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História de Mary Bell, a menina de 11 anos que matou duas crianças e foi condenada à prisão

A jornalista Gitta Sereny conta que, adulta, a mulher que foi condenada à prisão perpétua se sente culpada e que não passa um dia sem pensar nas crianças que matou

O sentimento de açorianidade que o leitor brasileiro precisa descobrir 

Narrativas alargam os contornos do conto, derrubam fronteiras e apropriam-se de traços de outros gêneros e subgêneros, como a crônica jornalística e a novela 

Nicanor Parra é o bardo do chão firme e da antipoesia

Para o chileno, “a vida não tem sentido”, e essa sua abordagem desesperançosa, que percebe o mundo sem lógica ou sentido transcendente, harmoniza-se com o pensamento de Camus

Livro de Iram Saraiva sobre a mulher é tão doloroso quanto belo

Nem abra o livro se não tiver motivo de pranto. Para ler Iram é preciso sentir. Entender a simplicidade de um coração confessional: que sangra, se expõe, se desloca ao subsolo interior

Vice, o filme mais frito do Oscar 2019

Indicado a oito categorias, o filme conta a história do vice de Bush filho, Dick Cheney, e como ele conseguiu influenciar a política estadunidense

Eufrásia e Nabuco: uma história de amor

De Eufrásia, o livro reproduz 14 cartas para Nabuco, escritas com caligrafia esmerada. Romance teve início durante viagem de navio para a Europa, em 1873, e duraria até 1887. Além de muitas ilustrações, o livro traz uma breve biografia de Eufrásia que, vivendo 38 anos em Paris, integrou-se à alta sociedade parisiense

Milton Hatoum: Paris não é uma festa

Novo romance de Milton Hatoum rememora os anos de chumbo da ditadura militar pelo ponto de vista de um jovem exilado, entre a política e a arte, em meio a uma sensação de vazio

Gustavo Nogy e a arte da imprudência

Livro de ensaios “Saudades dos Cigarros Que Nunca Fumarei”, publicado pela editora Record, é como um vento em campo aberto depois de uma longa e apertada sentinela nas trincheiras ideológicas

Gustavo Nogy e a arte da imprudência

Livro de ensaios “Saudades dos Cigarros Que Nunca Fumarei”, publicado pela editora Record, é como um vento em campo aberto depois de uma longa e apertada sentinela nas trincheiras ideológicas

Três personagens ilustres

Novo livro de crônicas de Danilo Gomes joga luz sobre três personalidades brasileiras, amigos pela vida toda, que tinham muitas coisas em comum, como a política e o amor pela literatura: Augusto Frederico Schmidt, Juscelino Kubitschek e Odilon Behrens

“A cidade de Ulisses”, de Teolinda Gersão, é um prato cheio para o leitor amante de narrativas híbridas

Escritora portuguesa nos dá um livro vigoroso e abrangente porque realiza uma sinergética fusão entre romance, história e ensaio, daí sua abrangência temática e seu acento reflexivo

Muito mais psicólogos do que policiais

Entre as séries mais interessantes do ano, “Mindhunter” é um prato cheio para quem quer compreender o lado menos humano do ser humano [caption id="attachment_108365" align="aligncenter" width="620"] "Mindhunter" vem conquistando grande público pela qualidade da produção e da trama[/caption] Ricardo Silva Especial para o Jornal Opção Dois agentes do FBI que se propõem a estudar a engenharia psicológica de assassinos em série na década de 70, quando os estudos de psicologia criminal ainda eram embrionários, quase inexistentes. Para dar conta disso, a dupla formada por Holden Ford (Jonathan Groff) e Bill Tench (Holt McCallany) viaja pelo Estados Unidos entrevistando criminosos que cometeram os mais horrendos crimes e começa a traçar os perfis psicológicos dos detentos. Essa é a premissa básica de Mindhunter, série da Netflix, criada por Joe Penhall e produzida por David Fincher e Charlize Theron. O que poderia facilmente ser o mote para mais uma série pobre de investigação policial, nas mãos de Fincher — o verdadeiro núcleo criativo da obra — transforma-se numa inteligente narrativa ficcional. Baseado no caso real de dois agentes — John E. Douglas e Mark Olshaker que decidiram quebrar os protocolos da agência federal americana para estudar a estrutura mental de assassinos —, Minhunter sagra-se com uma das produções mais interessantes no seguimento de séries desse ano — ao lado de The Handmaid’s Tale, The Deuce, o retorno de Twin Peaks, apenas para citar algumas. Fincher — que dirigiu 4 dos 10 episódios — conseguiu imprimir seu DNA de forma definitiva na série — quem já assistiu Zodíaco facilmente concordará com essa afirmação. Com diálogos longos e muito bem escritos, a estrutura narrativa de Mindhunter não se concentra na velocidade. Sua ação é, como seria de esperar, totalmente psicológica. Com uma fotografia em tons pastéis, bastante sobria, que ambienta o clima da série de forma sombria e lúgubre — mas sem ser tenebroso —, a sutileza dos recursos permitem que o espectador receba o peso de cada cena na medida certa. O que vai dar intensidade à narrativa é a performance de cada núcleo: a dupla de agentes funciona com uma organicidade impressionante, a Dra. Wendy Carr (Anna Torv) é daqueles personagens hipnotizantes, e mesmo os criminosos têm suas psicologias e personalidades profundamentes bem captadas pelos seus intérpretes — com destaque para Cameron Britton e o seu irretocável Ed Kemper. Para o espectador familiarizado com a agilidade de cenas e as tramas cheias de plots de produções como C.S.I ou Criminal Minds, pode ser o que ritmo lento de Mindhunter não cative de primeira. Mas ao se dar conta da evolução muito bem construída dos personagens e de como suas vidas pessoais vão sendo influenciadas pelo seu ambiente de trabalho, o espectador mais sensível e esperto vai entender que está diante de uma grande obra — que já tem continuação garantida, segundo Fincher. O pioneiro trabalho de John E. Douglas e Mark Olshaker rendeu no livro “Mindhunter: o primeiro caçador de serial killers americano” — publicado no Brasil pela editora Intrínseca na tradução de Lucas Peterson —  que revela os procedimentos que a dupla precisou adotar para conseguir extrair os métodos, os gatilhos emocionais, as motivações dos serial killers — expressão cunhada pelos dois. Para conseguir isso precisaram ser muito mais psicólogos do que policiais. O trabalho de Fincher consegue exemplificar muito bem isso ao apresentar o agente especial Holden como um professor burocrata e meticuloso na primeira parte da série e, depois do contato com os criminosos, ele ir se transformar num irreconhecível burlador de regras e adotar comportamentos reprováveis pelo FBI afim de dar prosseguimento ao seu projeto e obter resultados mais autênticos e sinceros dos entrevistados. As cenas de entrevistas dos assassinos impressionam pela forma como cada um deles apresenta seus crimes. É possível entender ali que quem estava por trás daqueles crimes desumanos não eram bestas feras, ou qualquer espécie de animal. Eram humanos. Ao começar a traçar os perfis psicológicos de criminosos extremamente cruéis em seus crimes, Mindhunter apresenta algo que procuramos ignorar: a natureza humana pode ser profundamente cruel. Aquilo que chamamos “desumano” nada mais é do que outro desdobramento da natureza humana. A mente dos serial killers ainda estava numa zona gasosa para os estudos da psicologia criminal porque eles não eram compreendidos como humanos, tinham sua humanidade retirada por terem cometidos “atos desumanos” — como esquartejar um corpo e fazer sexo com o cadáver, por exemplo. No entanto, foi necessário o problemático processo de humanização desses sujeitos para conseguir submetê-los a um estudo. E isso gera conflitos — o agente Bill Tench é esse contraponto na série. Ao abordar esses meandros da natureza humana — como fez em Seven e Zodíaco — Fincher obtém uma fórmula preciosa na construção da estrutura de Mindhunter,  que é o estudo do grotesco criminal sem a necessidade de cenas gráficas, indo somente pela sua abordagem psicológica, muito mais sutil e interessante para quem vai se dedicar às dez horas da primeira temporada da série. Mindhunter é pura psicologia e loucura, explorando a natureza humana no que ela parece ter de menos humano, com bastante calma e maestria. Uma das melhores séries do ano, sem dúvida. Ricardo Silva é graduando em Filosofia pela Universidade do Estado do Amapá (UEAP) e crítico de literatura e cinema.

Em livro bilíngüe, escritora goiana despe-se, “lambe as palavras” e faz “ménage” com a literatura

As mulheres em Claudia Machado configuram arquétipos de Medeia, Helena, Maria Madalena, Frida, Bartira, Janaína, Iemanjá, Carmem, Anaïs Nin, Leocádia e dezenas de outras que “se apresentam” com outros nomes 

Biografia da crítica literária Lucia Miguel Pereira revela que não aceitou as amarras de seu tempo

O autor valeu-se do conhecimento dos laços familiares da biografada e de pesquisas de arquivo para estabelecer sua trajetória, marcada especialmente por sua morte num acidente de avião

Livro da “moça do tempo” do Jornal Nacional, Maju Coutinho, é um convite para “entrar no clima”

Há um veio poético praticamente em todos os capítulos. A autora cita o “vozeirão” de Tim Maia na música “Primavera”, ao falar desta estação, e faz trocadilho com “floridinha, mas ordinária”, para insinuar a primavera à Nelson Rodrigues