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Maconha livre faz sucesso no Uruguai e não provoca escândalo

As pessoas mais velhas criticam a legalização da maconha e os mais jovens aprovam. O país não ficou escandalizado

Mário Magalhães deixa UOL e vai se concentrar na biografia de Carlos Lacerda

O jornalista, pesquisador infatigável, prepara livro alentado sobre os últimos dias do político que, tendo apoiado a ditadura, se tornou uma de suas vítimas

Editora Record lança bíblia sobre a cultura da Rússia. O autor é o historiador inglês Orlando Figes

Pesquisador faz um dos maiores mapeamentos da cultura russa, destacando pintores, poetas, prosadores, dramaturgos e diretores de cinema

Evaristo Costa saiu da Globo porque não permitiram que se tornasse o William Bonner 2

Período sabático era desculpa para pressionar por aumento salarial. Volta será difícil, senão impossível

Editora Todavia lança biografia de Belchior escrita por Jotabê Medeiros

O ex-crítico de música do Estadão aponta que temporada que passou num mosteiro aumentou a introspecção do compositor e cantor

Lava Jato “leva” a repórter Débora Bergamasco para a revista Época. Ela deixa a IstoÉ

A revista do Grupo Globo retira a principal repórter da Editora 3 quando o assunto é a operação dirigida a partir de Curitiba

Roni Ferreira é dublê de motorista da Uber e cantor de música sertaneja pé-de-serra

No dia a dia, é um excelente motorista nas intranquilas ruas de Goiânia. Em alguns fins de semana, canta nas ruas da capital e do interior e em outros Estados Roni Ferreira tem 35 anos e é motorista da Uber. Ele dirige um confortável Jetta com bancos de couro. Na porta do passageiro, percebo dezenas de CDs, com capas improvisadas e faço uma pergunta óbvia: “Aprecia música?” Sua resposta é lacônica: “Muito”. Pego um disco e indago se conhece o cantor. “Sou eu”, responde, sem ênfase, pois parecia mais interessado no trânsito. Por sinal, dirige bem. Pergunto se está no YouTube. Roni Ferreira diz que sim. Ao perceber uma certa insistência, o cantor-motorista decide exibir um vídeo dele cantando numa rua de Caldas Novas. É assim: ele coloca um aparelho de som nas costas — pesa 20 quilos — e canta músicas sertanejas (“pé de serra”, frisa; parece sertanejo universitário) nas ruas de Goiânia e no interior. Brevemente, irá a Barretos, em São Paulo, espécie de meca da música sertaneja. Roni Ferreira diz que é apreciado pelos ouvintes, sobretudo quando canta “Suco de laranja”. “Gostam tanto da música quanto da coreografia.” O cantor e motorista afirma que está “investindo” num sonho. “Vou ficar mais cinco anos na estrada, até os 40 anos. Se der certo, continuo. Se não, mudo de projeto.” Uma coisa é certa: o jovem é obstinado e dotado de um ânimo fora do comum. Roni Ferreira, que se apresenta como "o Don Juan do Forró", pode ser contatado para shows pelos telefones 62-99923-9902 e 61-99963-5439. Veja o vídeo de Roni Ferreira cantando “Suco de laranja” https://youtu.be/w8gW2Gc_HKM

Livro resgata história do diplomata brasileiro que morreu na Holanda na época da ditadura

Paulo Dionísio de Vasconcelos apareceu morto numa rua tranquila de Haia, em 1970, com um corte no pescoço

Evaristo pega a contramão do fluxo e deixa a Globo para ser feliz

Entre ser o próximo William Bonner da Globo e seguir a vida com mais leveza, o agora ex-âncora do “Jornal Hoje” preferiu a segunda opção. O que não falta é quem o conteste

William Waack discute esquerda e direita, mas só chama um lado para o debate

[caption id="attachment_101109" align="alignright" width="620"] William Waack: “debate” sobre direita x esquerda apenas com a direita[/caption] Um dos principais canais da TV por assinatura, a Globonews tem consolidado uma fama de se mostrar com um perfil ideológico “à direita”. Não haveria nada de errado nisso se houvesse maior transparência, mas a Rede Globo nunca fez um debate aberto a respeito da própria posição ideológica. De qualquer forma, a empresa abriga, entre seus principais nomes no jornalismo, figuras de espectros totalmente opostos. De um lado, Alexandre Garcia, que foi porta-voz do general João Baptista Figueiredo e expõe claramente seu viés conservador (ironiza sindicatos e movimentos sociais e desconfia do aquecimento global); e Caco Barcellos, conhecido por sua militância nos direitos humanos e por ter um jornalismo ativista – é também um ótimo escritor, como ficou constatado em “Rota 66: a História da Polícia que Mata”, livro que venceu o Prêmio Jabuti em sua categoria em 1993. É no espaço da TV fechada, no entanto, que os jornalistas mostram um pouco mais do que realmente pensam. William Waack não precisa disso – seus editoriais no “Jornal da Globo” já dizem bastante de seu posicionamento ideológico –, mas cometeu uma gafe de procedimento no programa "Painel", da Globonews. O tema era “Direita e esquerda na política nacional”. Os debatedores? O filósofo Luiz Felipe Pondé, o jornalista Reinaldo Azevedo e o cientista político Bolívar Lamounier. Todos com posições consideradas do mesmo lado, no espectro político brasileiro atual, que coloca – ainda que isso possa ser considerado um erro em termos das definições clássicas de esquerda e direita – tucanos e seus aliados como direita, bem como petistas e outras siglas simpatizantes à esquerda. Lamounier tem filiação no PSDB, Azevedo é conhecido por seu ativismo anti-PT e Pondé é um dos maiores expoentes das ideias liberais no Brasil de hoje. Faltou o contraponto, algo que parece ser essencial para a proposta editorial do programa.

Polemizar na manchete é interessante, mas o “espírito” da notícia precisa estar em 1º lugar

[caption id="attachment_101106" align="alignright" width="620"] Arthur Magalhães, do Portal 730: notas “apimentadas” geraram polêmicas com Walter (Atlético) e Elyeser (Goiás)[/caption] Chamar a atenção no título é um dos segredos para a leitura de determinada reportagem. Mas o estilo do repórter Arthur Maga­lhães, do Portal 730 e da Rádio 730 AM, tem gerado controvérsia. Digamos que ele esteja “apimentando” um pouco além da conta as declarações dos entrevistados. Primeiramente foi com o atacante Walter. No início do mês, o jogador, que foi dispensado do Goiás e depois de muita polêmica, foi parar no Atlético Goianiense, concedeu uma entrevista em que se tratava de seu peso problemático e sua briga constante com a balança. Walter se defendeu dizendo que estava “somente um quilo acima (do ideal)” e que jamais queria voltar ao peso que estava. Na sequência, como que para dizer o que o motivaria a não engordar novamente, completou dizendo que não queria jogar no Atlético, mas “buscar algo grande” para si. O problema é que o título da matéria, no Portal 730 saiu com o seguinte título: “Com apenas um gol em 2017, atacante Walter dispara: ‘Não quero jogar no Atlético, quero algo grande para mim’”. A impressão de quem lê sem acessar o conteúdo por completo – alguns até mesmo depois de lê-lo – é de que o atacante está desprezando o time pelo qual joga. Como Walter é conhecido por tropeçar nas palavras, fica fácil identificar que ele tratava mais de mostrar que poderia voltar a atuar por um time do primeiro escalão do futebol brasileiro do que tinha o intuito de menosprezar a equipe goiana. Na semana passada, a confusão foi com um jogador do Goiás, o volante Elyeser. O título original dizia “ ‘Não tem tanta diferença’, declara Elyeser sobre partidas no Serra Dourada sem presença da torcida” – o clube foi punido com cinco jogos de portões fechados, sem público. Como a média de público nos jogos da equipe nos últimos anos não tem sido das melhores, a frase soou como desprezo ou provocação do atleta à torcida. Elyeser ficou muito irritado com a manchete e algumas mensagens furiosas dirigidas por ele ao repórter chegaram a vazar nas redes sociais. Ao contrário da entrevista com Walter, que foi exclusiva, Elyeser tinha concedido uma coletiva e a má repercussão se deu apenas com o “gancho” explorado pelo repórter da 730. Na própria matéria do portal da rádio, fica claro o que ele fala sobre a interferência do fator torcida no desempenho: “Contra o Ceará [jogo em Fortaleza] também não tivemos torcida, a que tinha lá era contra, mas soubemos superar. Do meu ponto de vista, não tem tanta diferença. Claro que é bom o torcedor perto, nos apoiando do começo ao fim, mas acho que o importante é somar os três pontos independente disso”. Ou seja, o todo da declaração não comporta algum sentido de desprezo ao torcedor, como o título da notícia insinuava. Mais tarde, com o constrangimento provocado com o jogador e também com os próprios torcedores, o título foi trocado para “Elyeser comenta partidas no Serra Dourada sem presença da torcida”. Mexer com as paixões do futebol é algo melindroso, e como o momento não é muito bom nem para o Atlético nem para o Goiás, não custa nada modalizar o discurso. Arthur Magalhães ou qualquer outro repórter precisa ter essa noção ao fazer a “dosagem” de um título, até mesmo por justiça com o que de fato ocorreu ou foi declarado.

Capa de “O Popular” contradiz matéria interna

As chamadas da primeira página servem para vender o conteúdo interno – seja uma reportagem, uma entrevista ou um artigo. Deve tentar, ao mesmo tempo, retratar de forma fidedigna o tema tratado e atrair o leitor para abrir a publicação – ou acessar o hiperlink, já que as manchetes dos portais dos jornais eletrônicos desempenham a mesma função. Nesse sentido, “O Popular” pisou na bola na edição da quarta-feira, 26. O texto da primeira página dizia “Recorde – Gaso­lina leva Temer a 94% de reprovação”. Da chamada depreende-se que o fato de autorizar o aumento de impostos contidos na composição do preço dos combustíveis teria elevado a rejeição (já bastante alta) do presidente da República. Interna­mente, porém, o olho da matéria intitulada “Reprovação a Temer atinge novo recorde” diz outra coisa: “Brasil em crise – Pesquisa mensal, feita ainda antes do aumento dos combustíveis, mostrou que 94% dos entrevistados reprovam o presidente”. Ou seja, infere-se que a rejeição a Michel Temer seja ainda maior do que os 94%, apurados, na realidade, antes da elevação do PIS/Cofins sobre gasolina e óleo diesel. Ao contrário do que possa parecer, fazer a capa de um jornal não é fácil e erros assim acontecem. Mas um procedimento de crivo da primeira página com mais sintonia fina teria evitado o erro.

Imprensa goianiense precisa pautar revisão do Plano Diretor

Talvez a pauta mais importante do segundo semestre em Goiânia seja a revisão do Plano Diretor da capital, dez anos após sua promulgação. No entanto, a discussão sobre planejamento urbano – talvez por ter um componente técnico que a torne “árida” ao meio jornalístico – se mostra pouco presente no noticiário. Quando isso ocorre, ainda assim não aparece com muita profundidade. Entre os poucos repórteres que vêm dando respaldo e peso necessários à temática está Vandré Abreu, de “O Popular”. Por sua relevância para Goiânia, é importante que a imprensa não caminhe a reboque das declarações de prefeito, vereadores, secretários e políticos em geral. Apesar de ter um encaminhamento inexoravelmente por meio das votações em plenário, será papel do bom jornalismo mostrar as discussões e polêmicas da forma mais transparente e clara possível à população. Quanto mais bem informado for, mais o cidadão tem condições de questionar. No caso, o objetivo é o futuro da cidade em que vive.

Jornalismo perde Artur Almeida

[caption id="attachment_101095" align="alignright" width="1600"] Divulgação[/caption] O telejornalismo perdeu um bom apresentador na semana passada. Artur Almei­da (foto), um dos principais nomes da TV Globo Minas, estava de férias com a família em Lisboa quando sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu, aos 57 anos, na segunda-feira, 24. Na emissora havia duas décadas, ele ocupava a bancada do MGTV – 1ª Edição, do qual era também o editor-chefe. O respeito ao jornalista se mostrou nos adjetivos que recebeu – era tido como ponderado, responsável e, ao mesmo tempo, combativo e generoso. l

“Fake news”: dita e repetida, a verdade pela metade não perdoa nem veículos tradicionais

[caption id="attachment_100498" align="aligncenter" width="620"] Onça-pintada do Morro do Mendanha virou “protagonista” de vídeo de dois anos atrás em “fake news” de portal[/caption] Brasileiro é um povo sem memória. Este poderia ser um tópico a mais na lista de 20 “verdades” sobre o Brasil que supostamente um americano teria dito, em uma carta divulgada e viralizada nas redes sociais na semana passada, após (também supostamente) ter casado com uma nativa e morado três anos por aqui. A amnésia coletiva se mostra no fato de que o conteúdo não é nada novo. Bastaria uma pesquisa pelo Google para perceber que a mesma “carta” está na rede pelo menos desde dezembro de 2013. De qualquer maneira, isso não foi impeditivo para que o assunto voltasse à tona com muita repercussão, por meio do “Diário do Brasil”, uma página de notícias duvidosas – ou página duvidosa de notícias, como queiram. Publicar notícia antiga como se fosse fato novo não é uma boa para páginas que se considerem sérias, embora algumas caiam na tentação de fazer isso como forma de assegurar o cumprimento da meta de visualizações. Mas o pior cenário é aquele em que a polêmica é noticiada como coisa nova por veículos de informação tradicionais. No caso do relato do americano desgostoso, um desses veículos afetados foi o portal de “O Popular”. Não é a primeira vez, nos últimos tempos, que o “fact checking” tem sido deixado para trás pelo site do jornal. “Fact checking” – ou “checagem de fatos”, em bom português – é apenas uma expressão mais elaborada para um princípio basilar do jornalismo: assegurar-se de que determinado acontecimento ou declaração realmente ocorreu e que foi exatamente daquela forma. No fim de junho, o portal do Grupo Jaime Câmara se viu obrigado a se retratar sobre a notícia de uma onça-pintada que teria atacado cachorros no Morro do Mendanha – o “gancho” é que desde março há um felino da espécie na área rural da região oeste de Goiânia. O “fact checking” era simples: teria bastado, antes de digitar qualquer nota no site, conferir a data que consta no próprio vídeo em que aparece o animal para saber que o ocorrido se deu em 2015. O descuido levou à situação constrangedora de publicar uma errata. Semanas depois, a precipitação foi com relação à notícia de uma interceptação obtida em investigação sobre prostituição no Distrito Federal. O portal publicou que Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), ambos deputados federais, haviam sido flagrados conversando com agenciadores. Na verdade, foram assessores parlamentares dos dois Bolsonaros e mais o senador Ivo Cassol (PP-RO) os pegos na conversação suspeita. A nota foi corrigida no site de “O Popular”, mas não no do “Jornal do Tocantins”, também do grupo, onde os deputados continuavam a constar como os protagonistas do malfeito até no fechamento desta edição, no sábado, 22. [caption id="attachment_100507" align="aligncenter" width="593"] “O Popular” reproduziu publicação que já tinha sido viral em 2013[/caption] Em tempos de uso e abuso dos compartilhamentos nas redes sociais e nos grupos de conversação via aplicativos de celular (como o WhatsApp e o Telegram), o jornalismo precisa marcar posição de contraponto ao que se denominou “pós-verdade”. O chefe da propaganda nazista, Joseph Goebbels, falava que era preciso “fazer ressonar os boatos até se transformarem em notícias sendo estas replicadas pela ‘imprensa oficial’”. É o que hoje faz a pós-verdade: por meio dela, alicerçada em um clima de ódio, o filho de Lula se tornou “dono da Friboi” e o presidente Michel Temer se tornou um satanista. Seria mais simples se o fato de não gostar de determinado político ou de certa celebridade não condicionasse as pessoas a automaticamente reproduzirem tudo de negativo que aparecer sobre seu desafeto. Mais do que veículos, jornalistas goianos têm caído no perigoso terreno de compartilharem notícias de portais bastante suspeitos. Não é raro ver profissionais conhecidos caindo em “pegadinhas” ou mesmo espalhando correntes. É um desserviço à informação e um reforço à banalização de boatos. A responsabilidade do profissional da comunicação torna-se maior em um momento no qual, com a universalização da informação e com as redes sociais, todos se consideram, além de compartilhadores, também “produtores de notícias”. Ao mesmo tempo, a imprensa tradicional sofre ataques sobre o próprio conteúdo por parte de quem se considera detratado por ela. Exemplo maior é o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que comprou briga com praticamente todos os meios de comunicação mais respeitados do país. Para ele, não são nada mais do que fábricas de “fake news”. A repetição exaustiva dessa expressão por parte de Trump – uma tática que ele adotou justamente por se mostrar eficiente, inclusive para sua eleição –, tem feito uma parte da população passar a acreditar que tudo é realmente inventado. [caption id="attachment_82685" align="alignleft" width="300"] Trump cria suas próprias verdades e ataca o que chama de “fake news”[/caption] Curiosamente, apesar de sua pouca empatia e uma alteridade tendendo a zero, o mesmo Trump conseguiu entender que as pessoas podem fazer exatamente seu jogo de “pós-verdade”. Um dos momentos clássicos (e tétricos) das últimas eleições presidenciais dos EUA foi quando ele acusou o então presidente Barack Obama de ter fundado o Estado Islâmico. Apesar da nítida aberração que dizia, observando o grau de repercussão da declaração e se valendo de um distorcido conceito de liberdade de expressão, o republicano continuou a bradar com veemência a verdade que inventara. Talvez tenha sido esse ódio nonsense que semeou o que lhe deu votos suficientes para chegar à Casa Branca. O poder da imprensa livre está justamente no respeito que lhe passa a ser devido, justamente por fazer o me­lhor encaminhamento da informação que recebe. Em tempos de polarizações, não perder a verdade como base, independentemente dos posicionamentos editoriais, é não só admirável como necessário à sobrevivência do jornalismo como ferramenta de construção da sociedade. Para cada “fake news” é preciso que haja sempre um “fact checking” pronto para derrubá-lo. A verdade é preciosa demais para se tornar “pós”.