Por Cezar Santos

Peça orçamentária do Estado evidencia transição de governo e mostra que pré-candidato tucano foca com responsabilidade os próximos quatro anos da administração

Lula da Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Marina Silva, Jair Bolsonaro e João Doria se movimentam de forma franca

[caption id="attachment_44208" align="aligncenter" width="620"] O procurador Rodrigo Janot deseja que o Supremo Tribunal Federal remeta inquérito contra o ex-presidente Lula para a Justiça Federal, em Curitiba José Cruz/Agência Brasil[/caption]
A autogravação do criminoso Joesley Batista com o auxiliar Ricardo Saud não deixa dúvida de que o (ainda) procurador-geral da República, Rodrigo Janot, participou ou foi no mínimo imprudente na armação de uma armadilha para o presidente Michel Temer. Pelo que se pode depreender da conversa de Joesley e Saud, a gravação que o empresário fez com Temer para depois delatar o presidente foi induzida, orientada e instruída pela Procuradoria, tarefa que ficou a cargo de um de seus procuradores, Marcelo Miller.
Janot foi a público negar o inegável, mas o estrago foi feito. Sua credibilidade nas denúncias conta o presidente Michel Temer sofreu sério abalo e se fala muito em anulação da delação dos irmãos Batista contra o presidente da República.
Mônica Bergamo anotou em sua coluna na Folha de S.Paulo, de quarta-feira, 6:
"O clima azedou no STF (Supremo Tribunal Federal) em relação à J&F. Pelo menos três ministros defendem o cancelamento imediato da delação premiada da empresa, firmado em maio com o Ministério Público Federal", diz ela.
"Os magistrados acreditam inclusive que não é necessário esperar por uma iniciativa da PGR (Procuradoria-Geral da República) para que isso seja feito. Basta que algum magistrado da corte levante a questão."
Mas nesse imbróglio vem se somar mais um episódio que causa estranheza. A denúncia de Rodrigo Janot por formação de uma organização criminosa pelo PT no âmbito da Lava Jato nos mandatos presidenciais dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
A denúncia foi feita no dia seguinte ao estouro do escândalo da autogravação de Joesley em conversas comprometedoras com seu auxiliar. O procurador-geral da República descreveu pagamentos de vantagens indevidas a Lula em valores que, somados, chegam a R$ 230 milhões, como contrapartida a favorecimento de empresas como a Odebrecht e a OAS em contratos. Janot descreve Lula como “grande idealizador” da organização criminosa formada no governo federal para desvio de recursos relacionados à Petrobrás.
Instituto Lula
Reproduzo texto do “Estadão” (quarta-feira, 6):
Parte dos recursos que a PGR afirma que Lula recebeu de propina estão relacionados à aquisição do imóvel onde está instalado o Instituto Lula, no valor de R$ 12,4 milhões, e também à compra do apartamento dele em São Bernardo do Campo-SP, no valor de R$ 504 mil que teriam sido fornecidos pela Odebrecht.
Além disso, Lula teria recebido da OAS e da Odebrecht propina “feita por meio do custeio de reformas em sítio localizado em Atibaia/SP, sobre a qual detinha a posse direta, nos respectivos valores concedidos por aquelas empresas de R$ 170.000,00 e R$ 700.000,00, montantes que também foram objeto de dissimulação, ocultação da sua origem, movimentação, disposição e propriedade.
No total, em relação à OAS, Janot afirma que foram feitos pagamentos no valor de R$ 27 milhões ao ex-presidente para favorecer a construtora em contratos em obras em Alagoas, Pernambuco, Amazonas e Rio de Janeiro, entre 2004 e 2012.
Em dois momentos, Janot faz uma listagem de valores multimilionários que Lula teria recebido da Odebrecht de forma indevida. Primeiro, Janot diz que o ex-presidente recebeu entre 2004 e 2012 o R$ 128,1 milhões para contratos na Refinaria do Nordeste, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), entre 2004 e 2012.
Mais adiante na denúncia, Janot aponta que Lula recebeu R$ 75,4 milhões em contratos relacionados à Refinaria Getúlio Vargas, a serviços de terraplenagem da área de construção e montagem da Refinaria do Nordeste, e a outros serviços de terraplenagem, drenagem e anel viário da área do Comperj, além da execução de obras de construção e montagem no Terminal de Cabiúnas, em Campos-RJ, e no Gasoduto Cabiúnas (GASDUC III).
“Apesar de não estar mais à frente da Presidência da República, Lula mantinha forte influência nos rumos do governo Dilma, além de ser uma pessoa influente perante outras autoridades estrangeiras, especialmente na América Latina e na África, países em que a Odebrecht tinha forte interesse. Por essa razão, os pagamentos de propina diretamente para Lula não cessaram após sua saída do governo”, destacou Janot.
Descrição precisa
Volto. A descrição de Janot quanto a Lula ser que “grande idealizador” da organização criminosa que o PT e seus aliados formaram para assaltar o erário é precisa. Mas causa estranheza que a denúncia tenha sido feita exata e justamente no momento em que o procurador-geral se vê abalado com a patranha da autogravação de Joesley e seu auxiliar Ricardo Saud.
Janot sabe que sua credibilidade foi para o ralo. E fez a denúncia contra Lula e sua quadrilha na tentativa de salvar um pouco dessa credibilidade perdida. Pelo jeito, ele já tinha os elementos necessários para denunciar Lula há muito tempo e não o fez antes por conveniência, uma vez que não queria desviar o foco que lhe interessava, que sempre foi Michel Temer.
O que nos leva a pensar qual o motivo dessa seleção? Por que ter centrado fogo em Temer e ter deixado de lado Lula e companhia?
Nessa altura, com o que já se sabia e com o que se confirmou nos áudios desastrados de Joesley com Saud, as respostas a essas questões correm ao sabor da imaginação e quaisquer que sejam não são propriamente positivas para o procurador-geral.
Mas o fato é que só agora, um dia depois de vir a público a armação contra Temer, é que Janot denuncia o petista.
Se demorou tanto, não precisava que essa denúncia fosse feita neste momento. A prudência recomenda que se deixasse para a próxima procuradora-geral, Raquel Dodge, que assume no dia 18, encaminhar a denúncia.
Posso arriscar uma hipótese, por sinal, das menos danosas ao procurador-geral. Janot tentou ser “esperto”, raciocinou que investindo contra Lula, sobre quem são fartas as evidências e provas de crimes em série, sua dignidade de procurador-geral isento estaria preservada. Ele mostraria que caça Michel Temer, sim, mas também caça Lula da Silva.
O estratagema de Janot vai funcionar? A opinião pública vai engolir o caldo servido por Rodrigo Janot?
A imagem é impressionante. Malas e caixas de dinheiro mocozados num apartamento que o peemedebista Geddel Vieira Lima — ministro de todos os governos, sustentáculo parlamentar de todos os governos — usava em Salvador (BA).
Registra a imprensa que os R$ 51 milhões representam a maior quantidade de dinheiro vivo apreendido na história do Brasil, segundo a Polícia Federal. Tantas cédulas que policiais levaram 14 horas para contabilizar todas, mesmo usando sete máquinas de contagem de notas. No total, foram registrados R$ 42.643.500,00 e US$ 2.688.000,00. O dinheiro seria depositado em uma conta judicial.
A dinheirama lembra as grandes apreensões realizadas fora do Brasil contra cartéis de drogas da Colômbia e do México.
E pensar que em todo o Brasil postos de saúde estão desaparelhados, escolas estão funcionando em péssimas condições, falta água tratada em muitas cidades, mais de 50% da população brasileira não tem acesso a saneamento básico, falta dinheiro para pesquisas, e por aí vai a lista de precariedades da nossa realidade.
O dinheiro para suprir muito dessa precariedade está mocozado pelos Geddels da política brasileira e eles são muitos.

[caption id="attachment_104212" align="alignright" width="620"] Empresário Joesley Batista: criminoso confesso está livre para usufruir a boa vida conquistada com dinheiro público[/caption]
Reportagem de Thaís Oyama, da “Veja” (de quinta-feira, 31 de agosto), conta que o empresário Joesley Batista ainda não tem coragem de sair de casa. Isso, passados quatro meses depois de ter acusado 1.829 candidatos eleitos (incluindo um presidente e uma ex-presidente da República) de receber propina de sua empresa, a JBS.
Joesley disse que não está pronto para fazer o “teste da rua” e acha que, hoje, sua imagem é a de alguém que cometeu uma série de crimes e não foi punido. O empresário disse esperar que suas informações ajudem a desmontar novos esquemas de corrupção. “Na hora em que os nossos anexos começarem a revelar outras organizações criminosas, aí talvez a sociedade vá olhar e dizer: ‘Pô, o Joesley teve a imunidade, mas olha como ele ajudou a desbaratar a corrupção’.”
Na entrevista, em pingue-pongue, o goiano relata como se deu conta de que levava uma vida de crimes e diz que desconfia que o governo de Michel Temer operava para impedir sua delação.
Volto a uma colocação do criminoso confesso Joesley Batista, de que sua imagem é a de alguém que cometeu uma série de crimes e não foi punido. Ele diz isso como se achasse injusta a avaliação. Mas está redondamente enganado.
Joesley é sim um criminoso que, até o momento, cometeu o crime perfeito. O acordo de delação que ele fez com o procurador-geral Rodrigo Janot é fora da compreensão de quem é honesto. Roubou, corrompeu e está livre para gozar a boa vida comprada com dinheiro público.
Sem contar o fato de que até agora ele vem delatando apenas Michel Temer, portanto, livrando Lula da Silva e Dilma Rousseff, os dois que lhe entregaram bilhões de dólares do povo brasileiro a juros de pai para filho. O empresário se comporta como se fosse um justiceiro que mereça aplausos do povo.
Não, senhor Joesley, o senhor não merece aplauso. Merece, sim, o opróbio, o desprezo de quem foi ludibriado por você e sua corja de políticos corruptos.

Alta no PIB, mesmo minúscula, e crescimento no consumo das famílias após 9 trimestres seguidos de queda dão alento à economia

Quem ganhar a eleição no ano que vem, seja da base aliada ou da oposição, não terá como fugir muito do que Marconi Perillo vem fazendo

Déficit primário no mês foi de R$ 20,15 bilhões, conforme o Tesouro Nacional

Ex-juiz Márlon Reis diz que operação Lava Jato, que está colocando poderosos na cadeia, não teria sido possível sem a lei que ele idealizou

Alternativa se daria pela dificuldade do senador em articular candidatura com apoio do PMDB, que está rachado mas tem pré-candidato próprio, que é o próprio presidente da sigla

Parlamentares tucanos se reúnem na casa do deputado Giuseppe Vecci; eles querem renúncia ou substituição de Tasso Jereissati no comando da sigla

Fernando Coelho Filho informa que a proposta vai ser entregue nesta quarta-feira (23) para o Programa de Parcerias de Investimento (PPI)

Começou em 2007, quando o PFL (Partido da Frente Liberal) virou Democratas, ou DEM como é mais conhecido. Há uns três anos, a Rede Sustentabilidade ficou somente Rede. Em 2013, o Partido da Solidariedade virou apenas Solidariedade. Há poucas semanas, veio o Podemos, metamorfoseado do PTN (Partido Trabalhista Nacional), um dos partidos mais antigos do país, com 72 anos. O PSL (Partido Social Liberal), quer se tornar o Livres. Até mesmo o velho PMDB quer mudar o nome. Ainda não há pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou sequer uma aprovação interna, mas o senador Romero Jucá (RR), líder do governo no Senado, apresentou uma proposta para o partido voltar a se chamar MDB, sigla que dava nome ao partido nos tempos em que ele se posicionava contra a ditadura militar. Jucá também falou que o partido poder virar apenas Movimento. Avante e Livres são nomes desconhecidos do eleitorado, mas que devem estar na disputa eleitoral em 2018. O que se percebe é o cuidado de tirar a palavra partido. É permitido, desde a alteração da Lei dos Partidos Políticos, em 1995. A revista “Carta Capital” da semana passada trouxe reportagem sobre o tema. Ouviu a cientista política Jacqueline Quare-semin de Oliveira, especialista em pesquisa de opinião, mercado, mídia e política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). “O que eles (partidos) estão fazendo é usar a estratégia que o mercado utiliza. Sempre que uma empresa quer se modernizar ou tem problemas com seus clientes, elas se reposicionam.” A mudança, porém, diz a cientista, encerra perigo. “Eles não querem ser identificados como partidos, mas isso é um equívoco. Partidos não são produtos, embora muitas vezes ajam como tal, deixando de lado os projetos de políticas públicas. A mudança de nome de alguns pode ser equivocada, pois sua história, militantes, fatos, memórias, compõem a identidade do partido”, lembra. Para Jacqueline, renegar a própria história para atrair público é um erro. “Negando sua ideologia podem acabar perdendo a identidade”, afirma. Por outro lado, a cientista política lembra que numa sociedade de consumo é compreensível que os partidos tentem acompanhar determinadas correntes, mas a política é um campo mais conceitual. “Quando uma marca se reposiciona ela mantém sua história, e os partidos têm princípios e projetos que também deveriam ser preservados.” O resumo disso é que as siglas partidárias estão profundamente desgastadas. Praticamente todas elas têm seus líderes envolvidos em falcatruas. Daí a razão da tentativa de mudar o nome. Como se, rebatizadas, voltassem a ser limpas, assépticas, e, portanto, cairiam de novo nas graças do eleitor — se é que estiveram algum dia. Os adeptos da mudança de nome não se dão conta de que o porco, se deixar de ser chamado porco, continuará sendo porco.

Com a carga da PGR e da imprensa sobre Michel Temer, estava parecendo que os petistas nunca tiveram nada com a escalada de roubo ao erário nos últimos 13 anos

Em duas páginas de entrevista ao Diário da Manhã, presidente do DEM goiano não consegue dizer de forma clara o que fez de relevante para o Estado