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Dos poeminhas pescados numa fala de João ou de como a arte da poesia começa na infância

de Soninha dos Santos

[caption id="attachment_24462" align="alignnone" width="620"] Reprodução/USP[/caption] É comum as pessoas grandes ficarem maravilhadas com o que dizem as crianças. Nos encantamos com as falas "poéticas" que pronunciam e com as maneiras como ajeitam as concordâncias e as conjugações verbais. Como dão vida a certos substantivos ou adjetivos e fazem dos advérbios contextos eficazes na sua relação com o mundo adulto. Interessante ressaltar que, conforme Drummond já dizia, a criança nasce poeta e carrega,naturalmente, a poesia dentro de si. Um livro em especial nos chama a atenção para esse fato constatado: "Poeminhas pescados numa fala de João", de Manoel de Barros (2001), Efiyora Record. Nesse livro o "eu poético", a voz que ecoa nos versos graficamente arranjados em meio às ilustrações abstratas e lúdicas de Ana Raquel, é a voz de João. Essa voz, brincando o tempo todo, sai do coração, das brincadeiras e suposições de um ser, na infância, já poeta das miudezas e das coisas sem sentido para a racionalidade, mas carregadas de razão para as crianças. Manoel de Barros toca no coração do leitor adulto que não percebe as incoerências das crianças senão como um aceno da pureza interior, mas toca também o leitor criança que melhor do que ninguém, compreende a quietude da "A água dava rasinha de meu pé" ou de "A Noite caiu da árvore ". Um leitor mais aguçado vai se embrenhar por esta noite e encontrará, com certeza, "um rio indo embora de andorinhas..." Capacidade de compreender metáfora tão cheia de simbolismos todos nós temos, mas perseguir um rio de andorinhas creio que poucos terão. Há que libertar a criança presa em cada um de nós e deixá-la solta, às voltas com a imaginação criadora que grande parte dos adultos perdem ou preferem esquecer que existe. Manoel de Barros, grande poeta, fluente na língua dos pássaros e rios, fluente também no idioma infantil. Sua poesia está aí, despojada de alegorias adultecidas para nos lembrar o tempo todo de quem nós somos. Poetas e crianças. Crianças e poetas. Perder de vista a infância é perder nossa melhor aposta para um mundo melhor e sem fronteiras. Um mundo mais justo e mais igual, onde brincar faz parte para lembrar de quem realmente somos: gente com G maiúsculo! Fica a dica, na falta de ter o que fazer ou de como preencher os buracos cada vez mais aprofundados dentro de nós mesmos, preste atenção no que dizem as crianças e talvez você se encontre. Não custa nada tentar.  

César Aira é um acontecimento na vida de um leitor viajante

De fácil leitura, o argentino faz pós-modernismo maduro enquanto reinventa paisagens mitológicas e a jornada de autodescobrimento

Relatos sobre um tempo de distopias

Em seu mais novo livro de contos, “A Maturidade Angustiada”, André Giusti revela o olhar inquieto de um autor mergulhado na intensidade dos dramas e dilemas individuais e coletivos

“A Canção de Solomon”, obra-prima da escritora afro-americana premiada pelo Nobel

Livros de Toni Morrison são povoados por mulheres negras com personalidades fortes e histórias de vidas marcantes

A trajetória de Minas Gerais à luz do processo histórico

“Estudos sobre Belo Horizonte e Minas Gerais nos trinta anos do BDMG Cultural” reúne textos de Eliana de Freitas Dutra e Caio César Boschi apresentados em seminários

Uma poética do desassossego por Leonardo Almeida Filho

“Babelical” traz a força da indignação e um halo de irreverência e corrosão ao preocupar-se com o valor e a razão da poesia diante das mazelas do mundo contemporâneo

Para se conhecer a história do Rio de Janeiro

“Efemérides Cariocas”, dos historiadores Neusa Fernandes e Olinio Gomes P. Coelho, reúne principais fatos que ocorreram ao longo dos 451 anos da Cidade Maravilhosa e que merecem ser conhecidos

Acertando as contas com o passado

No livro “O fim de semana”, o autor Bernhard Schilink nos convida a refletir sobre nossas ações da juventude e suas consequências

O mausoléu de papel de Scholastique Mukasonga

De forma sensível, mas sem se limitar à autocomiseração, autora expõe em “Baratas” as chagas causadas pelo conflito étnico que, por décadas, assolou a Ruanda

A localização do poema

“Novas Ofertas de Emprego para Ederval Fernandes” consegue nos afastar de uma ideia primeira: a de que emprego é aí sinônimo pronto e acabado de colocação profissional

Sobre certo cavaleiro português e a criação do Rio Grande do Sul

Livro “O Cavaleiro da Terra de Ninguém”, do escritor gaúcho Sinval Medina, relata a vida e obra de Cristóvão Pereira de Abreu

Ronaldo Costa Fernandes cede à sua vigorosa veia poética em “Matadouro de Vozes”

Adepto ferrenho do verso livre e refratário à utilização da rima, o discurso do poeta maranhense, bastante pessoal, não deixa de evocar a sombra de Drummond

Cordelia Fine persegue o implacável “Testosterona Rex” em seu novo livro

Na obra ganhadora do Royal Society Science Book Prize de 2017, que chegou pela editora Três Estrelas, a filósofa, psicóloga e escritora usa arsenal científico para derrubar mitos que esmagam as esperanças de igualdade sexual

A prosa enxuta e envolvente de André Giusti

Em seu mais recente livro de contos. “A Solidão Do Livro Emprestado”, jornalista e escritor mostra rara sensibilidade para tratar das relações afetivas e de poder entre os indivíduos

Romance sem profundidade

"Casa de Vidro", obra de estreia da escritora Raquel Vilas Boas, de Cruzeiro (SP), relata encontros e desencontros, mas peca ao não colocar os personagens no mundo real