O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, afirma que defender Dilma no Rio Grande do Sul é suicídio

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PP significa Partido Progressista, na teoria, e Partido do Poder, na prática. Seus políticos, experimentados, sentem o cheiro de baile da Ilha Fiscal e querem chegar a tempo de pegar o barco em boas condições. Lutam para voltar à terra firme — longe do maremoto Corruptobrás. Noutras palavras, não quer participar do petecídio da presidente Dilma Rousseff e do petecídio eleitoral de 2 de outubro. Mais de dez parlamentares foram ao gabinete do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (na foto, com o senador Wilder Morais), do Piauí. Eles clamam para que o PP saia do governo petista antes que, eleitoralmente, antes que seja tarde. Mais do que clamam — pressionam.

Um documento com a assinatura de 22 deputados federais e quatro senadores (o goiano Wilder Morais é uma das vozes mais ativas na defesa do impeachment) foi entregue ao presidente Ciro Nogueira. O texto pede a convocação do diretório nacional para decidir, o mais rápido possível, a saída da base da presidente Dilma Rousseff. A pressão maior vem do Sul do país, principalmente do Rio Grande do Sul, onde o eleitorado rejeita o PT de maneira radical. “Eu estou consciente de que se o Luís Carlos Heinze, o Jerônimo Georgen e o Luís Antônio Covatti forem defender a Dilma no Rio Grande do Sul é suicídio político”, disse Ciro Nogueira aos parlamentares. O deputado federal Sandes Júnior (na foto abaixo, com Ciro Nogueira e o prefeito de Caldas Novas, Evandro Magal), de Goiás, é favorável ao impeachment.

O Palácio do Planalto “balançou” com as declarações do presidente do PP — interpretadas por alguns como pressão por cargos ou liberação de emendas. Mas agora pode ser outra coisa: os integrantes do PP estariam sentindo que o governo do PT está morrendo e não querem que os eleitores de seus Estados vejam que estão segurando a alça do caixão. O PP tem 49 deputados e o dilmistas acreditam que pelo menos 20 deles são “leais” e poderiam votar contra o impeachment. Mas isto se ficarem no governo. Se o partido decidir pelo rompimento, os votos acabarão sendo todos pelo impeachment.

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Os parlamentares pressionam Ciro Nogueira para que o PP tome uma decisão pelo rompimento com Dilma Rousseff antes do rompimento do PMDB — que, na prática, já está rompido com o governo federal, só não entregou os cargos, porque, como afirma um deputado, “ninguém é de ferro” e “cargos não fazem mal a ninguém”.

Ciro Nogueira frisa que quer levar uma posição única para o encontro nacional do PP. “O pior é irmos para um encontro desses para fazer embate. Estamos em um processo de unificação. O desembarque do PMDB vai ser decisivo e vai criar um clima muito favorável ao impeachment. Vou ser franco: a situação está ficando insustentável. Sinto que, na Câmara, ainda temos uma maioria pró-governo, mas muito dependente da minha opinião”, sublinha o presidente do PP.

O deputado federal Esperidião Amim, de Santa Catarina, defende a ruptura já com o governo do PT: “Ninguém mais pode esconder, temos um agravamento da crise política e os acontecimentos não ajudaram a refrear isso”.

O petecídio é pra valer, mas os aliados do PT não quer pular do precipício juntos.