Por Italo Wolff

Encontramos 1776 resultados
Órgãos públicos desconhecem nível ou qualidade das águas em Goiânia

A seca pela qual a capital passa chama atenção para a situação dos recursos hídricos e revela medidas paliativas e falta de entendimento da situação de fato  [caption id="attachment_214027" align="alignnone" width="620"] Uma das diversas nascentes do Córrego Rosão que alimenta o Meia Ponte tem suas margens degradadas | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] Pelo fundo dos bairros Jardim Conquista, Dom Fernando I e Dom Fernando II passa o Córrego Rosão, um dos afluentes do Rio Meia Ponte. Há mais de uma década, o rompimento de uma adutora da Saneago causou um enorme processo erosivo que viria a ficar conhecido como “buracão”. O buracão foi aterrado em 2017 e o esgoto, que era despejado no córrego, foi devidamente canalizado, mas, embora haja decisão judicial para recuperação da área degradada, o local continua sofrendo com invasões, despejo de lixo doméstico e uso ilegal dos recursos hídricos. A situação não é melhor no restante da cidade.  Quando a vereadora Dra. Cristina chamou a atenção para a situação dos moradores da região e conseguiu reparar a erosão com fundos de emenda parlamentar municipal, foi acordado que a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) apresentaria um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad), mas nunca o fez. Os moradores que formaram a Associação Comunitária do Jardim Conquista (Ascojaco) relatam que o problema está longe de definitivamente solucionado.  [video width="704" height="480" mp4="https://jornalopcao.com.br/wp-content/uploads/2019/10/TVBRASILCENTRALGOINIAGO-12.38.21-12.41.31-1569945409.mp4"][/video] Raquel Alves Batista, vice-presidente da Ascojaco relata que o interesse da associação é transformar o local em um parque, com isolamento das nascentes, reflorestamento da vegetação nativa e desocupação de invasões no local. “Até que isso aconteça, vão continuar aparecendo processos erosivos nesta, que já é uma Área de Preservação Permanente (APP). Isso não é respeitado. Hoje mesmo (1 de outubro) a Amma apreendeu uma fábrica de gelo clandestina que retirava água do córrego para vender no centro da cidade”, afirma a vice-presidente da associação de moradores.  [caption id="attachment_214028" align="alignnone" width="620"] Região ainda não tem um Plano de Recuperação de Área Degradada | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption]

Manda-chuvas

Há 187 mananciais identificados e que estão distribuídos por todas as regiões de Goiânia. Segundo a assessoria de imprensa da Amma, os principais problemas constatados nestes cursos hídricos são: descarte de entulho e lixo doméstico, lançamento clandestino de esgoto, desmatamento de mata ciliar resultante de invasão de APPs. Não há, entretanto, estudo que monitore a qualidade das águas ou verificação do grau de degradação dos mananciais.  Gilberto Marques Neto, presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente, afirma que a fiscalização tem sido um dos focos do órgão: “Através de parceria com o Comando de Policiamento Ambiental (CPA) da Polícia Militar, a Amma passou a ter suporte nas abordagens aplicando não apenas medidas administrativas, mas judicializando infratores que podem ser criminalmente processados”. Gilberto Marques Neto afirma também que a Medida Provisória (MP) da Liberdade Econômica já facilitou o licenciamento ambiental de 775 processos através do programa Licença Ambiental Fácil. O presidente do órgão espera que, ao modernizar a concessão de licenças, parte da equipe possa ser alocada no monitoramento ambiental.  De forma semelhante, a Secretaria de Estado de Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) também fiscaliza e pune infrações, mas não tem estudos para controlar nível ou qualidade hídrica. Como o licenciamento ambiental é descentralizado – compartilhado entre Governo Estadual e município –  ambos os níveis têm a obrigação de supervisionar o uso de recursos hídricos. Entretanto, a estadual Semad tem uma obrigação a mais, pois autoridade sobre as águas subterrâneas é sua, exclusivamente. A autorização para abrir poços artesianos não depende de licenciamento ambiental, mas sim de outorga, que tem encargo estadual. [caption id="attachment_214033" align="alignnone" width="620"] Apesar de ser uma Área de Preservação Permanente, Córrego Rosão tem diversas ocupações ilegais | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] Marcos Menegaz, superintendente de recursos hídricos e saneamento da Semad, afirma que o nível dos lençóis freáticos em Goiânia o preocupa, pois sabe empiricamente pelo número de pedidos de abertura de novos poços artesianos que uso da água subterrânea se multiplicou. “Tivemos uma reunião recentemente e pretendemos monitorar essa atividade. Queremos criar um grupo de trabalho para definir diretrizes para avaliar o balanço hídrico. Mas hoje nada é feito nesse sentido”, afirma Menegaz. O superintendente cita como ações da Semad em prol da manutenção do nível hídrico a revitalização da bacia do Meia Ponte, que consiste em ações de conscientização, educativas e operacionais para recuperar os afluentes do Rio Meia Ponte. Entre os exemplos práticos deste último grupo de ações estão a melhoria da infiltração da água no solo, que envolve ainda mais um órgão governamental, a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), por meio da seção do Plano Diretor. Janamaina Costa Bezerra de Azevedo, funcionária técnica da Seplanh afirma que, desde 2013, a secretaria obriga a construção das caixas de recarga na capital. Segundo a lei Nº 246, de 2013, que altera o Plano Diretor vigente, tratam-se de: “reservatórios de armazenamento das águas pluviais coletadas dos telhados e de áreas impermeabilizadas, tais como estacionamentos, ruas e avenidas, podendo ser destinadas ao reuso, em unidades residenciais ou não residenciais, para fins não potáveis. O reservatório de retenção deverá permitir, sempre que viável, a infiltração da água armazenada, funcionando também como caixa de recarga do lençol freático.” [caption id="attachment_214032" align="alignnone" width="620"] Uma das nascentes da região do Jardim Conquista é utilizada para descarte de lixo doméstico e bebedouro de gado | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] Entretanto, Janamaina Costa Bezerra de Azevedo afirma que a Seplanh também não verifica se a lei foi obedecida ou não. Marcos Menegaz, superintendente de recursos hídricos e saneamento da Semad, diz: “Os projetos antigos não se adequaram. O problema de impermeabilização do solo em Goiânia é antigo. Novos empreendimentos observaram esses índices e obedecem as regras adequadamente, mas, como não temos monitoramento, não há como determinar se houve melhora”. 

Conversa com quem entende

[caption id="attachment_189066" align="alignright" width="300"]| Luziano Carvalho afirma que proteção ambiental não deve ser apenas caso de polícia | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] Luziano Carvalho é delegado titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) há 20 anos. O delegado trabalha diariamente com a recuperação de mananciais em Goiás e na capital e conta como tem percebido a situação hídrica mudar ao longo dos anos. Apesar de relatar diversas ocasiões em que seu trabalho foi feito apenas para ser frustrado posteriormente, ele afirma não perder esperança de ver uma mudança na cultura da preservação socioambiental. Qual é a situação dos córregos goianienses atualmente? Praticamente todas as nascentes de Goiânia foram cercadas e reflorestadas até onde é possível. Algumas têm danos irreversíveis ou construções ao redor, mas já fizemos o que poderia ser feito: reflorestamento, isolamento, monitoramento. Estão isoladas, mas quando se faz fundações que chegam ao lençol freático, isso uma agressão; se fizerem uso irregular das águas, é uma agressão; se descartarem lixo e esgoto clandestinamente, isto é uma agressão.  Na Serrinha, por exemplo, se recuperou a nascente, mas uma rede pluvial desvia a água. No parque Cascavel fizemos esse trabalho, mas foi assoreado. Recuperamos o parque Macambira Anicuns, mas foi construída uma rua em cima. Quando se faz esse tipo de coisa, acabou. Recuperamos cerca de 80% das nascentes, a maioria se tornou parque, Área de Preservação Permanente, mas isso não significa que serão completamente recuperados. Existe legislação para proteger mananciais, plano diretor, diversos outros dispositivos legais. Por que a lei não está sendo suficiente? Tome por exemplo a obrigação de guardar 50 metros de mata ciliar. Não se pode construir mais próximo de córregos do que isto, mas é uma medida que simplesmente não é obedecida. A realidade é que não entenderam que Área de Preservação Permanente é PERMANENTE. O shopping Passeio das Águas, por exemplo, foi feito em cima de uma APP desta forma: Se constrói em APP de qualquer forma e, depois que se é questionado judicialmente, envia-se uma composição para a justiça, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), ou uma compensação ambiental como reflorestamento em outra área. Qualquer coisa do tipo funciona. A justiça entende que, uma vez que a já construção foi feita e a natureza já foi destruída, é melhor que não se tenha também a perda econômica, ninguém manda demolir.  Agora, está acontecendo novamente no setor Parque Oeste Industrial. Não há falta de legislação então? De forma alguma. Se alguém quiser fazer uma lei para proteger o meio ambiente não aparece quem discorde, mas isso não resolve o problema. Nosso grande desafio é colocar tudo que está em lei na prática. É muito fácil criar leis, mas é também uma transferência de responsabilidade.  Cria-se a lei mas não a cultura os mecanismos para fazê-la valer. Aí acontece a infração, vem a polícia, o Ministério Público, e esses se tornam os culpados porque serão incapazes de arranjar um jeito de fazer a lei ser cumprida. Eu tenho agora 80 requisições do Ministério Público na minha mesa. Me pergunte se eu tenho estrutura para resolver. O senhor não vê o que pode ser feito? O problema só será solucionado com uma evolução da cultura. É preciso uma adequação social, as pessoas precisam fazer sua parte. Tem que compatibilizar o econômico com o socioambiental. É obrigação do poder público e da comunidade proteger o meio ambiente, criar estratégias de conscientização, prevenção, planejamento, fiscalização e punição. Mas isso tem uma ordem para funcionar.  Veja, como se consegue resolver o problema da impermeabilização do solo sem prejudicar crescimento urbano? O único jeito é investir em tecnologia, pesquisa e ciência. Estamos indo no caminho oposto, mas não podemos perder a esperança. 

Literatura de Cormac McCarthy é uma catedral gótica erigida no sul dos Estados Unidos

"Cormac McCarthy nos dá um senso da vida ribeirinha que se lê como um sinistro Huckleberry Finn" – The New York Times Book Review. "Suttree contém um humor que é faulkneriano em sua ironia gentil" – The Times Literary Supplement

Governo divulga campanha sobre reforma da Previdência e contas do Estado

Informação divulgada pelo governo é de que 87% da receita de Goiás está comprometida com pagamento de folha salarial e o déficit pode duplicar em dez anos

Bruno Peixoto afirma que não há projeto de lei em tramitação para enquadrar Estado no RRF

Líder do Governo na Alego diz que esforços têm sido feitos para cortar gastos, mas não há propostas de lei para modificar teto de gastos 

O que uma nova Constituição significaria para o Brasil neste momento

O presidente do Congresso Nacional afirmou que imagina a possibilidade de uma nova Constituinte. Parlamentares e ministros se opuseram à ideia

Número de transplantes de órgãos cresce, mas recusa a doar também aumenta

O Brasil é o segundo país que mais realiza a operação e conta com o maior sistema do mundo, mas famílias doam pouco os órgãos de parentes mortos

Corpo de Bombeiros encontra no Rio Meia Ponte o corpo de jovem desaparecido

Luan de Araújo Barbosa estava desaparecido há uma semana e foi encontrado sob a ponte da GO-020

Ex-governadora do Rio de Janeiro hoje vende doces pelo Facebook

Rosinha Garotinho diz que agora se dedica ao hobby antigo da confeitaria, e faz referência a acusação de corrupção na página em que vende bolos

Na Assembleia, oposição quer protelar votação de reforma da Previdência estadual

Talles Barreto tem convicção de reverter votos pois, segundo ele, muitos deputados membros da base também representam categorias de servidores públicos estaduais

Goiás está entre os dez estados com maior busca pela Black Friday

Neste ano, a black friday acontecerá na sexta-feira do dia 29 de novembro e representará a principal data para o e-commerce

Goiânia receberá conferência internacional para garantir direitos de mulheres em situação de risco

É esperada a participação de duzentas e cinquenta mulheres congressistas de todo o Brasil e de outros países no Plenário do Tribunal de Justiça de Goiás

Audiência pública na Assembleia vai debater extinção de municípios

Presidente da asa, Lissauer Vieira (PSB) afirmou que são os municípios que formam a nação e que sua história tem de ser respeitada 

Goiânia tem o único bar dedicado a comédia do Centro-Oeste

Com grandes comediantes dividindo espaço com iniciantes regionais na programação, o Guardians Comedy Club se tornou um centro da cena de humor no Centro-Oeste [caption id="attachment_219566" align="alignnone" width="620"]comedy club stand-up goiânia Luiz Titoin se apresenta no Guardians Comedy Club | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption] “Não tem réveillon no Brasil melhor do que o de Fortaleza. Na praia de Iracema, de graça, um monte de banda boa, é só chegar que a festa já está rolando. Para quem tem aquela mentalidade de ‘ano novo, vida nova’ é o melhor lugar para ir. É tudo novo, celular novo, carteira nova, tênis novo. Você começa o ano do zero. Às vezes até vida nova, nunca se sabe o que pode acontecer por lá”. Moisés Loureiro. Como mostram o professor de psicologia Peter McGraw e o jornalista Joel Warner no livro “The Humor Code” (Simon & Schuster, 2014), a maioria das pessoas pensa que é engraçada, mas na verdade não é. A dupla usou investigação científica em uma road-trip por comedy clubs na tentativa de encontrar o cerne do que causa a risada. O mecanismo encontrado pelos autores aparece nos melhores programas de TV, filmes e livros de comédia, e pode ser bem percebido quando se assiste a um comediante “nu” em frente ao público, armado apenas de seu texto e microfone, sem truques ou onde se esconder. As melhores piadas, McGraw e Warner afirmam, estão na tênue linha entre a expectativa e surpresa, a ofensa e segurança. Gostamos de ser instigados a pensar por novos ângulos e de ser confortados pela reafirmação de que não somos os únicos a passar por uma situação patética. Por isso, a característica que faz uma pessoa ser engraçada tem a ver com resistência ao desconforto, um talento raro, que corresponde à capacidade de investigação de temas desagradáveis ou dolorosos – ou, como afirma Louis CK, “comediantes são os filósofos de hoje em dia”. Também é por isso que o último trecho da apresentação de Moisés Loureiro no Guardians Comedy Club, em Goiânia, funcionou tão bem.  Moisés Loureiro finalizou seu solo no dia 7 de novembro com um texto sobre colonoscopia. Em dez minutos o comediante compartilhou a experiência que lhe tirou noites de sono por preocupação. Em um monólogo que dá a ilusão de conversa de bar, Moisés Loureiro vai da humilhação frente à enfermeira bonita para a insegurança masculina, passando por tabus da sociedade e pelo sofrimento enfrentado por minorias, tudo a partir de uma situação cotidiana. Mas o que mais impressiona é perceber a ansiedade da sala cheia para ouvir uma história sobre colonoscopia, e escutar desconhecidos rindo juntos de temas sérios, controversos e embaraçosos. [caption id="attachment_219567" align="alignnone" width="620"]comedy club stand-up goiânia Com dez anos de experiência, Moisés Loureiro aconselha que quem deseja ser comediante se arrisque logo no palco | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption] “Faço comédia stand-up há dez anos”, disse Moisés Loureiro em entrevista antes do show. “Tenho a sorte de ter nascido no Ceará, a terra do humor. Quem quer fazer comédia e nasce no Ceará já tem meio caminho andado: Renato Aragão, Chico Anysio, Tom Cavalcante, Tiririca, Ciro Gomes. Como Fortaleza é uma cidade muito turística, visitantes chegam querendo ir a um forró, a uma praia, a um show de humor. Isso criou uma demanda de mercado. O primeiro comedy club do Brasil fica em Fortaleza, o Teatro do Humor Cearense, que existe há quase 20 anos”, afirmou ele. O restante do Brasil não tem tanta sorte. O único comedy club do Centro Oeste é o Guardians Comedy Club, aberto há três meses, em Goiânia. Existem pubs que eventualmente recebem humoristas ou que realizam acontecimentos de comédia, mas, segundo Moisés Loureiro, nada substitui a importância de um espaço exclusivamente dedicado ao stand-up, onde o público pode se familiarizar com o gênero e comediantes podem testar piadas novas. “Fortaleza mudou muito quando abriram as casas de stand-up”, afirmou o comediante. “Até hoje, em lugares como o Teatro do Humor Cearense, que é uma casa que tradicionalmente recebe humoristas que fazem personagens, ainda tenho de explicar o que é o stand up. Não tenho dúvida que a abertura do Guardians vai mexer com a cena goiana de comédia. É um primeiro passo para quem gosta de consumir humor e para quem pensa em trabalhar com isso.” [caption id="attachment_219568" align="alignnone" width="620"] Ramiro Braga de Castro diz que decisão de dedicar o Guardians à comédia veio após sucesso de testes com stand-up | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption] Ramiro Braga de Castro, que com o sócio Marx Willian é proprietário da casa, afirma que a casa começou como um empreendimento mais tradicional, já tendo sido um pub de música. “Foi meu sócio, o Marx, quem teve a ideia de fazer uma noite de stand-up, só para testar. Começamos a fazer de 15 em 15 dias. Logo eu tinha certeza de que iríamos virar uma casa só de comédia.” Além da aceitação do público, Ramiro Braga de Castro afirmou que o retorno dos comediantes goianos também o impressionou. Atualmente, são cerca de 16 em atividade que se apresentam em diversos sub gêneros do stand-up, desde especiais solo até noites exclusivas para testes de piadas.  Luiz Titoin é um dos goianienses que se apresentam no club com frequência e que se interessou pela arte ao assistir a um stand-up ao vivo. Ele afirma que há três anos estudava para passar em medicina e que estava muito estressado, quando decidiu assistir ao show de comédia para se distrair: “Lembro até hoje do set. Era o Rodrigo Marques, Patrick Maia e Luca Mendes. No final do show, o Eduardo Castilho disse que abriria o microfone para nossos comediantes que quisessem tentar e eu falei, quero fazer isso aí.” Então, por conselho de humoristas profissionais, Luiz Titoin começou a se apresentar “na coragem”, como afirmou. “Logo entendi que, como tudo na vida, você tem de estudar. No início coloquei a cara e tentei fazer, o que foi a melhor coisa para mim, mas no decorrer da carreira fui estudando, lendo, fazendo cursos e workshops”. Logo, Titoin começou a abrir shows de outros humoristas em diversas cidades. Segundo Ramiro Braga de Castro, esta é a importância de um local cativo para a comédia. “Toda noite com um grande comediante é um workshop”, disse ele. “É sempre um aprendizado que vem à Goiânia toda semana”. Moisés Loureiro complementou afirmando que, ao longo dos quinze anos de história do stand-up brasileiro, os comedy clubs desenvolveram o gosto do público pelo gênero e permitiram o aprimoramento das próprias piadas dos comediantes. Durante oito de seus dez anos de carreira, Moisés Loureiro manteve o mesmo texto, mas recentemente tem sondado novas piadas graças ao espaço que encontrou nas noites de teste. Lentamente, essa forma mais singela de filosofia vem crescendo no Brasil. 

Trinta anos atrás caía o Muro de Berlim

O Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria, foi destruído em um momento de promessa de unificação e diálogo. Trinta anos depois, em meio a polarização política, o Brasil pode tirar lições da história  [caption id="attachment_219531" align="alignnone" width="620"]Muro de Berlim Pessoas no topo do Muro de Berlim, perto do Portão de Brandenburgo, em 9 de novembro de 1989 | Foto: Reprodução / Sue Ream / Wikimedia Commons[/caption] Neste sábado, 9 de novembro, trinta anos no passado, às 18:45 no horário de Brasília, caía o Muro de Berlim. O maior símbolo da Guerra Fria dividiu uma cidade ao meio, separando famílias e nações por 27 anos, para ser derrubado em 1989 ao ceder às pressões por unificação dos alemães divididos e ao desgaste da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).  Na realidade, o muro não era apenas um muro, mas uma linha de 140 quilômetros composta por (em ordem, do leste para o oeste) uma barreira de concreto com 3,6 metros de altura, fossos de 3,5 metros de profundidade para impedir progresso de veículos, mil e quatrocentos soldados, 260 cães de guarda, 20 bunkers, uma cerca de arame farpado, sistema de alarme, estacas de aço (chamadas de “carpete de Stalin”), outro muro de concreto coberto com cerca elétrica, 302 torres de vigia e um caminho pavimentado para veículos de guarda. Nem todos os elementos estavam lá em 1961, quando o bloqueio foi construído, mas foram sendo gradualmente implementados ao longo dos anos. Cem metros dividiam uma margem a outra do limite entre a Alemanha Ocidental, chamada de República Federativa Alemã, e a Alemanha Oriental, conhecida como República Democrática Alemã (DDR, Deutsche Demokratische Republik), que não era uma república, nem democrática e tampouco alemã. Em seus anos de vigência, mais de 8.500 pessoas atravessaram do leste para oeste e pelo menos 140 morreram tentando, segundo o Memorial do Muro de Berlim. Ainda segundo a instituição alemã, os soldados, que tinham ordens de atirar para matar, reduziram o número de fugas em 75%, isto é, 2.300 incidentes por ano, e mudou Berlim de um dos pontos mais fáceis de se atravessar a fronteira para um dos mais difíceis. [caption id="attachment_219549" align="alignnone" width="620"]Muro de Berlim Foto revela área conhecida como "Faixa da Morte", onde | Foto: Reprodução / Wikimedia Commons[/caption] Após o fim da Segunda Grande Guerra, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação de membros das Forças Aliadas. Estados Unidos, França, Reino Unido e URSS passaram a controlar os territórios da cidade de Berlim, apesar de esta estar situada dentro da zona soviética. De 1945 a 1952, as tensões da Guerra Fria se acirraram conforme os países não soviéticos se uniram em uma zona para reconstrução financiada pelo Plano Marshall.  A inevitável comparação entre ocidente e oriente promoveu uma migração em massa do leste para o oeste. Entre 1945 e a construção do muro, mais de 3.5 milhões de alemães fugiram da DDR, cerca de 20% da população do país oriental. Quem propôs um sistema de controle ao movimento da população em 1952 foi o ministro de assuntos exteriores, Vyacheslav Molotov (o homem cujo nome foi dado ao artefato explosivo coquetel Molotov). Porém, as restrições burocráticas por meio do controle de passaportes foram lentamente escalando. A barreira física e aperfeiçoamentos para matar se tornando gradualmente mais eficientes, até que a epítome da Cortina de Ferro se materializasse no Muro de Berlim. 

Um Goiano no outro lado do muro

Wilson Ferreira Cunha é antropólogo, cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Tendo se formado em história pela Universidade Russa da Amizade dos Povos, em Moscou, de 1965 a 1972, o professor teve a oportunidade de cruzar a fronteira entre mundo capitalista e socialista várias vezes. Wilson Ferreira Cunha conta sobre a experiência de viajar da DDR para o mundo ocidental: [caption id="attachment_75946" align="alignnone" width="620"] WIlson Ferreira Cunha viveu por sete anos na URSS | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] “Nas férias de verão eu saía do bloco socialista para conhecer outros países europeus. Quando estávamos na Alemanha Oriental, a gente pegava um táxi ou pedia informações na rua em russo e, apesar do domínio total sobre o povo alemão, sentíamos que eles nos odiavam. Todos eles eram obrigados a aprender russo. O povo alemão tinha ódio da língua. A doutrinação, a domesticação da ideologia era totalitária.  “Eles sabiam que o ocidente era mais livre. Vários morreram tentando atravessar o Muro de Berlim, os guardas atiravam para matar. É uma história dramática que mostra o que é o regime socialista e a divisão de um povo à força. Os russos são muito nacionalistas e ainda têm uma cultura eslava religiosa ortodoxa, que se transferiu durante a URSS na maneira de encarar o governo. Tinham muita fé no estado, como se fosse um deus, e essa não era a cultura alemã necessariamente. “Quando cruzamos a borda, sentimos a mudança no ar. Ficamos aliviados porque nenhum policial veio exigir carimbar nosso passaporte. Quando se estava na União Soviética, a burocracia comunista podia te acordar a qualquer hora da madrugada; as pessoas tinham medo; a polícia sentia que tinha poder sobre as pessoas que atravessavam a Alemanha.”

A queda

A pressão dos refugiados orientais aumentou até os últimos dias do muro. Conforme o chefe do partido comunista em Berlim Oriental Günter Schabowski afirmou ao jornal Deutsche Welle anos depois, a estratégia para lidar com os cidadãos descontentes e que apresentavam potencial de gerar protestos era expedir permissões oficiais para migrar ao oeste. Mais de 600 mil alemães orientais migraram, mais da metade com permissão da DDR. Em novembro de 1989, o movimento migratório cresceu tanto que os órgãos encarregados da DDR sofriam com o volume de burocracia. Para aliviar a demanda da expedição de permissões, no dia 9 de novembro, a administração ministerial modificou a política, incluindo viagens particulares de ida e volta na lista de autorizações. O anúncio seria dado à mídia ocidental por Günter Schabowski, e as novas regras deveriam entrar em vigor no dia seguinte.  https://www.youtube.com/watch?v=su49zXNeJr4 Günter Schabowski, entretanto, não estava bem informado da mudança de regras, que foram concluídas horas antes da comunicação oficial, e recebeu as novidades em bilhete que leu em voz alta, ao vivo, sem conhecer seu conteúdo. O repórter italiano Riccardo Ehrman, da ANSA, perguntou ao líder do partido quando os regulamentos entrariam em vigor. Schabowski respondeu: "Pelo que sei, imediatamente, sem demora". Confiando nas informações vindas do ocidente, milhares de alemães orientais se dirigiram ao muro https://www.youtube.com/watch?v=ube21r7l2oM  As cenas televisionadas mostram soldados desinformados hesitantes permitindo a passagem do povo, que se colocou a atacar a muralha em meio à reencontros de famílias e amigos divididos.

Lições do Muro de Berlim

[caption id="attachment_182145" align="alignright" width="300"] Michel Magul diz que divisão limítrofe é medida populista de líderes autoritários | Foto: Reprodução[/caption] Michel Afif Magul, presidente da Comissão Especial de Direito Internacional da OAB de Goiás, explica como as divisões se formam e o que podem fazer com uma nação a longo prazo. “Quando se fecha uma fronteira, o sentimento de distinção e desigualdade aumenta; começamos a construir diferenças sociais e culturais, há restrições de pensamentos e podemos dizer que começa a haver diferenciação que chegam a radicalismo nas reações a pessoas de outros lugares”. O processo descrito por Michel Magul pôde ser averiguado em pesquisa conduzida pela agência alemã Reuters, em 2004, que revelou que um em cada cinco alemães queria o muro reconstruído. O número, entretanto, caiu para um em dez saudosistas da segregação em 2009, o que talvez revele que o tempo favoreceu a unificação germânica. É importante lembrar que a Alemanha é composta por uma miríade de antigos reinos, e que as diferenças culturais entre norte e sul também são grandes.  Como lembra o historiador e presidente da União Brasileira de Escritores de Goiás, Ademir Luiz, a Europa como um todo é extremamente diversa e com um passado nacionalista profundamente arraigado. Conforme explica, ao contrário dos países americanos, a formação dos Estados nacionais europeus possui relação com a defesa de uma etnia e com povos ligados à terra. “Na verdade, é um milagre que Inglaterra, França e Alemanha consigam se entender minimamente na diplomacia,  considerando que os pais ou avós de seus habitantes atuais estavam se matando na década de 40. Historicamente falando, passou pouco tempo”, afirma Ademir Luiz. Os entrevistados concordam que a política do segregacionismo é intuitiva e natural, entretanto, a Cortina de Ferro foi possibilitada por fatores muito específicos de seu tempo. “ As migrações são um efeito da globalização”, afirma Ademir Luiz. “Sempre houve guerras tribais, fome e miséria em certas regiões do mundo. A novidade é a possibilidade de migração para países mais prósperos e pacíficos”, finaliza. [caption id="attachment_219552" align="alignleft" width="300"] Ademir Luiz afirma que polarização que vemos hoje é incomparável à da Guerra Fria | Foto: Acervo Pessoal[/caption] “Um muro não separa laços sanguíneos, é ineficiente”, afirma Michel Magul. “Existe porque é populista. O radical se constrói para agradar o núcleo duro que o apoia o líder autoritário. A via autoritária da ditadura é a forma simplória de resolver problemas complexos, é muito fácil criar o muro e não atacar o problema. Muros sempre surgiram, mas eventualmente sempre são derrotados”. Quando perguntado se a divisão da Europa tem lições para dar ao Brasil polarizado de 2019, Michel Magul lembra que a construção social deste país é muito diferente daquele, e que o modelo da guerra fria não consegue mais explicar o mundo: “Por ser formado por imigrantes, o brasileiro é um povo acolhedor, que sabe aceitar diferenças. Além disso, acredito que a resposta da polarização de hoje não venha de um modelo ideal, capitalista ou socialista. A ideia tem mais a ver com a criação de uma nova forma regional de fazer economia e política – como a própria União Europeia veio a criar posteriormente à queda do Muro.” 

Aplicativo ‘Olho na Bomba’ voltará a funcionar, afirma Eduardo Prado

O deputado estadual que é relator do projeto na Comissão Mista afirmou que, ainda este ano, o aplicativo Olho na Bomba será regulamentado e terá mudança em sua administração