Por Cezar Santos

Presidente intensifica o corpo a corpo com parlamentares e transforma Palácio do Planalto em “puxadinho” do Congresso

[caption id="attachment_100032" align="aligncenter" width="620"] Michel Temer: neste momento um mal menor no cenário político[/caption]
A saída do presidente Michel Temer seria uma falsa solução. Ele ficando ou saindo, a economia seguirá aos altos e baixos. Mas os indicadores mostram que, ele saindo, talvez as coisas se agravem mais. Neste momento, Temer é o mal menor, o que mostra o grau de derrisão da política nacional.
A classe política brasileira é lastimável, em sua maioria. E todos os males que ela nos poderia causar foram potencializados quando o PT chegou ao poder e institucionalizou a corrupção como forma de gerir (?) a coisa pública.
O Brasil vive uma crise política talvez sem precedentes. Não adianta dizer que as coisas não são tão ruins assim porque “as instituições estão funcionando”. Sim, as instituições estão funcionando, mas funcionam disfuncionalmente, ao sabor de conveniências, de arranjos, de conchavos. E sabemos que conveniências, arranjos e conchavos quase nunca são benéficos a quem paga a conta, o verdadeiro patrão, o povo.
O jornalista e ex-deputado federal Fernando Gabeira, um ex-petista que deixou o PT ao ficar inquestionável o naufrágio ético de Lula da Silva e sua turma, escreveu um artigo interessante, publicado na sexta-feira, 14, no “Estadão”.
Gabeira, homem de esquerda, é uma das mentes mais lúcidas na análise da política brasileira. Em seu texto, usando a metáfora da luz e da escuridão para analisar o momento político brasileiro, ele diz que as luzes só voltarão totalmente no Congresso depois das eleições de 2018.
“Daqui até lá teremos de nos acostumar com a penumbra. A realidade histórica obrigou-nos a derrubar presidentes com uma frequência maior. A repetição nos obriga também a um espetáculo constrangedor, os deputados se sucedendo na tribuna: voto sim pela família, pelos netos, pelo marido, por sua cidade natal e o pelo coronel Brilhante Ustra.
Estamos no caminho dessa desse velho enredo. Sempre se diz no final que a sociedade se surpreendeu com o nível de seu Congresso. A chance de evitar as surpresas que se repetem, apesar de tudo, está concentrada na capacidade social de mudar o quadro em 2018.”
Gabeira conta que ao ser perguntado sobre o que esperava do eventual sucessor de Temer nesse período de transição, respondeu nada. “Aos poucos fui obrigado a precisar esse nada. Basta que toque a máquina do Estado, num momento em que muitos setores ameaçam entrar em colapso.”
Ele espera que basta que o Congresso tenha aprovado a reforma mais negociável, que é a do trabalho. Na política, que ao menos reduza o número de partidos.
E que o Congresso fique na penumbra, o que não significa opacidade, porque a transparência é uma conquista. “Seria apenas uma forma de não atrapalhar mais a recuperação econômica, evitar os sobressaltos dedicando-se a projetos que não tem mais legitimidade para aprovar. Isso talvez possa liberar alguma energia social. Perdemos muito tempo ouvindo discursos, dispersamo-nos muito com as nuvens da política.”
Não há dúvida de que a mensagem de Fernando Gabeira é de desalento, mas encerrando alguma esperança.
“Até que amanheça. Com sol ou nublado, radiante ou cinzento, mas amanheça. Foi muito longo o período de decomposição do processo político-partidário, ele tende a anestesiar, como os tiroteios do Rio e a sucessão de mortes de crianças alvejadas em casa, na escola, no carro e até na barriga da mãe... As eleições em período de desencanto político costumam marcar novas etapas...”
Esperemos que venham etapas melhores.

O cidadão comum, que paga seus impostos e cumpre suas obrigações, pôde perceber que poderosos também são alcançáveis pelos braços da lei

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Adversário de Iris Rezende no primeiro turno da eleição passada, deputado do PSD constata falta de ousadia na administração do peemedebista, principalmente nas áreas de mobilidade e saúde
[caption id="attachment_89312" align="alignleft" width="620"] Francisco Júnior: “Mobilidade urbana e saúde continuam sem soluções” | Foto: Arquivo / Jornal Opção[/caption]
Na sexta-feira, 7, o prefeito Iris Rezende abriu o terceiro mutirão da sua atual gestão, em estrutura montada no Parque Municipal Campininha das Flores, no Bairro de Campinas, aproveitando o aniversário do setor. Mutirão é uma forma de levar ações e serviços para a população, o que é útil, mas é também um recurso antiquado e ultrapassado num contexto de modernidade.
A cidade precisa de soluções estruturadas, principalmente em questões cruciais como mobilidade urbana, saúde e educação. Mas soluções estruturadas, em consonância com o moderno ferramental tecnológico, é o que não se vê na gestão de Iris Rezende. Mais que isso, a administração do decano peemedebista está “patinando” na falta de resolutividade.
A constatação é do deputado estadual Francisco Júnior, do PSD, um dos adversários de Iris Rezende na eleição do ano passado. Francisco não passou para o segundo turno, mas seu plano de governo alcançou grande repercussão, numa evidência concreta de que suas propostas estavam ganhando aceitação por parte dos eleitores. O pessedista, que figurava na maior parte das pesquisas em quinto lugar, cresceu e chegou a superar a candidata do PT, Adriana Accorsi, apoiada pelo então prefeito Paulo Garcia, e que teve a máquina da Prefeitura ao seu dispor.
Francisco Júnior faz uma avaliação crítica, mas realista, da gestão de Iris Rezende. Lembra que, na campanha, o peemedebista se compromissou com várias ações que agora não estão sendo realizadas. Ele destaca especialmente duas áreas, a saúde e transporte/trânsito, em que a situação continua como antes. “Aliás, o que vemos nessas áreas são problemas.”
Francisco avalia que o prefeito deve estar tentando: “A gente vê na imprensa uma ou outra notícia, mas não percebemos ainda o resultado de melhoria dos serviços para a população. Na verdade, a administração de Goiânia está patinando”, avalia o deputado.
Ele lembra que essas áreas que já estavam mapeadas como problemáticas na campanha. Diante dessa constatação, cabe a pergunta: O que Francisco Júnior estaria fazendo de diferente de Iris se tivesse sido eleito?
“Dentro do nosso plano de governo tínhamos ações previstas nessas áreas. Na mobilidade, tínhamos um programa de investimento. Eu defendo que parte do transporte público seja subsidiado, financiado pelo carro. É preciso fazer a gestão do estacionamento, a gestão do carro na cidade. É preciso uma definição clara da aplicação dos recursos provenientes das multas na educação do trânsito, mas também no financiamento da mobilidade, dos investimentos necessários”, diz o parlamentar.
Ao mesmo tempo – afirma o deputado -- é necessário rever a aplicação dos contratos do transporte. “Vê-se na imprensa, constantemente, que as empresas não estão cumprindo o contratado. É preciso verificar como está o cumprimento dos contratos, a manutenção dos terminais, a qualidade, o conforto, a segurança. E daí é preciso investir nisso, para causar impacto direto na mobilidade.”
Falta estímulo à bicileta
O deputado faz algumas perguntas diretamente relacionadas à questão: Cadê o estímulo ao transporte compartilhado? Cadê o investimento em modais alternativos? Onde o estímulo mais inteligente no uso da bicicleta, para que ela substitua pelo menos um trecho do ônibus? O cadê o estímulo ao uso da bicicleta na periferia e não só no centro da cidade?
Segundo o parlamentar, Iris Rezende deveria fazer uma revisão do consórcio intermunicipal de transporte, das linhas, das demandas. “Falta pesquisa do uso das linhas, para mapear a questão de origem e destino, o que pode racionalizar o sistema. Essas coisas, eu não sei se está acontecendo, não vi divulgação. Mas isso fazia parte do nosso plano de governo.”
Francisco Júnior discorre também sobre o outro nó administrativo, a saúde. Lembra que tinha o projeto Mais, que preconizava mais rapidez e mais qualidade no atendimento. O sentido, explica, era otimizar os recursos, investindo em central de exames, racionalizando a carga horária dos médicos.
O plano do PSD era fazer uma integração da saúde com a mobilidade para facilitar o acesso, entre outras ações, para acabar com as filas. Mais transparência na divulgação das vagas – e até há um projeto na Assembleia nesse sentido.
“Prevíamos um investimento significativo no primeiro biênio em saúde, para causar impacto mesmo no setor. Entendemos que isso é necessário, inclusive com parcerias com a saúde privada, para diminuir as filas. São alguns exemplos. E o fato é que não vejo nada disso na gestão atual. Lamentavelmente, a saúde continua tão deficiente quanto antes”, diz o deputado.
Tem de sair da redoma
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Luiz Bittencourt: “Cidade em caos” | Foto: Arquivo / Jornal Opção[/caption]
Com mandatos de deputado estadual e federal no currículo, o engenheiro Luiz Bittencourt (PTB), político que já disputou a Prefeitura de Goiânia e que tem um profundo conhecimento da cidade, também é crítico da gestão de Iris Rezende. Ele diz que, em resumo, Iris teria de melhorar a cidade já no primeiro dia de gestão, o que não fez nestes seis meses de governo. “A verdade é essa. Não vale a desculpa de que pegou a cidade em situação financeira difícil, e que foi eleito para administrar por quatro anos e ainda só tem seis meses. Isso é um chavão.”
Segundo Bittencourt, o prefeito tem de “sair da redoma”. Iris ganhou e se isolou, afirma, nem tem líder na Câmara, não conversa com os vereadores. “Ele tem de sair da redoma e resolver os problemas, ter humildade para ouvir as pessoas na busca de soluções, ouvir o que as pessoas estão falando.”
O ex-deputado não tem dúvida em dizer que a cidade está um caos no trânsito. A crítica se estende também à saúde, que “está ruim demais”. Igualmente complicado, diz, é a área da educação das crianças. “Os professores e servidores da educação estão defasados. E há muita burocracia, muitos impostos. Iris tem de cumprir os compromissos de campanha, fazer o que disse que iria fazer.”
Segundo Luiz Bittencourt, o peemedebista não cumpriu nada do que prometeu. “E ele poderia ter tomado uma série de medidas já no primeiro dia de mandato. Modelo de gestão hoje tem de ser dinâmico, ágil. E Iris Rezende não está atento a isso. Ele não percebeu que tem de fazer as coisas acontecerem. Como não está fazendo, a cidade continua no caos. Infelizmente, essa é a nossa realidade.” l

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O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa tem sido sondado para disputar a Presidência da República. Já foi procurado por vários partidos, mas se mostra relutante, tipo “sem querer querendo”. Na semana passada, um grupo de artistas tentou convencê-lo a mudar de ideia.
Barbosa continuou relutante, alegou que não tem recursos próprios ou um financiador para fazer uma campanha. E em determinado momento, tocou na questão racial e questionou: “Será que o Brasil está preparado para ter um presidente negro?”
Barbosa mostrou desconhecimento da história brasileira. Não era um negro retinto, digamos, mas o País teve um presidente mulato, Nilo Peçanha (1867-1924), de origem pobre, filho de padeiro. As redes sociais não perdoaram na ironia fina.

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