Imprensa

A operação passaralho continua na Editora Abril. Ao extinguir a versão digital da revista “Info”, o grupo demitiu cinco jornalistas, três funcionários da área de TI e dois estagiários. A cobertura de informática ficará a cargo do site Exame.com. A “Exame” é, ao lado da “Veja”, uma das revistas mais lucrativas da Abril.

A direita venceu a esquerda no campo de batalha, entre as décadas de 1960 e 1970, mas perdeu a guerra da historiografia. Mas o grande derrotado talvez seja o Cabo Anselmo

[caption id="attachment_42914" align="aligncenter" width="620"] Lula da Silva e Vagner Freitas: o policial bonzinho e o policial mauzinho | Foto: Roberto Parizzoti e Instituto Lula[/caption]
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, disse que pode ir às ruas “com armas nas mãos” com o objetivo de defender o mandato da presidente Dilma Rousseff, do PT. Na sexta-feira, 14, o ex-presidente Lula da Silva puxou as orelhas do líder sindical, com a “sutileza” de um populista de esquerda espertíssimo, tentando agradar plateias variadas. Num ato do Partido dos Trabalhadores sobre educação, o petista-chefe disse: “Quero dedicar esse meu discurso ao companheiro Vagner da CUT, que ontem cometeu uma frase que não queria cometer. Queria dizer para o Vagner que o Plano Nacional de Educação é a grande arma que a CUT tem que usar. Não existe nada mais importante do que a educação para fazer a revolução neste país”.
O PT, mesmo depois das depurações operadas por José Dirceu e Lula da Silva, para torná-lo mais realista, permanece como uma frente de esquerda, com setores radicais e moderados. Apesar dos rompantes, às vezes autoritários, Lula da Silva está entre os moderados. No caso específico, é provável que o PT usou a tática, não raro funcional, do policial bonzinho, Lula da Silva, e do policial mauzinho, Vagner Freitas. Ressalte-se que o líder da CUT queria dizer o que disse. Não há inocentes na política.
Ao “corrigir” o chefiado, o mestre Lula da Silva estaria sugerindo que a sociedade não precisa criticá-lo, por que o próprio PT, quer dizer, o ex-presidente — ambos se tornaram uma coisa só — antecipou-se e “corrigiu-o”.

A sexualidade alheia incomoda. A sexualidade dos homossexuais incomoda muito mais. Ao sugerir que o ex-jogador de futebol Raí e o jornalista Zeca Camargo, da TV Globo, mantinham um relacionamento afetivo, a jornalista Fabíola Reipert, blogueira do R7, talvez tenha manifestado um desejo inconsciente de se opor às relações entre pessoas do mesmo sexo. Mesmo sem provas de que os dois namoravam — se namorassem, não haveria nada de errado, porque o amor (e o prazer) é sempre belo —, a jornalista, como indica a decisão da Justiça, inventou uma “informação”.
Recentemente, o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação de Fabíola Reipert. A jornalista terá de pagar indenização de R$ 72,4 mil reais ao ex-jogador. O R7 e, por ter republicado a “informação”, o jornal “O Dia” são corréus no processo.
Fabíola Reipert pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, em seguida, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Advogados hábeis certamente recomendarão que a jornalista encerre a questão e pague a indenização.

Na edição de 7 de agosto, de maneira surpreendente, “O Globo” brindou seus leitores com o editorial “Manipulação do Congresso ultrapassa limites”. Trata-se muito mais de uma defesa da estabilidade institucional do que de uma defesa do governo da presidente Dilma Rousseff. Há acerto e pelo menos um problema. Não se pode dizer que o PSDB é “inconsequente” porque critica o governo da presidente Dilma Rousseff e os malfeitos dos governos do PT. Pelo contrário, a função da oposição é apresentar críticas, de preferência consistentes. O editorial é mais preciso quando anota: “Mesmo o mas ingênuo baixo-clero entende que o presidente da Câmara [dos Deputados], Eduardo Cunha (PMDB-RJ), age de forma assumida como oposição ao governo Dilma na tentativa de demonstrar força para escapar de ser denunciado ao Supremo, condenado e perder o mandato, por envolvimento em traficâncias financeiras desvendadas pela Lava Jato. Daí, trabalhar pela aprovação de ‘pautas-bomba’, destinadas a explodir o Orçamento e, em consequência, queira ou não, desestabilizar de vez a própria economia brasileira”. Ressalte-se que, até pouco tempo, jornais e revistas, apostando na tese do “inimigo do meu inimigo é meu amigo”, percebiam Eduardo Cunha como o suprassumo do político arrojado e eficiente.

O “Pop” informa, na reportagem “Shoppings entendem que não precisam cumprir lei”, que os centros de compras não querem fornecer vagas gratuitas. A matéria é tão caótica que o leitor não é informado para quem as vagas gratuitas seriam destinadas. O título não corresponde com precisão ao teor do texto. Pois os diretores dos shoppings, pelo menos de dois deles, não disseram que não querem cumprir a lei. O que “as direções do Goiânia [Shopping] e Araguaia Shopping dizem” é “que vão aguardar a regulamentação da lei pela Prefeitura” de Goiânia. O trecho entre aspas é da reportagem. Outros shoppings, como o Portal e o Flamboyant, “não se manifestaram”. A qualidade do texto é discutível. No lugar de “shoppings centers”, a grafia correta é “shopping centers”, com plural apenas na segunda palavra. Usa-se aspas de maneira equivocada: procurador-geral do Município, Carlos de Freitas limitou-se a dizer que “ainda não conversou sobre o tema com o prefeito.” O ponto deveria ser posto depois das aspas: “... com o prefeito”. Outro trecho reafirma o samba do crioulo doido: “Ao ser publicada no Diário [Oficial do Município], a lei entra automaticamente no sistema jurídico da Prefeitura, o que a confere eficácia”. É quase inacreditável que nenhum editor tenha reparado na frase confusa. O samba do crioulo doido reaparece na reportagem “Filho de ex-deputado diz não saber como conseguiu dois cargos públicos”. Confira: “Chamou a atenção dos investigadores a contratação, em especial do filho do ex-deputado [Sebastião Costa], o cantor sertanejo Matheus Freire Carvalho Costa, de 24 anos, e de sua mulher, pública Claudiane Freire Carvalho Costa, de 45”. O jornal quis dizer “funcionária pública”, mas não disse. E há problema com uma vírgula mal colocada, depois de “contratação”, o que trunca o texto. O escritor tcheco Kafka diria: “Socorro, os editores sumiram!”

Anne Applebaum, Simon Sebag Montefiore e Robert Service devem muito às publicações pioneiras do historiador britânico

Aos 62 anos, Bruna Lombardi publicou na internet uma fotografia mostrando sua boa forma física. Os elogios suplantaram as críticas. A maioria disse que está bonita — e, de fato, está linda. Outros, poucos, criticaram o fato de a atriz e poeta exibir fotografia na qual aparece, como dizem agora, “sensualizando”.
Parece que, para parte dos brasileiros, inclusive para intelectuais, o corpo (a nudez) é um problema... a ser escondido. E, se a pessoa não é mais jovem, mostrá-lo sugere quase um crime. O belo corpo de Bruna Lombardi — sempre potencializado por seu belíssimo rosto — na verdade não deveria incomodar. Porque o belo é nobre.

Jarbas Rodrigues Jr., da coluna “Giro”, de “O Popular”, deu o furo da filiação do vice-governador de Goiás, José Eliton, ao PSDB. Mas o texto é caótico. “[Ciro] Nogueira não tem feito obstáculo à filiação de Eliton no PSDB”, anota o jornalista. Machado de Assis revirou-se no túmulo, mas, alertado por Simão Bacamarte, guardou o chicote. O editor da coluna diz que o nome do senador do DEM, que deve se filiar ao PP, é Wilder “Moraes”, com “e”, quando a certidão de nascimento registra “Morais”, com “i”.
O historiador britânico Richard Evans é autor da melhor história geral do nazismo, explicitando suas raízes e chegando à decadência, em 1945. São três volumes massudos. Chega agora às livrarias brasileiras um livro excepcional, do historiador britânico Antony Beevor: “A Segunda Guerra Mundial” (Record, 952 páginas, tradução de Cristina Cavalcanti). Num único volume.
Trata-se de um livro detalhado, com interpretações originais. Ao contrário de outros pesquisadores, Antony Beevor sugere que a Segunda Guerra Mundial não começou em setembro de 1939, com a invasão da Polônia pelas tropas do nazista Adolf Hitler, e sim, um pouco antes, com a guerra entre Japão e China. Porém, mesmo resssaltando este aspecto, o pesquisador faz uma exposição notável da batalha na Europa.
Antony Beevor revela histórias pouco examinadas por outros pesquisadores, como o fato de que militares japoneses canibalizaram soldados dos Estados Unidos e de outros países.
O escritor americano Richard Ford é tão bom quanto John Updike e Philip Roth, embora menos celebrado. Alguns de seus livros, como “Independência”, foram publicados no Brasil, sem muito alarde. Os críticos às vezes o apresentam como um dos herdeiros de William Faulkner. Tem a ver? Não muito. Aqui e ali, mas não no todo, fica-se com a impressão de que o Faulkner que reverbera na prosa de Richard Ford é o da chamada trilogia Snopes — romances apontados como “menores” mas muito interessantes como radiografia da ascensão de um homem. Trata-se de uma espécie de romance de formação, digamos, maligno. A Editora Estação Liberdade lança o romance “Canadá” (456 páginas, tradução de Mauro Pinheiro). É uma tragédia sobre a família do personagem Dell Parsons.
Jornalistas de “O Popular” e do “Diário da Manhã” ainda não entenderam que, com a internet, não se escreve tão-somente para os goianos. Eles escrevem: “O vice-governador José Eliton” e “o governador Marconi Perillo” — e não “o vice-governador de Goiás, José Eliton” e “o governador de Goiás, Marconi Perillo”. A internet pôs a aldeia no universo, portanto os políticos, como outras pessoas, precisam ser nominados com mais precisão.

Leitores contam que algumas pessoas estão ligando para suas casas e praticamente implorando para que assinem “O Popular”.

“O Popular” deveria instituir a página “Correção da correção”. Na edição de quinta-feira, 13, um jornalista escreveu: “Ao contrário do que foi publicado na edição de ontem do ‘Popular’ ontem”. O profissional gosta da palavra “ontem”.
Considerando-se acima do bem e do mal, o ex-metalúrgico tenta aniquilar instituições fundamentais para a democracia, como o Supremo Tribunal Federal