A jornalista e escritora bielorrussa é autora de um livro apontado como candente sobre o desastre nuclear de Chernobyl

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A Academia Sueca faz política, e nem sempre no mau sentido. O russo Alexander Soljenítsin, autor de “Arquipélago Gulag”, ganhou o Nobel de Literatura menos pela qualidade de sua prosa literária e mais por sua candente denúncia do regime stalinista. O russo Boris Pasternak era excelente poeta, mas ganhou o Nobel, que o regime comunista não permitiu que recebesse, devido ao romance “Doutor Jivago” (seu único romance), uma crítica corrosiva ao sistema stalinista, ao modo como destruía as vidas dos indivíduos. Agora, com  a bielorrussa Svetlana Alexievich, ocorre o mesmo.

Svetlana Alexievich, de 67 anos, ganhou o Nobel de Literatura menos pela qualidade de seu texto (talvez seja mais jornalista do que escritora) e mais por suas denúncias políticas transformadas em livros. Ela é responsável por um dos principais relatos sobre o desastre nuclear de Chernobyl, ocorrido na Ucrânia, ainda nos tempos do socialismo. Ela é autora do livro “Vozes de Chernobil”. O regime do presidente Alexander Lukashenko obrigou-a sair do país. Ela só voltou à Bielorrússia em 2011.

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Não há livros de Svetlana Alexievich publicados no Brasil. O objetivo do Nobel é tornar sua obra e suas denúncias conhecidas no mundo, porque agora será publicada em dezenas de países. Ela escreve basicamente sobre o Leste Europeu.

Esquecidos de sempre

Se quisesse premiar literatura, a Academia Sueca teria concedido o Nobel a Philip Roth, Joyce Carol Oates, Milan Kundera, Thomas Pynchon, Don DeLillo, António Lobo Antunes, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Amoz Oz, David Grossman, Mia Couto, Ian McEwan, Martin Amis, Salman Rushdie.

Vale ressaltar que Tolstói, Proust, Joyce, Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade não ganharam o Nobel.