Ponto de Partida

Com a iminência do impeachment, tanto o Palácio do Planalto quanto o PMDB, por intermédio do novo presidente, Romero Jucá, adotam a estratégia de oferecer cargos a parlamentares

[caption id="attachment_63170" align="aligncenter" width="620"] Paulo Maluf e Fernando Collor | Fotos: Waldemir Barreto e Leonardo Prado[/caption]
A situação do governo está tão lastimável do ponto de vista ético e moral que até o senador e ex-presidente da República Fernando Collor (sem partido-AL) e o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) se arvoram o direito de falar mal dele. Collor foi “impeachado” (na verdade, renunciou antes) da Presidência em 1992 e Maluf, se sair do Brasil, será preso pela Interpol por corrupção.
Maluf se disse “enojado” com a operação do governo Dilma de trocar votos contra o impeachment por cargos. Em entrevista à BBC Brasil, ele assumiu que vota a favor do afastamento de Dilma num posicionamento político. “Ela é correta e decente, mas voto pelo impeachment”, disse, acusando o presidente de seu partido, o senador Ciro Nogueira, de ter negociado apoio ao governo sem consultar os demais políticos de sua base.
Para Maluf, a negociação de cargos foi “espúria, para não dizer pornográfica” e Nogueira se comportaria de maneira “monocrática”, como um “ditadorzinho do Piauí”.
O deputado disse ainda considerar “uma vergonha nacional” o fato de seu partido ser o recordista de citações na Lava Jato, com mais de 30 investigados.
Ao ser perguntado por que votará pelo impeachment depois de defender o governo, Maluf disse que tem muito respeito pela pessoa física da presidente Dilma. “Entretanto, no processo de votação, o meu partido e seu presidente Ciro Nogueira negociaram de maneira espúria.
Toda negociação de partido tem que ser feita ou pela bancada, ou pelo diretório. Não pelo presidente. O presidente negociou presidência da Caixa Econômica Federal, Ministério da Saúde, Ministério das Relações Institucionais.”
Segundo o deputado, como Ciro decidiu monocraticamente, pode parecer perante a opinião pública que ele, Maluf, fez parte desta negociata. “Só tem uma maneira de provar que não fui: votar pelo impeachment. Portanto ela (Dilma) é correta e decente, mas voto pelo impeachment.”
Sem barganha
Já o senador Fernando Collor de Mello (sem partido-AL) condenou, na quinta-feira, 7, a ação do Palácio do Planalto. Na quinta-feira, 7, reportagem do Globo contou que em palestra na Confederação Nacional da Indústria (CNI), ele disse que nem no auge da crise que lhe tirou o mandato fez esse tipo de gestão.
“No meu governo, em nenhum instante houve qualquer tipo de negociação subalterna. Em nenhum momento essa barganha foi feita. Em nenhum momento, nenhum dos meus ministros se mobilizaram no sentido de terem conversas menos republicanas com quem quer que seja. Nem com a classe política, nem com a classe empresarial. Hoje, vivemos um instante em que as coisas não caminham bem assim. Preocupa-me profundamente a situação do nosso país”, disse Collor, para um público de empresários do setor da indústria.
Collor também criticou duramente a presidente Dilma Rousseff por permitir que manifestantes defendessem, dentro do Palácio do Planalto, invasão de casas e terras caso o impeachment contra ela avance na Câmara.
“Isso é absolutamente inadmissível, chegar quem quer que seja dentro do palácio do governo para dizer, na frente da chefe do Executivo, que vai invadir gabinetes, propriedades, fazendas.
E a presidente ouvir e cumprimentar quem assim se pronunciou é de extrema gravidade. Ouvir de alguém dentro do palácio dizer ‘vamos pegar e sair às ruas com armas em punho’ pregando a luta armada e conflito social é inadmissível”, enfatizou.
O senador comparou o ambiente econômico em 1992 com o momento atual, em meio às duas crises políticas. Segundo Collor, seu governo era sólido e a economia estava funcionando, diferentemente de agora. Ele criticou a formação do ministério de Dilma, ressalvando “exceções honrosas”.
“Diferentemente daquele período em que, ao deixar o governo, deixei com as contas em ordem, com a economia funcionando, com um plano econômico previsível que permitiu a implementação do Plano Real, hoje não temos essa perspectiva. Hoje, não sabemos para onde estamos indo, não temos um corpo ministerial, salvo honrosas exceções, como Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), que as pessoas vejam como referência e como um esteio para que possamos ultrapassar essa fase difícil”, discursou Fernando Collor.
O senador, em função de sua “condição ímpar”, de ter sido submetido ao impeachment, informou aos empresários que não diria se é contra ou a favor do afastamento de Dilma.

[caption id="attachment_60736" align="aligncenter" width="620"] Presidente Dilma Rousseff | Foto: Lula Marques/Agência PT[/caption]
A equipe econômica de Dilma Rousseff teme que se instale um quadro de quebradeira geral de empresas brasileiras, o que já começou a ocorrer, na verdade. A coluna Painel, da “Folha”, de sexta-feira, 8, publicou que uma das maiores preocupações seria a dívida das companhias nacionais no exterior, que chegaria a R$ 500 bilhões com vencimento até 2020. Num quadro de descrédito internacional do país, elas dificilmente conseguiriam renová-la. Ou fariam isso a um custo muito alto.
Também acenderam o alerta máximo as provisões de grandes instituições financeiras, como Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander, que separaram R$ 148 bilhões em seus balanços para fazer frente a eventuais calotes de empresas.
E o pior é que na avaliação do governo, a crise pode se agravar com ou sem impeachment. A vitória de Dilma Rousseff não seria suficiente para devolver a ela credibilidade e liderança. Michel Temer, ao lado de companhias como o deputado Eduardo Cunha e o senador Romero Jucá, já entraria em campo com capital político em corrosão.
Com isso, a equipe econômica procura alternativas para a superação da crise. A primeira seria a abertura de linha de crédito, com recursos do compulsório dos bancos, para que as empresas recomprassem os papéis das dívidas que têm lá fora. A segunda, afrouxar regras para que os bancos renegociem as dívidas que elas têm com eles no Brasil.
Uma terceira proposta seria destravar financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que teria se tornado extremamente conservador após a Operação Lava Jato.
Lojas fechadas
A verdade é que a crise se agrava na anomia do governo, que há anos se mostra incapaz de ditar política econômica. Com isso, o consumo cai, o desemprego aumenta, a arrecadação retrai. Na semana passada, o jornal Estadão publicou reportagem mostrando que novos shoppings abertos no País têm quase metade das lojas fechadas. Em empreendimentos inaugurados nos últimos três anos, o porcentual de lojas ociosas chega a 45% — no Centro-Oeste, é de 53%, revela o estudo do Ibope Inteligência. Em centros comerciais mais antigos a taxa é de 9,1%, o dobro da média histórica. A expansão descontrolada no setor e, principalmente, a crise econômica, levaram a essa situação.
São os shoppings “fantasmas”, com praças de alimentação vazias e tapumes no lugar de vitrines — no Shopping Bougainville, em Goiânia, várias lojas foram fechadas; as vitrines “fantasmas” são enfeitadas com mercadorias de outras lojas para dar a impressão de normalidade. Se considerados todos os 498 shoppings centers em operação, o número de unidades vagas chega a 12,2 mil. Esses pontos comerciais ociosos somam área de 1,7 milhão de metros quadrados.
Levantamento do Ibope Inteligência em parceria com a Associação dos Lojistas de Shoppings (Alshop) registra que o número de lojas vagas nos shoppings brasileiros atingiu neste ano níveis recordes e já faz empreendedores reduzirem o aluguel e até deixarem de cobrar a locação para segurar o lojista. Cada loja que se fecha, obviamente, trabalhadores ficam desempregados.

O goiano Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, é um dos alvos da nova fase da Operação Lava Jato

Ao tentar pôr Lula no Palácio para que ele articulasse o abafa-impeachment, a presidente assumiu o Ministério do Nada
[caption id="attachment_62149" align="alignright" width="620"] Dilma Rousseff e Lula da Silva: jogada para pôr o ex-presidente num ministério não deu certo, e o impeachment se aproxima cada dia mais[/caption]
Dilma Rousseff não é mais presidente do Brasil. Se formalmente ela não deixou o cargo, efetivamente já o fez desde que fez um convite para Lula da Silva assumir um ministério à escolha dele. O plano vinha sendo cogitado há algum tempo e ganhou força desde a sugestão do cientista político Alberto Carlos Almeida, conforme gravação grampeada e posta ao público há alguns dias (ver abaixo).
A decisão não foi fácil. Dilma, Lula e o PT sabiam que haveria reação tanto da população quanto da força-tarefa que está investigando a avalanche de corrupção que suja o Brasil. Nomear no ministério um investigado pelo Justiça é uma afronta à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. Mas eles resolveram apostar. E perderam.
Desde que a posse foi anunciada, grupos começaram a se manifestar em várias cidades, especialmente em Brasília. Mas no desespero de causa a decisão foi tomada e Lula quase assumiu a Casa Civil, o que só não aconteceu por que houve ações na Justiça.
Lula no ministério foi mais um ato desesperado e errado de Dilma Rousseff, que dessa forma entregou de vez o governo ao seu mentor. Dilma saiu do governo e assumiu a condição de inação que lhe é característica. Dilma tornou-se titular do, digamos assim, Ministério do Nada. Ela é a 40ª ministra do próprio governo.
A presidente já não se preocupa mais com sua biografia, o que antes ela dava mostras de querer preservar, pelo menos em parte. Ela sabe que se Lula for preso, seu mandato também vai por água abaixo. Com o ex-presidente dentro do governo, ele ganharia uma poderosa estrutura oficial para negociar com parlamentares da desmilinguida base governista a derrubada do impeachment, cuja admissibilidade começou a ser votada na comissão especial da Câmara.
Nesse departamento, a situação da petista está indo de mal a pior. A população cobra dos parlamentares uma posição clara em relação ao impeachment. A colunista Vera Magalhães, da coluna Radar Online, divulgou que a oposição começou a fazer uma espécie de recadastramento, Estado por Estado, das intenções de votos dos deputados no processo de impeachment.
Isso porque alguns deles, que eram governistas e hoje votam pela derrubada de Dilma Rousseff, ainda aparecem em listas que circulam em redes sociais como favoráveis à manutenção do governo. Movimentos contrários à presidente têm bombardeado essas listas nas redes sociais. Os deputados “vira-casaca” querem sair da linha de tiro e ter seus votos atualizados nas listas como favoráveis à deposição da presidente. É a tal história, quem depende de votos tem medo de eleitor zangado.
O papel a ser jogado pelo ex-presidente no desarmamento do impeachment é fundamental. Mesmo sem poder tomar posse como ministro, ele começou a cumprir a missão de fazer a articulação política do governo, conforme a escalação de Dilma. Reportagem do “Valor” informa que Lula se reuniu na semana passada com parlamentares do PT e de partidos aliados para “sintonizar” sua atuação com o “exército” do governo no Congresso, em “conversas de companheiros”, na definição de um dos presentes a um dos encontros.
Um parlamentar petista disse que já que ele, Lula, está sendo convocado para ser articulador do governo, ele quer estar em sintonia com as bancadas, lembrando que o ex-presidente tem procurado lideranças políticas de outros partidos como o PMDB, que debate a possibilidade de desembarcar do governo Dilma Rousseff.
O PMDB, por sinal, já começou a desmobilizar seu apoio ao governo, com vários diretórios estaduais, incluindo o de Goiás, tendo decidido pelo rompimento. Talvez o mais governista PMDB, o do Rio, também resolveu, na terça-feira, 22, que votará no diretório nacional do partido, pelo desembarque do governo da presidente Dilma Rousseff.
A decisão já foi tomada e até comunicada ao vice-presidente Michel Temer, na quarta-feira, 23. Além de votar pela saída do governo, o grupo do Rio vai também aproveitar a ocasião e entregar os cargos que mantém no governo federal.
Alguns peemedebistas mais governistas querem manter a aliança com o PT, e os cargos, mas o vice-presidente Michel Temer, que é presidente nacional da sigla, resistiu a novos apelos dessa turma no início da semana passada, e manteve a reunião marcada para esta terça-feira, 29, para decidir se o partido sai já do governo.
Temer consultou um grupo de deputados, mas a maioria opinou pela manutenção da reunião, sob pena de o partido se desmoralizar. Os oposicionistas argumentaram que vários partidos da base já estão abandonando Dilma Rousseff.
O vice-presidente lembrou aos governistas que vinha dando prazo ao governo, mas Dilma atropelou a decisão do PMDB de não aceitar novos cargos ao nomear Mauro Lopes para a Aviação, o que precipitou a decisão sobre o rompimento definitivo.
Da parte de Lula, além de articulações com seus auxiliares no Congresso para evitar o pedido de impeachment da presidente Dilma pela Câmara, ele está preocupado também com as tentativas de impedir sua nomeação para a Casa Civil, atualmente suspensa pela Justiça. De acordo com relatos, Lula não está irritado com a circunstância política atual, mas “energizado para agir”, apesar de “muito gripado e detonado”.
“Já que ele foi chamado para salvar o governo, ele está querendo trabalhar coletivamente”, disse um aliado de Lula, conforme o “Valor”. “A luta não é nem para ele ser a todo custo nomeado ministro, mas para que a presidente tenha assegurado o direito de nomear sua equipe. Ela não pode nomear sua equipe? O juízo está exorbitando ao proibir que uma presidente eleita democraticamente possa montar sua equipe”, disse esse aliado de Lula.
Nessa altura, ninguém em sã consciência tem dúvida de que as campanhas de Dilma Rousseff foram financiadas com dinheiro desviado da Petrobrás. Dilma sabe que apenas Lula tem condições – que se vão minguando cada vez mais a cada dia que passa e que vem à tona novas informações sobre o escândalo relatadas por delatores premiados – de negociar no varejo do Congresso a derrubada do impeachment.
Das análises pseudoisentas aos maus conselhos
[caption id="attachment_62150" align="alignright" width="344"]
O desespero para ter 172 deputados
O número 172 virou uma obsessão para a presidente Dilma Rousseff. Esse é o número de deputados que ela precisa para barrar o impeachment na Câmara dos Deputados. Para isso, o governo iniciou ofensiva para mapear o real apoio nos partidos da base aliada. O “Valor” noticiou que a presidente passou a Semana Santa recebendo presidentes e líderes governistas para pedir apoio, medir o número de dissidentes e prometer atender as demandas de cada partido. Um dos primeiros movimentos foi demitir o deputado George Hilton (Pros-MG) do Ministério do Esporte na quarta-feira, 23. Hilton estava na cota do PRB, que rompeu com o governo na semana passada e se declarou independente, sem anunciar ainda posição sobre o impeachment. Apegado ao cargo, Hilton migrou para o Pros para ficar na "cota pessoal" de Dilma. O problema é que Hilton não garantia nem os votos do Pros -- dos seis deputados, quatro são a favor da saída de Dilma -- e ainda poderia levar o PRB a fechar questão pelo impeachment. O Planalto trabalha para que o partido libere seus 22 deputados para votar como quiserem. Dilma deve colocar um interino ligado ao PCdoB na Pasta até o impeachment e os secretários indicados pelo PRB serão mantidos. Caso o impeachment seja debelado, a sinalização era de que o partido poderia ser reincorporado à vaga. O governo está mapeando o papel e número de votos que outros ministros garantem contra o impeachment. A ideia, afirma um governista, é manter só quem tem apoio partidário e respaldo dos parlamentares. Um dos nomes sob lupa é do ministro do Turismo, Henrique Alves (PMDB), indicado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB). O Planalto avalia que não vale manter um ministro pela ligação com Temer e Cunha, cada vez mais distantes do governo, e que Alves, embora ex-líder do partido e presidente da Câmara, não tem influência entre os deputados da atual legislatura. Até o primo dele, o deputado Walter Alves (PMDB-RN), já se declarou favorável ao rompimento e ao impeachment. "Mas o Henrique é presidente do PMDB no Rio Grande do Norte e tem trabalhado para evitar que o partido aprove o rompimento na reunião do diretório nacional [dia 29]", pondera um governista. "Todos os movimentos nos próximos 15 ou 30 dias são muito sensíveis e terão que ser medidos com todas as suas consequências." Conforme o “Valor”, a avaliação do ministério e as conversas com os partidos avançariam durante o feriado. Dilma, ao lado do ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, tenta consolidar uma base sólida de apoio. Já conversou com PSD, PP e PMDB. Nesta semana, terá conversas com PDT, PR e PCdoB. Segundo apurou o jornal, nestes diálogos, a presidente pede que os dirigentes “falem a verdade” sobre quantos votos seriam contrários ao impeachment. Os números apresentados, contudo, são diferentes dos comentados nos corredores da Câmara. O PP diz ter 20 votos a favor do governo, mas pepistas afirmam que há, no máximo, 10. No PSD, a conta oficial é de que há empate entre os contrários e os favoráveis, mas a maioria está indecisa. Um dos principais líderes da legenda afiança, porém, que 70% da bancada votaria pela troca de governo. O PMDB garante a Dilma de 15 a 20 votos dos 69 possíveis. Três pessoas que participaram das conversas afirmam que não há sugestão de cargos, pagamento de emendas ou outras ofertas que não possam ser comentadas em locais públicos, embora a oposição esteja acusando o governo de “operar” no varejo para cooptar parlamentares.
Operação completou dois anos na semana passada, com saldo de 93 condenações e R$ 2,9 bilhões recuperados aos cofres públicos
[caption id="attachment_33665" align="aligncenter" width="620"] Sérgio Moro: no encalço dos corruptos, juiz federal vira alvo de campanha difamatória dos petistas | Foto: Fabio Pozzebom / Fotos Públicas[/caption]
Na quinta-feira, 17, a operação Lava Jato fez aniversário de dois anos. Não é unanimidade, claro. Não gostam dela os que estão sob investigação, correndo o risco de serem condenados, e mais um monte de gente que já foi condenada.
Também não gosta dela — e aí é impressionante — o governo federal do PT. Impressionante porque era justamente o PT, antes de tomar o poder, que vivia gritando por punição aos corruptos. No poder, com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigando corrupção, o PT caiu na rede. Já há petistas presos e outros na iminência de prisão, como o ex-presidente Lula da Silva.
A Operação Lava Jato é um marco na história do Brasil. No trabalho destaca-se o juiz federal do Paraná Sérgio Moro. Ele não é um herói solitário. A ação da Lava Jato tem dezenas de delegados e agentes da PF, promotores e juízes. Não por acaso, Moro é alvo da fúria dos petistas, que promovem uma sórdida campanha de desqualificação, com deslavadas mentiras sobre sua atividade profissional e vida pessoal.
No dia do aniversário da Operação Lava Jato, o G1 Paraná publicou uma extensa reportagem com o balanço da maior investigação realizada no País. Os números são impressionantes, como 990 anos em penas acumuladas, 134 mandados de prisão expedidos, 93 condenações criminais e R$ 2,9 bilhões recuperados para os cofres públicos. Segue um resumo.
As investigações começaram em um posto de gasolina de Brasília e chegaram à Praça dos Três Poderes, também em Brasília. Doleiros, operadores financeiros, deputados, senadores e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva integram a lista de investigados. A operação também já investigou empresas com atuação no Brasil e no exterior e seus executivos, além de ex-diretores da Petrobrás.
As condenações mais recentes ocorreram no dia 8 de março, quando executivos e ex-funcionários da maior empreiteira do Brasil, a Odebrecht, foram considerados culpados por crimes como corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Presidente afastado da empresa, Marcelo Odebrecht foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão.
As investigações da Lava Jato são divididas em três etapas. A primeira delas apurou crimes financeiros praticados por organizações criminosas lideradas por doleiros. Na sequência o foco esteve em atos de corrupção e lavagem de dinheiro praticados no âmbito da Petrobrás. As propinas pagas no esquema somam, pelo menos, R$ 6,2 bilhões.
Na fase atual, as investigações focam outros órgãos públicos federais, como o Ministério do Planejamento, Eletronuclear e Caixa Econômica Federal. Na 24ª fase da operação, os procuradores apontaram suspeitas de irregularidades em pagamentos feitos para o Instituto Lula e uma empresa de palestras do ex-presidente.
Também foram levantadas suspeitas de que um sítio em Atibaia (SP) e um tríplex no Guarujá, no litoral paulista, são propriedades de Lula, mas no nome de laranjas.
A nomeação de Lula como ministro chefe da Casa Civil foi claramente uma manobra para dar foro privilegiado ao ex-presidente. As investigações sobre Lula devem sair da primeira instância e passarem à competência da Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável pelos casos que envolvem autoridades com foro privilegiado.
Os prejuízos estimados com o esquema de corrupção, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), chegam a R$ 29 bilhões. A Polícia Federal (PF), no entanto, estima que esse valor pode chegar a R$ 42 bilhões. A força-tarefa já pediu o ressarcimento de R$ 21,8 bilhões.
Deste montante, foi recuperado até o momento R$ 2,9 bilhões, sendo que réus de processos criminais tiveram R$ 2,4 bilhões em bens bloqueados.
Trinta e sete ações penais foram propostas contra 179 pessoas, além de 6 ações de improbidade administrativa contra 49 pessoas - 33 físicas e 16 jurídicas. As 93 condenações criminais, incluindo casos de pessoas condenadas mais de uma vez, somam 990 anos e sete meses de prisão.
Nas investigações foram executados 484 mandados de busca e apreensão, 117 de condução coercitiva e 134 de prisão - destes são 64 preventivas e 70 temporárias. Segundo o MPF, 8% dos 179 acusados estão presos preventivamente, e 3% deles estão presos ainda sem condenação.
Os acordos de delação premiada foram um dos mecanismos que contribuiu para o avanço das investigações da Lava Jato. Já foram firmados 49 desses acordos, sendo 5 com pessoas jurídicas e 44 com pessoas físicas - deste total, 40 são públicos e os demais são sigilosos. Dois terços destes acordos foram feitos com os colaboradores soltos.
Também contribuíram para as investigações os acordos de cooperação internacional, possibilitando a obtenção de provas, bloqueio e repatriação de recursos. Foram 97 pedidos de cooperação ativos para 28 países, e mais 11 passivos com 11 países.
Presos preventivamente: Marcelo Bahia Odebrecht, Márcio Faria da Silva, Rogério Santos de Araújo, José Dirceu de Oliveira e Silva, José Carlos Costa Marques Bumlai, Renato de Souza Duque, Jorge Luiz Zelada, Pedro da Silva Correa de Oliveira Andrade Neto, André Luiz Vargas Ilário, João Augusto Rezende Henriques, João Luiz Argolo dos Santos, João Vaccari Neto, Iara Galdino da Silva e Nelma Mitsue Penasso Kodama.Delatores da Lava Jato: São delatores da Lava Jato: Paulo Roberto Costa, Shanni Azevedo Costa Bachmann, Marici da Silva Azevedo Costa, Márcio Lewcowicz, Humberto Sampaio de Mesquita, Arianna Azevedo Costa Bachmann, Luccas Pace Júnior, Alberto Youssef, Júlio Camargo, Augusto Ribeiro de Mendonça, Pedro Barusco, Rafael Ângulo Lopez, Shinko Nakandakari, Luis Fernando Nakandakari, Fernanda Nakandakari, Eduardo Leite, Dalton Avancini, João Procópio e Maria Cristina Mazzei, Ricardo Pessoa, Rodrigo Morales, Roberto Trombeta, Milton Pascowitch, José Adolfo Pascowitch, Hamylton Padilha, Mário Góes, Victor Colavitti, Eduardo Musa, João Carlos de Medeiros Ferraz, Fernando Horneaux de Moura, Fernando Soares, Ricardo Pernambuco, Ricardo Pernambuco Júnior, Alexandre Romano, João Bernardi Filho, Salim Schahin, Agosthilde Mônaco de Carvalho, Nestor Cerveró, Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, além das empresas SOG Óleo e Gás e a Camargo Corrêa. |
Petrobrás já recuperou R$ 230 milhões
Em nota à imprensa, a Petrobrás divulgou que vem adotando medidas jurídicas contra pessoas jurídicas e físicas que causaram danos financeiros e à imagem da empresa. Estas ações estão sendo alinhadas com as autoridades públicas para maior efetividade. Segundo a empresa, a companhia recuperou R$ 230 milhões por meio dos acordos de colaboração premiada de pessoas físicas com o Ministério Público Federal (MPF). A área de Governança também reforçou os treinamentos de compliance para os integrantes do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva da Petrobras, além de gerentes executivos e de presidentes de outras subsidiárias. Até o fim de 2016, a meta é treinar 100% dos empregados da Petrobras por diversos meios, inclusive e-learning. Também foram implementadas mudanças no Conselho de Administração, incluindo os novos Comitês de Assessoramento do Conselho de Administração. A Petrobras implantou um novo Canal de Denúncia independente, além de redefinir o processo de escolha do Auditor e do Ouvidor Geral.
Tamanho das manifestações deste domingo pode selar definitivamente o fim de um governo que na prática já acabou há meses
Nomeação de um ministro que não poderia ocupar o cargo mostra que se aprofunda a fragilidade política da gestão de Dilma Rousseff

João Santana diz não saber a origem de pelo menos US$ 7,5 milhões —cerca de R$ 30 milhões – que foram depositados em sua conta

Manobra para não ter de prestar depoimento a promotor indica que o ex-presidente não tem respostas para as perguntas que lhe serão feitas

Lula chama de “adversidades” os escândalos que ele e o PT vêm protagonizando há anos, como o mensalão e os investigados nas Operações Lava Jato e Zelotes

Enrolado em casos de corrupção, possibilidade de o ex-presidente ir para a cadeia aumenta a cada dia

Haverá bons candidatos de outros partidos, claro, mas a configuração política vai apontando para uma polarização entre as duas maiores siglas na disputa pela Prefeitura de Goiânia
Ao se dizer “estarrecida” com relatório do FMI sobre o Brasil, presidente finge não saber que o governo dela é que empurra a economia para o abismo

Ex-presidente vê o cerco se apertar nas investigações da Lava Jato e contrata advogado criminalista para reforçar sua defesa