Bastidores
Setores do PMDB rejeitam a candidatura do petista Antônio Gomide a governador de Goiás, porque, na opinião deles, divide os votos das oposições. O deputado federal Sandro Mabel (PMDB) diz que pensa o oposto disso. “Gomide, se confirmada sua candidatura, vai ajudar, e muito, as oposições. Porque ele retira votos do governador Marconi Perillo em Anápolis. Sem Anápolis, Marconi vai enfrentar problemas seriíssimos. Na eleição passada, Anápolis praticamente garantiu-lhe a vitória”, sustenta Mabel.
O deputado federal Sandro Mabel (PMDB) disse ao Jornal Opção na segunda-feira, 31, durante o jantar de “agradecimentos” a jornalistas goianos – ele não vai disputar mandato legislativo –, que tem uma certeza: o empresário Júnior Friboi vai ser candidato a governador de Goiás, em 5 de outubro deste ano, pelo PMDB. “O que não tenho certeza, ainda, é como será a chapa majoritária. Sei quem será o candidato a governador, mas não tenho como dizer quem vai disputar mandato de senador e quem será o vice”, afirma. Sobre Friboi, insistiu: “Está definidíssimo. Ninguém o tira mais da disputa”.
Um repórter do Jornal Opção perguntou para o deputado federal Sandro Mabel, do PMDB: -- O sr. avalia que o petista Olavo Noleto tem condições de ser eleito deputado federal em 5 de outubro deste ano? Mabel não titubeou: -- Plenas condições. Aposto que será deputado federal. O repórter insistiu: -- Por que a certeza? Mabel explicou-se: -- Porque Olavo é “jeitoso”. Ele é um político nato. Na opinião do peemedebista, o PT deve eleger dois deputados federais, Rubens Otoni e Olavo Noleto. Para deputado federal, Mabel está apoiando três candidatos: Daniel Vilela, do PMDB, Olavo Noleto, do PT, e Alexandre Baldy, do PSDB. O jornalista estranha: -- Por que Baldy, que não é de sua base política? O peemedebista apresenta sua versão: -- Minha base política é heterogênea. Alguns de meus aliados não apoiam candidatos do PMDB e do PT. Eles preferem compor com Baldy e não opus qualquer obstáculo. A conversa entre o repórter e o deputado ocorreu no Restaurante Assoluto, na segunda-feira, 31, em Goiânia.
Igor Montenegro, que deve ser um dos coordenadores da campanha de reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB), vai apoiar o médico e ex-secretário da Saúde Antônio Faleiros (PSDB) para deputado federal. Faleiros e Igor viajaram juntos para o interior na semana passada. Igor iria disputar mandato de deputado federal, mas desistiu.
O deputado estadual Tales Barreto (PTB) diz que concorda com os deputados Jovair Arantes (PTB) e Magda Mofatto (PR): “Ronaldo Caiado, de fato, soma muito. Mas nós, da base, queremos que ele defenda o nosso projeto de governo. Jovair está certo quando sugere que Caiado dará consistência à nossa chapa majoritária. Ressalvo que Vilmar Rocha, cotado para senador, e José Eliton, que pode permanecer como vice, são políticos de respeito, consistentes”. Tales Barreto avalia que “as coisas estão bem e melhorando para o governador Marconi Perillo. As coisas estão acontecendo, as obras são visíveis e todos dizem que são da mais alta qualidade. E há, por fim, a expectativa de que mais está chegando. Marconi, ao contrário dos que apostam no caos, significa esperança”. O petebista ressalta que a expectativa de poder, agora, “está com Marconi”. Sobre Antônio Gomide, Tales Barreto diz que se trata de “um político corajoso, que costuma ‘peitar’ e é forte em Anápolis”. A respeito de Vanderlan Cardoso, Talles Barreto afirma que, como falta-lhe estrutura política, possivelmente vai compor com Júnior Friboi ou Iris Rezende.
Na semana passada, um repórter do Jornal Opção conversou com várias pessoas de Anápolis. Elas estão divididas a respeito de uma possível candidatura do prefeito Antônio Gomide (PT) a governador. Uma parcela da população avalia que é importante Gomide disputar o governo, pois isto mostraria a força de Anápolis, seu revigoramento político. Outra parcela teme que, com a saída de Gomide, Anápolis volte a ser mal administrada.
O presidente do PSDB de Goiás, Paulo de Jesus, não concorda com as críticas que os prefeitos de Goianésia, Jalles Fontoura (PSDB), e de Rio Verde, Juraci Martins (PSD), estão fazendo ao deputado federal Ronaldo Caiado (DEM). “Caiado é muito bem-vindo à base aliada e, lá frente, vamos discutir a formatação da chapa majoritária. Uma aliança com Caiado é importante para a base, pois o deputado soma, e soma muito. Ele tem votos, seguidores e é um político limpo, correto.” Caiado, que apoia o tucano Aécio Neves para presidente da República, é cotado para fazer parte da chapa do governador Marconi Perillo (PSDB). A chapa que a maioria da base quer inclui Marconi para governador, Vilmar Rocha (PSD) para vice-governador e Caiado para senador.
O vereador Virmondes Cruvinel Filho, principal estrela do PSD em Goiânia, avalia que uma cidade moderna precisa ter internet gratuita nos espaços públicos, mas não apenas em alguns parques ambientais. Ele vai sugerir ao governador Marconi Perillo (PSD) que coloque internet sem fio (wi-fi) na Praça Cívica e no Centro Cultural Oscar Niemeyer. Nos finais de semana, notadamente no domingo, a Praça Cívica lota com ciclistas e pessoas passeando ou fazendo caminhada. Aos sábados e domingos, dezenas de pessoas passeiam pela área do Oscar Niemeyer. Uns andam de patins. Outros usam skates.
Rio Verde não comenta outra coisa: a prefeitura está sendo comandada por três "irmãs" Cajazeiras. O povão diz, em tom jocoso, que o prefeito Juraci Martins, às vezes chamado de Odorico Paraguaçu, terceirizou a administração para três mulheres. As Cajazeiras são Dorotéia, Dulcineia e Judiceia. As de Rio Verde têm outros nomes e são executivas sérias e não têm qualquer envolvimento pessoal com o prefeito. Porém, ante a suposta omissão (e absenteísmo) do prefeito, decidiram assumir o poder. Menos mal para o município. Pois são íntegras e estão cortando gastos inúteis e despolitizando a gestão.
A base governista pode ter dois candidatos a senador: Vilmar Rocha (PSD) e Ronaldo Caiado (DEM). Pode ser a saída encontrada para não dinamitar a base. Como operar a aliança? Da seguinte forma: a chapa majoritária, a oficial, teria Marconi Perillo para o governo, José Eliton para vice e Vilmar Rocha para senador. E como ficaria Caiado? Seria candidato a senador, do tipo avulso, portanto não na chapa governista, mas compondo, indiretamente, com o tucano Marconi.
Na sexta-feira, 28, convidado pela OAB para dar uma palestra, o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) esteve em Jataí. Curiosamente, foi recepcionado pela base do governador Marconi Perillo. Um vereador tucano conta que o presidente do DEM disse que não será fácil fazer parte da chapa majoritária do tucano-chefe, principalmente devido à resistência de alguns líderes governistas, como os prefeitos de Goianésia, Jalles Fontoura, e de Rio Verde, Juraci Martins (que, na sua primeira eleição, foi bancado por Caiado). Inquirido se, mesmo com os ataques, poderia compor, Caiado não disse nem que sim, nem que não. Mas frisou que tem uma história, um perfil de político independente e responsável, e que a ação dos líderes da base não colabora para uma composição. O fato é que, apesar da resistência de setores da base – minoritários, vale dizer –, o governador Marconi Perillo quer uma composição com Caiado. Tirando a torcida do Olaria, Jalles, Juraci, José Eliton e Vilmar Rocha, a torcida do Flamengo, Marconi (governador), Jovair Arantes (deputado federal), Magda Mofatto (deputada federal), Helio de Sousa (deputada federal), Wilder Morais (senador) e centenas de outros líderes, quer compor com Caiado. Uma coisa é certa, afirma o tucano de Jataí: Caiado não vai pedir para ser candidato a senador. Não faz o seu perfil. Se acharem que acrescenta, que poderá ter uma participação decisiva, que o procurem.

[caption id="attachment_1118" align="alignleft" width="620"] Antônio Gomide: o petista avalia que é o “novo” com capacidade de gestão. Resta saber se o PMDB não vai brecar a sua candidatura | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Na semana passada, com articulações a mil por hora, processou-se uma curiosidade: os adeptos de Iris Rezende passaram a elogiar o pré-candidato do PT a governador, Antônio Gomide, e os aliados de Júnior Friboi, suposto pré-candidato do PMDB, começaram a criticar o petista. Os iristas sugerem que o prefeito de Anápolis retira sua candidatura se o PMDB lançar Iris candidato a governador. Os friboizistas sustentam que Gomide acabará apoiando qualquer candidato do PMDB — por amor ou a fórceps —, dada a fragilidade política da presidente Dilma Rousseff (PT).
O que se passa realmente pela cabeça de Gomide? O prefeito é um enigma. Quem o conhece bem afirma que não é de blefar e que se trata de um político de extrema coragem. “Gomide não é de fazer jogo duplo. Ele joga limpo e, quando diz que vai fazer uma coisa, costuma fazê-la”, diz um petista. “Trata-se de um político determinado e, por representar o novo, será, se disputar, um candidato muito forte”, admite o presidente nacional do PHS, Eduardo Machado.
Em várias conversas com repórteres do Jornal Opção, Gomide sempre diz a mesma coisa: só deixa a Prefeitura de Anápolis, até o dia 5 de abril, para disputar o governo de Goiás. Cotado para ser candidato a senador, numa possível composição com o PMDB de Iris Rezende, reafirma: planeja ser candidato a governador.
Gomide não é um político meramente intuitivo, da velha escola. É um político que aprecia examinar detidamente as pesquisas para interferir na realidade de modo mais planejado e, portanto, com mais eficácia. As pesquisas sugerem que, como símbolo do novo e da mudança, pode ser o fato novo destas eleições. O PT de Goiás tem a má fama de não produzir bons administradores, mas Gomide é uma exceção. Por isso, está se apresentando, em todo o Estado, como o novo que sabe gerir de maneira eficiente. Sua tendência política avalia que é o único que realmente tem condições de derrotar o governador Marconi Perillo (PSDB). O PMDB, tanto o de Iris quanto o de Friboi, não pensa o mesmo.
De um peemedebista ligado a Júnior Friboi: “O prefeito Antônio Gomide (PT) pode até se desincompatibilizar, mas não será candidato a governador de Goiás. Ele vai compor com o PMDB e deve ficar na chapa como vice ou candidato a senador”. O friboizista garante que o PT vai mesmo priorizar a eleição para senador.
Júnior Friboi só não será candidato a governador se não quiser, disseram Jader Barbalho e seu filho, Helder Barbalho, do PMDB do Pará, a um político de Goiás. A cúpula nacional tem dito que o PMDB, sob o comando de Iris Rezende, virou freguês do governador Marconi Perillo. São quatro eleições seguidas que o partido perde para o tucanato. Acredita-se que, como Friboi, cria-se uma nova expectativa. O PMDB nacional quer que o PMDB goiano envie mais deputados federais e senadores para Brasília. Hoje, o partido tem quatro deputados federais por Goiás. E nenhum dos três senadores.

[caption id="attachment_1112" align="alignleft" width="620"] Iris Rezende quer subordinar Júnior Friboi e este quer subordinar aquele | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Até pouco tempo, todos avaliavam que seria fácil derrotar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Parece que a euforia durou pouco. Hoje, embora não considere que é impossível derrotá-lo, a maioria dos pré-candidatos admite que é muito difícil. Há várias teses sobre como desafiá-lo. Há os que consideram que vão deixar para tentar derrotá-lo no segundo turno, quando, em tese, todos vão se juntar para enfrentá-lo.
O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), desenvolveu a tese de que, quanto mais candidatos no páreo, mais fácil será levar a disputa para o segundo turno. O peemedebista, espécie de cérebro da pré-campanha de Júnior Friboi, propõe que o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), deve ser candidato a governador. Porque, como Anápolis tem sido uma das bases para Marconi ganhar eleições, Gomide dividirá os votos, com a tendência de superar o tucano-chefe ao menos no município. Maguito percebe o petista como um possível elemento desestabilizador do tucano-chefe.
Um apoiador de Vanderlan Cardoso disse ao Jornal Opção que, aconteça o que acontecer, o líder do PSB vai disputar a eleição e aposta que ele vai polarizar com Marconi. Na sua opinião, o socialista é o único que, no momento, está fazendo críticas consistentes à gestão do tucano. Chega a dizer que não entende porque as críticas de Friboi e, mesmo, de Iris Rezende — que avalia Marconi mais como inimigo do que como adversário — são tão cautelosas e perfunctórias. Cardoso sustenta que vai levar o debate para a campanha e a discussão sobre os mitos do governo tucano. O tucanato gasta muito, faz estardalhaço e faz pouco, na opinião do pré-candidato.
Iris Rezende insiste que não vai “atropelar” Friboi e que vai esperar sua viabilização eleitoral e que, em junho, toma uma decisão: se será candidato ou não. O mercado persa da política garante que o ex-prefeito de Goiânia só pensa naquilo... quer dizer, na candidatura a governador e que estaria dirigindo pessoalmente as manifestações de peemedebistas que afirmam apoiá-lo. Iris quer ser aclamado? Quer. Mas suas últimas movimentações indicam que, se necessário, vai partir para um enfrentamento mais cáustico com Friboi.
Na semana passada, indiferente às informações divulgadas pelo irismo — de que havia jogado a toalha e aceitado ser vice —, Friboi estava negociando novos apoios no interior. Chegou a pedir aos seus aliados para não confrontar Iris. Depois de um período de arrogância, agora diz que ganha de Iris em quaisquer instâncias — prévias e convenção —, mas admite que não tem qualquer chance de ser eleito se perder o apoio do líder histórico.
A tendência, a se avaliar pelo quadro atual, é que as urnas de 5 de outubro deste ano, na seção de candidatos a governador, apresentam os nomes de Marconi, Friboi (ou Iris), Vanderlan, Gomide, Marta Jane (PCB) ou Cláudio Maia (PSOL).