Francisco Júnior vê em Vanderlan chance do PSD se fortalecer em 2020
23 fevereiro 2020 às 00h00

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Lançado em 2019 pelo partido para disputar eleição majoritária na capital, deputado federal diz que há espaço para diálogo e busca do consenso

Pré-candidato a prefeito pelo PSD desde o final de 2019, o deputado federal Francisco Júnior disputou as eleições municipais de 2016. Até então, seguia como o nome natural para a corrida nas urnas em outubro. Com a confirmação de que o senador Vanderlan Cardoso deixará o PP e tem filiação no partido de Francisco Júnior confirmada para 3 de março, o cenário não está mais tão certo quanto parecia.
“O senador Vanderlan não está vindo para o PSD por vontade só dele para tomar um espaço. Está vindo a convite.” Para o deputado federal, a construção da pré-candidatura a prefeito no partido será dada pelo diálogo, em entendimento conjunto. “E um dos primeiros a convidá-lo fui eu”, reforça Francisco Júnior sobre a chegada do senador à legenda.
Antes da mudança de Vanderlan, Francisco Júnior e outros filiados afirmam que o nome natural para disputar a Prefeitura de Goiânia seria o do deputado federal. Pelo crescimento na reta final no primeiro turno em 2016, quando alcançou 63.712 votos na capital, e por ter saído da Assembleia Legislativa para a Câmara dos Deputados, Francisco tem condições de consolidar sua pré-candidatura no PSD.
O parlamentar recebeu 111.788 votos e foi o quarto mais bem votado para deputado federal em Goiás. Francisco Júnior é o único representante do PSD no Congresso, o que muda com a chegada do senador em março. Vanderlan manifestou publicamente o interesse em disputar novamente a prefeitura.
Em 2016, Vanderlan chegou ao segundo turno contra o prefeito Iris Rezende (MDB), que deve ser candidato a reeleição. “É um senador de qualidade, um político emergente, que vem de uma experiência positiva. E o PSD ofereceu a ele a oportunidade de uma construção, como plano A, de uma candidatura a governador em 2022”, descreve Francisco Júnior.
Confirmação

A afirmação é confirmada pelo presidente estadual do PSD, o ex-deputado federal Vilmar Rocha. “Estamos conversando com o Vanderlan há muito tempo. Disse ao senador que nós não temos compromisso majoritário para 2022 e que Vanderlan terá espaço para construir a candidatura a governador.” Vilmar alega que, com a chegada do senador ao partido, há um reforço da pré-candidatura de Francisco Júnior.
“Vanderlan também é um pré-candidato forte a prefeito de Goiânia”, ressalta o presidente do partido. De acordo com Vilmar, não há problema algum que o senador se coloque na disputa majoritária na capital. “É positivo para o PSD ter dois pré-candidatos. Prova que o partido está forte.”
Só que o líder estadual pessedista alerta que, depois do dia 3 de abril, a sigla precisa agilizar a definição de quem será o candidato em Goiânia. “Não podemos esperar a convenção chegar sem ter nada decidido”, declara Vilmar. Segundo o presidente, independente da escolha por Francisco Júnior ou Vanderlan, o PSD precisa conduzir o processo de pré-candidatura com condições de chegar forte e unido no pleito.
Francisco Júnior afirma que Vanderlan é um ator muito importante no processo eleitoral. “O senador é naturalmente o mais lembrado hoje nas pesquisas”, destaca o deputado. Mas destaca: “Neste instante, o candidato do PSD sou eu”. Outros políticos do partido que conversaram com o Jornal Opção dizem que a escolha já foi feita e a pré-candidatura ficará mesmo com Francisco Júnior.
Quando Vilmar Rocha declara que o espaço está aberto para que, após a filiação, Vanderlan construa sua candidatura ao Estado de Goiás até 2022, a possibilidade de os planos eleitorais do senador estarem ligados ao apoio ao nome do deputado federal em Goiânia se fortalece. Ninguém confirma nada. Preferem deixar o jogo publicamente aberto.
“[O pré-candidato em Goiânia] Pode ser trocado? Pode. Na medida em que possamos amadurecer para isso”, explica Francisco Júnior. O deputado destaca a força de diálogo e convencimento que teve no partido em 2016, quando disputou internamente com outros três pré-candidatos para colocar o nome na urna. E repete o que disse em 2015 aos filiados do PSD: “Se eu não der conta de convencer nem o meu partido que sou o melhor candidato no momento, não vou convencer 1 milhão de eleitores”.
Mas…

Há quem acredite no PSD que se o senador Vanderlan Cardoso disser “eu serei candidato a prefeito” restará ao deputado federal aceitar e trabalhar pelo fortalecimento do nome do recém-chegado até outubro. Francisco Júnior voltou a afirmar que a chance é zero de deixar o partido se não for ele o pré-candidato na capital.
Para o deputado, a vontade de ser candidato a prefeito não muda “em absolutamente nada” com a confirmação ou não da tentativa de reeleição de Iris Rezende. “Em momento algum considerei meu adversário para ser candidato a alguma coisa. Minha disposição a ser candidato em Goiânia é de dar a minha contribuição para a cidade melhorar.”
Francisco Júnior continua: “Quem quiser me apoiar para combater os problemas da cidade é bem-vindo. Inclusive o Iris”. O deputado diz reconhecer que o prefeito emedebista, se entrar na disputa, chega como o candidato mais experiente, “com mais de 60 anos de vida pública” e o nome mais conhecido pela população.
“As pessoas conhecem o prefeito, sabem o que ele é capaz e o que Iris não é capaz. Os outros adversários podem ser uma grande surpresa. O grau de desconhecimento de todos os outros é muito grande”, observa Francisco Júnior. E destaca que “só na campanha” poderá ser feito um debate de ideias e do conhecimento da capacidade de realizar as propostas. “Com Iris candidato, pode ser uma eleição que traga muitas surpresas”, reforça o deputado.
Com discurso de candidato, a fala de Francisco Júnior se encaixa nas observações feitas pelo presidente do partido sobre a chegada de Vanderlan ao PSD. “Não dá para garantir que o senador será candidato a governador. Está muito cedo. Mas Vanderlan terá espaço para construir a candidatura até 2022. Lá na frente, vamos reunir e definir”, pontua Vilmar. O Jornal Opção tentou entrevistar o senador, mas não conseguiu entrar em contato até o fechamento desta edição.