Para o empresário, duas coisas precisam acontecer “para ontem”: o grande líder Iris Rezende aceitar sair candidato ao Senado e o PT de Antônio Gomide desistir de candidatura própria

Pré-candidato do PMDB ao governo estadual, Júnior Friboi precisa de Iris ao seu lado na campanha, mas o ex-prefeito resiste. Foto: Fernando Leite/Jornal Opção
Pré-candidato do PMDB ao governo estadual, Júnior Friboi precisa de Iris ao seu lado na campanha, mas o ex-prefeito resiste. Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

São dois dramas que vive o pré-candidato do PMDB ao governo estadual, Jú­nior Friboi. Primeiro, convencer Iris Rezende a integrar sua chapa, como candidato ao Senado. Segundo, atrair o PT para a aliança, para o que é necessário que Antônio Gomide desista de ser candidato ao governo.

São duas situações ainda sem ordem de prioridade para Friboi e seus seguidores, tanto faz uma como a outra acontecer primeiro. Qualquer uma delas reforçaria a possibilidade da outra acontecer. Mas uma delas, qualquer uma, tem de ocorrer o mais rapidamente possível. Só assim Friboi terá criado um fato político novo importante, capaz de assinalar de forma simbólica e efetiva que sua candidatura entrou nos trilhos.

Em busca de seus objetivos imediatos, Friboi foi a Brasília no início de semana passada, mais especificamente ao gabinete do vice-presidente da República, Michel Temer. O presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), também estava presente. Acompanhado dos deputados federais Leandro Vilela e Pedro Chaves, Friboi pediu a Temer e Raupp ajuda para convencer Iris a disputar o Senado.

O gesto de Júnior Friboi foi meio de desespero. Quem conhece Iris Rezende sabe que ele nunca aceitaria uma ingerência de cima. O grande líder peemedebista nunca precisou de ajuda de pistolões para tocar seus projetos políticos, portanto, não seria agora que pistolões o convenceriam disso ou daquilo. Certamente Friboi ouviu de Temer e de Raupp que os deixasse fora dessa, porque eles não têm como ajudar.

Na quinta-feira, 8, Friboi partiu para o ataque. Foi logo diretamente a Iris Rezende. No escritório político do ex-prefeito, no Setor Marista, depois de dizer por telefone que estava chegando, Friboi teve mais de uma hora de conversa e o assunto, como não poderia deixar de ser, a solicitação ao líder maior da sigla para sair candidato ao Senado. Iris disse o que já vem dizendo: a unidade do partido depende unicamente dele, Friboi. Em outras palavras, Iris disse: se vira, meu.

O ex-prefeito não esconde que está magoado com o desenrolar dos fatos, que o levaram a renunciar à pré-candidatura ao governo. Não tanto por Friboi, mas alguns dos chamados “luas pretas”, que ensaiaram um desprezo público a Iris Rezende. O líder não engoliu a desfeita — ou tentativa de.

Para piorar as coisas para o lado do empresário, a deputada federal Iris de Araújo se colocou em estado de beligerância total. Assim que Iris Rezende anunciou sua saída da pré-candidatura, a deputada não tem poupado alfinetadas ao grupo do empresário, atirando lascas também no PT. Ela é peremptória em dizer que o marido não será candidato ao Senado. E se não bastasse, reafirma sempre que possível que o ex-prefeito vai ficar à parte da campanha de Friboi.

O fato é que Júnior Friboi precisa logo que algo aconteça. O ideal seria que Iris anunciasse adesão ao projeto. Aí ele teria mais moral, digamos, para procurar o PT e Antônio Gomide. Se não desse certo com o PT, procuraria então Vanderlan Cardoso (PSB), com uma boa oferta de vice. E se ainda assim não desse certo, a deputada Flávia Morais (PDT) tem um belo perfil de vice-governadora.

O problema é que para Júnior Friboi dar algum desses passos, ele tem de estar cacifado por algo forte. Só a “estrutura” não adianta. Só o apoio de candidatos a candidatos proporcionais não resolve. Só o apoio de prefeitos não acelera o reconhecimento do pré-candidato com o eleitorado. Iris tem de estar integrado no projeto friboizistas. E o motivo é simples: Friboi sabe que sem Iris sua candidatura é um barquinho frágil na procela.
O tempo urge para Júnior Friboi. Alguma coisa tem de acontecer. Logo.

“Tem de conversar com o nacional e com o local”

Um dos mais próximos e fiéis companheiros de Júnior Friboi, o deputado estadual Francisco Gedda (PT) não endossa a tese de que seu aliado esteja desesperado, quando via a Brasília atrás de Michel Temer para tentar resolver problema local de unidade do PMDB. Pelo contrário, Gedda afirma que é normal esse processo de busca de diálogo.

Segundo Gedda, Júnior tem sim de procurar o pessoal da nacional, assim como tem de procurar o pessoal de Goiás. “A partir do momento em que ele assume uma candidatura ao governo do Estado, como fez assim que o ex-prefeito Iris Rezende se afastou, ele tem de conversar muito com todos os líderes político não só do PMDB, mas de todos os outros partidos que compõem a oposição.”

Francisco Gedda: “Estamos trazendo deputados da base governista”. Foto: Fernando Leite/Jornal Opção
Francisco Gedda: “Estamos trazendo deputados da base governista”. Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Na sexta-feira, 9, da cidade de Jataí, onde estava, Francisco Gedda informou que ficara sabendo que Júnior havia se encontrado com Iris Rezende no dia anterior. Disse que não falou sobre o encontro com Júnior, mas soubera que eles tinham conversado muito. “É isso mesmo que eles têm de fazer. Iris é uma pessoa importantíssima no contexto da política goiana. E todos os partidos da oposição o apoiamos na candidatura ao Senado, ele formaria uma grande dupla com Júnior Friboi na disputa pelo governo. O importante é Iris e Friboi juntos na chapa.”

E sobre a vice? Segundo Gedda, isso seria secundário diante da adesão de Iris ao projeto friboizista. “De­pois discutiríamos quem seria candidato a vice. Aí Friboi procuraria o PT, procuraria Vanderlan Car­doso. Ele tem de fazer o dever de casa, que é tentar unir a oposição.”

Francisco Gedda diz que a oportunidade de a oposição ganhar a eleição é muito real. “Mas se não der uma composição para o primeiro turno, com certeza estaremos juntos no segundo turno, porque todos os pré-candidatos entendem que o adversário é Marconi Perillo. O Gomide não é adversário de Júnior, Vanderlan não é adversário de Gomide. O nosso adversário cha­ma-se Marconi Perillo.”

O deputado informou que a oposição está em conversação com cinco partidos que vão compor a aliança. Não quis declinar quais partidos seriam esses, sob o argumento de que nessa fase de acertos é melhor preservar os nomes. “De­pois, eu gostaria que os próprios pre­sidentes dos partidos anunciassem essa união, em vez de eu fazê-lo.”

Gedda informa ainda que a aliança em torno de Friboi está conversando com alguns deputados estaduais da base governista que têm interesse de participar da oposição. “Esses deputados querem ajudar o Júnior nessa empreitada de pré-candidatura ao governo estadual. As coisas estão caminhando muito bem.”

O presidente do PTN disse que nesta terça-feira, 13, será realizada uma reunião dos partidos oposicionistas, na sede do partido, em Goiânia. “Já vamos começar a pensar em coligação, na ajuda que os partidos poderão dar para o plano de governo de Júnior Friboi. E vamos também eleger um presidente do conselho dos partidos de oposição. Foram convidados o PT, PMDB, PDT, PPL, PTN, PCdoB, PRTB, são oito partidos, me parece. Estaremos tratando também de como trazer os mais cinco partidos que estão interessados em integrar nossa aliança.”

Júnior Friboi vai fazer uma cirurgia nesta semana. Perguntado se isso não atrapalharia as conversações que o empresário está levando na busca de unidade de seu partido e das oposições, Gedda afirma que não haverá problema, mesmo porque será coisa de poucos dias.

“Enquanto ele estiver de repouso, nós continuaremos trabalhando, sempre nos reportando a ele. Júnior estará de repouso, mais vai estar com o celular, com o secretário ao seu lado. Vamos deixá-lo a par do que estiver acontecendo. E é uma cirurgia simples, em uns dez dias ele estará retomando o trabalho que vem fazendo já há três anos”, disse Francisco Gedda.