Há problemas no Poder Legislativo, é certo, mas os dois contendores, o Grupo Jaime Câmara e Helio de Sousa, são respeitáveis, com histórias amplamente positivas

Presidente da Assembleia Legislativa, Helio de Sousa | Foto: Assembleia
Presidente da Assembleia Legislativa, Helio de Sousa | Foto: Assembleia

O Grupo Jaime Câmara publicou na sexta-feira, 9, um candente e muito bem escrito editorial com críticas diretas ao presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Helio de Sousa [foto ao lado]. O GJC é, de fato, dirigido por pessoas decentes e seus meios de comunicação têm uma história de seriedade inquestionável. Mas é preciso ressalvar que, no lugar de defender irregularidades, Helio de Sousa, um político decente, está fazendo a defesa do Poder Legislativo, ainda que, por vezes, algumas palavras possam ter sido mal colocadas, como diria Flaubert.

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Cristiano Roriz Câmara, do GJC

O Grupo Jaime Câmara é presidido por um de seus acionistas, o jovem Cristiano Roriz Câmara.

Há dois erros de português no editorial do Grupo Jaime Câmara. O redator escreve “nesse Estado” quando o apropriado é “neste Estado. “‘O Popular, a TV Anhanguera e a CBN tem…”, afirma o jornalista que escreveu o texto. No caso, como diria Wolney Unes, o certo é “têm”, porque o acento não foi abolido na recente reforma ortográfica. É assim: “ele tem” e “eles têm”. Na verdade, são filigranas.

Abaixo, publicado integralmente, o editorial do Grupo Jaime Câmara.

Editorial: O bom jornalismo não está à venda

A imprensa e o Poder Legislativo têm em comum o compromisso de defender o Estado de Direito, os valores democráticos e, acima de tudo, os interesses da sociedade. O POPULAR, a TV Anhanguera e a Rádio CBN Goiânia, veículos do Grupo Jaime Câmara (GJC), são movidos por esse compromisso institucional. Trabalham diuturnamente para estar ao lado do cidadão goiano e para ser o seu olhar junto à sociedade e aos poderes instituídos, divulgando fatos relevantes, entre eles, os decididos por aqueles que foram eleitos para representá-lo nas instituições públicas.

As recentes reportagens dos três veículos do Grupo Jaime Câmara sobre os servidores da Assembleia Legislativa, que bateram ponto e depois deixaram a Casa, revelaram, com fartas provas, uma realidade que não foi inventada por esta empresa. Atualmente há dois processos na Justiça que apuram casos de servidores fantasmas naquele Poder, as operações Poltergeist e Compadrio. A própria Assembleia demitiu no ano passado seu diretor-geral, um dos investigados na primeira operação. São do Ministério Público e da Justiça as investigações sobre a existência de funcionários fantasmas no Legislativo.

Em pronunciamento na tribuna do plenário, na quinta-feira, o presidente Helio de Sousa (DEM) afirmou textualmente: “Não temos medo de falar em fantasmas porque aqui não existem fantasmas. Aqui temos um grupo de pessoas que foram escolhidas pela população. Este Poder é muito maior do que qualquer um de nós, e, por isso, deve ser respeitado”.

Sua declaração revela distanciamento deliberado dos fatos reais, dos processos e das denúncias envolvendo maus servidores. Tenta ainda colocar o servidor público honesto e trabalhador, que cumpre rigorosamente seus horários de trabalho e que são a grande maioria, junto daqueles que ilicitamente recebem sem trabalhar. Por fim, faz uma confusão entre o Poder Legislativo, que merece todo o respeito da sociedade e do Grupo Jaime Câmara, e o mau uso que alguns políticos fazem deste poder.

Indo mais longe, o presidente fez a mais desastrada e grave declaração de todo o pronunciamento: “Com certeza, essa Casa não é respeitada por esta empresa (o GJC), porque não divulgamos propaganda nela. Mas não vou comprar o silêncio dos jornalistas.” O que o deputado quis dizer com essa afirmação? Será que ele tentaria “comprar” o silêncio da imprensa com o propósito de esconder os malfeitos da Casa? Estaria ele insinuando que se compram notícias nesse Estado?

Essa declaração precisa ser muito bem esclarecida pelo presidente, pois ela macula não só a imagem dos parlamentares, mas a imagem do próprio Poder que ele pretende preservar. A infeliz declaração não alcança os veículos do Grupo Jaime Câmara, conhecidos da sociedade goiana pela independência, credibilidade e compromisso com os interesses públicos, valores que tanto o presidente como a Assembleia deveriam defender. Muito menos a imagem de nossos jornalistas, profissionais qualificados e éticos.

Ao tentar desviar-se da realidade fazendo ameaças indiretas ao mensageiro da notícia, o presidente distancia-se dos valores citados no início deste Editorial. O Grupo Jaime Câmara continuará firme na defesa do interesse público, na fiscalização de atos dos agentes públicos, noticiando suspeitas de irregularidade, de corrupção e cobrando transparência total de todos os Poderes.

O POPULAR, a TV Anhanguera e a CBN Goiânia seguirão frequentando todas as instituições públicas porque tem o direito de frequentar estes espaços. As “flores” que queremos receber, como sugeriu o deputado, é o reconhecimento da sociedade, dos bons políticos, dos bons agentes públicos e funcionários cumpridores de suas obrigações, à nossa missão de informar com ética e profissionalismo.

O bom jornalismo nunca esteve à venda e não é diferente no Grupo Jaime Câmara.