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Vai começar a Copa, mas a principal conquista do Brasil já está perdida

Ter o hexa como objetivo principal sendo o dono da casa é como convidar todos para um churrasco e ficar só disputando a degustação da picanha Elder Dias Vai começar a Copa do Mundo no país do futebol. E então eu ligo a TV no canal da principal emissora nacional e vejo a apresentadora abrir um sorrisão para fazer a chamada para o próximo bloco do programa de esportes. Parece que vai ser uma notícia boa. E ela, algo assim: “Tem seleção campeã do mundo com craque cortado. Saiba quem é daqui a alguns minutinhos”, anuncia, quase festejando. Termina o intervalo e entra o bloco seguinte. Era Ribéry o desfalque, revelou graciosamente a apresentadora. O melhor jogador da França, um dos três melhores do mundo na eleição da Fifa este ano, foi cortado por conta de dores nas costas. Azar da França, que já tirou a chance do Brasil em três Copas? Não, azar o nosso e de quem espera quatro anos pelo maior espetáculo de um esporte coletivo. Já havia motivo de frustração desde a escolha de Sofia que se tornou o mata-mata entre Portugal e Suécia, pelas Eliminatórias europeias. Estava decretado que ali se faria o primeiro aborto da presença de um cracaço nos gramados brasileiros: ou não viria Cristiano Ronaldo ou não viria Zlatan Ibrahimovic. O sueco de rabo de cavalo ficou fora. Depois dele, veio, no início do ano, a contusão de Falcao García, o maior jogador da Co­lômbia, que há alguns dias foi vetado definitivamente. Agora, Ribéry, o destaque francês. Outro “top idol” de sua seleção sob forte ameaça de se render à contusão é Luis Suárez, do Uruguai, considerado o melhor jogador da inglesa Premier League. Pior ainda: não se sabe ainda como está de verdade Cristiano Ronaldo, o atual melhor jogador do mundo, que jogou a final da Liga dos Campeões da Europa no sacrifício. Sua situação física está envolta em mistério pela delegação portuguesa. Não só em relação aos principais jogadores das principais seleções, mas cada ausência de cada uma das 32 seleções deveria ser lamentada por todos os que gostam de futebol. Afinal, basta um pequeno exercício de empatia para, colocando-se na pele do outro, perceber que jogar uma Copa do Mundo é chance única para a imensa maioria dos convocados. E jogar no auge da forma — como estão hoje Ibrahimovic, García, Ribéry, Suárez e Cristiano — só acontece uma vez na vida. Os brasileiros deveriam se entristecer com os cortes dos craques tanto quanto os próprios suecos, colombianos, franceses, uruguaios e portugueses. Afinal, são convidados VIP que não participarão da festa dos donos da casa. Mas no sorriso da mocinha do telejornal não há tanto lamento assim. No ritmo em que as coisas vão caminhando, se Lionel Messi — que não anda tão bem das pernas — aparecesse com um joelho a menos, seria o caso de haver um foguetório no estúdio? É esse o “clima de Copa” que insinua ser instalado. Pelas reportagens desses últimos dias antes do início da festa do futebol, parece que o Mundial não será aqui, mas em uma terra bem distante. Parece que não somos os anfitriões. Parece que o único objetivo é ganhar e, se é para ganhar, é bom que isso fique mais fácil. Tocantins_1885.qxd Já perdemos muito antes de a bola rolar: perdemos a chance de usar o evento para catalisar o avanço de nossa frágil infraestrutura; perdemos a chance de respeitar os prazos estabelecidos e nos mostrar como nação organizada aos olhos estrangeiros; perdemos a chance de nos preparar adequadamente para receber os milhares de turistas. Até agora, portanto, perdemos muito mais do que ganhamos. Mas parece também que bastará levantar a Taça Fifa no dia 13 de julho para virar o placar. O hexa será a redenção. Ora, por mais que possa parecer importante ganhar o título — e, esportivamente, esse tem de ser o objetivo de qualquer seleção de grande talento e ambição, como a brasileira —, isso não pode ser mais do que um detalhe quando você é o dono da casa. Ter o troféu como objetivo principal desta Copa, em específico, é como chamar todos para um churrasco só com a intenção de degustar a picanha. De preferência, servido pelos convidados. Pelo jeito, a abertura do Mundial no Brasil vai ser como a passagem do estandarte do sanatório geral de Chico Buarque. Concentração total em ser campeão e nada mais. Deve ser por isso que os uruguaios — e os brasileiros de bom senso — não entendem porque a derrota de 1950 foi chamada até de “nossa Hiroshima” por aqui. E vamos torcer para que nenhum japonês saiba disso. No YouTube “Pelé e Garrincha: Deuses do Brasil” Título original: Gods of Brazil: Pele and Garrincha França/Dinamarca/Reino Unido, 2002 Gênero: Documentário Diretor: Jean-Christophe Rosé Narração: Garth Crooks Tocantins_1885.qxd Uma produção franco-alemã, exibida pela BBC, discorre sobre a trajetória dos dois maiores craques do futebol brasileiro. É uma forma de ver como os estrangeiros observam a figura de Garrincha — um antijogador, de pernas tortas, pessoa do povo e que morre alcoólatra — em contraste com a de Pelé, esportista por natureza e com visão de marketing. Vale a pena para conhecer melhor a história de quem tirou o Brasil da depressão pós-Maracanazo. Na Prateleira “O Negro no Futebol Brasileiro” Autor: Mario Filho Editora: Mauad Páginas: 344 Tocantins_1885.qxdUma forma de desvendar um país pelo futebol. Assim pode ser resumido “O Negro no Futebol Brasileiro”, obra-prima do jornalista Mario Filho que o doutor em História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Francisco Carlos Teixeira bem define como “a mais tardia e a mais democratizante” das explicações sobre o Brasil. Leitura clássica sobre o esporte, mas que serve também para uma análise mais ampla — é colocado até como texto-referência sobre a identidade nacional, ao lado de livros como “Casa-Grande & Senzala” (Gilberto Freyre”) e “Raízes do Brasil” (Sérgio Buarque de Holanda).

Integrante do Comitê Executivo da Fifa, Marco Polo Del Nero vê greve de metroviários em São Paulo como “probleminha”

O futuro presidente da CBF insistiu que a greve é um problema, mas que pode ser facilmente contornado. "Podemos ir de carro ou ônibus"

Governo brasileiro barra entrada de americano condenado por crime sexual

Um norte-americano, cujo nome não foi divulgado “por questões de segurança”, foi detido neste sábado (7/6) no Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão, no Rio de Janeiro, quando tentava entrar no país. Ele é condenado pelo governo dos Estados Unidos por ter molestado um menor de 16 anos de idade. Segundo o Ministério da Justiça, a abordagem e a detenção do estrangeiro foram feitas com base na portaria do governo federal que prevê que estrangeiros condenados por crimes relacionados à exploração sexual de crianças e adolescentes ou à pornografia infanto-juvenil sejam impedidos de entrar no Brasil. A portaria 876/2014 interministerial foi assinada no último dia 23 de maio pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pela ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti. “Os agentes com atuação no controle fronteiriço e em atividades de fiscalização migratória nos portos, aeroportos internacionais e pontos de fiscalização terrestre de migração aplicarão a medida de impedimento de ingresso no território nacional a todo estrangeiro cujo nome conste de difusão oficial em Sistemas de Cooperação Internacional, nos casos em que o estrangeiro tenha condenação por crime relacionado à pornografia ou à exploração sexual infanto-juvenil”, diz o texto da portaria. Este foi o primeiro caso de proibição de entrada no Brasil envolvendo acusado de pedofilia desde que a portaria entrou em vigor.

Marina Silva chama aliança de PSB com Alckmin em São Paulo de “equívoco”

A ex-senadora afirmou que a Rede vem buscando uma alternativa que não envolva o PT e o PSDB no poder

Presidente Dilma Rousseff lamenta morte de Fernandão, ex-jogador do Goiás

"Fernandão deixará saudades", é uma das mensagens publicadas no Twitter da presidente se referindo ao craque que morreu em um trágico acidente de helicóptero

Menor morre em tiroteio no Complexo do Alemão e policial fica ferido

Um policial militar ficou ferido e um menor foi morto na noite do último sábado (6/7) em um tiroteio no Complexo do Alemão, na zona norte da cidade. O policial foi levado para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do complexo de favelas e depois transferido para o Hospital Getúlio Vargas. Essa foi a segunda troca de tiros entre traficantes e policiais em menos de 24 horas e o quarto confronto desta semana. No último dia 5, um suspeito já havia sido morto pela polícia. Durante toda a noite o clima foi de tensão para os moradores. A energia elétrica chegou a ser cortada, dando inicio a um novo tiroteio. Segundo informações da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, a troca de tiros começou por volta das 20h, quando policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Alemão que faziam ronda na localidade conhecida como Largo do Pingue-Pongue, no Areal, foram surpreendidos por um grupo de traficantes. Na troca de tiros, um soldado, identificado como Caldas, foi atingido. Os policiais chegaram a ficar encurralados pelos traficantes e depois foram resgatados por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Os traficantes cortaram a energia elétrica da Favela Nova Brasília e houve mais um confronto com troca de tiros na área conhecida como Beco do Mercado. A segurança foi reforçada com a chegada de policiais do Grupamento de Intervenções Táticas (GIT) das UPPs e do Bope, que vasculharam a região. Os traficantes conseguiram fugir. Equipes da Light, concessionária de energia do Rio, estiveram na Nova Brasília para restabelecer a energia, mas tiveram que deixar o local por causa do tiroteio. Os policiais do Bope continuaram patrulhando becos e vielas das favelas do Alemão, onde o clima ficou tenso por toda a noite. O policiamento está reforçado nas favelas da comunidade, com a presença ostensiva de policiais do Bope e do GIT e o clima no momento é de relativa tranquilidade.

Vice-governador diz que último encontro da base reitera união dos partidos

A reunião ocorreu em Anápolis, sem a presença do governador Marconi Perillo, que mudou sua agenda política após a morte de seu sobrinho na última quinta-feira (5/6)

11 craques que não se renderam ao sistema

Pela personalidade, por ações humanitárias ou posicionamentos políticos, um ranking subjetivo sobre jogadores que pensaram o esporte muito além das quatro linhas do gramado Elder Dias Para quem olha de fora, o mundo do futebol é habitado por seres completamente alienados. Um preconceito sob uma base real: está claro que os jogadores colaboram para essa impressão virar estereótipo. E nem só por aqui — a seleção inglesa que jogará a Copa do Mundo ficou hospedada em Miami antes de vir para o Brasil e somente um atleta, Leighton Baines, reparou que aquele senhor grisalho acomodado no mesmo hotel era o cantor Morrissey, lenda do rock britânico. A maioria das celebridades do futebol pisa na bola ao entrar (ou nem isso) no campo dos temas universais, provocados em assuntos que vão da política à cultura, da economia aos direitos humanos. Mas nem só de pagode e “vamos dar tudo de si” vivem os jogadores. Alguns deles — poucos, é bem verdade — se fizeram referência exatamente por fugir do padrão: tornaram-se não só grandes como atletas, mas também pessoas brilhantes. Pelo pensamento rápido, por uma personalidade contestadora, por ações humanitárias ou posicionamentos políticos, a lista destas próximas páginas estabelece um ranking totalmente aleatório e pessoal sobre alguns sujeitos que, sem dúvida, levaram o futebol muito além das quatro linhas de um campo. Tocantins_1885.qxd    

4 Caszely, o bravo

Tocantins_1885.qxd Considerado um dos maiores jogadores da história do Chile, o socialista Carlos Caszely, já craque da seleção, apoiou o governo de Salvador Allende no início dos anos 70 e foi também uma das celebridades do país a se opor frontalmente à ditadura de Augusto Pinochet. Tão frontalmente que, recebido com a seleção em La Moneda, o palácio presidencial, não estendeu a mão ao general, em solenidade pela conquista da vaga à Copa da Alemanha, em 74. Talvez isso tenha colaborado para que tivesse sua mãe sequestrada e torturada por agentes do governo naquele ano. Em 1980 e 1988, fez campanha contra o governo, respectivamente pela rejeição à nova Constituição e pela opção “não” no plebiscito que decidia sobre a manutenção de Pinochet no poder. Jogou as Copas de 1974 e 1982 e é o terceiro maior artilheiro da história da seleção chilena.

5 Varela, o digno

Tocantins_1885.qxd O principal causador da maior tragédia do futebol brasileiro era muito mais do que jogador e capitão da seleção uruguaia. Em 1948, liderou uma greve dos atletas do país por condições mais humanas no trabalho. Já no fim da carreira, se recusou a receber premiação diferente dos colegas. Quando seu clube fechou patrocínio, em 1954, a única camisa do time em que a marca do anunciante não estava estampada era a sua. Ele não permitiu. “Antes, nós, os negros, éramos puxados por uma argola no nariz. Esse tempo já passou”, justificou sua atitude. O durão Varela se disse arrependido de ganhar a Copa de 50, após consolar brasileiros nos bares do Rio na noite do Maracanazo. Condoeu-se por nunca ter imaginado que o futebol significasse tanto para aquela gente. Morreu pobre, em 1996.

6 Sócrates, o democrata

Tocantins_1885.qxd Sócrates, que jogou as Copas de 82 e 86, pode ser considerado o maior “antijogador” da história do futebol brasileiro. Revelação do Botafogo de Ribeirão Preto (SP), sua terra natal, recusou-se a ir para o Corinthians antes de terminar a faculdade de Medicina. No Timão, além de um dos maiores ídolos da história, foi um dos responsáveis pela implantação da Democracia Corintiana, movimento em que decisões sobre o time e o clube eram votadas por dirigentes, jogadores e funcionários. Outra prova de sua politização foi subir e discursar nos palanques das Diretas, em 1984. Era contra a concentração antes dos jogos. Fumava e bebia muito quando ainda era atleta. O álcool foi o causador de sua morte prematura, aos 57 anos, em 2011.

7 Cruijff, o sarcástico

Tocantins_1885.qxdVice-campeão mundial em 1974, ano em que a Laranja Mecânica comandada por ele em campo perdeu a decisão para a Alemanha, Johann Cruijff já jogava no Barcelona em 1973, quando resolveu dar ao terceiro filho o nome de Jordi, o padroeiro da Catalunha (no Brasil, São Jorge). Vivia-se ainda o período ditatorial do franquismo e tinha sido banida qualquer referência aos símbolos nacionais catalães. Como não pôde então registrar o filho em Barcelona, Cruijff se dirigiu ao país natal e Jordi pôde ser Jordi em Amsterdã. Para debochar de Franco, se deixou ser fichado como “máquina agrícola”, já que tinha sido considerado “muito caro” como jogador de futebol. Outra ditadura, a do argentino Jorge Videla, teria sido o motivo de sua não ida à Copa de 78. Por atitudes como essas, Cruijff é reverenciado por torcedores do Barcelona e nacionalistas da Catalunha muito além do craque que foi em campo. É um dos maiores jogadores de todos os tempos e o maior da Holanda.

8 Redondo, o indomável

Tocantins_1885.qxdUm dos mais talentosos jogadores argentinos dos anos 90, Fernando Redondo foi um habilidoso volante que se destacou especialmente no Real Madrid. Depois de jogar a Copa de 1994, envolveu-se em uma polêmica por causa de uma ordem bizarra do então técnico da seleção Daniel Passarella em 1998: para serem convocados, todos os atletas deveriam ter cabelos curtos. “Eu disse a Passarella que não iria cortar meu cabelo, porque ele faz parte da minha personalidade. E, antes de ser jogador, eu sou uma pessoa.” A personalidade forte do cabeludo Redondo já havia sido demonstrada em 1990, ao recusar a convocação do técnico Carlos Bilardo para a Copa. Mais tarde ele confirmaria que não concordava com o estilo de jogo proposto pelo treinador.

9 Romário, o ferino

Tocantins_1885.qxdUm dos maiores camisas 9 (embora jogasse com a 11) da história do futebol mundial, o “Baixinho” espalhou tanto talento quanto desafetos no futebol: teve atritos (alguns com vias de fato) com os colegas Edmundo, Zico, Andrei, Pelé, Ronaldo e o argentino Simeone, entre outros; com os treinadores Alexandre Gama, Zagallo e Luxemburgo; e com os dirigentes Roberto Dinamite (Vasco), Edmundo dos Santos Silva (Flamengo) e Ricardo Teixeira (CBF). Poderia ter jogado cinco Mundiais (entre 1986 e 2002), mas, de fato, apesar de ter estado em 1990 como reserva — só entrando contra a Escócia —, brilhou quatro anos depois: a conquista do tetra foi também a “Copa do Romário”. Além de boêmio — amava a noite, dizia que não era atleta e achava que jogava melhor quando antes fazia sexo —, foi um frasista polêmico. Entre elas disse: “Pelé, calado, é um poeta” e “O cara entrou no ônibus agora, não está nem em pé e já quer sentar na janela” (sobre Alexandre Gama, então técnico do Fluminense). Hoje sua língua ferina o ajuda nos debates no Congresso, como deputado federal pelo PSB do Rio. Grata surpresa da política e ferrenho crítico da CBF, em outubro Romário deve disputar o Senado.

10 Best, o boêmio

Tocantins_1885.qxdÉ do norte-irlandês talvez a frase mais sarcástica de um jogador de futebol para definir hedonismo: “Gastei muito dinheiro com bebidas, mulheres e carros potentes. O resto eu desperdicei.” Em plena efervescência da beatlemania, George Best foi o primeiro jogador pop star do futebol mundial e o maior frasista de seu ramo. Nunca disputou uma Copa do Mundo — sua seleção, a Irlanda do Norte, não conseguiu êxito nas eliminatórias de 1962 a 1978 —, mas é considerado um dos maiores jogadores da história do Manchester United. Sua vida de “bon vivant” foi também o que o matou: ainda tinha carreira em alta quando se entregou ao álcool. Sofrendo de cirrose, passou por transplante de fígado em 2002, mas voltou a beber mesmo assim. Morreu em 2005, aos 59 anos. Como último e digno ato, deixou-se fotografar moribundo no hospital Cronwell, em Londres, pedindo para que o registro fosse legendado com uma última grande frase: “Não façam como eu.” O aeroporto de Belfast, sua cidade natal, foi rebatizado com seu nome.

11 Breitner, o sincero

Tocantins_1885.qxdPaul Breitner penou por dizer sempre o que pensava. No tempo em que o Muro de Berlim ainda estava de pé, tinha fortes posições políticas e não fugia de polêmicas. Campeão mundial em 1974 pela Alemanha, só voltaria a jogar pela seleção em 1981. É que chamara o então técnico Helmut Schön de “senil”, o auxiliar Jupp Derwall de “idiota” e seus colegas de time de “burros”. Em plena guerra fria, foi considerado maoísta por confessar que tinha um livro do ditador chinês. Foi também o técnico da seleção com recorde negativo de tempo de permanência: 17 horas, tempo que levou para ser reprovado pelo conselho da federação alemã. Sobre o motivo da rejeição, disse Breitner à época: “Talvez seja sincero demais para ser técnico da seleção.”

Numa semana ocupada por quatro pesquisas, nenhuma sorriu para a reeleição

Com a queda do prestígio da presidente em amostragens diferentes, petistas concluem que cabe a Dilma fazer-se mais do mesmo

Com Lula e Dilma, comando da campanha não encontra saída, a não ser a velha

[caption id="attachment_6348" align="alignleft" width="620"]Marqueteiro de Dilma Rousseff, João Santana sabe que sua cliente não tem proposta a oferecer ao eleitor | Foto: Silas Dias/Divulgação Marqueteiro de Dilma Rousseff, João Santana sabe que sua cliente não tem proposta a oferecer ao eleitor | Foto: Silas Dias/Divulgação[/caption] A mais recente pesquisa para consumo interno do PT notou que estacionou o sentimento de confiança popular no futuro. A crise na economia seria a maior razão do descrédito. Os petistas não vazaram, mas certamente os gastos com a Copa do Mundo são contrastados pela população com a alta no custo de vida, o desemprego e as deficiências dos serviços públicos. Com a pesquisa na mão, oito con­selheiros da campanha da reeleição da presidente, com Lula à fren­te, sugeriram que a propaganda de Dilma Rousseff se dedique a apontá-la como a candidata mais indicada para promover a recuperação econômica e, por consequência, reanimar a esperança dos eleitores num futuro melhor do que hoje. Um dos sintomas da crise na can­didatura se manifestou na conclusão, na noite de segunda-feira no Alvorada, de que a confiança da sociedade pode vir se houver ain­da mais exposição de Dilma ao pú­blico. Não ocorreu entre os petistas a ideia de que mais visibilidade da presidente pode significar mais oportunidades de desgaste da candidata em tempo de protestos nas ruas. A presidente, por exemplo, encarava com reserva a presença em estádios na Copa do Mundo com receio de vaias como há um a­no. Mas os conselheiros sugeriram que basta Dilma ir ao futebol na companhia de Lula para ser bem recebida pela massa. Assim, am­bos compareceriam na próxima quinta à abertura do campeonato com o jogo entre o Brasil e a Croácia. Os dois voltariam a estar juntos no encerramento da disputa um mês depois, em 13 de julho, no Rio. Porém, se a seleção brasileira não estiver no Maracanã para o jogo que consagrará o campeão, será que a presença de Lula seria o suficiente para conter a explosão da insatisfação da massa perante o poder em carne e osso? O problema da imaginação petista é que o comando da campanha de reeleição propõe à candidata mais do mesmo. É o caso de mais exposição e fala de Dilma. Se for assim, a falta de ideias novas na campanha leva à conclusão de que os conselheiros não enxergam novos espaços a favor da expansão do prestígio da candidata. Outro sintoma de crise na criatividade petista está no consolo cínico que o marqueteiro João Santana repassou aos companheiros no Alvorada: a presidente enfrenta dificuldade, mas, em compensação, os dois concorrentes principais, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), não empolgam como alternativas de mudança no governo. Mais do que um consolo, a observação de Santana sugere a alienação quanto à valorização de Aécio e Campos, revelada em pesquisas. Ambos, apesar de tudo, ainda não representam um sinal de alerta para o PT. Bastaria congelar as posições dos três candidatos no status atual e aguardar as urnas daqui quatro meses. A reeleição se torna mais importante do que a gestão. Sendo assim, o marqueteiro avaliza a ideia de que basta tocar a vida como está, fazendo mais do mes­mo. A presidente que continue a dis­cursar quase diariamente para exaltar as obras de seu governo co­mo garantia de crescimento econômico. Afirme sempre que a inflação está sob controle. Se quem vai às compras de varejo a cada dia pensa que não é bem assim, dane-se. Como corolário da exaltação do governo, a novidade foram os vídeos recentes que buscam injetar no povo o medo pelo retrocesso social se a oposição vencer a disputa presidencial. Os vídeos foram barrados pela justiça eleitoral como campanha antecipada. Mas podem reaparecer em cartaz no período autorizado à propaganda.

Amostragem americana indica que rejeição ao governo deve crescer depois da Copa

[caption id="attachment_6345" align="alignleft" width="620"]Pesquisa americana constatou que 85% dos brasileiros temem mais o fantasma da inflação do que a corrupção | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Pesquisa americana constatou que 85% dos brasileiros temem mais o fantasma da inflação do que a corrupção | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] A bola começa a rolar na quinta-feira, mas, depois de um mês com os jogos da Copa do Mundo, o povo pode retornar à realidade com outra percepção a respeito do desempenho do go­verno Dilma Rousseff. É o que sugere a pesquisa sobre os sentimentos de satisfação do brasileiro feita para o consumo de go­ver­nos e mercados internacionais. A amostragem do centro de pesquisa Pew apurou, por exemplo, que a população se preocupava mais com a volta do fantasma da inflação do que com a corrupção. A alta dos preços era o principal problema brasileiro, conforme 85% das respostas. Apesar de todos os escândalos conhecidos, a corrupção política estava em terceiro lugar, com 78%. Depois da inflação vinha a insatisfação com o desempenho administrativo do governo: a segurança e a saúde públicas conquistaram 83 pontos, dois a menos do que a inflação. Em seguida à corrupção, surgiu em quarto lugar a falta de emprego, com 72%. A soma do aumento do custo de vida e do desemprego tem tudo a ver com mal estar social: atinge o bolso e a boca. A dois meses da Copa do Mundo, 39% dos brasileiros consideravam que a promoção teria efeito negativo na imagem do país – entre eles, a maioria, 61%, condenava os gastos com o futebol enquanto os serviços públicos eram deficientes. O resultado seria positivo na opinião de outros 35%. O efeito seria nulo, pensavam 23% dos brasileiros. É verdade que chegou com atraso a pesquisa divulgada em Washington no começo da semana pelo Pew Research Center. O levantamento da opinião de 1.003 pessoas ocorreu em abril, entre os dias 10 e 30. A próxima rodada do Pew virá ao público em setembro, quando estará consolidada a opinião brasileira sobre a Copa. Será conhecida antes da eleição presidencial em outubro. Quanto à sucessão da presidente, a pesquisa apurou um quadro delicado para Dilma: 63% dos eleitores não aprovavam a gestão econômica contra 34 que a apoiavam. No entanto, com o apoio desses 34%, a economia se tornou o ponto mais positivo do governo segundo os números setoriais do levantamento. Ainda sobre a sucessão, Dilma é mais bem cotada do que seus dois principais concorrentes. A presidente transmitia uma imagem favorável para 51% das pessoas. Aécio Neves (PSDB) ficou em segundo com 27%. Eduardo Campos (PSB) recebeu a simpatia de 24%. Porém, depois daquele abril. Dilma desceu um degrau nas pesquisas brasileiras do Datafolha, enquanto os concorrentes subiram. No começo de abril, a presidente contava com o apoio de 38%. Em maio, foi a 37%. No período, Aécio Neves (PSDB) passou de 16% em abril para 20 em maio. Eduardo Campos moveu-se de 10% em abril para 11 em maio.

O pessimismo é forte em todas as classes sociais e atingirá a campanha eleitoral

Ainda no universo da Copa do Mundo e da apreensão com a economia, surgiu uma pesquisa sobre os planos individuais de consumo no varejo depois do campeonato de futebol. Entre mil pessoas consultadas no país em maio. A maioria, 52%, pensa que a situação econômica vai piorar. Apenas 14% acreditam que será melhor. Os outros 34% acreditam que ficará como está. A pesquisa foi feita por uma empresa, com sede em São Paulo e ramificações regionais que vende a lojas de varejo informações cadastrais sobre clientes que são candidatos a compra a crédito, É a Boa Vista SCPC (Serviço Central de Pro­teção ao Crédito). O pessimismo é forte em todas as classes sociais Na classe A, a maioria, 54%, pensa que a situação será pior depois da Copa – durante a campanha eleitoral. Na classe B, são a metade, 50%. Na classe B, 54%. Na classe C, sobem a 55%. Na classe E, cliente de programas sociais do governo, a taxa desceu a 45%.

O apoio do PMDB do Rio a Aécio é um aviso ao PT e à convenção nacional do partido

[caption id="attachment_6340" align="alignleft" width="350"]Peemedebista Paulo Skaf faz questão de se afastar do palanque de Dilma | Foto: Eduardo Biermann Peemedebista Paulo Skaf faz questão de se afastar do palanque de Dilma | Foto: Eduardo Biermann[/caption] A vocação governista sempre vence de maneira irresistível, mas os peemedebistas prometem emoção na convenção nacional de terça-feira, 10, quando estará no palco o apoio à reeleição da presidente Dilma fragilizada pelas pesquisas. Cinco dias antes surgiu a rebeldia no Rio, quando 1.600 líderes estaduais, inclusive de outros partidos, apoiaram o presidenciável tucano Aécio Neves. “O PMDB deixou os generais com a Dilma e a tropa com o Aé­cio”, constatou o presidente estadual do PT, Washington Quaquá. “Não se vence guerra com generais. Quem dá tiro é a tropa”, emendou. “Me deem a vitória no Rio de Janeiro que dou a vocês a Presidência”, animou-se o tucano diante da tropa. Agora, na convenção em Bra­sí­lia, os generais peemedebistas se ren­derão à vocação governista, mas ha­ve­rá um jogo deles com o PT de Lu­la e Dilma em que o exemplo do Rio vai pairar nas negociações. Um jogo para valorizar a nova adesão ao PT neste ano em que se elegem também governadores, senadores e deputados. Aí, a porca torcerá o rabo. Os generais, inclusive Michel Temer, vice-presidente de Dilma, poderão pressionar o PT em busca de posições federais e estaduais. Como a convenção nacional petista virá apenas mais à frente, todos terão tempo para negociar composições nas eleições regionais que evitem rebeldias da tropa como a do Rio. Então, o PT poderá questionar a con­tinuidade do general Temer como vice na chapa da reeleição se ele não comanda a tropa. Assim, o jogo por posições federais e estaduais estará em cena. O PMDB possui posições de prestígio no Congresso por causa, em especial, de suas ramificações nos municípios. Mas, a cada eleição em que os dois partidos se aliam, os petistas saem mais numerosos e os peemedebistas menos. Nessa dieta o PMDB acaba perdendo posições. Se o partido continuar em dieta, cai o cartaz do próprio Temer junto a políticos, a começar pelos peemedebistas. Que cargo reluzente o general poderia conquistar no voto? O governo de São Paulo? Inatingível a ele. Neste ano, Temer tem um interesse especial em que o neocorreligionário Paulo Skaf faça bonito na disputa do governo paulista contra a reeleição do tucano Geraldo Al­ckmin e a concorrência do candidato de Lula, Alexandre Padilha. O bom desempenho de Skaff valorizaria o PMDB na terra de Temer e pode ajudar na eleição de deputados do partido. Com o seu próprio estilo, o industrial Paulo Skaff, 58 anos, paulistano de Vila Mariana, promete ser destaque na convenção da semana em Brasília. Ele anda brabo porque, há duas semanas, Dilma, em jantar com peemedebistas, valorizou a candidatura dele como se fosse um aliado para retirar o PSDB do governo paulista. A derrota tucana seria mais importante do que eleição em si de Skaff ou Padilha. Com razão, Skaff protestou e deixou claro que é candidato contra o PT em São Paulo, não um aliado. É claro, não interessa ao empresário, ex-presidente da poderosa Federação das Indús­trias do Estado de São Paulo (Fiesp) ser mais um governista na disputa. Mas, sim, superar Padilha, o lulista que os eleitores desconhecem. Deseja ser tão oposição ao PT como o PSDB de Alckmin. Enfim, Skaff elimina a possibilidade de oferecer um segundo palanque à presidente no Estado. Se o candidato a governador não deseja se confundir com Dilma, não será por Temer que fará concessão. Porém, até que interessa a Temer que Skaff faça bonito. Assim, ele fortaleceria o PMDB e ajudaria a eleger deputados. Será a segunda vez que Skaff disputa o governo de São Paulo. Há quatro anos, o capitalista concorreu pelo socialista PSB e recebeu 4,56% dos votos. Ficou em quarto lugar. Atrás de Alckmin, Aloizio Mercadante (PT) e Celso Russomanno (PRB). Nas pesquisas atuais leva corpos de vantagem sobre Padilha, mas interessa a ele ter o ex-ministro da Saúde na disputa porque poderia provocar um segundo turno na eleição a governador. Se Skaff for ao segundo turno contra Alckmin, aí sim. Poderá agradecer ao apoio inevitável do PT de Lula e Dilma.

Governador divulga nota de pesar pela morte de seu primo, de Fernandão e outros três em queda de helicóptero

Nota de pesar
O governador Marconi Perillo e a primeira-dama Valéria Perillo estão extremamente consternados com a tragédia, na madrugada deste sábado, que resultou no falecimento do ídolo do Goiás Esporte Clube Fernando Lúcio da Costa, o Fernandão; do vereador por Palmeiras de Goiás, Edmilson de Souza Leme; de Antônio de Pádua, o Bidó, primo do governador; de Lindomar Mendes Vieira, caseiro da propriedade de Fernandão; e do piloto do helicóptero, Milton Ananias. Conforme os primeiros relatos da Polícia Civil do Estado de Goiás, o helicóptero em que as vítimas estavam caiu às margens do Rio Araguaia, na madrugada deste sábado, quando a aeronave se deslocava de Aruanã para Goiânia. Os órgãos competentes já estão investigando as causas da tragédia. Marconi e Valéria lamentaram profundamente a tragédia e manifestaram sua solidariedade e apoio integral a todas as famílias das vítimas. Fernandão, Edmilson e Milton eram amigos muito próximos do governador, que definiu ainda a relação com Antônio de Pádua como "mais do que a de um primo, mas a de um irmão". Nas palavras do governador, "as perdas são irreparáveis e não há palavras para expressar a dimensão da tragédia, que vitimou tantas pessoas queridas de nossos círculos familiares e de amizade e também da população de Goiás". "Temos a plena certeza de que Deus guiará a todos na plena paz espiritual, reforçada pelas nossas orações", afirmou Marconi.

Duelo das Famílias Scolari: qual seleção é melhor, a de 2002 ou a de 2014?

Num olhar superficial, a comparação pode parecer injusta, pois a primeira já foi campeã. É um risco, mas futebol não é para fracos — às vezes é preciso entrar de sola Ademir Luiz Especial para o Jornal Opção No excelente livro “As Melhores Seleções Brasileiras de Todos os Tempos”, o jornalista Milton Leite defendeu que o melhor time já montado para uma Copa foi o escrete de 1970, vencedor no México. Embora respeite essa opinião, discordei dela e escrevi o artigo “1958 – rei de Copas”, publicado em março de 2010 no Jornal Opção, no qual, obviamente, defendi nossa primeira equipe campeã. Retomo a discussão, enfocando as duas Famílias Scolari: a do mundial 2002 e a atual. Num olhar superficial pode parecer injusto, considerando que a primeira já foi campeã. Certamente, é um risco, mas, futebol não é para fracos — às vezes é preciso entrar de sola. A possível conquista de 2014 será mais importante do que a de 2002. O próprio patriarca da família admitiu que a Seleção tem obrigação de vencer em casa. Não se pode repetir 1950, o mal fadado Maracanazo, quando o Brasil perdeu para o Uruguai por 2 a 1. Objetivamente, a equipe de 2002 era favorita simplesmente pela tradição, mas estava fresca a acachapante — e para muitos suspeita— derrota de 1998, para a França de Zidane. Scolari não havia comandado todo o processo: foi o substituto de Leão, que substituíra Vanderlei Luxemburgo. A situação se repetiu agora, com Scolari na vaga do decepcionante Mano Menezes. Tocantins_1885.qxd Scolari não mudou muito as peças. Não por ser uma geração de unanimidades, mas pela oferta de nomes selecionáveis se mostrar escassa desde a Segunda Era Dunga, em 2010, que deveria representar renovação à vencedora geração anterior, encerrada em 2006 e que começou a se desenhar em 1990, a Pri­meira Era Dunga. Scolari não enfrentou polêmicas. Divergências foram pontuais. Alguns defenderam veteranos como Ro­naldinho Gaúcho, Kaká e Robinho; outros, que Diego Cavalieri deveria ter vaga de goleiro reserva; ainda outros lamentaram o corte de Lucas. Nada que colocasse em xeque a legitimidade dos eleitos. Nada parecido com a balbúrdia pela ausência de Romário em 2002. O que essa calmaria representa? Trata-se de confiança, de descrédito ou apatia quanto à Seleção? Difícil, mas a vitória na Copa das Confederações deu crédito à segunda Família Scolari. Em termos de nível de dificuldade na 1ª fase, 2014 supera 2002, quando os adversários foram Turquia, China e Costa Rica. Em 2014, serão Croácia, México e Camarões. A Turquia surpreendeu em 2002, mas o México é sempre um time complicado de bater, a Croácia costuma apresentar um futebol ofensivo e perigoso e Camarões é uma incógnita, variando de letal até semiamador. Mas é provável que se repita o 1º lugar do grupo. O esquema de Scolari em 2002 foi considerado exageradamente defensivo, com três zagueiros. Poucos perceberam que essa formação permitia que os laterais Cafu e Roberto Carlos e o volante Kléberson fossem livres para atacar. Efeito surpresa fundamental para o sucesso. Por outro lado, a seleção agora é claramente ofensiva, contando com três atacantes de ofício: Hulk, Fred e Neymar. Contrapondo os titulares de cada uma das gerações o que se pode observar? Começando pelo gol, Júlio César não é rival para Marcos. Bom goleiro, Júlio César é alvo de desconfiança desde sua falha contra a Holanda em 2010. Não se mostra muito acima dos reservas Jefferson e Victor. Ironicamente, recusou o número 1 e vai usar o 12 nesta Copa. Marcos, independentemente das defesas milagrosas que realizaria em 2002, já na preparação conquistou a confiança de Scolari e dos torcedores. Coisa de santo. A zaga de 2002 era eficiente e disciplinada, com Lúcio, Edmílson e Roque Júnior. Mas a dupla Thiago Silva e David Luiz parece mais sólida e técnica. Edmilson, que usava a camisa 5, deve ser comparado ao volante Fernandinho. Talvez Ed­milson devesse perder, mas seu fantástico desajeitado gol de bicicleta contra a Costa Rica lhe concede o empate. O mesmo vale para os dois camisa 8, Gilberto Silva e Paulinho. O segundo volante em 2002 era Kléberson. Não existe no time de 2014 ninguém com função tática parecida. Sua guisa de comparação, então, seria o atacante Hulk. Entre os dois, a superioridade técnica de Kléberson é evidente, embora Hulk, jogador muito esforçado, mereça crédito de ser uma das forças motriz do time. Nas laterais, duas situações diferentes. Na direita duelam Cafu — versátil, velocista e líder equilibrado, mas que parecia ser melhor do que era — e Daniel Alves, tecnicamente melhor, mas que não se mostrou insubstituível ou decisivo. Por conta disso, outro empate. Na esquerda, Roberto Carlos e Marcelo. Não se pode chamar de duelo: Roberto Carlos foi o segundo melhor lateral esquerdo do Brasil, e talvez mundial, de todos os tempos, só atrás do lendário Nilton Santos, bi em 1958 e 1962. Marcelo é bom jogador, titular do Real Madri, e com medalhas olímpicas em 2008 e 2012, mas ainda não é História. Roberto Carlos, apesar das meias em 2006, é. A seleção de 2014 possui só um armador, o discretíssimo Oscar, que não usa a 10, mas a 11. A mesma de Ronaldinho Gaúcho em 2002. Apesar de Oscar ser promissor, Ronaldinho já era uma realidade. Lembro-me da “Placar” o comparar ao rei Pelé. Exagero? Muito. Mas o fato de esse exagero ter sido cometido já indica algo. A 10 de 2014 pertence a Neymar Jr. Ele venceria fácil todos os citados, com exceção de Ronaldinho, mas os dois últimos nomes de 2002 são gênios. Infelizmente, para o esbelto topetudo, seu rival imediato é o brilhante Rivaldo, escolhido o melhor do mundo em 1999. O mal de Rivaldo foi a humildade. Se tivesse a saudável petulância de um Romário poderia conseguir vaga na galeria das lendas futebolísticas, ao lado de gigantes como Cruyff, Puskas, Maradona e Eusébio. Não poderia ser rei, pois só existiu Pelé, mas seria um grande príncipe. Rivaldo, embora o laureado oficial tenha sido o goleiro alemão Oliver Kahn, foi o melhor jogador da Copa de 2002. É até provável que Neymar se torne um dos melhores do mundo e de todos os tempos, mas ainda não é. Liderando o ataque de hoje está Fred. Em 2002 havia Ronaldo. Davi contra Golias, e desta vez o gigante esmaga o pequeno. Fred é bom jogador, parece ser ótimo sujeito e tem a confiança de Scolari, mas Ronaldo é simplesmente gênio. Não por acaso, após uma séria contusão, terminou a Copa como o maior artilheiro brasileiro de uma edição da competição em todos os tempos. A partir dessa opinião, a Família Scolari de 2002 vence a de 2014 por 6 a 2, com três empates. Para terminar, relembro que em 2002 havia um reserva de luxo, Denílson, vendido como uma espécie de Garrincha mirim. Não era para tanto, mas Denílson cumpriu muito bem sua função na Copa. A cena dele sozinho, segurando a bola perseguido por um esquadrão de turcos é antológica. Esse ano tal papel deveria ser representado por Lucas. Não deu. Espero que Lucas, mesmo preterido, torça tanto para o escrete canarinho quanto Romário torceu em 2002. A Família Scolari agradece. Ademir Luiz é doutor em História e professor da UEG.