Uma campanha em suspenso
02 julho 2016 às 11h59

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Com “não anúncio” de pré-candidatura, o decano peemedebista Iris Rezende congela o cenário da disputa

Enfim, o decano peemedebista Iris Rezende anunciou que vai anunciar o anúncio de sua pré-candidatura ao Paço Municipal até o final de julho. O fato ocorreu na sexta-feira, 1º, em entrevista coletiva em evento promovido para debater o futuro de Goiânia.
A sucessão na capital está tão morna, tão morna, que o não anúncio de Iris foi o fato mais significativo desde a divulgação de duas pesquisas de intenção de votos no início do mês passado. A “oficialização” da pré-candidatura está em suspenso, mas o líder peemedebista é tratado dentro do partido como “candidatíssimo”.
Reportagem do “Opção online” registra que, no próprio evento, as pessoas cumprimentavam Iris usando o tratamento de “prefeito”. A alegria dos correligionários era visível.
Em seu estilo populista e de profunda identificação com os goianienses, Iris disse que não via necessidade de se declarar candidato ainda, e sustentou que seu nome despontando nas recentes pesquisas mexeu com a “sensibilidade da cidade”. Sobre o que estaria faltando para ele oficializar ou não a entrada na disputa, Iris Rezende disse que as novas regras eleitorais obrigam a uma campanha mais curta, por isso não há necessidade de se antecipar o debate.
“Eu não vejo necessidade até diante de uma nova legislação que limitou muito o período de campanha para você acelerar um processo eleitoral hoje, principalmente quando eu vivo preocupado com problemas sérios do país, porque já faz mais de três meses que não sei o que vai acontecer daqui uma semana, daqui um mês com relação aos destinos do país na área da política, na área da administração pública”, argumentou o peemedebista.
Iris disse que não pensava em se candidatar outra vez desde os resultados das últimas eleições em que participou como candidato a governador em 2014. “Mas com o surgimento do meu nome e com relativo destaque nas pesquisas, isto mexeu com a sensibilidade da cidade e eu estou refletindo, mas não vou deixar passar este mês de julho sem nenhuma resposta”, afiançou.
O ex-prefeito lembrou sua história pessoal e política, ao dizer que não existe uma pessoa de Goiânia mais agradecida à essa cidade do que ele. “Chego aqui, com 15 anos, jovem e da roça, nove anos depois essa cidade já me fazia seu vereador, quatro anos depois, deputado, três anos depois, prefeito. Não tem um a dever mais do que eu a essa cidade”, relembrou.
O peemedebista voltou a afirmar que está muito preocupado com o momento atual do País: “Há mais de três meses que eu não sei o que vai acontecer com a política no Brasil. Não sabemos o que vai acontecer semana que vem.”
Mas Iris Rezende assegurou que vê com otimismo as recentes operações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) que investigam corrupção em todas as esferas do governo e em todos os Estado — inclusive, envolvendo o próprio PMDB. Segundo Iris, o Brasil está mudando por causa de “um juiz corajoso lá no Sul” [em referência ao paranaense Sérgio Moro], pela atuação da procuradoria e da Polícia Federal, desnudando a corrupção, o crime, neste País”.
Acompanharam o evento os peemedebistas Maguito Vilela, prefeito de Aparecida de Goiânia, o vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano, o deputado estadual e presidente do PMDB metropolitano, Bruno Peixoto, os vereadores Clécio Alves e Célia Valadão e Paulinho Graus (PDT), a ex-deputada federal Dona Íris e o presidente do PSDC, Alexandre Magalhães.
Maguito Vilela ressaltou que Iris terá 100% de apoio do partido, independentemente da decisão que tomar, se será ou não candidato a prefeito de Goiânia. “Eu acho que essa decisão tem que ser realmente importante para a vida do Iris e por isto ele está analisando todos os aspectos para tomar a decisão correta. Qualquer decisão que ele tomar ele terá 100% de apoio do partido. Iris é unanimidade no PMDB, então temos que respeitar sua história e ninguém melhor do que ele para decidir”, disse o prefeito de Aparecida de Goiânia.
Efeito
Mas qual é a importância da demora de Iris em se anunciar ou não candidato a prefeito da capital?
O mais imediato dos efeitos é que os demais pré-candidatos ficam em suspenso. Vanderlan Cardoso (PSB), Giuseppe Vecci (PSDB), Luiz Bittencourt (PTB), Francisco Júnior (PSD) e até mesmo a petista Adriana Accorsi continuam seu trabalho de pré-candidatura. Mas eles não podem entabular nada efetivamente. Enquanto Iris não se decide, toda e qualquer conversa no sentido de formar alianças fica no nível do contato inicial, da possibilidade, do “vamos continuar conversando”.
E talvez esse efeito seja buscado conscientemente pelo ex-prefeito peemedebista. Lógico que ele está mesmo refletindo sobre a conveniência de se lançar mais uma vez num pleito na capital, que agora se mostra mais difícil que os anteriores. Além disso, é verdade sim o temor de Iris que, na vaga investigatória que varre o país, venham à tona episódios antigos de seu envolvimento com a enroladíssima construtora Odebrecht.
Fora isso, no cenário estritamente local, a demora em se anunciar candidato tem uma razão de ser. O fato é que Iris ocupa o noticiário em larga medida, muito mais que os adversários que já estão oficiosamente em campanha (ou pré-campanha). Isso é o que se chama perspectiva de poder. Dessa forma, como ele mesmo disse, não precisa se antecipar. l
TRE nega “esperteza” do PMDB

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) negou na semana passada pedido de multa ao pré-candidato à Prefeitura de Goiânia Giuseppe Vecci e ao PSDB por propaganda antecipada. A ação foi protocolada pelo PMDB goiano, que acusou o tucano de estar infringindo a Lei
Eleitoral no uso das redes sociais e um informativo impresso para pedir votos.
Conforme a denúncia, Vecci estaria usando as redes sociais e um informativo impresso do PSDB para pedir votos ao constar seu nome associado ao número “45”, do partido, para disputar a prefeitura.
Mas no entendimento do tribunal, a denúncia não configura propaganda eleitoral antecipada, uma vez que não envolve pedido explícito de voto, menção à prentesa candidatura ou exaltação das qualidades pessoais do pré-candidato.
Conforme a decisão do juiz Osvaldo Rezende Silva, no caso específico das redes sociais, só pode ser considerada propaganda atencipada se há referência expressa à futura candidatura.
O repórter Marcelo Gouveia, do Opção Online, registrou informações da assessoria de Giuseppe Vecci no sentido de que o informativo que tem sido distribuído nas reuniões de bairros em que o tucano participa, conta a breve história de trabalho do pré-candidato e publica declarações de lideranças políticas como a do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, e do governador Marconi Perillo (PSDB).
A ação do PMDB foi nada mais que uma “esperteza” na tentativa de incomodar o adversário, que bem ou mal está trabalhando no limite das possibilidades, enquanto os peemedebistas se encontram de mãos atadas com a indefinição do único nome do partido em condições de disputar e ganhar a eleição na capital, Iris Rezende. É do jogo político e às vezes dá certo. Dessa vez não deu.