O cantor vendeu 300 mil álbuns em 2015, o que, em tempos de hegemonia da pirataria, é um fenômeno internacional

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“Luan Santana — A Biografia” (Record, 224 páginas), de Ricardo Marques, chega às livrarias este mês e a tendência é que se torne best seller. Por que Luan Santana precisa de uma biografia aos 24 anos? Por dois motivos. Primeiro, deve mesmo ter uma vida vertiginosa, com muitos acontecimentos interessantes, sobretudo para ele, sua família e fãs. Segundo, porque, aos 60 anos, possivelmente não será mais conhecido e, por isso, precisa explorar o tempo em que é famoso, tentando permanecer celebrado, inclusive à custa de um livro. Release enviado às redações pelo Departamento de Imprensa é esclarecedor: “A biografia é direcionada aos fãs”. O livro será comprado, por assim dizer, pelos “convertidos” à nação luansantanaiana.

Ricardo Marques conta, pela primeira vez, a história de um quase-sequestro de Luan Santana. O artista iria fazer um show no Paraguai e, pouco antes, um dos sequestradores, dizendo-se “arrependido”, avisou que uma quadrilha estava se preparando para capturá-lo e exigir um resgate polpudo. Avisada a tempo, a equipe do cantor cancelou o contrato.

A biografia relata que, quando era criança, perguntado sobre o que queria ser quando se tornasse adulto, Luan Santana respondia com apenas uma palavra: “cantor”.

Nascido em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Luan Santana decorava músicas desde bem pequeno. Seu nome advém de Luã, o filho da cantora Elba Ramalho com o ator Maurício Mattar. Sua mãe, Marizete Domingos, fã de Elba Ramalho, retirou o til e acrescentou um “n”.

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Aos 2 anos, Luan Santana ouvia os discos do pai, notadamente Dudoca & Galvão e Chitãozinho & Chororó, e apaixonou-se pela música sertaneja. Quando tinha 3 anos, foi presenteado com um violão. O pai tocava e cantava nas festas da família e Luan Santana deixava de brincar com os coleguinhas para acompanhá-lo.

O sucesso começou com a música “Falando Sério”, da cantora Elizandra Santos. Colocada no Youtube, tornou-se, por assim dizer, “viral”. “Meteoro” é a música que o tirou do anonimato. Vendeu 300 mil álbuns em 2015 — o que, em tempos de predomínio da pirataria, é um fenômeno nacional e, mesmo, internacional.

O autor do livro, o mineiro Ricardo Marques, é jornalista e editor.

Trecho do livro “Luan Santana — A Biografia”

Dezoito de julho de 2015, 23h, um sábado de inverno em Itapecerica da Serra, região metropolitana de São Paulo, uma multidão de jovens, tanto garotas quanto rapazes, espera impacientemente o início show que encerraria a tradicional Festa do Peão de Boiadeiro, realizada anualmente na cidade. Já perto da meia noite, os organizadores liberam a imensa arena onde, nos últimos dias, os peões se arriscaram no lombo de touros e cavalos bravos. Rapidamente o público toma conta da pista de areia agora, para onde se olha todos os luares estão ocupados: a arena, as arquibancada, os camarotes. Os locutores entretêm as pessoas até que, já depois de meia noite e meia, a cortina e abre e Luan Santana surge em meio a uma apoteose de fogos de artifícios, canhões de luzes, fumaça e papel laminado.

Maurício Mattar e Elba Ramalho 116252

Apresentação da Editora Record para a biografia

Luan Santana não é o que é hoje à toa. Não chegou aonde chegou por acaso. Esta biografia deixa isso bem caro. Sua saborosa leitura, valorizada por um conjunto de fotos e documentos inéditos, destinados ao delírio dos fãs- aos poucos reconstrói o cenário que permitiu a um jovem artista exercitar e lapidar livre e conscientemente sua vocação. Luan não é fruto de um desses projetos de marketing artificiais, forjados por interesses empresarias, que ignoram a música e são enfiados goela abaixo dos brasileiros. Não mesmo. Ele é um artista de verdade, autêntico, fenômeno popular natural, orgânico, visceral – desde muito cedo – pela música e da persistência de um sonho e destinado a permanecer. Caso raro de talento excepcional desenvolvido sob as melhores condições-família amorosa (com sólidos valores) e estrutura profissional impecável e bem planejada – Luan, a juventude do que com a canção sertaneja (que, porém, nunca desprezou), é o maior artista pop brasileiro da atualidade e aquele de futuro mais promissor. Difícil é saber se há limites para seu alcance popular. Há? Conhecer essa história, brilhantemente contada pelo jornalista Ricardo Marques, é conhecer a história de um Brail tão menosprezado quanto independente e vencedor. Para muitos, o Brasil que dá certo. O país de Luan Santana; sem dúvida o do futuro.