Resultados do marcador: Sucessão em Goiânia

O apoio do governador de Goiás ao emedebista, prefeito da capital, é tido por aliados como absolutamente incontornável

No momento, os nomes mais cotados são: Paulo Ortegal, Silvio Fernandes, Agenor Mariano, Andrei Azeredo e Romário Policarpo

É a opinião de gente que tem vasto conhecimento da cidade e que considera o candidato do PSB o melhor nome para comandar a prefeitura da capital pelos próximos 4 anos

Para pessebista, resultado poderia ser ainda melhor sem a influência negativa das últimas pesquisas

Deputado Luis Cesar Bueno diz que candidaturas do partido tendem a crescer na reta final da campanha e defende que segundo turno será entre Iris Rezende e petista

Afonso Lopes O eleitorado da capital só agora começa a dar mostras de intreresse no pleito de outubro. Há décadas não se registrava uma campanha tão “fria” como a atual, em Goiânia. Aliás, a reclamação é nacional. Os eleitores de maneira geral pouco se “lixaram” em relação à disputa que irá definir o próximo prefeito a partir de 1º de janeiro do ano que vem. Mesmo nas pequenas cidades, onde normalmente existem maiores chances de as disputas se tornarem quentíssimas entre dois ou mais grupos, a animação geral não foi como em outras eleições. Alguns especialistas em comportamento social entendem que esse desinteresse pode resultar num recorde histórico de votos em brancos, nulos e abstenção. Existem motivos para tanto desinteresse? Existem, sim. Além das novas regras eleitorais, que apertou ainda mais a enorme relação de proibições, todos os comitês dos candidatos reclamaram da falta de condições econômicas para bancar as campanhas. Sem dinheiro, as campanhas ficaram menores, e não conseguiram gerar maior impacto na vida da cidade e dos cidadãos. O dinheiro sumiu por causa de três fatores: as empresas não podem mais bancar candidaturas - no caixa 1, obviamente -, o caixa 2 se tornou bem mais perigoso e vigiado e a crise econômica encurtou o bolso de todo mundo. Outro bom motivo para o desinteresse do eleitorado é o tempo muito mais curto de campanha, e a diminuição dos programas eleitorais no rádio e na televisão, principal palanque das eleições brasileiras desde a proibição dos “showmícios”. Essas mudanças visaram a economia de custos das campanhas, mas a dosagem talvez tenha sido excessiva. Por fim, o Brasil viveu um ano atípico, lotado de motivações extra-eleitorais. No início do ano, a possibilidade de impeachment da então presidente Dilma Roussef ganhou corpo e passou a ser discutida. Depois, vieram os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, além das votações do impeachment e do afastamento definitivo do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Ou seja, foi um ano carregado de “boas distrações” para o eleitorado, que só agora, na reta final da campanha, começa a falar sobre a sucessão municipal. Em Goiânia, outra característica também contribuiu para o esfriamento dos ânimos. Com regras cada vez mais rígidas, os programas eleitorais no rádio e na TV perderam o componente crítico em relação aos adversários. Via de regra, só se pode falar bem do próprio peixe sem questionar a peixaria do adversário. E, assim, os programas se transformaram em desfile de promessas juramentadas de cidades maravilhosas e, por isso, ficaram chatos demais. Antigamente, quando direito de resposta era apenas para gravíssimas acusações pessoais e sem provas ou com provas falsas, os programas eleitorais eram aguardados pelos eleitores como grande atração. Há informações em alguns comitês de que o clima vai esquentar nesta reta final. Talvez seja tarde demais diante de posições já consolidadas de parte do eleitorado. A outra parte não “está nem aí”. Será que isso muda?

Especialistas avaliam razões da diferença entre o desempenho dos dois principais postulantes à Prefeitura da capital nos levantamentos de intenção de voto

Candidato do PSB sobe em pesquisa ao passar mensagem clara sobre o que pretende fazer se for eleito prefeito de Goiânia

Clima de “já-ganhamos” na campanha do PMDB leva comandados do ex-prefeito a “montar” secretariado, do mesmo jeito que aconteceu na campanha ao governo em 1998

Experiência administrativa é o critério para escolher o próximo prefeito de Goiânia, o que leva o foco a fechar em Iris Rezende e Vanderlan Cardoso, com vantagem para o socialista, antenado com a modernidade

Com “não anúncio” de pré-candidatura, o decano peemedebista Iris Rezende congela o cenário da disputa

Historicamente, eleitor da capital escolhe ciclicamente entre candidatos populistas e candidatos técnicos
[caption id="attachment_60776" align="alignright" width="620"] Vanderlan Cardoso e Giuseppe Vecci: o eleitor vai favorecê-los ao buscar candidatos com perfil técnico?[/caption]
Se há um padrão de comportamento do eleitor de Goiânia é exatamente a falta de padrão. Desde o retorno das eleições diretas para prefeitos, ainda na década de 1980, prefeitos populistas e técnicos se sucedem ciclicamente. Ainda assim é possível observar uma tênue linha de atitude do eleitorado. Quase sempre, após administrações tidas como populistas, os discursos considerados mais embasados se destacam na preferência do eleitorado na eleição imediatamente a seguir.
Em 1985, após três anos de administração de Nion Albernaz, um técnico, o então deputado estadual Daniel Antonio se elegeu prefeito. Daniel pertencia à fina flor dos grandes populistas na época. Como a administração de Daniel foi muito complicada, com a cidade vivendo inclusive um período sob intervenção estadual, em 1988 a eleição foi vencida por Nion Albernaz. Em segundo lugar naquele ano foi Pedro Wilson, outro político que nem de perto se assemelha ao que se conhece por populismo. Maria Valadão, esta, sim, de linhagem populista, foi somente a terceira mais votada.
Em 1992, o vitorioso foi Darci Accorsi, com uma tematização de campanha claramente identificada com o populismo. Ele fez e aconteceu na eleição, batendo sem sustos outros dois candidatos da mesma linhagem discursiva, Sandro Mabel e Sandes Júnior.
Darci não fez um mal governo. Ao contrário, saiu da Prefeitura com boa aprovação popular, mas também teve problemas. Em 1996, a cidade vivia um pequeno caos nas ruas, com buracos para todos os gostos e desgostos. Além disso, Darci enfrentou uma série de denúncias contra a sua administração envolvendo especialmente a Comurg — sempre ela. Na eleição, voltou a vencer um candidato com discurso técnico, Nion Albernaz.
Quatro anos depois, a reeleição de Nion Albernaz aparecia como certa, mas o professor anunciou sua aposentadoria. Com isso, ele abriu caminho para Pedro Wilson, que foi o escolhido do goianiense com uma campanha alicerçada em discursos absolutamente técnicos. O segundo colocado naquela eleição adotou o discurso de linhagem populista, Darci Accorsi.
Pedro sofreu durante os quatro anos de sua administração. Apesar de fazer no conjunto um bom governo, ele foi obrigado a conviver com um “fantasma” na forma de comparação com a administração bem mais populista do rival e ex-petista Darci Accorsi (1988-1992), a quem havia derrotado. A popularidade de Pedro só deslanchou na campanha sucessória, em 2004.
Naquela eleição, ele começou a corrida eleitoral na quarta posição, mas se classificou para o segundo turno na reta final, contra Iris Rezende, o craque da mistificação populista. Desde então, a linhagem populista predomina no cenário eleitoral de Goiânia, com a reeleição de Iris em 2008 e a eleição de Paulo Garcia em 2012.
Mas Paulo Garcia pode ser considerado um político de discurso populista? Não. Inclusive a sua campanha foi tematizada com a sustentabilidade, algo que passa muito longe do que se pode considerar como populismo. A questão aqui é outra, a de linhagem de atuação. Paulo foi reeleito após herdar a Prefeitura com decisivo apoio de Iris. Portanto, e de certa forma, é como se o eleitor goianiense tivesse escolhido Iris na figura de Paulo.
Esse, em resumo, é o histórico do comportamento do eleitor goianiense desde a década de 1980, alternando a preferência entre candidatos de linha populista e de atuação técnica. Outro ponto comum nas eleições goianienses nesse período é que geralmente os técnicos tendem a dominar a eleição imediatamente após administrações problemáticas. Isso significa que a tendência deste ano é do discurso técnico.
Há pelo menos três candidatos que se identificam, uns mais, outros menos, com o discurso mais embasado: Giuseppe Vecci, do PSDB, Luiz Bittencourt, do PTB, e Vanderlan Cardoso, do PSB. Eles podem surpreender especialmente os dois adversários populistas, deputado Waldir Soares (PR) e Iris Rezende (PMDB).
É claro que tendência não é premonição. Qualquer disputa eleitoral envolve uma gama de fatores que influencia diretamente o resultado final. De qualquer forma, inclusive pela falta de um comportamento padrão do eleitorado goianiense, não deixa de criar uma perspectiva que pode ou não se confirmar. A realidade é que dificilmente poderá ocorrer um segundo turno reunindo Iris e Waldir. Um deles, pelo menos, ficará do lado de fora. Quem levará a melhor entre eles é quase impossível saber. Em condições normais, provavelmente Iris ficaria com clara vantagem. Mas as condições atuais não podem ser consideradas normais.
Iris foi decisivo na eleição de Paulo Garcia em 2012, e a péssima imagem da administração certamente exercerá algum peso na campanha deste ano. Essa carga negativa obviamente será de Iris, mesmo que ele rompa oficialmente com o “afilhado”. Além disso, a separação entre PMDB e PT pode gerar alguns traumas a mais, como a troca de acusações. Se isso ocorrer, Iris vai percorrer um pântano eleitoral absolutamente imprevisível.
Waldir poderá lucrar com a situação de Iris? Claro que sim, mas não necessariamente. A imagem consolidada do deputado é de delegado linha dura, o que alivia o lado político. O problema pode estar na sua saída do PSDB, onde ele entendeu que não tinha espaço suficiente para consolidar sua candidatura a prefeito de Goiânia, e desembarque no PR. Ou seja, ele liquidou com a tal imagem distanciada que se tinha dele como “não político”. Se isso vai gerar consequências negativas ou não na campanha deste ano é outra história, mas certamente significa uma migração de imagem.
Enfim, na somatória geral que se tem a partir do prisma apresentado, há forte tendência de que a campanha deste ano poderá deslanchar em direção à guinada técnica, cumprindo assim o efeito cíclico do comportamento eleitoral do goianiense ao longo das últimas décadas.

Líderes nas pesquisas quantitativas têm problemas sérios nas qualitativas; base aliada pode sofrer com a fragmentação de candidaturas

Bittencourt, Vanderlan e Iris têm vaga assegurada. Waldir, Rincón e Vecci disputam no PSDB. Virmondes depende do PSD. PT segue indefinido
O presidente da PSB, Vanderlan Cardoso, dificilmente será candidato a prefeito de Goiânia. A senadora Lúcia Vânia e o deputado Marcos Abrão, seus aliados, talvez não saibam que o pré-candidato do PSB foi condenado, em primeira instância, por ter lesado o patrimônio público quando foi prefeito de Senador Canedo. Vanderlan Cardoso repassou 550 mil reais, de maneira ilegal, para o time da Canedense e, por isso, foi condenado pela Justiça. Trata-se de improbidade administrativa. Se for condenado em segunda instância, pelo Tribunal de Justiça de Goiás, o empresário ficará inelegível por oito anos. Quer dizer, não poderá disputar eleição em 2016.