Por Irapuan Costa Junior

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Um conto magnífico de Yúri Kazakov sobre um (quase) encontro entre Liérmontov e Púchkin

[caption id="attachment_74719" align="alignright" width="620"]Yúri Kazakov, Tchekhov, Liérmontov e Púchkin: grandes escritores russos. “Só“ o primeiro é do século 20 Yúri Kazakov, Tchekhov, Liérmontov e Púchkin: grandes escritores russos. “Só“ o primeiro é do século 20[/caption] Três nomes expressivos da literatura russa se misturam no conto, que também pode ser uma novela, uma crônica ou uma reportagem, com o título de “No Soar do Relógio”. O primeiro é o próprio autor, o contista e novelista russo Yuri Kazakov (1927-1982) que muitos apontam como um moderno Tchekhov. Fazem a ele um favor, mas pequeno. Poucos autores de histórias curtas podem ser comparados a Anton Tchekhov (1860-1904), na literatura mundial. Mas Kazakov é grande e domina como ninguém seu gênero de histórias: as em que a natureza é, também, um personagem. Um rio, uma floresta, uma região, um lago, um animal, um braço de mar, uma montanha ou até uma nevasca podem, numa narrativa de Kazakov, adquirir a proeminência, assumir o protagonismo, misturar-se com os sentimentos dos homens e das mulheres retratados, fundir-se, de maneira sempre poética, com a história e a circunstância humana. Suas histórias seguem suas experiências de vida na Carélia, no mar de Barents, no norte russo, vasto ambiente com seus camponeses, comerciantes, caçadores e pescadores. Enquanto Tchekhov fotografava, e, num retoque, embelezava a alma dos seus personagens, homens e mulheres, ou simplesmente a mostrava sem retoques, em toda sua ora bela, ora dura, ora divertida, mas sempre natural realidade, Kazakov é fotógrafo do homem na natureza. Ela é sempre o pano de fundo, nas narrativas desse autor que teve a sorte de escrever quando Stálin já estava morto, e cujo pai havia desaparecido no Gulag, quando ele tinha 6 anos. Quando Kazakov caminhava para a carreira das letras, o tirano já marchava para a morte, e cessava sua nefasta influência sobre a literatura russa, uma das mais ricas do mundo. A história que Kazakov conta em “No Soar do Relógio” se passa toda no dia 10 de fevereiro de 1837, e conta como correu esse dia na vida do escritor Mikhail Liérmontov (1814-1841). Liérmontov, o segundo personagem de que falamos, era prosador (autor do romance “O Herói de Nosso Tempo”, traduzido do russo por Paulo Bezerra) e poeta, mas era também oficial de um regimento de hussardos. Viria a ser conhecido como “O Poeta do Cáucaso” e tinha grande admiração por Aleksandr Púchkin (1799-1837), tido como o maior poeta russo, e o terceiro personagem de que falamos. Segundo o relato dramático de Kazakov, Liérmontov, que já tinha uma produção poética razoável, ansiava, há muito, submetê-la a Púchkin, que ainda não conhecia em pessoa. Ensaiara fazê-lo algumas vezes, mas faltara coragem ou oportunidade. Mas agora estava resolvido. Marcara uma visita à casa de Púchkin e lá iria ouvir a opinião de seu venerado poeta. Não fora difícil combinar o encontro. O jovem oficial pertencia a uma família nobre e de posses e Púchkin não deixaria de recebê-lo, mas a ansiedade de Liérmontov era grande. Conhecer o famoso poeta, apresentar a ele seus versos, ouvir alguns conselhos e, quem sabe, algumas palavras de elogio e incentivo era tudo que Liérmontov, um tanto já entediado da vida artificial da nobreza de Moscou e São Petersburgo, estava esperando. A chegada à casa de Púchkin, na tarde daquele dia, surpreende Liérmontov: o poeta, a despeito do encontro marcado, havia saído. Mas logo voltaria, informaram. Liérmontov resolve aguardar na rua, e enquanto caminha se lembra de quando vira, à distância, Púchkin e a deslumbrante esposa, Natália, em uma festa. Lembra-se dos rumores sobre a infidelidade da bela, que rumores abraçavam um seu colega hussardo, Georges d’Anthès, e murmúrios de que Púchkin, alertado, pretendia bater-se em duelo com o amante de Natália. É então que chega a carruagem de uma das testemunhas de Púchkin no duelo, que tinha acontecido enquanto Liérmontov aguardava. Nela, Púchkin está agonizante. Liérmontov, abalado, vai para casa e escreve um de seus mais famosos poemas, “A Morte do Poeta”. Turbulento, indisposto com figuras da corte, é transferido para o Cáucaso, onde quatro anos depois, exatamente como Púchkin, enfrenta um duelo e recebe uma bala no coração. O leitor, infelizmente, não vai encontrar em português nem o conto “No Soar do Relógio” e nem os versos de “A Morte do Poeta”. Poderá encontrá-los em francês. Mas como sei que virá uma cobrança do Euler de França Belém, vou me comprometer a, brevemente, traduzir para o português o conto, bem como fazer uma tradução livre dos versos de “A Morte do Poeta”, para os leitores do Jornal Opção.

Poemas de Mikhail Liérmontov com tradução de Jorge de Sena

O Rochedo A nuvem de ouro dorme a noite inteira no seio do gigântico rochedo. Pela manhã, levanta-se bem cedo, e descuidada vai-se pelos céus, ligeira. Mas lá restou de orvalho um breve traço nas rugas do penedo solitário. E é como se ele ficara multivário chorando suavemente ante o vazio espaço. Nuvens Ó nuvens pelos céus que eternamente andais! Longo colar de pérolas na estepe azul, exiladas como eu, correndo rumo ao sul, longe do caro norte que, como eu, deixais! Que vos impele assim? Uma ordem de Destino? Oculto mal secreto? Ou mal que se conhece? Acaso carregais o crime que envilece? Ou só de amigos vis o torpe desatino? Ali não: fugis cansadas da maninha terra, e estranhas a paixões e o sofrimento estranhas eternas pervagais as frígidas entranhas. E não sabeis, sem pátria, a dor que o exílio encerra.

Nada abala a insaciável cúpula da pior política brasileira

Existem dois tipos opostos de coragem: a altruísta, a coragem que constrói, que beneficia a sociedade, como aquela do presidente Juscelino Kubitschek quando enfrentou pessoas, fatos e notícias para construir Brasília; como a que impulsionou o marechal Rondon a desbravar o interior brasileiro e estender as linhas do telégrafo até o norte intocado do Brasil; como a do presidente Ernesto Geisel para fazer a Abertura que os radicais de esquerda e de direita abominavam, cada um querendo viver seu modelo de ditadura; como a coragem dos policiais que enfrentam bandidos muito mais bem pagos e armados que eles. Essa, a coragem admirável. Mas há outra coragem, abominável. É a coragem egoísta, a que só beneficia o corajoso ou os que lhe são próximos, ainda que em prejuízo de muitas pessoas em seu ambiente social. É a coragem dos assaltantes, por exemplo. Ou dos que, não assaltando, fisicamente, armam os desvios, as corrupções, os benefícios que, mesmo não sendo para si, são para protegidos que os não merecem, enquanto os merecimentos são esquecidos. É preciso, por exemplo, muita coragem para roubar de um médico cubano e entregar o ganho de seu trabalho à ditadura de seu país. Para montar um Mensalão ou um Petrolão, e fazê-los funcionar. Para gatunar um fundo de pensão ou um empréstimo consignado, sabendo que esses recursos faltarão na mesa de um velho aposentado. E assim por diante. Quanta coragem vimos naquela votação “fatiada” do impeachment da presidente. Foi de fato necessário reunir muita coragem para montar uma tal fraude contra o povo e a Constituição brasileira. A matéria é de tal maneira clara que não inspira dúvidas, mesmo no mais humilde rábula ou no mais inexperiente estudante de Direito. Como poderia abalar o presidente da Suprema Corte do país? E de seu parceiro no julgamento, o presidente do Senado? E também houve grande coragem de uma parte do PMDB no Senado — dizem que a parte mais imprestável dele —, embora na relação dos que votaram a favor da fraude esteja o senador Raimundo Lira, que conheci como pessoa séria e correta. A despeito de grandes empresários presos, de tesoureiros petistas engaiolados, de bens de ex-diretores da Petrobrás e de fundos de pensão indisponíveis, de multas bilionárias, de sentenças lavradas atribuindo muitos anos de prisão a figurões, de inúmeros processos correndo em Curitiba, essas figuras graúdas da política brasileira ostentam muita coragem quando combinam, executam e não escondem um golpe como esse, que zombou da Constituição, para permitir à ex-presidente manter seus direitos políticos. É claro que a impunidade estimula. Os políticos de cúpula, na maioria, mesmo há anos processados no Supremo, não são incomodados. Por vezes são soltos logo após uma prisão. Não são objeto de uma cobrança mais enérgica por parte da Procuradoria Geral da União. Haja má coragem. Mas ainda há bastante também — consolemo-nos — da boa coragem. Por exemplo, nas atitudes do juiz Sergio Moro, em Curitiba.

Gramsci ataca no Brasil e prejudica ação da polícia

A recente notícia de que o Ministério Público Federal irá monitorar a Polícia Militar nas manifestações de rua revela um absurdo. E a conformidade com que foi recebida essa notícia mostra o estado de hegemonia esquerdista que já se conseguiu estender sobre a sociedade brasileira. Num confronto violento de rua, onde se acha, de um lado, uma polícia institucional no cumprimento de sua função legal e, de outro, uma quadrilha de depredadores, previamente arregimentados, mascarados, logo dispostos a transgressões sem serem reconhecidos, o MPF se declara disposto a vigiar a ação policial e não a ação dos vândalos ilegais. Há algo de profundamente errado nisso. As gangues vão se sentir mais libertas para delinquir, e os policiais estarão inibidos, pois qualquer ação sua poderá ser increpada de excesso. O Ministério Público se coloca ao lado da ilegalidade, da violência e contra a sociedade.

Brasil começa a descobrir esquema do BNDES que emprestou mais de 40 bilhões de reais para 5 países

Angola, Venezuela, República Dominicana, Argentina e Cuba receberam enxurrada de dinheiro do governo petista

Esquema de medalhas de ouro, prata e bronze não é justo com atletas e países

Não sei de quem é a ideia, já consolidada ao menos por aqui, de classificar os países da disputa olímpica apenas pelas medalhas de ouro. Será do Comitê Olímpico Internacional? Do Comitê Brasileiro? Ou da Imprensa? Seja de quem for, carece de um mínimo de racionalidade, tanto quanto uma classificação apenas pelo número total de medalhas. Se a um atleta ou a uma equipe se atribuem medalhas nos três graus, ouro, prata e bronze, é que se reconhecem, ao menos teoricamente, esses ganhadores como os primeiros, segundos e terceiros melhores no mundo, em sua modalidade. Quando se classificam os países apenas pelas medalhas de ouro (as de prata e bronze só se con­sideram nos casos de empate), estão sendo des­prezados, solenemente, como se nada valessem, os segundos e terceiros colocados olímpicos. Essa classificação, já generalizada, é muito pouco inteligente — eufemismo de burra, mesmo. O mais certo, racional e matematicamente, se­­ria atribuir um peso às medalhas. As de ou­ro valeriam três pontos, as de prata dois e as de bronze contariam um ponto cada uma, por exemplo. Pensando de maneira cartesiana — o leitor possivelmente terá atendado para isso — cabe a pergunta: a Hungria, 12ª colocada por esse critério, teve mesmo desempenho melhor que o Brasil, que teria ficado em 13º? O Brasil obteve 7 medalhas de ouro, 6 de prata e 6 de bronze — 19 no total. A Hungria, 8 de ouro, 3 de prata e 4 de bronze, apenas 15 no total. Já soa estranho. A única medalha de ouro recebida a mais pela Hungria está acima das cinco — três de prata e duas de bronze — que o Brasil alcançou a mais? O bom senso e a matemática dizem que não. Atribuíssemos, e seria lógico se o fizéssemos, pesos às medalhas, e o Brasil teria: 3 vezes 7 mais 6 vezes 2 mais 6 por suas medalhas, o que dá 39 pontos. Já a Hungria teria 3 vezes oito mais 2 vezes 3 mais 4 o que somaria 34 pontos, bem atrás. Algo semelhante ocorreu com a Itália, nona colocada, com oito medalhas de ouro, enquanto a Coreia do Sul, com nove de ouro, aparece como oitava. A Itália, que teve 28 medalhas no total, conquistou 8 medalhas, entre prata e bronze, a mais que a Coreia (21 medalhas no total). Pelo critério dos pesos, também aqui inverter-se-iam as classificações.

Ministro da Defesa, no lugar de defender, acusa soldado assassinado

A morte do soldado Hélio Andrade, da Força Nacional, ao entrar por engano em favela na Maré no dia 12 de junho, e ter sua viatura metralhada por bandidos fortemente armados, rendeu duas declarações públicas de autoridades. Uma, do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, condenando o ataque dos traficantes e se solidarizando com a família do policial. Uma declaração moralmente correta, aquela que poder-se-ia esperar de uma autoridade com preparo. Outra, do ministro da Defesa, Raul Jungmann, de que o policial errou, ao entrar na favela. Declaração abjeta, culpando a vítima, desculpando os bandidos traficantes. Uma declaração “politicamente correta”, própria de um esquerdista dissimulado em democrata, mas não arrependido. E desrespeitosa para com a família do policial morto, enquanto trabalhava pela segurança dos brasileiros honestos e dos turistas que nos visitavam nos Jogos Olímpicos.

Fidel Castro socializou a pobreza em Cuba

A ilha dos irmãos Castro aparece em 18º lugar na contagem por medalhas de ouro, nas Olimpíadas. Na verdade, ficou em 20º lugar, após Nova Zelândia e Canadá, que tiveram muito mais medalhas de prata e bronze (Canadá teve 22 medalhas no total, contra 11 de Cuba). Cuba, até os anos 1980, disputava com os EUA a liderança dos jogos Pan-americanos e das Olimpíadas. Fidel Castro considerava o esporte (e na verdade o é) uma excelente propaganda. Nada faltava aos atletas, numa ilha onde tudo era racionado. Hoje, depois de décadas de privações, nem as glórias do esporte os cubanos alcançam. Fidel Castro fez 90 anos dias atrás. A imprensa, com sua conhecida inclinação, tratou o nonagenário com a habitual boa vontade. Noticiou o fato quase festivamente, esquecida (ou lembrando, mas não se importando) que o ditador matou, prendeu, tirou a liberdade de movimento de duas gerações, além de mudar a ilha de próspera para indigente.

O cinismo do “politicamente correto”

[caption id="attachment_71591" align="alignleft" width="620"]1 Milhares de venezuelanos cruzam fronteira com Colômbia em busca de alimentos: PT quer o mesmo para os brasileiros?[/caption] O desarmamento da parte boa da sociedade é uma excrescência aguardando banimento. Foi imposto por uma lei aprovada por acordo de lideranças, no apagar das luzes da sessão legislativa de 2003 (Lei 10826/2003). Era a época de votos comprados pelas propinas do mensalão, e a aprovação foi manejada pelas mais finórias figuras do legislativo (Renan Calheiros, Luiz Eduardo Greenhalg, Laura Carneiro, etc.). Não houve maiores debates nem dentro do Congresso, e a tal lei só viria a ser discutida (e rejeitada) pela sociedade no referendo de 2005. Apesar da rejeição por dois terços da população, e de inúmeras manifestações de repúdio por parte da sociedade via meios de comunicação, a lei continua em vigor, guardada ideologicamente pelas esquerdas ligadas a Lula, Dilma e Fernando Henrique Cardoso, e economicamente por parte da imprensa, premida pelos credores internacionais interessados em nos desarmar. O desarmamento, ineficaz em todas as partes do mundo em que foi implantado, deu no Brasil mais confiança aos criminosos e responde pela enorme insegurança e pela grande violência, que desde a promulgação da lei só fizeram aumentar. Absurdos e paradoxos pululam, em consequência desse desarmamento, e cinismo ainda mais. Tomemos dois exemplos recentes desse cinismo: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em tempos recentes manifestou-se integralmente a favor da manutenção da lei, também chamada Estatuto do Desarmamento. Em outras palavras, afirmou que os cidadãos de bem, cumpridores da lei e de boa convivência social, como o caro leitor, não podem ter armas. Sua segurança e de sua família devem ser providas pelo Estado. Não disse, evidentemente, e já vai aí boa dose de cinismo, que o Estado não tem como prover a segurança de todos, em todos os lugares e a qualquer hora. Mas declarou ao jornal norte americano “The Washington Post” que mantém, à cabeceira, uma pistola municiada e dois carregadores de reserva. Não importa que ele tenha – como tem – porte de arma. Nem que tenha – como tem – segurança armada. Aí vai o enorme cinismo: você, leitor, não pode andar armado. Para comprar uma arma e mantê-la em casa, tem que enfrentar uma burocracia que exige uma paciência chinesa. Posso afirmar com toda tranquilidade, pois conheço várias pessoas na situação do leitor, honestas, corretas, que tiveram seu pedido de porte de arma (ou a simples renovação dele) negado, sem explicação alguma, e são pelo menos tão diligentes e responsáveis quanto o sr. Janot para portar uma arma. Têm, além disso, com toda certeza, muito mais conhecimento e preparo que o sr. Janot, pois muitos são aficionados e atiradores esportivos. Por que eles não podem, mas pode o sr. Janot? Por que não dá o exemplo, sr. Janot? Entregue sua arma à Polícia Federal, já que o cidadão, em sua opinião, deve confiar apenas na ação policial. Outro exemplo absurdo vem lá do Rio Grande do Sul: um traficante, preso em flagrante de delito, quando vendia pedras de crack, portava na cintura uma arma e na mochila munição extra. Lavrado boletim de ocorrência, oferecida denúncia ao juízo, o processo, em apelação, chegou ao magistrado Diógenes Vicente Hassan Ribeiro, do Tribunal de Justiça daquele Estado. Que exarou a sentença que será para sempre lembrada entre as incríveis: condenando o bandido por tráfico de entorpecentes, e o absolvendo do crime de porte ilegal de armas, vez que “Porte de arma destinado à proteção pessoal em razão do comércio de entorpecentes praticado e ao guarnecimento da atividade ilícita. Corolário lógico é absolvição por atipicidade”. Isso mesmo, leitor, o traficante foi absolvido do crime de porte ilegal por ser sua atividade de risco. Ele precisa se proteger pessoalmente, segundo o meritíssimo. Por certo de outros traficantes, mas também da ação policial. Na prática, o traficante recebeu da Justiça uma autorização de porte de arma, que você, leitor honesto, não consegue. Como se dizia antigamente: durma-se com um barulho desses! O “politicamente correto” encampou em nosso país a indulgência com os criminosos e a severidade com os policiais, que tem resultado em graves prejuízos para a sociedade e para quem tem o dever de protegê-la. Vimos, há poucos dias, o que ocorreu na localidade de Itacaiú, Britânia, aqui em Goiás: um desordeiro violento, Brunno Vieira, resistiu a uma ação policial, desrespeitou a ordem de detenção, entrou em luta com os policiais encarregados de prendê-lo. Estes, temerosos de usar mais força para manter a ordem, acabaram baleados por Ismael, pai de Brunno, que covardemente, subtraiu a arma do sargento Uires, o atingiu mortalmente pelas costas e ainda atingiu o seu colega, o soldado Helio Bezerra. Foi morto também, completando a tragédia. Brunno e outra pessoa resultaram, ainda, feridos. Para completar os desacertos, Brunno, que havia sido preso, foi liberado no outro dia, por ordem do juiz da comarca, Luiz Henrique Lins Galvão. Houvessem os policiais imobilizado Brunno com um disparo, por exemplo, na perna, como fazem os policiais de qualquer lugar do mundo, evitar-se-ia a tragédia. Mas não o fizeram, temerosos – com razão – da reação dos “politicamente corretos”. Seriam acusados de excessos, de violência desnecessária, e tantas outras acusações que vemos todos os dias nos jornais recaírem sobre policiais que estão cumprindo seu dever e nos protegendo. O resultado foi o mais funesto possível: Um policial morto, deixando oito filhos na orfandade, o agressor também morto e outro policial gravemente ferido. E mais duas pessoas também feridas, com menor gravidade. Para coroar, o pivô de todo o acontecido foi liberado pela Justiça. Moralmente correto o sr. secretário de Segurança e vice-governador José Eliton: compareceu ao enterro de seu policial, apoiou o seu colega ferido e censurou a decisão judicial equivocada, além de determinar que Brunno fosse preso novamente, corresponsável, logo cumplice que é, por todo o acontecimento. O “politicamente correto” chegou ao cume na vizinha e socialista Venezuela. Não há comida, e nem existem produtos de higiene. Multidões correm às cidades fronteiriças da Colômbia e do Brasil para comprar alimentos. Os infelizes vizinhos viajam centenas de quilômetros para conseguir um pouco de arroz, feijão e óleo de cozinha. Paracaima, em Roraima, é uma dessas cidades buscadas pelos venezuelanos ameaçados pela fome. E há notícias de que já escasseiam tecidos e roupas no país vizinho. Esse o destino que os petistas nos reservavam, caso não caíssem: nos fazer esfomeados e seminus. E o “politicamente correto” encobre também – e muito bem – a compra de votos. A jornalista Miriam Leitão revela que em Brasília, 45 mil “pescadores artesanais” recebem o seguro defeso, aquele salário mínimo que o governo dá, cinco meses por ano, aos pescadores, pretensamente para que respeitem a época reprodutiva dos peixes. Há algumas coisas estranhas nesse fato: o período reprodutivo não é tão extenso, e se o fosse, outra fonte de renda teria que ter o pescador no período do defeso. Ou estaria o governo estimulando o ócio e a vadiagem. E é difícil conceber 45 mil pessoas vivendo da pesca em Brasília. Se assim fosse, o lago Paranoá estaria cercado de gente pescando. E quantas pessoas há, no Brasil inteiro, se só em Brasília há essa multidão, recebendo auxílio por quase metade do ano, para cruzar os braços? Finalmente, levantamento sobre o Bolsa Família só na região de Ribeirão Preto, no interior paulista, mostrou milhares de fraudes, com até políticos e empresários recebendo o auxílio. É de se perguntar: houve alguma atividade petista em que tudo ocorresse dentro da correção e da honestidade? l

Casamento por amor

[caption id="attachment_70727" align="alignright" width="350"]Casamento, 1968. Marysia Portinari (Brasil, 1937) Casamento, 1968. Marysia Portinari (Brasil, 1937)[/caption] — Que xodó, o de sua prima com o marido, depois de tantos anos casados – comentei com Silvio, meu vizinho de fazenda. — Combinam muito, mas se você soubesse como começou esse casamento... – respondeu ele, com um risinho de canto de boca. Voltávamos da casa do Edson e da Rita, prima do Silvio. Sabendo que eu estava comprando uns bezerros para recria, ele se ofereceu para ir comigo à casa da prima, ali mesmo no município de Ivolândia, ver os animais que o marido estava, por coincidência, vendendo. Encontrei um casal simpático: ela, uma mocetona bonita, quase nos trinta anos, dessas que encontramos muitas vezes pelo interior de Goiás, e nos enfeitam os olhos: apesar de poucos cuidados com a beleza, vendem saúde, exibem um rosto de traços perfeitos e um corpo de curvas muito harmoniosas, melhores mesmo que as conquistadas em várias horas diárias nas academias de ginástica. E educada, risonha, cuidadosa com os filhos, uma bonita garotinha de uns 10 anos, envolvida naquela hora com seus cadernos de escola, e dois irmãos menores. Ele, perto dos quarenta, conversa fácil e riso solto, procurando ser agradável com a visita e possível comprador. — Faz um cafezinho, meu bem, enquanto apartamos os bezerros – disse, quando saíamos para o curral. — É pra já, meu amor – foi a resposta. Negócio fechado, dispensado o convite para o almoço, o casal nos acompanhou até a camionete, ela dependurada no braço do marido, a quem prodigalizava carinhos. Foi já no carro que fiz o comentário, respondido por Silvio com aquela ponta de ironia. — Não faz mistério, Silvio, conta logo – pediu minha curiosidade, já se levantando espicaçada. — Vou contar. E contou, imitando a linguagem cabocla do tio capiau, ele que se orgulha de seu português e do diploma de advogado na parede do escritório em Iporá: — Foi há uns 10 ou 12 anos. O Edson, que tinha uns 20 e poucos anos, e é filho único, perdeu pai e mãe num desastre de carro na estrada para Goiânia. Herdou essa fazenda, toda formadinha em boas pastagens, curralama pronta, muita água, um brinco. E cheia de gado nelore. Ainda por cima herdou um posto de gasolina em Iporá, com boa freguesia. Pensou que estava rico pro resto da vida, largou a faculdade em Goiânia e ficou por aqui, na região, pelas festas, pelas exposições pecuárias, bebendo suas pingas e só na boa vida. Namoradas muitas, bem-apessoado que era e é, como você viu. A fazenda vizinha à dele era de meu tio Isac, falecido no ano passado e que tinha dois filhos: a Ritinha, que você conheceu, e o Zé Afonso, mais velho, que hoje cuida da fazenda, moço trabalhador e que nunca deu desgosto aos pais. A Ritinha tinha na época uns 18 anos e era a coisa mais bonita que você pode imaginar. Se levada para São Paulo e tomado um banho de loja e outro de salão de beleza, podia desbancar muita modelo que hoje desfila em passarela internacional. Iluminava qualquer lugar em que chegasse. Além disso, era inteligente, estudiosa, apegada aos pais. O Edson começou a arrastar a asa para ela e iniciaram um namorico. Bom de conversa ele era, mas não sei como, ela que até não era boba, foi além da conta nalgum encontro em beira de córrego e, tempos depois, comunicou a ele que tinha uns dois meses que o “chico” não vinha. Desconfiava que estava prenhe. O que fazer? Edson não pensou duas vezes. Não ia perder a boa vida que tinha. Des­con­versou e sumiu da região. Transferiu suas festanças para Goiânia, e só aparecia na fazenda para algum acerto rápido com o gerente. Até a Iporá passou a ir pouco. Mas foi numa dessas idas rápidas à fazenda que aconteceu. Por alguma arte ou treta, o Isac ficou sabendo da ida. Ou estava à espreita. O fato é que, na volta, ao chegar no mata-burros da divisa, Edson encontrou um tronco atravessado na estrada. Desceu do carro para tirá-lo, e foi quando saíram da mata, qual três assombrações: na frente a Ritinha, já redondinha de uma gravidez de uns seis meses; depois o irmão, Zé Afonso, em cuja cintura brilhava um chimite 32 niquelado, cabo de madrepérola; e atrás, o pai, o velho Isac, com um facão desembainhado na mão. Foi um Edson paralisado de medo que respondeu com um gaguejo o cumprimento do Isac: — Antão pois, seu Édio. Como vai vosmicê, qui anda sumido dessas banda? Ignorando a resposta tartamudeada, o velho prosseguiu, en­quanto ninguém mais dava um pio: — É bão nóis topá todo mundo arreunido. Tem uma trama de famía pra nóis resumí. E inté qui num tá dificir não. Cum duas cunversa nóis arresume: antão seu Édio, aqui a Ritinha, minha fia, feiz procê uma vontade e agora tá buchuda, cuma ocê tá veno. Ô tá ruim das vista e num tá veno? E desconhecendo o gaguejo afirmativo de um Edson com os cabelos em pé: — Pra mode qui nóis só arresume esse assunto si nóis ingualá. A Ritinha feiz a vontade de vosmicê. Agora vosmicê vai fazê a vontade aqui do pai dela. Mais pode si quizé tomém fazê a vontade ali do irmão dela. Mêma coisa. Ocê qui sabe. Ocê inscói i nós arrespeita sua inscôia. Pra mode ocê inscoiê, vou falá as vontade: a minha é vê ocês casado, e ocê tratano bem minha fia; a vontade do Zé Afonso aqui, meu fio, irmão dela, é dá seis tiro na sua cara agorinha mêmo. O revórve ele trôxe ele azeitadim pra torá o pé dos seis cartucho sem mascá ninhum. Ocê qui arresorve. Uma das vontade nóis tem qui sastifazê. Um pé de vento com redemoinho veio deixar o Edson ainda mais apavorado, lembrando o capeta que falam vir dentro dele. Ele já tinha feito a escolha; só que estava mudo. Nem gaguejar mais conseguia. Seu olhar saltava dos olhos injetados de sangue do Zé Afonso para o revólver na sua cintura, e daí para o facão na mão do Isac ou, num vislumbre, para a fisionomia da Ritinha, que parecia estranhamente calma. Sexto sentido feminino? — Nóis tá cum pressa, seu Édio. O qui vosmicê arresorve? – finalizou o Isac. — O se-senhor po-pode marcar o casamento, Se-seu Isac – foi tudo que o Edson conseguiu soletrar, antes que fosse tarde. — Já tá marcado. É agora mêmo. Nóis vai alí no padre Quirino acabá cum essa trama – foi a pronta resposta do Isac. Essa a história, suspirou o Silvio. Hoje estão aí, casados, vivem bem, três filhos que o velho Isac adorava, e o Zé Afonso é sócio do Edson nesse gado que você comprou, e em outros. Só pude arrematar: — É, Deus escreve mesmo certo por linhas tortas.

Falta ao Brasil um George Orwell para denunciar manipulação política promovida pelas esquerdas

A Operação Lava Jato impediu a cubanização e a venezuelização do Brasil. Por isso, Luis Fernando Verissimo, Janio de Freitas e Mauro Santayanna atacam o juiz Sergio Moro e o Ministério Público

Os EUA protegem seus policiais. Em Goiás, 2 militares foram assassinados por criminosos

Em Goiás, dois policiais, certamente por respeitar a política de direitos humanos, hesitaram no combate a criminosos e foram mortos, deixando suas famílias desamparadas

Os esquerdistas são ingênuos, fanáticos ou desequilibrados?

O marxismo hoje, em um país democrático ainda que imperfeitamente, como o Brasil, é uma patologia. Quem o defende é portador de um desvio, uma neurose

Dinheiro que PT gastou em porto de Cuba daria pra resolver problemas de UTIs hospitalares no Brasil

O país tem 26 mil leitos de UTI. O recomendado é 66 mil leitos. O governo brasileiro resolveria o problema com 1 bilhão de dólares que gastou no Porto de Mariel

Seis dicas decisivas para Michel Temer fazer um bom governo

José Serra, Romero Jucá e Raul Jungmann não parecem nomes adequados para um grande ministério de notáveis

Próximo governo do Brasil precisa se livrar da destrutiva ideologia petista

Que venha o novo governo, seja ele qual for, mas venha vocacionado e competente. Que tenha uma equipe econômica de peso, valorizando a responsabilidade fiscal, as metas de inflação e o dólar flutuante