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Governador-tampão tem missão quase impossível: recuperar credibilidade do governo e conquistar prestígio capaz de influenciar no resultado das eleições. Uso da máquina já não será tão fácil como na era Siqueira Campos
Num ato preparatório para a formatação de um bloco de apoio à candidatura de Eduardo Campos (PSB) a presidente da República, realizado na quarta-feira, 21, na sede do PPS, em Goiânia, o presidente do PMDB metropolitano, vereador Mizair Lemes, disse que o partido poderá não apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff. O peemedebista alega que o PMDB apoiou Paulo Garcia (PT) para prefeito de Goiânia e Antônio Gomide (PT) para prefeito de Anápolis, mas, quando solicita, não recebe reciprocidade devida. Portanto, embora não esteja definido, é possível que o PMDB de Goiás troque Dilma Rousseff por Eduardo Campos. Mizair Lemes é um dos defensores da candidatura de Iris Rezende a governador.
Integrantes da base marconista e adeptos de Iris Rezende manifestam certo menosprezo com a candidatura do empresário, mas eles sabem que ela pode dar “canseira”
Para o empresário, duas coisas precisam acontecer “para ontem”: o grande líder Iris Rezende aceitar sair candidato ao Senado e o PT de Antônio Gomide desistir de candidatura própria

[caption id="attachment_3239" align="alignleft" width="166"] Iris Rezende: nome forte para a sucessão de Paulo Garcia[/caption]
Mesmo que Iris Rezende não demonstre muito entusiasmo, no seu bunker, que permanece cheio, porém menos motivado e mais lamentoso, há iristas que ensaiam uma resistência e insistem que o decano peemedebista, caso Júnior Friboi não emplaque, continua à disposição para a disputa do governo de Goiás.
Consultado pelo Jornal Opção, um pesquisador experimentado sugere que os iristas ensarilhem as armas e adotem outra tática. Porque as próximas pesquisas, sem o nome de Iris como referencial, tenderão a mostrar Friboi crescendo. O pesquisador acredita, até, que, brevemente, o empresário, dada sua imensa estrutura, deve superar o segundo colocado, Vanderlan Cardoso, do PSB.
Os iristas mais realistas já ensaiam outro discurso. Eles propõem que, como o prefeito petista Paulo Garcia está desgastado, Iris seja candidato a prefeito de Goiânia em 2016. Acredita-se que é o único nome que tem chance de derrotar a oposição.

Muitos veem na renúncia à pré-candidatura do maior líder peemedebista como melancólico grand finale em sua carreira política

Marcelo Miranda, Sandoval Cardoso e Marcelo Lelis são os nomes que mais cresceram. Eduardo Siqueira, Paulo Mourão e Roberto Pires podem surpreender. Ataídes Oliveira, Mário Lúcio Avelar e Júnior Coimbra deixam a desejar

[caption id="attachment_2698" align="alignleft" width="620"] Antônio Gomide, do PT, e Ronaldo Caiado, do DEM: o petista e o democrata são os principais objetos de desejo do PMDB de Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O PMDB, tanto o grupo de Iris Rezende quanto o de Júnior Friboi, torce, de manhã, à tarde e à noite, para que a base do governador Marconi Perillo “dispense” o deputado federal Ronaldo Caiado e o rejeite como candidato a senador. Os peemedebistas sugerem que uma candidatura-solo, em função de uma única candidatura, pode dinamitar o DEM. A maioria dos integrantes do partido apoiaria a reeleição do governador Marconi Perillo e deixaria seu principal líder na chapada — sem nenhuma estrutura consistente. O resultado é que, dependendo de como armará o seu jogo político, Caiado pode contribuir para praticamente extinguir o partido em Goiás, que hoje tem um deputado federal e um deputado estadual (Helio de Sousa).
A prioridade do PMDB não é, porém, Caiado, e sim Antônio Gomide, o pré-candidato a governador pelo PT. Acredita-se, entre os peemedebistas, que, na agora agá, Gomide aceitará compor com o peemedebismo, possivelmente como candidato a senador. Na semana passada, Gomide disse ao Jornal Opção que será candidato a governador e que não deixou a Prefeitura de Anápolis, a segunda mais importante de Goiás, para ser candidato a senador ou a vice.
O PMDB irista sugere que, de fato, não tem dinheiro para bancar uma campanha inflacionada. Mas acredita que, ao contrário de Friboi, tem mais chances de conquistar tanto Caiado quanto Gomide. Se candidato a governador, Iris, na opinião dos iristas, não teria dificuldade para compor com Caiado e este não teria dificuldade para compor com Iris. Os dois políticos se respeitam e mantêm um canal de conversação amigável. A chapa poderia ser a seguinte: Iris (governo), Friboi (vice) e Caiado (Senado) ou então Iris (governo), Friboi (vice) e Gomide (Senado).
Tanto Gomide quanto Caiado são refratários a Friboi. A resistência de Gomide ao empresário é político-ideológica. O PT teme ficar com a imagem de que foi “comprado”. Caiado, como representante do agronegócio, do ruralismo, dificilmente teria condições de apoiar o integrante da família que controla o frigorífico Friboi, o que tem mais contencioso com os pecuaristas de Goiás.
O pré-candidato do PT a governador de Goiás, Antônio Gomide, tem confidenciado que acha estranhíssimo o discurso de tucanos e peemedebistas. Um aliado do petista afirma que, mesmo adversários, tucanos e peemedebistas vêm dizendo que não podem deixar Gomide chegar ao segundo turno. “Porque, se chegar, leva a eleição, derrotando qualquer um.” O petista diz que Gomide, com estrutura próxima de zero, está melhorando seus índices nas pesquisas. “Antônio Roberto surpreende. Não tem dinheiro, não tem uma grande equipe para acompanhá-lo, mas está crescendo e deve mesmo surpreender na disputa de outubro.” Petistas de Goiânia admitem que, se chegar ao segundo turno, Gomide é mesmo muito forte. Um deles contrapõe: “Resta saber se chegará ao segundo turno. Porque, sem estrutura e, portanto, sem amarrar alianças partidárias sólidas, a tendência é sucumbir no primeiro turno. Aposto muito mais numa polarização entre Iris Rezende e Marconi Perillo”

Todas as expectativas eleitorais bancadas pelos institutos de pesquisa ficarão em banho-maria até julho chegar. E o destino da presidente Dilma Rousseff será o mais atingido, para o bem ou para o mal

Além de estar dividida, a oposição vai enfrentar um adversário que tem alentado cartel de realizações em obras e programas sociais

Com a responsabilidade de conduzir a eleição do novo governador depois da renúncia de Siqueira Campos e João Oliveira, a Assembleia Legislativa vira o centro do poder

Com um governo irreconhecível, ex-governador Siqueira Campos sacrifica mandato para tentar manter o seu grupo no poder. Inicialmente, saída foi saudada como jogada de mestre, mas agora há sérias dúvidas sobre isso

O grande líder aceita bater chapa com Júnior Friboi; a dúvida agora é se o empresário continuará com a maioria do partido, principalmente os pretensos candidatos proporcionais

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