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Ives Gandra tem livros sobre a obra de J.R.R. Tolkien | Fotos: Gláucio Dettmar / Reprodução[/caption]
Uma das grandes incógnitas do Brasil atualmente é saber quem será o próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A escolha é importante e pode influenciar assuntos primordiais para o País, como o destino da Operação Lava Jato.
A escolha deverá ser feita pelo presidente Michel Temer (PMDB) em breve, mas nomes de possíveis candidatos já surgem e o último apontado para a vaga deixada por Teori Zavascki, morto na semana passada, é Ives Gandra Filho.
Atual ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra é também um estudioso de literatura. Seu pai, o famoso tributarista Ives Gandra Martins, é poeta e também um grande leitor (diz ter lido as obras completas de Júlio Verne, José de Alencar e Machado de Assis antes de completar 15 anos e, depois, não parou: de Camões a Charles Dickens, de Dostoiévski a Faulkner, de Geraldo Vidigal a Mário de Andrade, já leu tudo). A influência de Ives Gandra Martins vem do pai, José da Silva Martins, que era afeito às letras e gostava principalmente do escritor estadunidense Orison Swett Marden.
Dessa forma, não era de estranhar que Ives Gandra Filho recebesse do pai essa influência, tornando-se, a exemplo do pai e do avô, também um leitor ávido. E ele possui uma paixão literária específica: a obra do escritor britânico J.R.R. Tolkien, de quem acabou se tornando um estudioso, tendo inclusive livros sobre ele. O principal é "O Mundo do Senhor dos Anéis", cuja primeira edição foi publicada em 2002 pela Editora Madras, e que tem edição mais recente pela Martins Fontes, editora oficial de Tolkien no Brasil.
O livro é uma espécie de guia para os leitores de Tolkien e contém tabelas (muitas que fazem comparações sobre as traduções dos nomes de personagens e lugares), resumos de fatos ocorridos (e são muitos dentro do universo tolkieniano), além de textos explicativos e ilustrações de Hildebrandt e Ted Nasmith — no site de Ted é possível ver algumas das ilustrações "tolkienianas" do artistas. São belíssimas).
O ministro possui outros livros, jurídicos e filosóficos — em alguns, chega a citar Tolkien e em outros traz o autor como tema de comparação, caso de “Ética e Ficção: De Aristóteles a Tolkien”, lançado em 2010. Além disso, Ives Gandra Filho é colunista do site Valinor.
André Conti e Flávio Moura saem, “sem briga”, e, juntos com Leandro Sarmatz, Marcelo Levy e Ana Paula Hisayama, vão criar uma editora para publicar literatura
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A obra tem 302 páginas, mas conta com uma leitura fluida que logo chega ao fim[/caption]
Também juiz, o escritor porto-alegrense cinzela com objetividade e certa crueza um mundo de seres humanos deprimidos ou tomados pela incerteza, que tentam se relacionar ou se sobrepor uns aos outros
“As grandes cidades convivem com a divisão entre as ‘zonas vigiadas’ e suas periferias. O uso de drogas e medicamentos é disseminado, sendo controlado por laboratórios. Implantes cibernéticos são uma realidade, aumentando capacidades e aptidões, como a de memória, para aqueles que conseguem arcar com os custos. Religiões e grupos terroristas alimentam-se do descontentamento e das diferenças sociais” – Daniel NonohayNórton Luís Benites Especial para o Jornal Opção Já no início da leitura do livro “Um passeio no jardim da vingança”, de Daniel Nonohay, lembrei-me de um especial professor que tive na pós-graduação. Depois de cada raciocínio agudo bem concluído, meio que embalado pelo sentimento de ter provocado dissonâncias cognitivas em seus alunos, esse mestre repetia com voz rouca e sotaque carioca: – Lembrem-se, meus caros, o mundo é mau, O MUNDO É MAU! Porto-alegrense, o também juiz Nonohay arquiteta, em sua obra, um sombrio mundo futurista. Cobiça, individualismo, egoísmo, vilania, crueldade, violência, ódio, exclusão social, fanatismo religioso e terror funcionam como pulsões em um meio virtual e tecnológico, que é fundado na internet, ou em algo que ele chama de “rede”. No meio disso, seres humanos deprimidos ou tomados pela incerteza tentam viver/relacionar-se ou se sobrepor uns aos outros. Tem sexo também, claro. Opa, ficou estranho colocar toda essa maldade no futuro diante do ano de 2016, que acaba de findar, com economia de combustível em avião que cai e mata muita gente, pena de morte de fato promulgada em presídios brasileiros à revelia da nossa Constituição, pessoas morrendo no mar quase no bico da bota da Itália, caminhão jogado contra o povo que se encontra em feira de Natal na Europa e etc. Pensando bem, faz pouco, pois foi em 1924 que Thomas Mann escreveu, na célebre obra “A Montanha Mágica”, que o “segredo e a existência da nossa era não são a libertação e o desenvolvimento do eu. O que ela necessita, o que deseja, o que criará é – o terror”. A obra de Nonohay é “buenísima”, como dizem os portenhos. A escrita é cinzelada com objetividade, com alguma crueza, mas sem perder elegância. Fica claro que o autor não quer desperdiçar o tempo de seu leitor. Apesar disso, o livro tem 302 páginas, cuja leitura voa. Sim, é daquelas histórias magnéticas, que fazem o cara varar a madrugada ou gazear a musculação para terminar de ler. A história tem uma galeria de personagens finamente descrita. Alguns logo viram nossos queridinhos, o que faz doer mais ainda quando eles sofrem – e como eles sofrem. Tem Amanda, que mereceu os seguintes pensamentos do Pastor, um homem de fé e com fibra pra resistir ao profano: A partir de determinado momento, soube que perdera sua isenção. Não tinha como a descrever e analisar em termos absolutamente objetivos. A presença dela era algo que não se podia ignorar. Não se tratava de beleza, embora ela fosse uma mulher muito atraente. Era algo mais. Indefinível. Os homens não ficavam indiferentes a ela; o olhar insistia em voltar para seu corpo, para seus gestos. Ela exigia atenção, mesmo sem o fazer. Acho que autores não devem gostar de resenhas com spoilers, mas, lamento, da Amanda a gente tinha que falar um pouco. O protagonista é Ramiro, um advogado tomado contraditoriamente pelo desânimo e pelo ódio, que adora tecnologia e que fez um implante cibernético no cérebro, o que lhe permite navegar quase sem limites pela “rede” e acessar e gozar de um imensurável fluxo de informações. Eis sua autoimagem: Desde garoto, nunca fora um sujeito popular. Não era tímido ou retraído. Conseguia me deslocar bem no meio social, tinha amigos e conhecidos, mas me faltava a capacidade de cativar. Fundamentalmente, não tinha o dom ou desenvolvera a arte de provocar o amor. [caption id="attachment_84947" align="alignright" width="300"]
Daniel Nonohay: a obra se setoriza como em um roteiro fílmico em "descronologia" | Foto: Reprodução[/caption]
A tecnologia futurista é um elemento essencial do livro, contudo, ela não parece aliviar muito a doce e dolorosa experiência humana. A propósito, tecnologia “‘é a resposta, mas qual era a questão?’ [...] CEDRIC PRICE (1979) [...] Frase inscrita num button que se tornou popular na década de 1970” – citação de Eduardo Giannetti, em “O livro das citações: um breviário de idéias replicantes”.
Nonohay fala muito do humano, de suas contradições, sentimentos, das fraquezas e fortalezas. E faz essa coisa – acho que é filosofia – escrevendo ficção policial e científica. E, bem acompanhado, não seria heresia cogitar que foi mais ou menos isso que Ridley Scott fez em "Blade Runner". Falando nisso, o livro tem uma dimensão cinematográfica latente. Está setorizado como num roteiro em “descronologia”. Parece pronto para ser filmado.
E Nonohay é um cara com senso de humor. Tem uma passagem em que o Pastor aborda Rogério, um pândego ébrio, oferecendo-lhe uma dose de uísque:
– Posso sentar?
– Claro. Quero confessar que, se a tentativa é de me converter, tu começou bem.
Alonguei-me, é hora de finalizar. O que eu queria compartilhar mesmo é que o livro “Um passeio no jardim da vingança” é literatura de qualidade, tem filosofia, mas com diversão, com fluidez (flow). É uma ficção brasileira a serviço do prazer de ler.
Nórton Luís Benites é natural de Porto Alegre. Além de juiz federal, professor e pós-graduado, é autor de artigos e livros técnicos na área do direito
João Almino demonstra literariamente como a juventude de hoje, sem encontrar líderes confiáveis, não consegue ver a saída para aquilo que lhes causa repulsa
Escritor de amor e solidão, o autor gaúcho se mantém cada vez mais vivo com seu legado literário dado às gerações
Cantor já havia avisado que não compareceria à cerimônia e enviou uma carta em que se diz honrado por receber prêmio
Quarto e último livro de um ciclo, trabalho da também editora Larissa Mundim reflete as relações contemporâneas e suas escritas, fala sobre o desapego e acena despedida
O autor brasileiro, que ainda é muito mais conhecido em Portugal, ambienta sua obra em Andara, região metafísica da Amazônia
Nesta edição, o Jornal Opção publica conto do russo Yuri Kazakov (1927-1982), traduzido do francês exclusivamente para o Opção Cultural por Irapuan Costa Junior
A tradução de "Grande Sertão: Veredas" para o inglês pode, enfim, ir para o papel. O Itaú Cultural deve anunciar na quarta-feira, 9, apoio financeiro à tradução que será feita pela australiana Alison Entrekin. A informação é de O Estado de S. Paulo. [relacionadas artigos="70303"] Alison, que já começou a traduzir a basilar obra de Guimarães Rosa para o inglês, já estava há algum tempo procurando apoio para seu trabalho, que pode levar até cinco anos para ser finalizada. O patrocínio do Itaú Cultural é para três anos. Quem "Grande Sertão: Veredas" sabe que a linguagem utilizada por Guimarães Rosa não é convencional, o que torna a tradução para o inglês muito mais difícil. No artigo “When in Hell, Embrace the Devil: On Recreating ‘Grande Sertão: Veredas’ in English”, publicado na revista eletrônica estadunidense “Words Without Borders”, em julho, Alison conta que demorou três semanas para traduzir três páginas do livro. Por isso, o apoio financeiro é essencial para a realização do trabalho, que deverá receber atenção integral da tradutora. Até o momento, duas editoras manifestaram interesse em publicar a tradução. A primeira é a Alfred A. Knopf, de Nova York, editora que publicou a contestada “The Devil to Pay in the Backlands”, tradução do livro, de 1963. A segunda é a Harvill Secker, de Londres, do grupo Penguin Random House.
Lançado pela editora P55, “O retrato ou Um pouco de Henry James não faz mal a ninguém” propõe interessante visão acerca dos dois corpos do rei Dom Carlos I de Portugal
Uma das grandes vozes da literatura brasileira, a autora carioca embarca para o Japão em “Rakushisha”, uma de suas tantas premiadas obras
A cidade alemã de Weimar, na Turíngia, foi sede do Encontro Econômico Brasil-Alemanha. Nela, um dos maiores poetas de língua alemã, Johann Goethe, viveu boa parte da sua vida, e foi onde também faleceu. O artigo abaixo é, muito mais que boas-vindas ao Encontro, um retrato da paixão do alemão pelo Brasil e da proximidade entre os países, ainda que milhas e milhas distantes.
Poeta católico, Adalberto de Queiroz lança sua terceira obra, “Destino Palavra”, que conta da viagem, da vida e da morte da humanidade. Confira a entrevista
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Divulgação[/caption]
Também autor de "Alquimia de Pensamentos", Figueirôa narra na obra a busca pelo impossível
Pernambucano de Recife, W. Figueirôa vive os atuais dias em Goiânia. Na capital, o filho de Marcelo e Edna Figueirôa, que desde pequeno mostrava seu interesse pela escrita, fosse em redações escolares ou poesias, lança seu primeiro romance, o intitulado “Pégalus: o velho, um boneco e o caçador”. Lançada pela carioca Editora Multifoco, a obra percuta um sonho que se faz chave para a realidade, na busca pelo impossível.
Rosana Santiago Barbosa apresenta a obra, onde personagens são pessoas distintas. “Os sentimentos do boneco é a essência da obra e está no suposto de que o homem deve aprender a conviver com a natureza por ser o meio pelo qual o indivíduo torna-se plenamente criador e sujeito de sua própria história”, diz. O livro é um convite a passear por suaves e acolhedores lugares como também por hostis e competitivos, estes que compõem a vida.
Figueirôa também é autor de “Alquimia de Pensamentos”, obra que traz um poema com o qual recebeu uma menção honrosa no concurso do Rio Grande do Sul, “Caminhos do Sol”, realizado pela Shan Editores. Na gaveta, ele guarda ainda o intitulado “O Pintor e o Amante”, romance já finalizado e que aguarda a luz da publicação.
Leia um trecho do romance “Pégalus: o velho, um boneco e o caçador”, de W. Figueirôa
Parte um
Antes de ser um simples boneco
Apenas um boneco de madeira...
Já fui o auge na literatura infantil. A mentira foi o assunto em destaque na minha história. Mas sou uma realidade, uma verdade que reflete uma vida morta na natureza viva.
No tempo em que minha história era lançada, todos os meninos do mundo queriam ter um boneco igual a mim para brincar. E cada cópia criada para um boneco vivo, era uma vida para uma árvore morta.
Esse era o lado triste da linda e feliz história a se contar.

