Por Euler de França Belém

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[caption id="attachment_60252" align="alignright" width="620"] Iris Rezende e Waldir Soares podem sair na frente e serem atropelados por candidatos com discursos mais modernos para dinamizar Goiânia[/caption]
Eleição é uma caixinha de surpresa? Pesquisas qualitativas e quantitativas permitem mapear quadros políticos, mas as eleições são definidas na campanha. O eleitorado, cada vez mais maduro, não se preocupa tanto com candidatos que saem na frente, disparados, e são logo apontados como praticamente eleitos por seus aliados e, até, pela imprensa. O eleitorado examina, durante a campanha — raramente antes, exceto os eleitores mais politizados —, duas coisas: os projetos dos candidatos e, também, os próprios candidatos. De nada adianta um plano excelente se o candidato não convence o eleitor de que tem condições técnicas de colocá-lo em prática. Pela exposição, pela clareza (ou não) de raciocínio, o eleitor percebe a qualidade técnica e a energia, pessoal e política, do candidato. De cara, descarta candidatos que apresentam mal suas ideias, porque fica parecendo que as ideias não são deles, e sim de marqueteiros.
Em suma, o candidato e seu projeto precisam ser críveis para o eleitor. Detalhe: o eleitor tende a descartar de bate-pronto, sem dar-lhe uma segunda chance, o candidato que começa mal, mostrando fragilidades de conteúdo e sugerindo que está tentando ludibriá-lo. A partir do que se disse, é aceitável que Iris Rezende, do PMDB, e Waldir Delegado Soares, do PR, já estão praticamente no segundo turno, mesmo sem campanha? De maneira alguma. Na verdade, o quadro está inteiramente aberto. E o eleitor de Goiânia tende a surpreender, mas por vezes repete um padrão: entre um candidato populista, ao estilo de Iris Rezende e Waldir Soares, e um candidato gestor, ao estilo de Giuseppe Vecci, Vanderlan Soares, Adriana Accorsi, Francisco Júnior e Luiz Bittencourt — se estes conseguirem mostrar que têm credibilidade —, pode ficar com o segundo tipo.

[caption id="attachment_60250" align="alignright" width="620"] Iris Rezende e Agenor Mariano; Waldir Soares e Zacharias Calil; Vanderlan Cardoso e Simeyzon Silveira; Giuseppe Vecci e Sandes Júnior; Francisco Júnior e Eduardo Machado: chapas possíveis[/caption]
Com quase todo os candidatos a prefeito de Goiânia definidos, os políticos começam a definir as alianças partidárias.
Iris Rezende, embora apontado como candidatíssimo, inclusive pelo presidente do PMDB, Daniel Vilela, ainda não assumiu publicamente que disputará a prefeitura. Há quem avalie que pretende bancar uma chapa pura: ele para prefeito e Agenor Mariano (ou Bruno Peixoto) na vice. Mas a possibilidade de aliança com o DEM do senador Ronaldo Caiado é factível. Se Ronaldo Caiado disser que quer lançar o vice, o peemedebista tende a não vetar a indicação (Sílvio Fernandes e Joel Santana Braga são lembrados). O deputado federal Lucas Vergílio, do Solidariedade, também é citado, sobretudo por Iris Araújo.
O vice de Waldir Delegado Soares, do PR, deve ser o médico Zacharias Calil. Este deve deixar o PP, que não apoia o deputado federal. O papel de Calil será o de atrair parte do eleitorado de classe média que tradicionalmente não vota em candidatos do estilo de Waldir, populista e, ao mesmo tempo, de direita.
Vanderlan Cardoso, pré-candidato do PSB, gostaria de ter como vice o deputado federal Marcos Abrão, do PPS. A tendência é que o PPS indique o vice, mas dificilmente será seu presidente em Goiás, Marcos Abrão. Porém, se o PPS não apresentar um candidato de expressão, a tendência é Vanderlan sugerir para vice o deputado estadual Simeyzon Silveira, do PSC. O problema é que uma chapa só de evangélicos pode não empolgar o eleitorado católico e, ao mesmo tempo, poderá sofrer certa resistência do PPS.
O prefeito Paulo Garcia tem sugerido que o PT pode bancar um nome alternativo, quer dizer, que não está no jogo político. O reitor da PUC, Wolmir Amado, e o médico Nelcivone Melo são cotados. Mas o partido tende a bancar a deputada Adriana Accorsi — apontada por petistas como a mais bem situada nas pesquisas — ou o deputado Luis Cesar Bueno. É possível que o PT, que gostaria de compor com o PMDB — indicando o vice de Iris Rezende —, vá para a disputa com chapa pura. Entre os vices mencionados estão Pedro Wilson, Marina Sant’Anna, Nelcivone Melo, Wolmir Amado e Edward Madureira.
O pré-candidato do PSDB, o deputado Giuseppe Vecci, tende a compor com o PP do senador Wilder Morais, que indicaria o deputado federal Sandes Júnior para vice. Os dois circulam juntos em Brasília praticamente o tempo todo. A aliança, em termos eleitorais, aproximaria um político de matiz técnico, Vecci, com um político de caráter mais popular, Sandes.
O vice de Francisco Júnior, do PSD, deve sair dos quadros do PHS. O presidente do PHS, Eduardo Machado, é amigo e aliado de Vilmar Rocha e, por isso, o partido que dirige deve compor com o PSD. Como precisa circular em todo o país, Eduardo Machado não deverá ser o vice, mas é o objeto de desejo político do deputado Francisco Júnior.
Luiz Bittencourt, pré-candidato do PTB, chegou a ser cogitado para vice de Giuseppe Vecci. Mas deve sair candidato, possivelmente com um vice do próprio partido.

[caption id="attachment_43158" align="alignright" width="620"] Foto: Renan Accioly/Jornal Opção[/caption]
Alexandre Baldy diz que não tem intenção de sair do PSDB. O deputado federal ressalva: “Mas estou aberto à discussão. Escutarei a proposta dos líderes de partidos. Me ofereceram até a liderança na Câmara dos Deputados. Estou refletindo a respeito”. O tucano frisa que o PTN, dirigido por um aliado, pode lançar candidato a prefeito de Goiânia. “O PTN pode bancar o deputado estadual Virmondes Cruvinel para prefeito da capital. Ele está bem avaliado.”

Igor Montenegro, José Eliton e Giuseppe Vecci são alguns dos debatedores

[caption id="attachment_58110" align="alignright" width="620"] Foto: Fernando Leite[/caption]
O Jornal Opção fez uma pergunta a dois pesquisadores e a dois marqueteiros: “Por que Adriana Accorsi retira votos de Waldir Soares e este retira votos daquela?” Os quatro admitiram que, para fazer uma avaliação consistente, precisariam ter em mãos levantamentos amplos e feitos a partir de indagações específicas, em termos qualitativos e quantitativos. Mas, baseados em estudos que examinaram, sugerem que, como são da área de segurança — ambos são delegados da Polícia Civil —, o pré-candidato do PR e a pré-candidata do PT atraem o mesmo tipo de eleitorado, aquele que está mais preocupado com a violência. Porém, frisam, se a violência cair, o que pode não ocorrer no curto prazo, tendem a perder um pouco de sua vitalidade política. Os profissionais formulam uma tese parecida, assim sintetizada: Waldir Soares atrai um eleitorado que exige medidas duras na área de segurança — ações sem contemplação contra os criminosos —, enquanto Adriana Accorsi atrai um eleitorado que, embora queira que o problema da violência seja resolvido, não aprecia que a polícia seja excessiva no combate ao crime. Por dois motivos. Primeiro, porque são humanistas. Segundo, porque avaliam que uma polícia violenta começa agredindo criminosos e, em seguida, estará agredido qualquer pessoa.
A conclusão dos marqueteiros e pesquisadores é: o discurso de Waldir Soares tende, ao menos num primeiro momento, a atrair um maior número de eleitores. Porém, se Adriana Accorsi conseguir apresentar uma tese bem formulada — do tipo “violência gera mais violência” —, e se a tese for assimilada pela sociedade, sobretudo pelas classes médias, é possível que acabe por retirar votos do delegado-deputado. As classes médias, embora assustada com a violência, temem apoiar candidatos tidos como “excessivos”, autores da tese de que, com ações violentas — e não necessariamente de Inteligência —, pode se resolver o problema da criminalidade.

O senador Wilder Morais definiu que seu aliado prioritário nas eleições de 2016 será o PSDB do governador Marconi Perillo. Por isso, em visita a Catalão, definiu o apoio do partido que preside em Goiás, o PP, à reeleição do prefeito Jardel Sebba, do PSDB. O pepista frisa que o apoia porque se trata de um político e gestor moderno. Recebido pelo prefeito e pelo deputado estadual Gustavo Sebba, do PSDB, Wilder Morais disse que vai se empenhar para que a presidente Dilma Rousseff — o parlamentar participa de sua base política nacional — oficialize, em caráter definitivo, o campus local como Universidade Federal de Catalão.
Ao se encontrar com o presidente nacional do PHS, Eduardo Machado, em Brasília, na Câmara dos Deputados, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, disse que não apoia nenhum dos caciques do PSDB — “a turma do Sudeste” — para presidente da República. O ex-senador do Amazonas e diplomata de carreira sublinhou que apoia o governador de Goiás, Marconi Perillo, para presidente ou vice-presidente da República. Arthur Virgílio avalia que Marconi Perillo é um “sopro de renovação qualitativa” no PSDB. Por isso o apoio explícito e antecipado.

[caption id="attachment_54690" align="alignright" width="620"] Benedito Torres. | Foto-André Costa[/caption]
A eleição para procurador-geral de Justiça de Goiás será realizada daqui a um ano, em março de 2017, mas procuradores e promotores já estão se movimentando.
O favorito para a disputa do comando do Ministério Público de Goiás é o procurador Benedito Torres.
O promotor José Carlos Nery é o nome que tende a ser bancado pelo procurador-geral de Justiça, Lauro Machado Nogueira. Nery e Torres são amigos e, por isso, podem compor.
Ana Maria, ligada a Lauro Machado, é outra promotora que tem chance de disputar a presidência da Procuradoria-Geral.
Apontado como “competente”, Rodney da Silva é lembrado. Mas promotores garantem “que não tem de ganhar, porque é de outro Estado”.
[caption id="attachment_57158" align="alignright" width="620"] Foto: ABr[/caption]
O deputado Waldir Delegado Soares tem uma história limpa. Não há nada que o desabone. Mas sua filiação ao PR de Valdemar Costa Neto, um dos reis do mensalão — condenado pela Justiça —, pode atrapalhar sua campanha, sobretudo quando, em debates, falar de ética. Como um candidato que defende tanto a moralidade na condução da coisa pública pode aliar-se a um político como Costa Neto? O delegado será perguntado a respeito com frequência, o que poderá desviá-lo de apresentar suas propostas para administrar Goiânia. Ele poderá dizer: “Estou chegando agora e não tenho nada com a história do partido”. Não é uma resposta ruim, mas o eleitor pode não aceitá-la.

[caption id="attachment_60175" align="alignright" width="620"] Deputado federal Waldir Soares e deputada federal Magda Mofatto | Foto: Larissa Quixabeira \ Jornal Opção[/caption]
Os luas azuis do Palácio das Esmeraldas e do Palácio Pedro Ludovico estão monitorando — para verificar a correlação de forças que está sendo articulada para 2016 e, por consequência, para 2018 — as articulações políticas em todo o Estado. O que se descobriu de mais surpreendente: a política hoje com mais presença nas várias regiões de Goiás é a deputada federal Magda Mofatto (seguida, de perto, pela senadora Lúcia Vânia, do PSB). A intelligentsia tucana detectou que a presidente do PR está montando uma base, a um só tempo ampla e sólida, com o objetivo de disputar o Senado em 2018. Depois de operar em cidades pequenas e médias, a parlamentar voltou-se para as cidades mais importantes, quer dizer, as que têm maior eleitorado. Em Goiânia, depois de jogar pesado, levou o passe do deputado federal Waldir Delegado Soares. Com uma só tacada, pôs os pés na cidade que tem o maior eleitorado no Estado e, sobretudo, influencia praticamente todos os demais municípios.
[caption id="attachment_60237" align="alignright" width="371"] Renan Calheiros e Eduardo Cunha: os dois líderes do PMDB nacional podem ser “usados” contra Iris Rezende em Goiânia[/caption]
Dois petistas disseram ao Jornal Opção, na semana passada, que, se o candidato do PT for atacado pelo possível candidato do PMDB a prefeito de Goiânia, Iris Rezende, o contra-ataque será duro e em duas direções. Se o peemedebista depreciar a gestão do prefeito Paulo Garcia, o PT vai abrir a caixa preta da gestão de Iris Rezende, evidenciando que deixou dívidas impagáveis — ao menos 1 bilhão de reais — e pavimentou a cidade com asfalto que os engenheiros chamam de sonrisal. Quando a crítica envolver questões morais do PT em termos nacionais, os luas vermelhas vão rememorar o histórico do PMDB goiano — como a história do caso Caixego, Astrográfica e a venda da usina de Cachoeira Dourada — e vão citar as ações da dupla dinâmica Renan “Batman” Calheiros, presidente do Senado, e Eduardo “Robin” Cunha, presidente da Câmara dos Deputados. Os malfeitos locais e nacionais do PMDB serão catalogados e expostos sem dó nem piedade.

[caption id="attachment_59993" align="alignright" width="620"] Deputado estadual Santana Gomes (PSL), ao defender o governador Marconi Perillo (PSDB) na tribuna da Assembleia, chamou por várias vezes o parlamentar Major Araújo de "Marajá Araújo"[/caption]
O que se comenta na Assembleia Legislativa é que o intimorato deputado Santana Gomes conseguiu finalmente enquadrar o Major Araújo.
Santana Gomes chama o adversário de “Marajá” Araújo. Não tem sido respondido à altura. Não se sabe por qual motivo o militar o teme tanto.
A reeleição dos prefeitos Jardel Sebba, de Catalão, e Jânio Darrot, de Trindade, é prioridade na agenda política do governador Marconi Perillo. Os três, filiados ao PSDB, são amigos e aliados. Os dois gestores receberam prefeituras com vários tipos de problemas, inclusive financeiros. Com contenção de despesas, organizaram a máquina pública. Se reeleitos, poderão deslanchar.