Artigo de Opinião

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Uma UFG Viva!

Propostas da Chapa 1 - UFG Viva! para a administração da Universidade Federal de Goiás no quadriênio 2022-2025

Aos nossos infectologistas, com carinho

Haikal Helou - Especial para o Jornal Opção

Meu professor de física no segundo grau, Coronel Bastos, costumava dizer que tudo na vida é relativo, mas nada é mais relativo do que a noção de tempo. “Uma hora conversando com uma bela mulher parece um minuto, um minuto com a mão na chapa quente parece a eternidade.”

Completamos agora um ano de pandemia, que creio que todos concordarão parece muito mais. Não sei o que aprenderam nesse ano, visto que o processo de aprendizagem é algo muito pessoal, eu aprendi ou enxerguei o que estava na minha frente o tempo todo, a falta que a educação em todos os seus aspectos faz a um povo, que se porta mal, expressa mal, que vota mal, em um ano muito mais para Hobbes do que para Rousseau.

Faz sentido depois de um ano, ainda precisarmos falar como papagaios de pirata que precisa usar máscara, lavar as mãos e manter distância? Todos já ouviram isso um milhão de vezes, mas resolveram ignorar. Hoje temos autoridades que negam a importância da máscara, do distanciamento social, acreditam em poções mágicas e incentivam a dualidade economia-saúde e isso tem tido ressonância na sociedade, até a hora em que esse membro da sociedade precisa de um leito de UTI, aí o discurso muda. “Eu não sabia “, “Achei que era a mídia” passa a ser a fala corrente. Esse comportamento não surgiu com a pandemia, já vimos isso antes quando o assunto era a violência, pessoas que só se engajam ou usam camisetas com pedidos de paz depois que perdem um parente e essa postura para mim simboliza todo o mal que nos permeia, a falta de empatia, só sofremos com o que nos atinge e sofremos sós, porque os outros não se importam.

Em contraponto a tudo isso, temos profissionais que não pararam um minuto em um ano. Mesmo doentes, por telefone, trabalharam. Perderam amigos e colegas e trabalharam. Foram questionados por adolescentes que moram com as mães, por engenheiros, advogados, médicos de diversas especialidades que mesmo sem dominar o assunto resolveram “ajudar “e responderam como? Trabalhando! Muitos outros profissionais participam dessa luta e ela estaria perdida antes de começar, mas nada para mim é mais simbólico da nossa capacidade de tolerar frustrações, dificuldades diversas e riscos enormes do que os nossos infectologistas e vê-los nos nossos hospitais ou na televisão todos os dias de manhã, às vezes sorrindo, às vezes chorando, mas nunca desistindo, me motivou, acalmou e deu esperança. Muito obrigado Ana Carolina, Kobal, Boaventura, Alexandre Costa, Daher, Guilhermo e tantos outros colegas por serem quem são por cuidarem como cuidam e por nos inspirar a continuar a despeito de tudo.

Haikal Helou é médico e presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg)

A problemática envolvendo o preço dos combustíveis

Opnião: Paulo Sérgio Carmo, Presidente do Sindifisco-GO

A atual problemática envolvendo o preço dos combustíveis vai além da política de preços adotada desde 2017, que atrelou o preço do produto ao praticado no mercado internacional. Transcende ainda o debate simplista de zerar impostos, como o ICMS ou o PIS e a Cofins. Essa discussão não pode se limitar, ainda, ao “tamanho do estado” como alguns setores desejam.

A solução, todavia, passa por modificarmos a matriz tributária vigente, construída sobre os pilares da tributação basicamente sobre a produção e o consumo, gerando e agravando a desigualdade social, e protegendo os grandes patrimônios e rendas.

Essa ciranda do empobrecimento da nação e agravamento das desigualdades sociais, precisa ser profunda e urgentemente combatida. Em qualquer sociedade civilizada, pagam mais os que têm e ganham mais. Há estímulo à produção e ao consumo, com um sistema tributário racional e razoável, e que desestimula o acúmulo de riqueza.

A carga tributária brasileira, tão criticada por empresários e especialistas, está alinhada com aquelas praticadas nas principais economias do mundo. O Brasil, com uma carga tributária de 33,17% do PIB (2019), está abaixo da média dos países da OCDE, que é de 34,3%. A grande questão aqui é quem suporta esta carga tributária.

Enquanto entre os países da OCDE, ela recai, em sua maior parte, sobre o patrimônio e a renda, no Brasil e em países onde a desigualdade social é crônica, os mais carentes e a classe média sofrem com tal pressão sobre preços de produtos básicos como os combustíveis (gasolina, diesel e gás de cozinha), a energia elétrica, a telefonia e os alimentos.

Doutra banda, o setor produtivo padece com a complexidade do Sistema Tributário e com essa carga de impostos e contribuições sobre seus produtos e serviços, inibindo investimentos e a geração de empregos. Seus preços são pouco atrativos, agravado com o custo do frete cada vez mais alto, feridos de morte por esta tributação excessiva e deslocada. Em resumo, no Brasil, quanto mais se acumula, menos se paga, e tudo isto patrocinado por um sistema regressivo e desigual.

A Reforma Tributária, portanto, mais do que a reforma administrativa, é a verdadeira saída para um problema grave de desigualdade social, de injustiça fiscal e de limitações ao crescimento econômico. A receita dos diversos entes federativos não pode ser reduzida, mas, sim, incrementada, porém num ambiente econômico racional e saudável, promovido por um sistema tributário justo e progressivo.

  • Índice apurado pela STN referente ao exercício de 2019
    ** OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
    *** Índice médio apurado pela OCDE referente ao exercício de 2017

Em meio à tragédia da pandemia, milhares de médicos fazem política com receitas e ajudam o vírus no Brasil

Antes tarde do que mais tarde para o mea-culpa, tanto do presidente da República como do Conselho Federal de Medicina. Mas talvez seja esperar muito de quem já foi tão longe

Congresso derruba vetos a Lei de Falência

Por Filipe Denki

Ontem o Congresso Nacional derrubou a maioria dos vetos feitos pela presidência da república ao Projeto de Lei nº 4.458/20 que foi sancionado no dia 24 de dezembro de 2020 sob Lei nº 14.112/20 que está sendo chamada da nova lei de falência e recuperação de empresas.

O trabalho para a derrubada dos vetos contou com participação ativa do Grupo Permanente de Aperfeiçoamento do Direito de Insolvência – GPAI, grupo de entidades lideradas pelo advogado, Ivo Waisberg.

As entidades do GPAI possuem caráter técnico e expertise nos processos de insolvência. O GPAI é formado por entidades de agentes atuantes nos âmbitos jurídico e financeiro nos processos de insolvência e reúne especialistas de diversas vertentes, incluindo magistrados, advogados, acadêmicos, administradores judiciais, administradores de empresas e contadores, dentre elas a Comissão de Direito Empresarial e mais recentemente da recém-criada Comissão Especial de Recuperação de Empresas e Falência da qual sou presidente e as represento no referido grupo.

O GPAI encaminhou uma nota técnica ao Congresso Nacional no inicio do mês com recomendações e justificativas para a derrubada dos vetos.
Segundo nota técnica, “tais vetos, se não forem reformados pelo Congresso Nacional nos termos de suas atribuições, terão por consequência um abalo considerável na visão sistemática da reforma do direito das empresas em dificuldade, retirando da lei aprovada por este Congresso boa parte de sua valia e eficiência. Após envio da nota técnica encaminhamos e-mails para todas as lideranças das duas casas, incluindo as do Estado de Goiás.

Foram derrubados os dispositivos 6º-B e 50-A, no caso dos referidos dispositivos eles reduzem a incidência tributária do deságio eventualmente obtido no plano de recuperação judicial, bem como da venda dos ativos feitas no plano ou até na falência.

Também foram derrubados os vetos aos artigos 60, paragrafo único e 66, § 3º, que tratam da inexistência de qualquer ônus e ausência de sucessão ao adquirente objeto de alienação em processo de recuperação judicial. Os artigos aludidos artigos visavam apenas melhorar a redação da Lei 11.101/2005 para dar mais segurança ao investidor nacional e estrangeiro que adquirem ativos de empresas em crise. A venda desses ativos é fundamental, pois ajuda a preservar empregos, gerar riquezas sociais e pagar credores.

Foi derrubado o veto ao §13 do art. 6º que estabelece que não se sujeitam aos efeitos da recuperação judicial os contratos e obrigações decorrentes dos atos cooperativos praticados pelas sociedades cooperativas com seus cooperados, na forma do art. 79 da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, consequentemente, não se aplicando a vedação contida no inciso II do art. 2º quando a sociedade operadora de plano de assistência à saúde for cooperativa médica. Dessa forma, as cooperativas médicas operadoras de plano de assistência à saúde poderão fazer uso da recuperação judicial.

Por fim foram derrubados o parágrafo único e o caput do art. 11 da Lei nº 8.929, de 22 de agosto de 1994, com a redação dada pelo art. 4º do projeto, que dispõe que não se sujeitarão aos efeitos da recuperação judicial os créditos e as garantias cedulares vinculados à CPR com liquidação física, em caso de antecipação parcial ou integral do preço, ou, ainda, representativa de operação de troca por insumos ("barter"), subsistindo ao credor o direito à restituição de tais bens que se encontrarem em poder do emitente da cédula ou de qualquer terceiro, salvo motivo de caso fortuito ou força maior que comprovadamente impeça o cumprimento parcial ou total da entrega do produto e que definia que caberia ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento definir quais atos e eventos caracterizam-se como caso fortuito ou força maior.

Infelizmente foram mantidos os vetos ao §10 do art. 6º que previa que hipótese de recuperação judicial, também serão suspensas as execuções trabalhistas contra responsável, subsidiário ou solidário, até a homologação do plano ou a convolação da recuperação judicial em falência. O dispositivo era importante, haja vista que permite a reestruturação do passivo da sociedade em crise de forma harmônica, isonômica e global, não permitindo que credores pertencentes à mesma classe possa se valer de interpretações equivocadas da jurisprudência para receber seus créditos com prioridade, em detrimento da coletividade de credores.

A volta dos textos vetados foi imprescindível para a reforma da lei atingir um de seus principais objetivos, qual seja trazer uma maior segurança jurídica, mantendo a estrutura da reforma, construída democraticamente, fruto de diálogos exaustivos com todos os setores do mercado.

Filipe Denki Belém Pacheco. Advogado e Administrador judicial. Especialista em Direito Empresarial com ênfase em Recuperação de Empresas. Presidente da Comissão Especial de Recuperação de Empresas da OAB/GO. Membro do GPAI – Grupo Permanente de Aperfeiçoamento da Insolvência. Membro associado a Turnaround Management Association (TMA) e International Association of Restructuring, Insolvency & Bankruptcy Professionals (INSOL). Sócio Lara Martins Advogados

“O Caos Econômico”

Segundo reportagem do site Empreender Goiás o Estado de Goiás perdeu 3,5 mil lojas em 2020 em consequência da crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus

Vacinação: saúde e economia

Opinião - Lincoln Tejota é vice-governador do Estado de Goiás

Podemos compreender o cansaço da maioria de nós com a pandemia, mas ela continua entre nós, fazendo, em média, mil mortes por dia em todo o país. E exigindo de todos o compromisso no respeito diário às normas sanitárias de convívio. O Governo de Goiás tem trabalhado desde o início pela preservação da vida dos goianos e agora intensificou os esforços e o senso de urgência para, de um lado garantir e acelerar a imunização dos cidadãos, proporcionar atendimento adequado e regionalizado às vítimas da Covid e ampliar o diálogo com municípios e entidades, para equacionar as necessárias barreiras à disseminação do novo coronavírus.

Graças a Deus, os profissionais de saúde e idosos abrigados já foram imunizados. Nossos profissionais continuam na linha de frente desempenhando um trabalho de excelência no cuidado aos mais vulneráveis à doença e a todos que demandam os serviços de saúde. Agora, iniciamos a vacinação para os idosos com mais de 85 anos, dando início à proteção da faixa etária mais vitimada pela Covid-19.

O governador Ronaldo Caiado tem liderado nacionalmente a busca por opções de vacinas e, igualmente importante, por um pacto de isonomia com celeridade na vacinação de todos, respeitadas as prioridades. A chegada de imunizantes e a ampliação do leque de vacinas disponíveis - com perspectiva inclusive de opção totalmente nacional-, renovam a esperança e representam a vitória e o triunfo da ciência, da dedicação de servidores públicos, da visão social de hospitais e centros privados de formação, empresas de tecnologia e inovação e do altruísmo de centenas de milhares de anônimos.

Meu reconhecimento aos que atuam na Anvisa, Instituto Butantã, Fiocruz, Ministério da Saúde, no Sistema Único de Saúde, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, administrativos e todos os combatentes pela saúde e pela atenção aos pacientes.

Estamos trabalhando para aumentar a quantidade de goianos imunizados. A vacina é a única forma de deixarmos a pandemia para trás. É ela que vai salvar vidas e também viabilizar a retomada econômica por completo. A empatia de todos para que respeitemos a ordem de vacinação dos grupos é uma questão de humanidade, assim como manter o autocuidado de higiene e as restrições de circulação.

Estamos há quase um ano lidando com os desafios diários provocados pela pandemia. Mais que um desafio sanitário, vivemos um momento de prova civilizatória. A pandemia trouxe luto a milhares de famílias no mundo, no Brasil, em Goiás. Com isso a orfandade, o desemprego e a exaustão de profissionais que atuam nas trincheiras de atendimento às vítimas da Covid.

O que o momento pede de cada um de nós é empatia, generosidade, resiliência e gratidão, com senso de coletividade. As vacinas estão chegando e são a pista de reconstrução, mas há muito mais a fazer até a retomada de vida social, econômica e educacional com segurança para todos.

Goiânia chorou ao perder o prefeito. Imagine Daniel, que perdeu o pai…

Restam somente os agradecimentos a Maguito pelo que fez pelos goianos, sobretudo os pobres, e a Deus pela satisfação pessoal de ter tido a oportunidade do perdão de Maguito ainda cheio de vida.

Campanha de 2020 mancha para sempre biografia de Antônio Gomide

Antônio Gomide | Foto: Divulgação/Campanha Antônio Gomide

Por Rodrigo Tizziani 

Campanhas eleitorais vão muito além de apenas eleger representantes para cargos públicos. Elas têm o alto poder de mostrar personalidades, revelar talentos, apresentar o desconhecido e desfazer mitos. É uma química impressionanante que faz do processo eleitoral um momento único. Em Anápolis, 2020 deixará uma marca eterna: o ano em que o "santo" passou a ser impuro. O "mito" se tornou vilão. O invencível foi derrotado!

Diz a história que na antiguidade um súdito que sentasse na poltrona de um rei era morto com espada. Gomide entrou nesta eleição como um rei, que num simples grito tira de sua frente quem quer que seja e retoma seu trono de poder. Não foi bem assim! Ao bradar pra cidade "a cadeira é minha", ouviu das ruas um sonoro "não". Difícil de aceitar, é verdade. Há dois meses atrás, o ex-prefeito gozava de um prestígio poucas vezes visto em políticos país afora. Em qualquer rápida pesquisa pela cidade, os elogios apareciam aos montes, colocando Gomide em um pedestal invisível, e pelo jeito bem enganoso. O que deu errado? Arrisco dizer neste texto três dos principais motivos.

A primeira razão da derrocada de Gomide está bem descrito na Bíblia, no livro de Provérbios: "A soberba precede a queda", diz o livro sagrado. Nenhuma frase define melhor o sentimento do ex-prefeito ao iniciar estas eleições. "A única coisa que você precisa fazer é dizer para a cidade que sou candidato. Se eles souberem disso, estou eleito", dizia ele ao marqueteiro da sua campanha, sem saber que esta prepotência desencadearia uma série de acontecimentos que o levariam ao fundo do poço. E a razão é simples. Quando se entra numa guerra pensando que ela está ganha, comete-se o pior erro possível numa situação de combate: Desprezar o adversário. Gomide desprezou e encontrou pela frente um páreo duro. Seu principal oponente, Roberto Naves, mostrou que estava preparado pra esse embate histórico. Estrategista nato, o atual prefeito fez uma campanha cirúrgica, sem erros e digna das grandes vitórias eleitorais. Mostrou humildade, preparo e sede de vitória. Uma fórmula que realmente destrói grandes muralhas, para alguém de formação bioquímica.

Mas a arrogância não deixou Gomide apenas vulnerável ao seu adversário. Ela fez com que o ex-prefeito calculasse que, para se eleger, não precisava de ninguém ao seu lado. Com isto, cometeu o segundo erro mortal de sua campanha: O isolamento das lideranças na cidade. Quem conhece sabe que Gomide já não é muito de grupo. Muita gente que já caminhou com ele faz sérias críticas ao jeito individualista do político. E foi nesta linha que Gomide tentou conduzir sua caminhada eleitoral. Desprezou antigos parceiros, ignorou lideranças importantes e não se preocupou em formar um grupo político. O resultado? Um soldado lutando contra um exército. Massacre!

Por fim, Gomide cometeu um erro gravíssimo, que não só ajudou a lhe tirar a eleição, mas manchará pra sempre a sua biografia. Ao invés de uma campanha propositiva, deixou-se levar pelos ataques ao adversário. Vendo-se isolado e com a eleição se esvaindo pelos dedos, Gomide partiu pra cima de Roberto com todo tipo de acusações, fake news e até suspeita de manipulação de pesquisas. A última semana de campanha, em especial, foi um verdadeiro "show de horrores" da parte do PT. Enquanto isso, a cada ataque feito ou atitude tomada, as pesquisas apontavam um crescimento ainda maior de Roberto. As ruas diziam pra Gomide parar, mas ele não ouvia. Um erro estratégico que vai custar muito caro a longo prazo. Nos últimos dias, já sem credibilidade alguma com a população, o petista chegou ao absurdo de registrar um documento em cartório prometendo não abandonar o mandato de prefeito. Ao assinar o documento, Gomide atestava que sua honra já estava no passado.

Por fim, restam as lições que cada campanha eleitoral nos deixa. E feliz é aquele político que consegue extrair de cada uma delas o aprendizado pra próxima. Não se sabe ainda se Gomide terá esta capacidade. Aceitar os erros é difícil pra quem esteve no topo da escada. O problema é que essa escada, pra baixo, leva ao pior lugar possível pra quem almeja ser eleito: A indiferença da população. Políticos, torçam muito pra não chegarem até aí!

Precisamos falar sobre a saúde pública

Divino Rodrigues

Divino Rodrigues

Desde o surgimento do SUS o Estado brasileiro vem tentando corrigir as distorções históricas ligadas à dificuldade de entregar um serviços de saúde, extremamente caros e complexos, de forma abrangente a toda a sociedade, constitucionalizando o acesso universal à saúde. Mas será que só tornar as políticas públicas de saúde são o suficiente?

Desde a constituinte de 1988, uma série de políticas públicas foram institucionalizadas por meio de emendas constitucionais, dando ao Estado uma série de dificuldades para enfrentar os problemas que surgiram dali em diante, advindos do alto custo da oferta de serviços gratuitos, e é claro, a partir da difícil operacionalização destes serviços.

Cabe dizer que a unidade federativa que padece mais das dificuldades que surgiram com o tempo, são os municípios, a quem a Constituição relegou o difícil papel de conceder o acesso aos serviços de atenção primária na saúde pública.

A população, por sua vez, é a grande afetada pelo desenho federativo da saúde brasileira. Os municípios são aqueles que ficam com a menor parte das arrecadações, no entanto, são, justamente, aqueles quer têm as maiores atribuições de entregas de serviços. A consequência prática disso é um serviço entregue em unidades mal preparadas para o atendimento, em termos de equipamentos, falta de estruturas físicas, problemas com a entrega adequada de medicamentos e dificuldade na contratação de profissionais.

Os problemas estruturais da saúde pública estão, quase que em seu todo, ligados ao corriqueiro bate-cabeças que os gestores públicos têm em relação à legislação, o orçamento e as questões políticas que envolvem o gerenciamento das unidades de saúde. Infelizmente, para a população transparece (e com razão) que se trata de descaso. Entretanto, não se trata de querer fazer, mas de poder fazer.

Em meus anos como vereador de uma das maiores metrópoles do país, que é Goiânia, tenho visto uma série de dificuldades que os gestores das unidades de saúde enfrentam. O argumento mais corriqueiro é a imobilidade legal e as amarras políticas. Na minha avaliação estamos olhando a saúde pública pelo retrovisor. Somente enxergando o que fizemos (conquistando o direito de acesso integral à saúde), mas não entendendo o que podemos fazer (ofertá-lo como prometemos no ato da sua institucionalização).

O exemplo disso é o estado de Goiás que hoje já firmou parcerias com entidades do terceiro setor (viabilizadas pela reforma do Estado de 1998), para o gerenciamento e operacionalização de quase a totalidade de suas unidades de saúde. Isso implica na dispensa de licitações para compra de insumos e metas de produção e de qualidade para o fornecimento dos serviços (podendo implicar em sansões legais), o que em termos práticos reflete-se em serviços de saúde mais ágeis, eficientes e que aplacam as amarras burocráticas que o Estado brasileiro impôs ao cidadão, quando prometeu acesso integral à saúde, e em contraposição, ofertou imobilidade e em muitos casos, até a descumpriu com seu dever constitucional, seja pela falta de aparato burocrático, ou mesmo pela dificuldade em investir em formação continuada de seus profissionais.

Hoje, 13% das unidades de saúde do Brasil já estão sob gerenciamento privado, o que não implica na ausência do Estado. O Estado é fiscalizador, não operacionalizador. Firmar parcerias com entidades privadas para operacionalizar a saúde não se trata de privatizar a saúde, nem de o Estado descumprir com seu dever legal de formular e executar as políticas de saúde. Se trata, de fato, de ofertar a solução para boa parte dos problemas que os mais de trinta anos de SUS já nos mostraram. Enquanto Goiânia ainda lida com o gerenciamento das suas unidades de saúde, quase que em sua integralidade, a população continua sofrendo com as amarras supracitadas. Como eu disse no título deste artigo de opinião, precisamos discutir a saúde pública. Mas precisamos fazê-lo abrindo mão de dogmatismos e preconceitos ideológicos, visando o que é melhor para o bem da população, não para o projeto político de quem quer que seja.

Eu acredito em uma saúde pública que realmente confronte seus dogmas e enfrente os problemas de peito aberto. Eu acredito em Goiânia, acredito no SUS.  

Divino Rodrigues é Graduado em Gestão Pública (UEG) e Vereador por Goiânia.

Hora de abraçar Goiânia

Nasci aqui e, embora tenha me mudado criança para o Pará, onde vivi vários anos, foi em Goiânia que construí minha identidade

Retomada acontece com a pequena empresa

Somente no segundo trimestre deste ano Goiás cresceu 4,3% na quantidade de microempreendedores

Uma juventude que ousa lutar

[caption id="attachment_283488" align="alignnone" width="620"] Letícia Scalabrini é militante da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) | Foto: Arquivo pessoal[/caption] Do leitor Em Goiânia, há uma cultura política enraizada que sustenta o imaginário de que espaços políticos são ocupados principalmente por  homens, velhos e ricos, à serviço da manutenção de uma sociedade que explora, violenta e mata o povo trabalhador. Peço atenção para o termo “ocupados”, uma vez que os cargos públicos não pertencem às antigas figurinhas carimbadas da política goiana, ou pelo menos, não deveriam. A possibilidade da mudança indica que é possível acreditar numa outra forma de fazer política, pensada para e com o povo goianiense que vivencia a cidade como ela é. Um povo que paga  altas tarifa no transporte coletivo, moradores de bairros periféricos,  que frequentam o Centro da cidade somente para trabalho, sem acesso à moradia digna, educação, saúde, segurança… Estamos falando de uma luta popular e é aqui que  entra o espírito revolucionário da juventude. Porém, “O jovem no Brasil não é levado a sério”, já  enuncia um dos sucessos da banda Charlie Brown Jr. no ano 2000. Nós, jovens, somos retratados muitas vezes de maneira infantilizada, como se quem tem seus 18, 21 ou 24 anos de vida não fosse capaz de opinar ou de representar de forma responsável outras pessoas. Esquecem que nós somos a alternativa para um amanhã melhor e que nossas ideias florescem em alta velocidade. Esse pensamento reducionista  faz parte da cultura academicista de que o conhecimento técnico ou profissional em determinado assunto são cruciais. Mas e a vivência pessoal e a bagagem de experiências que são adquiridas independente da idade ou da formação acadêmica? Um jovem sem teto pode falar com mais propriedade sobre moradia do quê um estudioso no assunto... Inclui-se aqui também os militantes de movimentos sociais, ativistas e engajados socialmente em alguma ação popular ou entidade civil, ávidos por uma sociedade mais justa e empática. Legitimar essa tese é reconhecer que o poder popular é válido e que  a juventude também deve ter espaço e vez no parlamento. Mas a renovação política pela renovação política não basta. Não basta que haja novos e jovens rostos em cargos políticos, é preciso que esses sejam capazes de lutar contra o sistema em vigência anti-povo, anti-democrático e capitalista. A velha política  há muito não representa o interesse popular por uma sociedade com mais justiça social, onde as vidas estejam acima do lucro, uma sociedade igualitária e justa. Se ser jovem significa mudança, sejamos nós a mudança que queremos ver no mundo. O futuro é agora! * Letícia Scalabrini é militante da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) e candidata à vereadora de Goiânia  

Podemos banca vice de Dr. Antônio na disputa pela Prefeitura de Trindade

O deputado Dr. Antônio tem o apoio do governador Ronaldo Caiado e do deputado federal José Nelto