simplesmente decidiu não assinar o acordo quando assumisse”, pondera Nunes. A pauta sobre a saída de pactos migratórios é influenciada por países europeus, mais fortemente pela Polônia, e adotada por militantes “de raiz” do presidente, considerados “mais agressivos” por Nunes, por uma parte mais “xenófoba” da classe brasileira, e não uma realidade das demandas brasileiras. “O Brasil não passa por uma crise de migração, como a Europa, que recebe 5 milhões de pobres por ano, para desempenhar serviços que os europeus não fazem mais. Nós temos pouco mais de 1 milhão de imigrantes no brasil para 200 milhões de habitantes, é muito pouco. E temos cerca de 3 milhões de brasileiros que emigraram para outros países. O nível cultural dos imigrantes que procuram o Brasil é dividido em 35% com ensino médio e 35% com ensino universitário, e 5% de Doutores. Pessoas que vieram para trabalhar e não afetam em nada a identidade cultural do Brasil”, observa o ex-ministro do Itamaraty. Vitória da direita O ex-chanceler indica a eleição de Bolsonaro como subproduto negativo da globalização e da falta de consciência das pessoas em ponderar o papel do Estado na sociedade em detrimento de bandeiras macrossociais. Há também uma nova forma de se relacionar na política através das mídias sociais, presentes na Europa e Estados Unidos e que foi responsável por esses vendavais políticos, que acabam por sobrepujar as estruturas partidárias tradicionais, na avaliação de Nunes. “Ninguém mais vai a uma reunião de diretório partidário, a não serem aquelas pessoas que estão ali cumprindo serviços administrativos. Em geral, não se tem interesse mais em participar dessas estruturas partidárias. Não que a política tenha perdido a vigência, existe causa que mobiliza a sociedade, mas a forma de partido e a forma como é feita a política partidária está descolada da realidade das pessoas”, afere Nunes. Para ele, Bolsonaro é um político que se colocou anti-político de forma contrassensual, pois foi parlamentar por 28 anos, no entanto conseguiu “surfar nessa onda conservadora”. Outro aparte de Nunes sobre o surgimento de Bolsonaro se dá pelo corporativismo de instituições que giram em torno de si e o desgaste político que os partidos tradicionais não souberam se posicionar, “mesmo diante do palpável descontentamento social com a alta taxa de desemprego e patinação econômica”.

Crise ambiental na Amazônia

Para Aloysio Nunes, a crise ambiental na região amazônica engloba fatores que vão de queimadas propositais a disputas por demarcações de terras indígenas e tem impacto mundial, em relação ao clima, entretanto se torna um problema para resolução regional. “A demanda na Amazônia deve unir países que detém a vegetação característica para atuarem em conjunto: Colômbia, Venezuela, Equador e Guianas. Deveriam ser mobilizadas para um trabalho de cooperação”, calcula o ex-chanceler. E na medida em que o governo brasileiro dá sinais de ser conivente com queimadas e relaxamento na demarcação de terras indígenas, nega dados importantes de um instituto conceituado como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), contribui para colocar o país em numa posição pária ambiental em relação ao mundo, avalia o ex-chefe do Itamaraty. “A imagem que o presidente passa repercute sobre o Brasil e as exportações. O consumidor chinês, por exemplo, faz questão de produtos agrícolas que não vem de área de desmatamento. E conseguimos enormes avanços ao longo de 20 anos de preservação do meio ambiente. O Brasil paga o pato desses arroubos demagógicos que o presidente tem tratado no tema”. Aécio Neves Apesar de não ter participado da deliberação da Diretoria Executiva de arquivar os pedidos de expulsão do partido contra o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), em agosto deste ano, o ex-ministro se posicionou favorável a permanência do parlamentar no quadro de filiados.  “Não podemos ter regra para ele [Aécio] e outra regra para outros. A convenção adotou um código de ética que prevê que um filiado deve ser suspenso se tiver condenação em primeira instância e expulso se condenado em segunda instância. E o Aécio não tem condenação nem em primeira instância”, argumenta. Ainda sobre figurões do partido, Nunes gostaria que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas fosse reeleito por “estar cuidando da cidade em situações difíceis, como Saúde, Meio Ambiente e zeladoria social”, bem como possuir um perfil politico que agrada Nunes; “O Bruno Covas é amplo, não é sectário, e pode ser uma ponte entre uma geração mais idosa, como a minha, e uma mais jovem. Ele representa uma atualização geracional”, defende. Sobre a condução do tucano João Dória no comando do governo paulista, Nunes diz que é muito cedo para avaliações, mas que tem uma equipe competente. “Traz bons resultados e rema na contracorrente do marasmo econômico brasileiro buscando concessões e parcerias público-privadas”, opina. Com esses adereços, Nunes considera que Dória seja o candidato mais provável do PSDB ao Planalto em 2022.

Fusão do PSDB com o Democratas

A fusão dos tucanos com democratas foi ventilada no Congresso Nacional no primeiro semestre deste ano como forma de reorganizar o centro-direita brasileiro. No entanto, não deve acontecer, no julgamento de Aloysio Nunes, embora as siglas mantenham afinidades e boas relações. “Tanto os Democratas como o PSDB podem se unir para defender qualquer retrocesso institucional, e o presidente da Câmara dos Deputados tem papel importante nisso. Mas acho muito difícil juntar caciques de tribos diferentes”, diz Aloysio, ao lembrar que as agremiações são rivais em Goiás. “O Marconi Perillo, por exemplo, é um politico de grande capacidade de trabalho e prestígio, passa por um mau momento, mas tem energia e vocação política para voltar ao cenário estadual”, finaliza Nunes. *Entrevista de Ângela Moureira com texto de Rafael Oliveira

Lista de tendências para os smartphones de 2020; Apple deve trazer câmera 3D

As maiores fabricantes de smartphones do mundo continuarão na busca em aperfeiçoar a chamada "tela infinita", acrescentar mais câmeras e melhorar, obviamente, os hardwares [caption id="attachment_214001" align="alignnone" width="620"] Busca por tela 100% infinita continua nos modelos para 2020 | Foto: Reprodução[/caption] A maioria dos lançamentos de smartphones no mundo aconteceram no primeiro semestre, com exceção da americana Apple, que deixa suas novidades sempre para o mês de outubro. Mas a divulgação oficial dos produtos da companhia da maçã já é tido como um espetáculo pela imprensa especializada e pelo público mundial. A partir do segundo semestre de 2019, as fabricantes voltam suas preocupações para atender as demandas dos usuários com novidades e atualizações para o ano seguinte, neste caso para 2020. Embora haja uma discussão infinita e, por vezes, injusta sobre quem é o maior fabricante mundial de celulares, a sul-coreana Samsung está, seguramente, entre as cinco maiores do planeta. Para começar a lista sobre o que as fabricantes pretendem inovar em seus lançamentos do ano que vem, começaremos por ela. Samsung Do que pouco divulgado ou "vazado" por funcionários da gigante sul-coreana, sabe-se que a linha Galaxy A deverá ser lançada com mais câmeras, o que tem agrado o público dos celulares de entrada e intermediários, e menos requerido pelos usuários do segmento premium. A tendência é que os smartphones de entrada da família A tenham câmera tripla e os intermediários venham com quatro lentes e, se os rumores se confirmarem, lentes de até 108 megapixels. Os nomes dos aparelhos também deverão mudar e passarão a se chamar A21, A31, A, 41, A51, A71 e A81. Nos três modelos de entrada, as câmeras triplas estão 99% confirmadas, segundo um site americano, que costuma acertar sobre os vazamentos de informações das fabricantes. Nos modelos intermediários A51 e A71, as três lentes deverão chegar a 48 megapixels e a quarta lente, que será o extra, terá função teleobjetiva para fotos de longe com mais qualidade e nitidez de detalhes. O modelo da Samsung mais esperado é a linha S, os premiuns da fabricante. Para 2020, o Galaxy S11 deverá trazer avanços consideráveis no hardware. Abaixo, listamos o que pode-se esperar do futuro modelo:

  1. Processador: 4x 1.95 GHz Cortex-A55 + 2x 2.3 GHz Cortex-A75 + 2x 2.7 GHz M4
  2. Chipset: SAMSUNG Exynos 9 Octa 9820
  3. GPU: Mali-G76 MP12
  4. Memória RAM: 8 GB
  5. Memória de armazenamento: 512 GB
  6. Câmeras triplas, mas com lentes de altíssima qualidade e resoluções de até 108MP
Sobre a série Galaxy M, atualmente com os M10, M20 e M30, ainda não vazou novidades, mas a tendência é que continuem com hardwares de entrada, abaixo da série A.

Apple deve lançar uma câmera com tecnologia 3D para realidade aumentada

[caption id="attachment_214022" align="alignnone" width="620"] Design do iPhone 11 pode permanecer no modelo de 2020 | Foto: Divulgação[/caption] A companhia norte-americana, considerada por muitos como a maior do mundo, pretende inovar em vários quesitos e revolucionar o mercado de celulares no ano que vem. O destaque fica para a produção de um novo processador de 5 nanômetros, segundo o site PhoneArena. O avanço renderia ganhos em eficiência energética, principalmente. Os futuros processadores da Apple seriam produzidos pela TSMC, uma das empresas especializadas na fabricação de semicondutores e que já domina o processo de 7 nanômetros usado pela Qualcomm, no Snapdragon 855, pela Apple no A12 bionic. Essa mudança pode trazer 15% mais velocidade para os novos processadores. O atual A12 Bionic, de 7 nanômetros está entre os dois processadores mais avançados do mundo, o primeiro seria o Snapdragon 855. A novidade que mais deve animar os applemaníacos é a câmera 3D com tecnologia a laser com foco na realidade aumentada, segundo informações da Bloomberg. A novidade seria útil, entre outras coisas, na captura de profundidade ao usar aplicativos de realidade aumentada, por exemplo.

O que uma nova Constituição significaria para o Brasil neste momento

O presidente do Congresso Nacional afirmou que imagina a possibilidade de uma nova Constituinte. Parlamentares e ministros se opuseram à ideia

Apenas 2 mil goianos optaram por trabalho intermitente ou por hora

Reforma trabalhista, aprovada no governo Temer, fracassa na promessa de gerar mais vagas de emprego. Especialistas lembram que conjuntura prejudica