O apoio do PMDB do Rio a Aécio é um aviso ao PT e à convenção nacional do partido
07 junho 2014 às 11h18
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A vocação governista sempre vence de maneira irresistível, mas os peemedebistas prometem emoção na convenção nacional de terça-feira, 10, quando estará no palco o apoio à reeleição da presidente Dilma fragilizada pelas pesquisas. Cinco dias antes surgiu a rebeldia no Rio, quando 1.600 líderes estaduais, inclusive de outros partidos, apoiaram o presidenciável tucano Aécio Neves.
“O PMDB deixou os generais com a Dilma e a tropa com o Aécio”, constatou o presidente estadual do PT, Washington Quaquá. “Não se vence guerra com generais. Quem dá tiro é a tropa”, emendou. “Me deem a vitória no Rio de Janeiro que dou a vocês a Presidência”, animou-se o tucano diante da tropa.
Agora, na convenção em Brasília, os generais peemedebistas se renderão à vocação governista, mas haverá um jogo deles com o PT de Lula e Dilma em que o exemplo do Rio vai pairar nas negociações. Um jogo para valorizar a nova adesão ao PT neste ano em que se elegem também governadores, senadores e deputados. Aí, a porca torcerá o rabo.
Os generais, inclusive Michel Temer, vice-presidente de Dilma, poderão pressionar o PT em busca de posições federais e estaduais. Como a convenção nacional petista virá apenas mais à frente, todos terão tempo para negociar composições nas eleições regionais que evitem rebeldias da tropa como a do Rio.
Então, o PT poderá questionar a continuidade do general Temer como vice na chapa da reeleição se ele não comanda a tropa. Assim, o jogo por posições federais e estaduais estará em cena. O PMDB possui posições de prestígio no Congresso por causa, em especial, de suas ramificações nos municípios.
Mas, a cada eleição em que os dois partidos se aliam, os petistas saem mais numerosos e os peemedebistas menos. Nessa dieta o PMDB acaba perdendo posições. Se o partido continuar em dieta, cai o cartaz do próprio Temer junto a políticos, a começar pelos peemedebistas. Que cargo reluzente o general poderia conquistar no voto? O governo de São Paulo? Inatingível a ele.
Neste ano, Temer tem um interesse especial em que o neocorreligionário Paulo Skaf faça bonito na disputa do governo paulista contra a reeleição do tucano Geraldo Alckmin e a concorrência do candidato de Lula, Alexandre Padilha. O bom desempenho de Skaff valorizaria o PMDB na terra de Temer e pode ajudar na eleição de deputados do partido.
Com o seu próprio estilo, o industrial Paulo Skaff, 58 anos, paulistano de Vila Mariana, promete ser destaque na convenção da semana em Brasília. Ele anda brabo porque, há duas semanas, Dilma, em jantar com peemedebistas, valorizou a candidatura dele como se fosse um aliado para retirar o PSDB do governo paulista. A derrota tucana seria mais importante do que eleição em si de Skaff ou Padilha.
Com razão, Skaff protestou e deixou claro que é candidato contra o PT em São Paulo, não um aliado. É claro, não interessa ao empresário, ex-presidente da poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ser mais um governista na disputa. Mas, sim, superar Padilha, o lulista que os eleitores desconhecem. Deseja ser tão oposição ao PT como o PSDB de Alckmin.
Enfim, Skaff elimina a possibilidade de oferecer um segundo palanque à presidente no Estado. Se o candidato a governador não deseja se confundir com Dilma, não será por Temer que fará concessão. Porém, até que interessa a Temer que Skaff faça bonito. Assim, ele fortaleceria o PMDB e ajudaria a eleger deputados.
Será a segunda vez que Skaff disputa o governo de São Paulo. Há quatro anos, o capitalista concorreu pelo socialista PSB e recebeu 4,56% dos votos. Ficou em quarto lugar. Atrás de Alckmin, Aloizio Mercadante (PT) e Celso Russomanno (PRB).
Nas pesquisas atuais leva corpos de vantagem sobre Padilha, mas interessa a ele ter o ex-ministro da Saúde na disputa porque poderia provocar um segundo turno na eleição a governador. Se Skaff for ao segundo turno contra Alckmin, aí sim. Poderá agradecer ao apoio inevitável do PT de Lula e Dilma.