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Irapuan Costa Junior lança livro de contos da vida real ou de não-ficção

[caption id="attachment_7680" align="alignright" width="269"]imprensa0001 “Teimosas Lembranças” contém histórias incríveis, como a do tenente brasileiro que desafiou o exército americano, na Itália, para liberar um pracinha rebelde[/caption] Um belo livro acaba de ser publicado, mas não terá lançamento e possivelmente não será vendido nas livrarias — por desinteresse do autor, que não se considera escritor, quando, na verdade, o é e, mais, é um estilista da Língua Portuguesa. “Teimosas Lembranças”, do ex-governador de Goiás Irapuan Costa Junior, contém aquilo que se pode chamar de contos (ou crônicas) da vida real, ou, à maneira de Truman Capote, é possível indicar que são contos de não-ficção. Usando a imaginação de maneira poderosa, Irapuan recria histórias reais, sem distorcê-las, mas tornando-as muito mais interessantes do que, possivelmente, foram na vida real. Para não ferir suscetibilidades, às vezes muda o nome das pessoas. Há uma delicadeza ímpar ao se contar histórias espinhosas. Pode-se dizer que há algo de insípido na vida cotidiana, isto para um observador desatento, o que não é o caso. [caption id="attachment_7673" align="alignleft" width="150"]Irapuan Costa Junior: o ex-governador de Goiás é um escritor nato, com imaginação poderosa Irapuan Costa Junior: o ex-governador de Goiás é um escritor nato, com imaginação poderosa[/caption] Leitor frequente de livros em língua estrangeira (seu forte é o francês) — como um recente sobre Fidel Castro, o ditador cubano que adora mordomias —, Irapuan comprou num sebo o romance “The Fowler”, da inglesa Beatrice Harraden. Ao chegar em casa, percebeu que havia um dedicatória breve, de um homem para uma mulher. A partir daí, Irapuan, mostrando-se escritor consumado — senhor da forma e dono de uma imaginação fumegante —, recria a história de Neda e de M. Aranha. “Reflexões sobre uma pequena dedicatória” é o conto mais imaginativo e bem escrito do livro. É literatura pura. Puríssima. “Chico Paraíba” merece figurar nos livros de história da Segunda Guerra Mundial. O pracinha Chico Paraíba foi preso pelos americanos, na Itália. O tenente Ithamar, oficial corajoso, enfrentou a arrogância dos militares de Roosevelt e Eisenhower, e libertou-o. A história é contada com graça e sutileza. A história da cachorrinha Fumaça lembra, na maneira de contá-la, um conto do russo Anton Tchekhov. A odisseia lancinante de Emília e André parece saída de um conto (ou romance; “Dom Casmurro”, por exemplo) de Machado de Assis, tal a perspicácia do narrador, que vai nos enredando, conduzindo-nos para um rumo e, no fim, a história toma outro caminho — doloroso, trágico. “O Vulto da Outra” é um conto da vida real que, nas mãos de Hitchcock, daria um filme de suspense (ou, talvez, dramático), como “Um Corpo Que Cai”. Ou, quem sabe, “Rebeca — A Mulher Ines­quecível”. O engenheiro Alexandre apaixona-se por Marta, mas ela morre. Deprimido, passa a beber. Tempos depois, casa-se de novo, com uma nova Marta, ao menos na aparência. Entretanto, se era semelhante, dado ao estilo sugerido (ou imposto) por Alexandre, Irene não era Marta — e tudo acabou mal. Poderia dizer ao leitor: “Nasce um escritor”. Mas seria impreciso. Irapuan é escritor há muito tempo — o que provam seus textos publicados no Jornal Opção. Só não havia publicado um livro, por falta de vaidade. Fica-se na torcida para que nos dê outros livros. Há algum tempo que tento convencê-lo a escrever um livro sobre Jack London. O escritor norte-americano não é nenhum James Joyce ou William Faulkner. Mas é daqueles autores que quando se pega um de seus livros e se lê as duas primeiras páginas não se para mais. Trata-se de um notável contador de histórias, que puxa o leitor para uma espécie de imersão profunda, sugerindo que também está participando delas. Irapuan é um jacklondófilo. Sabe tudo sobre a obra e sobre a vida do autor de “Caninos Brancos”, “O Chamado Selvagem” e “O Lobo do Mar” (um belo romance filosófico). A obra é apresentada pelos escritores Hélio Moreira (autor de um ótimo romance sobre Couto Ma­galhães) e Aidenor Aires. As ilustrações são de Amaury Menezes.

O Popular põe palavras de Silvio Sousa na boca de Armando Vergílio

Depois de distorcer as palavras de Ana Paula, filha de Iris Rezende — a jovem teria atacado Júnior Friboi quando as gravações indicam que estava criticando o governo tucano —, o “Pop” comete mais um erro. No seu lançamento como vice de Iris, o deputado federal Armando Vergílio não disse que o governador Marconi Perillo promete e não entrega. Basta checar as gravações para verificar que não há nenhuma fala do presidente do Solidariedade a respeito. O “Pop” tem como apresentar gravações para se defender? Não tem, garante Armando Vergílio. Na verdade, a fala é de Silvio Souza, aliado de Armando Vergílio. A suposta fala do deputado foi a deixa para o vice do governador Marconi Perillo, José Eliton, ser acionado rapidamente por Jarbas Rodrigues Jr., da coluna “Giro”, e fazer a defesa do governo. Como a editora-chefe Cileide Alves sabe, tudo está muito ensaiadinho para ser jornalismo. Mas não sabe o que está realmente acontecendo debaixo de seus olhos de Capitu. As competentes editoras Cileide Alves e Silvana Bittencourt precisam ficar mais atentas àquilo que as empresas às vezes chamam de controle de qualidade. A editoria política tem falhado com frequência e o jornal raramente publica correções.

O Popular continua perdendo seus melhores repórteres

Ricardo César e Pedro Palazzo, dois repórteres competentes e experientes, deixaram a redação do “Pop”. O primeiro escapou da “escravidão” das edições de fim de semana. Ricardo César estaria sendo “discriminado”. O segundo pretendia ficar no jornal, mas, ao assumir a assessoria do vereador Elias Vaz (PSB), candidato a deputado estadual, foi convidado a se retirar. Cileide Alves disse ao jornalista que era eticamente incompatível trabalhar como repórter e assessor. A editora-chefe tem razão. Mas por que é incompatível só para Pedro Palazzo? Em três ou quatro anos, o “Pop” perdeu alguns de seus me­lhores repórteres — todos eles empregados noutros lugares, e com salários bem maiores —, por falta de uma política salarial adequada e de um ambiente de trabalho menos conflituoso. Uma lista mínima inclui: Rodrigo Craveiro (saiu há mais tempo; está no “Correio Braziliense”), Almiro Marcos (Cor­reio), Vinicius Sassine (“O Globo”), Deire Assis (trocou o jornal por uma agência de publicidade), Marília Assunção, Pedro Palazzo, Ricardo César. Uma verdadeira redação, e de alta qualidade.

Repórter e editor de O Popular esqueceram de estudar tabuada

O “Pop” publica na edição de terça-feira, 17, manchete explosiva, sugerindo uma guerra na capital: “Goiânia já tem 30 homicídios em cinco dias”. O jornal acrescenta: “Goiânia vive dias sangrentos. Desde o dia 12, em média, uma pessoa é assassinada a cada três horas na capital. Foram 30 homicídios em cinco dias — onze de domingo para segunda. Entre as vítimas, Taynara Cruz, 13 anos, morta no domingo por um motoqueiro em praça no Bairro Goiá”. Roberto Civita, falecido dirigente da Editora Abril, dizia que jornalista não sabe contar. Pode ser o caso da reportagem do “Pop”. Deixando de lado a matemática à Fradique Mendes do “Pop”, examinemos os dados: se foram 30 mortes em cinco dias, então são seis casos por dia. Como um dia tem 24 horas, então é um assassinato a cada quatro horas e não três como atesta a tabuada do jornal (6x3: 18; 6x4: 24 ou, se o leitor preferir, 24 horas divididas por seis, que resultam em quatro).

Kafkiano, governador petista processa repórter da Folha de S. Paulo

A secretária de Justiça do governo de São Paulo, Eloisa Arruda, disse, numa nota a respeito de refugiados haitianos, que o governador do Acre, Tião Viana (PT), estava se comportando como “coiote” (estaria “en­viando” haitianos para São Paulo). O petista processou tanto a secretária quanto a jornalista que publicou a notícia, Vera Magalhães, da “Folha de S. Paulo”, alegando que cometeram crime de “injúria”. O advogado da “Folha”, Luiz Francisco de Carvalho Filho, sustenta que a repórter limitou-se a exercer “sua função de informar”. O Portal Imprensa conta que Tião Viana disse que incluiu a jornalista em cumprimento a uma exigência legal: “A desistência da ação em relação à jornalista representaria também a desistência da ação em relação à secretária”. Noutras palavras, mesmo não sendo sua intenção, o petista está praticamente “isentando” a repórter. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo divulgou nota na qual repudia a ação por considerar como “desproporcional e ilegítimo o uso do direito penal como restrição à liberdade de expressão”.

Imobiliárias de Goiânia estão se libertando dos Classificados do Pop

As imobiliárias de Goiânia estão aos poucos se libertando do “Pop”. Como o jornal está na internet apenas para assinantes, significando que pode ser acessado por poucas pessoas — fora do Estado, nem pensar, porque o jornal é distribuído apenas em Goiás —, as imobiliárias estão criando seus próprios sites e anunciando casas e apartamentos. Assim, gastam menos e expõem seus negócios de maneira mais ampla. Se o “Pop” não tomar uma providência, seus “Classificados” vão se tornar obsoletos brevemente. Acrescente-se que o setor imobiliário pretende se libertar dos jornais, não apenas do “Pop”, nos próximos meses ou anos — caminhando, a curto ou médio prazo, para uma presença mais forte na internet.

Mídia Ninja lança portal interativo pra competir com mídia dominante

Ao lançar um portal interativo (hospedado na plataforma Oximity.com), que terá a participação de colaboradores do Brasil (como Sílvia Moretzsohn, professora da Universidade Federal Fluminense) e do mundo, a Mídia Ninja, na opinião de um de seus coordenadores, Felipe Altenfelder, pretende “mudar a relação com os leitores. Eles podem logar e produzir conteúdo dentro da plataforma”. Numa entrevista ao Portal dos Jornalistas, Altenfelder diz que, “mais do que trabalhar com correspondentes, temos pessoas que são colaboradoras. Como dá visibilidade às pautas, vai permitir que cada vez mais gente possa se comunicar”. Não fica claro, mas fica a impressão de que a Mídia Ninja pretende trabalhar com uma espécie de trabalho quase escravo. “Na lógica colaborativista, é preciso saber fazer barato. Informação não é commodity, mas prestação de serviço público”, teoriza, mas sem explicar se vai ou não ter exploração do trabalho alheio. O Portal dos Jornalistas pergunta sobre quem vai financiar o portal, e Altenfelder garante que não será o governo federal. “Não tem dinheiro do governo. Somos um veículo que defende políticas públicas. Propomos uma nova forma de se relacionar”, informa. Porém, como fazer jornalismo custa dinheiro, mesmo que às vezes pouco dinheiro, Altenfelder não soube, ou não quis, explicar como a Mídia Ninja vai financiar o portal. Ele revela como vai ser o novo milagre da multiplicação dos pães. Até agora, a Mídia Ninja tem sido de um amadorismo atroz. Como, então, vai competir com a mídia dominante?

Sai em português livro de Joyce que pode ter sido a matriz de Finnegans Wake

O que James Joyce escreveu de melhor já está publicado em inglês e português: “Dublinenses”, “Um Retrato do Artista Quando Jovem”, “Ulysses” e “Finnegans Wake”. Mas, como se trata de um dos maiores escritores do século 20, qualquer rascunho é publicado com estardalhaço. Talvez não seja o caso de “Finn’s Hotel” (Companhia das Letras, 160 páginas, tradução de Caetano Galindo). “No início dos anos 1990, o surgimento de um manuscrito causou alvoroço entre os estudiosos de James Joyce. Encontrado em meio a seus papéis e anotações, Finn’s Hotel foi anunciado como embrião daquele que seria o mais enigmático dos livros do irlandês, o gargantuesco e caudaloso Finnegans Wake. “Todavia, uma longa briga judicial privou os leitores do acesso ao texto. Apenas agora, mais de duas décadas depois de sua aparição, é que 'Finn’s Hotel' chega às mãos dos fãs de Joyce. “Tremendamente claro e acessível, é composto de onze pequenos contos, que poderiam ser chamados de fábulas, sobre a história da Irlanda. “Não se sabe ao certo as intenções de Joyce com o manuscrito, e se essas histórias de fato compõem uma versão anterior do Finnegans Wake. Ainda assim, estão lá Humphrey Chimpden Earwicker, protagonista do ‘Wake’, bem como um esboço inicial da magnífica carta de Anna Livia Plurabelle, uma das peças mais belas da língua inglesa.” A edição “traz uma nova tradução do poema ‘Giacomo Joyce’, também traduzido por Galindo”.

Ao “entrevistar” Felipão, Mario Sergio Conti quase cria o seu boimate

O colunista da Folha de S. Paulo entrevistou um ator acreditando que havia falado com o técnico da seleção brasileira de futebol O jornalista Otávio Cabral escreveu uma biografia muito boa, ainda que lacunar – o ex-deputado não quis conceder entrevista (e não se pode fazer com todo mundo o que Gay Talese fez com Frank Sinatra, pois se tratava, no caso dos americanos, de um mero perfil. Talese ouviu as pessoas que conviviam com o cantor) – sobre José Dirceu, o ex-mandachuva do PT, espécie de Lula sofisticado. “Dirceu – A Biografia” (Record, 364 páginas) foi lida como uma tentativa de demolir um dos pais do mensalão. Lida atentamente, a biografia mostra o quanto Dirceu foi decisivo para a criação do PT e, sobretudo, para que o partido chegasse ao poder. Mais do que qualquer outro líder, ou intelectual do PT, o hoje presidiário contribuiu, com rara firmeza, para moderar o Partido dos Trabalhadores e para conter o próprio Lula – que, mesmo nunca tendo sido radical, é dado a arroubos autoritários. Quando o livro foi lançado, Mario Sergio Conti, então na revista “Piauí”, escreveu uma resenha, apresentada como “devastadora” pelos dirceuzistas – um deles o panglossiano jornalista Renato Dias –, quando, na verdade, era um ataque gratuito a Otávio Cabral. Nenhum dos erros apontados compromete a história central contada no livro. Repórter cuidadoso, durante anos editor exigente da “Veja” – implacável com aqueles que erravam –, Mario Sergio Conti pode ter cometido a barriga do ano. Colunista da “Folha de S. Paulo”, Conti escreveu um dos textos mais lidos da semana, “Felipão sobre Neymar: ‘Se tivéssemos três como ele, a Copa seria uma tranquilidade’”.  O repórter teria entrevistado o técnico Felipão num voo do Rio de Janeiro para São Paulo. No período da Copa, quando Felipão faz opção pelas entrevistas coletivas, era praticamente um furo. No caso, um furo na credibilidade de Conti. O rigoroso Conti entrevistou, na verdade, o ator Vladimir Palomo, um sósia de Luiz Felipe Scolari. O técnico estava em Fortaleza. Conti também “viu” Neymar, outro ator. O jornalista chegou a convidar o falso Felipão para uma entrevista ao seu programa na Globonews, “Diálogos”. Palomo entregou-lhe, então, um cartão: “Vladimir Palomo – Sósia de Felipão – Eventos”. Nem assim Conti percebeu o que estava acontecendo. Estaria sóbrio? A “entrevista” é o seu boi que “produz” tomate – o boimate?

Dois repórteres deixam redação de O Popular: Ricardo César pede demissão e Pedro Palazzo foi demitido

Os repórteres Ricardo César e Pedro Palazzo deixaram o “Pop” na semana passada. A redação está fazendo testes com possíveis substitutos. [caption id="attachment_7331" align="alignnone" width="98"] Ricardo César[/caption] [caption id="attachment_7330" align="alignnone" width="100"]pedro-palazzo Pedro Palazzo[/caption] Ricardo César decidiu sair porque não queria mais participar do fechamento da edição do jornal, na área de economia, em três finais de semana — folgando apenas uma vez no mês. Outros colegas trabalham um fim de semana e folgam três. O editor Wanderley de Faria, no lugar de atender o pedido do repórter, decidiu que os demais repórteres também contribuiriam para o fechamento. Pedro Palazzo aceitou a proposta de Elias Vaz (PSB) para trabalhar em seu site de campanha — o vereador será candidato a deputado estadual — e comunicou ao editor de “Cidades”, Márcio Leijoto. A editora-chefe, Cileide Alves, disse a Leijoto que era incompatível o jornalista trabalhar na área de política e assessorar um candidato. O repórter, que não queria sair do jornal, pediu para ser transferido para outra editoria, como “Cidades” ou “Economia”. Cileide Alves não permitiu. Mas um editor do jornal assessora um deputado federal e a editora-chefe não avalia que há incompatibilidade. Vendas menores A cúpula do “Pop” está preocupada no momento com dois problemas. Primeiro, as vendas de banca caíram e, como o jornal é “fechado” na internet, não há como aumentar o acesso. Segundo, caiu o lucro dos “Classificados” — que já foram apontados como a “galinha dos ovos de ouro” do jornal.

O marqueteiro goiano que derrotou Duda Mendonça na Colômbia

Marcus Vinícius foi um dos principais responsáveis pela reformulação do marketing político-eleitoral do presidente Juan Manuel Santos

A história do goleiro Bruno e de Eliza Samudio: falta de educação também mata

Iúri Rincon Godinho Três pessoas se juntaram para escrever um livro que não traz nada de novo nessa pavorosa história de loucura e morte de Eliza Samudio, uma modelo, garota de programa, atriz de filmes pornográficos, apaixonada por jogadores de futebol e que queria “apenas” se dar bem na vida. Para quem acompanhou o caso pela imprensa ,“Indefensável” (um belo título dado o contexto e a profissão do goleiro Bruno) nada acrescenta e, para piorar, a parte final trata de maneira detalhada e sonolenta o longo julgamento dos acusados do crime. Bola, o assassino frio e, fica subentendido, matador de aluguel, talvez seja o personagem mais interessante dessa história, sobre como um policial treinado para defender a sociedade acaba se revoltando contra ela e fazendo justiça à sua maneira. Mas a obra passa apenas de raspão por ele. De interessante mesmo apenas a desconstrução de um ser humano, no caso Bruno, um atleta talentosíssimo que, sem educação adequada e vindo de um lar desfeito — o que parece servir de desculpa para todas as atrocidades do planeta —, sobe aos céus e desce ao inferno que ele mesmo criou. Recentemente, estive com o maior ídolo da história do Vila Nova, o atacante Guilherme, que jogou no final dos anos 60 e início dos 70. Emocionado, contou que se arrependia apenas de uma coisa no futebol: não ter tido orientação de uma pessoa mais velha, um empresário, um familiar, um extraterrestre, qualquer um. O mesmo se aplica ao goleiro Bruno. Tudo indica que Bruno é quem estava orientando as pessoas, e, claro, mal. Quando começou a ganhar dinheiro e fazer sucesso, deixou de ser o garoto simples da periferia para se transformar em um perdulário — sorte dos “amigos” — e um predador sexual, que não deixava passar uma, apesar de já casado com a companheira que sempre o amou, compreendeu e, no final, o ajudou no crime e foi condenada por isso. Mas o goleiro continuou bronco e ingênuo, tanto que transou — e engravidou — a modelo Eliza Samudio em uma orgia e foi o único a não usar camisinha. O relacionamento entre Bruno e Macarrão, seu braço direito, é tratado correta e paradoxalmente como sexual sem sexo, lembrando a complexidade do ser humano e as muitas formas de convivência não percebidas pelo comportamento “normal” da sociedade. No fim de tudo, com todos presos, fica a lição: não é só o dinheiro, o sexo, o poder e o sucesso que corrompem, mas também — e muito — a falta de educação. Iúri Rincon Godinho é jornalista. Serviço Título: “Indefensável – O Goleiro Bruno e a História da Morte de Eliza Samudio” Autores: Paulo Carvalho, Leslie Leitão e Paula Sarapu. Editora: Record Páginas: 266 Preço: 32 reais

Lista de livros fundamentais elaborada por Jeff Bezos, criador da Amazon

[caption id="attachment_7045" align="alignright" width="620"]Jeff Bezos: o bilionário que criou a Amazon, a loja de tudo Jeff Bezos: o bilionário que criou a Amazon, a loja de tudo[/caption] Jeff Bezos, formado por Prin­ceton, é tido como um dos homens mais brilhantes do setor de tecnologia e do comércio varejista dos Estados Unidos (agora, está entrando no Brasil). A Amazon começou vendendo livros e em seguida passou a vender quase tudo. Bezos (pronuncia-se “Beizos”) se tornou um grande investidor em tecnologia, criando, por exemplo, o Kindle, um leitor de livros digitais. O bilionário, dono do jornal “Washington Post”, é um leitor compulsivo. No livro “A Loja de Tudo — Jeff Bezos e a Era da Amazon” (Intrínseca, 398 páginas, tradução de Andrea Gottlieb), Brad Stone publica a “Lista de leitura de Jeff”. É uma síntese. Na obra, há indicações de outros livros que influenciaram o empresário. Stone diz que “a Amazon surgiu por causa dos livros, e foram eles que moldaram sua cultura e sua estratégia”. Bezos recomenda os livros listados aos executivos e funcionários da empresa. 1 — Os Resíduos do Dia, de Kazuo Ishiguro Brad Stone diz que é o “romance preferido de Jeff”, o que não deixa de ser curioso, porque nada tem a ver com tecnologia. “O livro é sobre um mordomo que lembra com saudosismo de sua carreira na Grã-Bretanha no período de guerra. Bezos já disse que aprende mais com romances do que com livros de não ficção.” O quê aprende em livros de ficção, Stone não revela. Mas Bezos exige que seus executivos e tecnólogos apresentem as ideias em forma de narrativa, em seis páginas no máximo. [Companhia das Letras, 288 páginas, tradução de José Rubens Siqueira] 2 — “Sam Walton: Made in America”, de Sam Walton e John Huey Se Jeff Bezos tem um ídolo este é Sam Walton, o criador da rede de hipermercados Walmart. Stone frisa que a “disposição para experimentar várias coisas e cometer muitos erros”, princípios do empresário americano, se tornaram dois valores básicos da Amazon. Bezos e o Walmart se tornaram concorrentes, mas o criador do Amazon permanece admirando Walton. [Campus, 243 páginas] 3 — “Memos From the Chairman”, de Alan Greenberg O presidente do Bear Stearns, um extinto banco de investimentos, enviava memorando para seus funcionários nos quais reafirmava valores como a “modéstia” e a “simplicidade”. O comunicado de Bezos aos acionistas da Amazon retratam em parte as ideias de Greenberg. O dirigente da Amazon preza a simplicidade e a economia (veta, por exemplo, viagens na classe executiva dos aviões). [Workman Publishing, 156 páginas] 4 — “O Mítico Homem-Mês”, de Frederick P. Brooks Bezos às vezes se retira do setor operacional para pensar sobre as atividades da Amazon. Pega algum livro, lê cuidadosamente, fazendo anotações nas margens, e depois volta à empresa com ideias novas. O livro é menos um guia do que uma inspiração. O influente cientista da computação “apresenta o argumento improvável [visão de Stone, não de Bezos] de que pequenos grupos de programadores são mais eficientes do que grupos maiores para lidar com projetos complexos de software”. Bezos usou a ideia para criar suas equipes na Amazon — uma para dirigir o setor varejista e outra para criar e expandir a área de tecnologia. Detalhe: o Kindle foi inspirado numa invenção sugerida por dois pesquisadores. [Campus, 328 páginas, tradução de Cesar Brod. O livro saiu no Brasil com o título de “O Mítico Homem-Mês — Ensaios Sobre Engenharia de Software”] 4 — “Feitas Para Durar — Práticas Bem-Sucedidas de Empresas Visionárias”, de Jim Collins e Jerry I. Porras O livro mostra que as empresas bem-sucedidas “são orientadas por uma ideologia central, e só os funcionários que abraçam a missão avançam; os outros acabam por ser ‘eliminados como um vírus’”. Collins, frisa Stone, é um dos autores que influenciam o pensamento de Bezos, que já o levou à Amazon para conversar com seus executivos. [Rocco, 408 páginas, tradução de Sílvia Dussel Schiros] 6 — “Empresas Feitas Para Vencer”, de Jim Collins Antes de publicar o livro, Jim Collins apresentou uma síntese para os executivos da Amazon. “As empresas devem confrontar os fatos brutais do seu negócio, descobrir no que são realmente boas e dominar o seu volante. De acordo com esse conceito, cada parte do negócio reforça e acelera as outras partes”, escreve Stone. [No Brasil, o livro foi lançado com um título longo: “Empresas Feitas Para Vencer — Por que Algumas Empresas Alcançam a Excelência... E Outras Não”. HSM Editora, 368 páginas] 7 — “Creation — Life and How to Make It”, de Steve Grand Síntese de Stone: “Um designer de videogame alega que sistemas inteligentes podem ser criados de baixo para cima se formos capazes de projetar um conjunto de blocos de construção primitivos. Esse livro influenciou a criação da Amazon Web Services, ou AWS, o serviço que popularizou a ideia de nuvem”. [Editora Harvard II] 8 — “O Dilema da Inovação”, de Clayton M. Christensen Os executivos da Amazon usaram alguns de seus princípios “para facilitar”, segundo Stone, “a criação do Kindle e do AWS. Algumas empresas relutam em adotar tecnologias revolucionárias porque elas podem afastar os clientes e prejudicar seus principais negócios, mas Christensen alega que ignorá-las pode acarretar custos ainda maiores”. [Editora M. Books, 304 páginas, tradução de Laura Prades Veiga] 9 — “A Meta — Um Processo de Melhoria Contínua”, de Eliyahu M. Goldratt e Jeff Cox Os autores escreveram um romance para explicar a ciência da manufatura. “O livro encoraja”, assinala Stone, “as empresas a identificar os maiores limites de suas operações e, então, a estruturar suas organizações para que possam extrair o máximo desses limites. ‘A Meta’ foi uma bíblia para Jeff Wilke e a equipe que construiu a rede de atendimento de pedidos da Amazon”. [Editora Nobel, 366 páginas] 10 — “A Mentalidade Enxuta nas Empresas”, de James P. Womack e Daniel T. Jones Stone diz que “a filosofia de produção inaugurada pela Toyota chama a atenção para as atividades que criam valor para o cliente e para a erradicação sistemática de todo o resto”. [Campus Editora, 458 páginas] 11 — “Data-Driven Marketing: The 15 Metrics Everyone in Marketing Should Know”, de Mark Jeffery O livro fornece um guia “como métrica para tudo: da satisfação do consumidor à eficácia do marketing”. Stone diz que “os funcionários da Amazon devem usar dados como base para todas as afirmações, e, se os dados apresentarem uma fraqueza, eles devem apontá-la, ou então seus colegas o farão”. (Editora John Wiley Trade, 298 páginas] 12 — “A Lógica do Cisne Negro”, de Nassim Nicholas Taleb Livro muito respeitado por Bezos. “O estudioso argumenta”, sintetiza Stone, “que as pessoas estão condicionadas a reconhecer padrões no caos, enquanto permanecem cegas para eventos imprevisíveis, que trazem consequências esmagadoras. A experimentação e o empirismo triunfam sobre a narrativa fácil e óbvia”. [No Brasil, o livro saiu com o título de “A Lógica do Cisne Negro: O Impacto do Altamente Improvável”. Editora Best Seller, 464 páginas]

O marqueteiro goiano que pode derrotar Duda Mendonça na Colômbia

[caption id="attachment_7049" align="alignright" width="620"]Marcus Vinícius, Clara López e Juan Manuel Santos: marketing político de altíssima qualidade na Colômbia Marcus Vinícius, Clara López e Juan Manuel Santos: marketing político de altíssima qualidade na Colômbia[/caption] O publicitário goiano Marcus Vinícius Queiroz é tido e havido na Colômbia como o golden boy do marketing político-eleitoral. No primeiro turno da eleição deste ano, Marcus Vinícius trabalhou na campanha da candidata Clara López, que, mesmo com uma estrutura pequena, obteve 15,2% dos votos válidos (quase 2 milhões de votos). Um número expressivo. Quando assumiu a campanha, Clara López tinha apenas 4% das intenções de votos e ninguém, talvez nem a própria postulante, acreditava que passaria dos 6%. Entretanto, sua campanha criativa, com críticas precisas e uma agenda propositiva, passou dos 15%, surpreendendo imprensa e analistas — menos Marcus Vinícius, que, desde o início, apostou no seu potencial. A política, um fenômeno, se tornou líder nacional. No segundo turno, que será realizado no domingo, 15, se enfrentam o presidente Juan Manuel Santos — que obteve 25,7% dos votos no primeiro turno — e o oposicionista Óscar Iván Zuluaga, que recebeu 29,3% dos votos. Impressionado com a capacidade de Clara López para atrair votos de setores que não queriam participar do pleito — na Colômbia o voto é facultativo —, Santos aproximou-se dela. O presidente e sua equipe, mesmerizados pela qualidade da campanha, pela performance nos debates e pelo marketing de Clara López, decidiram seguir pelo mesmo caminho no segundo turno. Marcus Vinícius entrou, assim, na campanha de Santos, presidente cuja meta é pacificar o país (a batalha contra a guerrilha, paramilitares e grupos do crime organizado resultou na morte de mais de 220 mil pessoas e cerca de 5 milhões de deslocados). As pesquisas internas mostravam, na semana passada, Santos na frente do direitista Zuluaga. A campanha indica que, com Marcus Vinícius participando da reelaboração do marketing, o presidente ganhou mais empatia com o eleitorado. “As pesquisas sugerem que viramos o jogo”, disse o marqueteiro, falando da Colômbia, ao Jornal Opção. Duda Mendonça é o marqueteiro da campanha de Zuluaga. Se Santos ganhar a eleição, Marcus Vinícius também derrota o publicitário baiano que, em 2002, ajudou a eleger Lula da Silva presidente do Brasil.

Cyro dos Anjos é mais do que um mero Machado de Assis do segundo time

Numa entrevista ao crítico italiano Giovanni Ricciardi, o escritor mineiro diz que o ofício de “ghost writer”, inclusive para Juscelino Kubitschek, prejudicou sua produção literária