Temer escolhe goiana para substituir Rodrigo Janot na PGR
29 junho 2017 às 08h19

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Presidente ignora mais votado de lista tríplice e indica subprocuradora Raquel Dodge, nascida em Morrinhos

A goiana de Morrinhos Raquel Dodge foi anunciada na noite dessa quarta-feira (28/6) como a substituta de Rodrigo Janot, no comando da Procuradoria-Geral da República. Em uma lista de três nomes, o presidente Michel Temer (PMDB) decidiu-se pela subprocuradora, tida como rival de Janot, para ocupar justamente a vaga dele na instituição. Raquel ficou em segundo lugar na lista.
O anúncio ocorreu um dia depois de o presidente fazer um pronunciamento com duras críticas a Rodrigo Janot, a quem acusou de buscar “revanche, destruição e vingança” ao denunciá-lo sob acusação de corrupção passiva. Temer pediu “provas concretas” de que cometeu qualquer ato ilícito e sugeriu que o objetivo da denúncia contra ele é “parar o país”.
A escolha da goiana para a PGR, que vinha sendo apontada como favorita dos aliados do presidente e contava com o apoio do ministro do STF Gilmar Mendes, culmina com o ataque aberto feito por Temer a Janot. No dia anterior, o peemedebista insinuou que o procurador-geral recebeu dinheiro por meio do ex-procurador Marcelo Miller, que deixou o Ministério Público Federal para atuar em um escritório de advocacia que negociou o acordo de leniência da JBS.
“Talvez os milhões de honorários recebidos não fossem apenas ao assessor de confiança [Miller], mas eu tenho responsabilidade e não farei ilações. Tenho a mais absoluta convicção de que não posso denunciar sem provas”, disse Temer, referindo-se ao ex-procurador como “homem da mais estrita confiança” de Janot.
Primeira mulher na PGR
Raquel Elias Ferreira Dodge é subprocuradora-geral da República e integra a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao consumidor e à ordem econômica. É membro do Conselho Superior do Ministério Público e foi coordenadora da Câmara Criminal do MPF. É Bacharel em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) e Mestre em Direito pela Universidade de Harvard. Ingressou no MPF em 1987.
Raquel Dodge será a primeira mulher a comandar a PGR, o que ocorerá a partir de setembro. Ela corre o risco de assumir o cargo em meio a um embate público entre o órgão e Temer, decorrente de a PGR ter fechado acordo de delação premiada com executivos da JBS e ter oferecido denúncia contra o presidente por corrupção passiva.
Sua escolha será muito criticada pela oposição, mas dos nomes da lista tríplice é a que tem o melhor currículo.