Resultados do marcador: Resenha literária

Segundo livro da poeta israelense Tal Nitzán publicado no Brasil traz poemas que constituem libelos em favor da paz no Oriente Médio

Novo livro de Vera Lúcia de Oliveira reúne poemas inéditos e outros já publicados, mas todos trazem a marca de um espírito franciscano

Coletânea reconstitui os primeiros passos da criação do grupo Picaré e traz depoimentos e poemas dos participantes

Na maioria das narrativas, o que se observa é o recurso ao monólogo interior ou ao fluxo de consciência, como se o narrador desfiasse um novelo da memória ou tecesse os acontecimentos de forma extrospectiva, ainda que mergulhado na introspecção e sem perder a cadência da prosa poética

É como se pode definir “A Pele do Soldado”, terceira experiência de Helio Brasil no gênero

Obra reconstitui trajetória do vate espanhol em périplo poético que soa como uma conversa íntima com o espírito do poeta

Para investigar a vida de Bocage em suas minúcias, Adelto Gonçalves percorreu todas as biografias e estudos importantes sobre o autor

Escritores discutem em Arinos temas ligados ao interior de Minas Gerais e Goiás

Poeta faz com versos nada herméticos uma viagem ao tempo da inocência

Poeta faz da evocação da mãe que não teve a música inominável de sua poesia

Autor multifacetado, Silas Corrêa Leite (1952) volta às livrarias com novo livro de poemas, Lampejos (Belo Horizonte, Sangre Editorial, 2019), que reúne 25 peças em que o poeta coloca em prática a poesia como libertação da alma

No primeiro livro da Trilogia do Amor, a escolha do ato de amar é visto como um processo de construção de uma sociedade igualitária

O tema pandemia e suas vertentes, como não poderia deixar de ser, rendeu algumas coletâneas pelo Brasil e pelo mundo

“Velhos Sim, Assexuados Jamais! A Sexualidade no Envelhecimento”, é um livro que acaba de ser publicado. E já é impressionante o número de

Obra do jornalista e escritor Henrique Morgatini conta as peripécias de Mark Days no mundo do rock da Califórnia, na década de 1990
Mariza Santana
O mundo dos astros do rock é basicamente composto por música, sexo e drogas. Além é claro, atualmente, de milhões e milhões de dólares. Até aí, nenhuma novidade, é somente um lugar comum. Todos sabem como funciona a engrenagem desta indústria cultural que influencia a vida de milhares de jovens em todo o planeta, ditando moda e consumo, enfim toda uma forma de viver. Alguns ídolos do rock foram embora cedo, como Jimmy Hendrix e Janis Joplin, e mais recentemente, Kurt Cobain. Outros astros sobrevivem nos palcos até hoje, para o delírio dos fãs, com Axl Rose. Entre eles, alguns já são chamados de dinossauros do rock, como Ozzy Osborne (e sua lendária mordida em um morcego em pleno palco, durante um show) e o setentão Mick Jagger, só para citar uma pequena parcela dessas celebridades. O leitor vai perceber que, embora roqueira de coração, meus conhecimentos sobre o mundo do rock se resumem a algumas bandas e artistas mais antigos (Pink Floy é um dos meus favoritos). Estes astros, entretanto, ainda arrastam multidões em festivais como o Lollapalooza e o Rock in Rio. Por isso, senti um pouco de dificuldade para identificar todos os personagens deste meio musical em Terras do Tio Sam, na década de 1990, ao me embrenhar no livro “Coma Branco”, do jornalista e escritor Henrique Morgatini. Este detalhe pode limitar o número de leitores da obra, que acaba apresentando uma narrativa destinada a um público específico: os roqueiros de carteirinha, mais conhecedores do gênero, incluindo os músicos, pois muitos são os detalhes citados sobre equipamentos. Mas isso não impede de se apreciar as aventuras e desventuras de um guitarrista anapolino no mundo do rock na Califórnia. O protagonista de “Coma Branco” passa por uma transformação. Antes era Marcos Dias, um jovem apaixonado por rock and roll e morador do Centro-Oeste brasileiro. Depois se torna Mark Days, inicialmente mais um músico em busca de um lugar ao sol no meio musical das cidades de San Francisco e Los Angeles. Nosso herói, depois de muitas peripécias, sexo e drogas (afinal esta é uma história sobre o rock, baby!) acaba tocando guitarra na banda do músico norte-americano Marilyn Manson, conhecido por sua personalidade escandalosa. O artista em questão é líder e vocalista de uma banda epônima (defensora do não-conformismo, que usa conteúdos líricos polêmicos e imagens controversas.). A transformação de Marcos Dias em Mark Days, e sua mudança de Anápolis para a Califórnia, ocorrem devido a uma decepção amorosa. Sim, elas sempre são as causadoras de mudanças drásticas na vida de muitos jovens de coração despedaçado. A responsável pela desilusão em questão se chama Sandra. Nos States, para esquecer Sandra, Mark Days vai se impondo sobre Marcos Dias, pois o personagem passa a adotar um novo modo de vida. Sua história vai virando uma roda-viva, até que ele se depara um novo amor, Sabrina. A atuação dela será decisiva para que Mark finalmente consiga conquistar seu lugar nesse disputadíssimo círculo de músicos roqueiros. Henrique Morgatini adota uma linguagem dinâmica para que o leitor possa sentir o clima efervescente daquela última década do século passado, demonstrando como é vibrante e louco o mundo dos artistas que enveredam pelo rock. No caminho, Mark conhece o líder do Nivarna, (sim Kurt Cobain em carne e osso!), simplesmente um de seus maiores ídolos. Nosso herói vive aqueles alucinados anos 1990 em toda a sua plenitude, até começar a se questionar o que estava fazendo ali. Nesse momento, ele repensa sua trajetória. O desfecho da história talvez seja o melhor momento de toda a narrativa. Mark Days versus Marcos Dias, de fato um bom duelo. Nesse ponto, é melhor não adiantar mais nada, para não dar spoiler, como costumamos falar hoje, em tempos de Netiflix e outras produtoras de conteúdo oferecido pelo serviço de streaming. “Coma Branco” é um livro sobre as aventuras de um guitarrista acidental nos Estados Unidos, escrito para outros jovens. O grande desafio é fazer com que esse público se interesse pela leitura, nesses tempos de redes sociais e textos telegráficos. Quem aceitar o desafio e, principalmente se tiver um coração repleto de rock in roll (vale lembrar que Goiânia é também a cidade do rock alternativo), certamente vai gostar de acompanhar a trajetória desse goiano que, de forma acidental, conviveu com celebridades roqueiras em um passado recente. Pode ser ficção, mas quem não gostaria de ter vivido em sua juventude o que Mark Days viveu?