Imprensa

Encontramos 5517 resultados
Imprensa corre atrás do novo amor da atriz global Mariana Ximenes. É executivo formado por Columbia

Na quarta-feira, 3, os sites da internet disputaram a primazia de revelar que a bela atriz Mariana Ximenes, da TV Globo, depois de um ano e meio sem namorado fixo, encontrou um novo amor ou affair. Alguns sites, apesar de interessadíssimos, revelaram a história, mas não quem é o felizardo. Coube ao UOL revelar o nome do jovem. Trata-se de Filippo Cattaneo Adorno (foto acima), de 36 anos. Segundo o UOL, ele é formado pela Universidade Columbia, de Nova York, e é “diretor de uma grande empresa imobiliária de São Paulo”. Mariana Ximenes, de 33 anos, conta que aprecia relacionamentos de longa duração, sólidos. O UOL diz ter apurado que os jovens estão junto “há cerca de dois meses”. À revista “Nova”, Mariana Ximenes confidenciou: “No momento, estou tendo um ‘bom encontro’ com alguém especial. Fiquei um ano e meio solteira e aproveitei bem a fase — não tão bem a ponto de experimentar o Tinder, por exemplo, mas curti esse período”. Nenhum repórter ousou inquiri-la sobre o que significa a frase “aproveitei bem a fase”. Já “bom encontro” possivelmente é má redação do repórter da “Nova”. Na entrevista à revista, a atriz conta que é adepta de relacionamentos sérios. “Eu me entrego. Se está rolando gostoso, por que não se comprometer? Sou romântica, à moda antiga, a gentileza me seduz. Acredito no amor, na união”. Afinal, o mundo mudou pelo fato de o UOL ter descoberto, e outros sites não, o nome do novo namorado de Mariana Ximenes? Não mudou nada, é claro. Mas editores de sites e jornais sabem que este tipo de leitura atrai e rende audiência. É o que explica a caçada febril pelo jovem que conquistou o coração da atriz.

Revista People mata o ator Kirk Douglas. Mas o pai de Michael Douglas está vivíssimo. Aos 98 anos

Meu pai, Raul Belém, morreu há três anos, aos 74 anos. Mesmo assim, Wolney Unes, editor da coluna “Outra do Português”, publicou carta de sua autoria na edição de segunda-feira, 1º, do “Pop”. Nada contra, dadas a seriedade e a competência de Unes, mas fica o lembrete. A revista “People” fez pior do que o “Pop”. O ator Kirk Douglas está vivíssimo — aos 98 anos. Quase um século. Várias publicações costumam encomendar aos seus repórteres textos biográficos sobre pessoas conhecidas, deixando apenas um espaço para a notícia da morte (data, doença). Isto ocorre porque, quando a pessoa morre, não é preciso escrever um texto — sobretudo alentado — em cima da hora. Basta atualizá-lo ligeiramente, acrescentando informações básicas. A “People” não fica atrás e escreveu seu, digamos, obituário do ator de “Spartacus”, filme de Stanley Kubrick. No domingo, não se sabe por quê, a reportagem saiu no site da revista. O texto tinha o seguinte título “Não publicar Morre Kirk Douglas” e ficou no ar durante alguns minutos. “Kirk Douglas, um dos poucos nomes que genuinamente atraíam bilheteria ao cinema enquanto a TV dominava a América logo após a Segunda Guerra Mundial, morreu em TK TK TK”, “informava” o site, sem informar a “data”. É a segunda vez que a “People” decreta a “morte” de um ator. Em 1982 a revista “matou” Abe Vigoda”. O ator está vivo.  

Exposição da história do filho do goleiro Rogério Ceni exibe moralismo de parte da imprensa

[Rogério Ceni, de 41 anos: o maior goleiro da história do São Paulo. Foto do site do time] Léo Dias, colunista do jornal “O Dia”, publica nota com o título de “Goleiro Rogério Ceni se separa depois de assumir filho fora do casamento”. O repórter é especialista em “furos”, mas o texto provoca certa estranheza. Primeiro, se a separação ocorreu em agosto, o título é justificável? É, no caso de a separação ter sido mantida em segredo. Léo Dias frisa que a “ex-mulher” e as filhas gêmeas Beatriz e Clara continuam morando no Morumbi, mas o goleiro do São Paulo mudou-se para o flat George V, em Pinheiros. Segundo, Léo Dias afirma: “A coluna descobriu que assumir o menino não estava nos planos do jogador, mas a jornalista do ‘Estadão’ tomou conhecimento do filho fora do casamento e seus assessores no time acharam melhor que ele assumisse a paternidade do menino. Mas a história ficou contada pela metade...”. Se o menino tem 2 anos, como publicou a imprensa, é mesmo estranho se tiver sido registrado agora. Mas a história de Rogério Ceni — jogador diferenciado, com fama de ético na vida pessoal e profissional — justifica que a história seja mais bem explicada. É difícil acreditar que o jogador tenha aceitado assumir a paternidade tão-somente devido a uma reportagem de jornal. A assessoria de imprensa do São Paulo disse a Léo Dias que “Rogério Ceni não fala sobre sua vida pessoal”. No caso, comete um equívoco, porque o privado e o público se misturaram e os únicos que podem esclarecer a história são Rogério Ceni e a mãe de Henrique. A história pode ficar “contada pela metade?” Léo Dias insinua: “Dizem que, após assumir a criança, que tem apenas 2 aninhos, Ceni teria voltado a se relacionar com a mãe de Henrique”. Pode ser que eu esteja enganado, mas tenho a impressão de que parte da mídia — e não estou me referindo a Léo Dias — tem certa má vontade com Rogério Ceni e, em menor escala, com Raí. O mais estranho é verificar o comportamento da imprensa. O moralismo com o qual Rogério Ceni está sendo tratado lembra, e não vagamente, os “valores” da Tradição, Família e Propriedade (TFP).

Versão impressa da revista Info, da Editora Abril, deixa de circular em fevereiro de 2015

[Kátia Militello, diretora da "Info": "Audiência no online é muito maior". Foto da revista] O diretor-superintendente da unidade Notícias e Negócios da Editora Abril, Rogério Gabriel Comprido, anuncia que a versão imprensa da “Info” deixa de circular em fevereiro do próximo ano. A revista será mantida na internet (site, tablets e smartphones). “Estamos apostando em um movimento pioneiro, muito coerente com a proposta da revista. Além disso, abrem-se ótimas oportunidades para nossos anunciantes.” O diretor de redação da revista “Exame”, André Lahoz, complementa: “Ser uma publicação 100% digital é absolutamente adequado para esse título”. A diretora de redação da “Info” e do portal Exam.com, Kátia Militello, acrescenta: “Fomos a primeira revista da Editora Abril a chegar ao smarthphone e a primeira a atualizar o conteúdo da edição do mês nos tablets. O digital é um caminho cheio de possibilidades”. O presidente da Abril Mídia, Fábio Barbosa, disse que a empresa pretende “equilibrar receitas e despesas e abrir frentes de inovação nas plataformas digitais, sem negligenciar as fontes de receitas tradicionais”. A equipe da “Info”, a da internet, será menor do que a da versão impressa. [Fonte das informações: site Comunique-se. http://portal.comunique-se.com.br/index.php/sub-destaque-home/75814-editora-abril-anuncia-fim-da-versao-impressa-da-info)

Grande livro sobre Tim Maia foi publicado pelo paraguaio Fábio

Francisco Kleber Paes Landim Inegavelmente, “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tio Maia”, livro do Nelsinho Motta, é uma delícia, repleto de histórias fabulosas desse irrequieto, talentosíssimo e visceral personagem da música popular brasileira. Mas quero registrar que a grande obra sobre o músico, cantor e compositor na verdade foi escrita anteriormente pelo seu grande amigo e cantor Fábio, o “paraguaio”: “Até Parece que Foi Sonho – Meus Trinta Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia". Vale a pena a leitura. (Confira Tim e Fábio na televisão: https://www.youtube.com/watch?v=HBatSgAcE4I) O Nelsinho Motta abeberou-se de várias das suculentas histórias do Tim do livro do Fábio. No recente e maravilhoso longa “Tim Maia”, Fábio é personificado na tela pelo ator Cauã Raymond, narrador e figura central da história do gordoidão. Fábio conheceu Tim na antiga boate Cave, em 1966, ambos na casa dos 20 anos. O paraguaio acolheu Tim de mala e cuia em seu apartamento no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro. Foi lá, com o violão emprestado em punho, que Tim compôs e mostrou ao amigo a música “Azul da Cor do Mar” (https://www.youtube.com/watch?v=Htv6bEsEdHk). Depois disso, viraram parceiros inseparáveis, de farras, loucuras e muitas composições. Há uma história do Fábio sobre Tim que é sensacional. Depois de uma festa, em que os mesmos cantaram juntos, foram comemorar no Chico’s Bar, no bairro da Lagoa. Fábio foi acompanhado de sua namorada na época e ela tinha uma amiga chamada Laís, uma menina da "high society" do Rio, que foi junto. E Tim se encantou com Laís. Ela ficou excitada, começou a dar uma bolinha para ele. E, nisso, Tim bebendo uma garrafa de uísque, cada vez mais “alto”. Lá pelas tantas, Fábio foi embora com a namorada, e Tim resolveu ficar lá com a Laís. Daí, às 6h da manhã, o dono do Chico’s Bar, o espanhol, liga pro Fábio: “Vem aqui buscar seu amigo, pô!”. “Mas o que aconteceu?”, perguntou Fábio. “Ele está aqui dormindo com a namorada debaixo da mesa! Pelo amor de Deus, não estamos conseguindo fechar.” Tim Maia realmente merece todos os registros.

Talento musical salvou Tim Maia do fanatismo e dos “discos voadores” da Cultura “Racional”

Provando que o “profano” pode ser mais produtivo para um artista, o músico, cantor e compositor reconstruiu a carreira ao abandonar a ideia de que, “imunizado”, seria resgatado por discos voadores e pela turma do Universo em desencanto. Ele era anárquivo e criativo

Escolas militares de Goiás são vítimas de jornalismo do segundo time da TV Globo

[caption id="attachment_21900" align="alignright" width="620"]Reprodução/ Rede Globo Reprodução/ Rede Globo[/caption] A ditadura civil-militar instalada em 1964 plantou no inconsciente coletivo dos brasileiros o sentimento de que autoridade e autoritarismo são a mesma coisa. O em geral equilibrado “Profissão Repórter”, da TV Globo, ao mostrar como funcionam as escolas militares de Goiás, pode ter reproduzido o equívoco. Paradoxalmente, as escolas foram mais uma vítima da ditadura. Nas escolas militares, há uma disciplina férrea? É provável que a palavra “férrea” deva ser retirada, pois o que há, e falta em muitos lugares, é disciplina — sem adjetivos. Apresentado por um dos mais categorizados repórteres patropis, Caco Barcellos, o “Profissão Repórter” pode ter incorrido a erro ao informar, baseado em depoimentos suspeitos, que nas escolas militares os professores de história são proibidos de falar em “ditadura militar” e são obrigados a nominar o “golpe de Estado” de 1964 de “revolução”. O depoimento de alunos e ex-alunos, explicitado na reportagem “Profissão Repórter sobre colégios militares de Goiás é criticado nas redes sociais”, de Alexandre Parrode — mais preciso e justo do que o programa global e dando voz às pessoas que sabem das coisas que ocorrem lá —, indica que não há “censura” e “dirigismo” histórico-cultural. ode ser que, algum dia, um militar comentou que, ao falar do período, seria “mais adequado” chamar o golpe de revolução? É possível, mas não há uma orientação educacional específica — uma espécie de “correção” — e os livros indicados para os colégios não distorcem os fatos. Embora, se apresentassem a nuance de que a esquerda chama o que aconteceu entre março e abril de 1964 de “golpe” e a direita denomina de “revolução”, os livros não estariam errados. Pelo contrário, estariam contemplando a contradição que existe na sociedade. Outra questão merece registro. Se os colégios militares contribuem para alta aprovação nos vestibulares — se as notas de seus alunos são superiores às de muitos colégios, até particulares, no Enem —, é sinal de que os professores e diretores militares não estão distorcendo os livros e a história “oficial” (que é a cristalizada nos livros didáticos). Como não há nenhuma informação de que os alunos dos colégios militares estão sendo “reprovados” nas provas de história, nos vestibulares e no Enem, isto significa que estão aprendendo aquilo que se ensina nas salas de aula. Os livros de história e as provas dos exames são feitos, em regra, por pesquisadores mais afeitos ao pensamento das esquerdas. Neles, portanto, não há registro de que o golpe de 64 é apontado como revolução e, sublinhamos, não há informação de que alunos dos colégios militares estejam contestando as provas externas (vestibulares e Enem) e repetindo o que “aprenderam” nos supostos livros “dirigidos” ou em salas de aula. A turma de Cacos Barcellos nem mesmo percebeu a contradição do material que expôs. O que concluir? Que na intenção de fazer jornalismo crítico, praxe no “Profissão Repórter”, a Globo equivocou-se. Mera bola fora de um programa muito bom e de um profissional, Caco Barcellos, que merece o respeito dos colegas e dos telespectadores. E mais: talvez tenha chegado a hora de admitir que todos os males do Brasil não são resultado da ditadura iniciada em 1964 e extinta em 1985, com a transição para o regime civil. Todos os problemas do País — que tem mais de 500 anos, a se contar a partir da chegada dos portugueses — não foram gerados por 21 anos de ditadura.

Sem prova cabal, biografia de Luís Carlos Prestes afirma que senador Totó Caiado roubava e pilhava

[caption id="attachment_21895" align="alignright" width="250"]Biografia de Luís Carlos Prestes é excelente, pois se trata de uma grande análise da história do Brasil no século 20, mas pode ter exagerado ao se referir ao senador Totó Caiado Biografia de Luís Carlos Prestes é excelente, pois se trata de uma grande análise da história do Brasil no século 20, mas pode ter exagerado ao se referir ao senador Totó Caiado[/caption] Há uma biografia excelente na praça, um grande painel da história do Brasil no século 20. “Luís Carlos Prestes — Um Revolucionário Entre Dois Mundos” (Companhia das Letras, 536 páginas), de Daniel Aarão Reis, de 68 anos, professor da Universidade Federal Fluminense e doutor em História pela Universidade de São Paulo, é um livro excepcional, muito bem escrito e com rara fluência. Ao fim da leitura, não se percebe que o líder comunista ficou maior, mas também não ficou menor. Sua grandeza, que por certo há, está devidamente assentada. Com virtudes e defeitos apontados, porém nuançados. Em que pese seu equilíbrio e pesquisa rigorosa, incontestáveis, há uma citação ao senador Totó Caiado, avô do deputado federal e senador eleito por Goiás Ronaldo Caiado (DEM), que merece nuance e contraditório. Na página 78, ao apresentar a história da Coluna Prestes, Daniel Aarão escreve: “Totó Caiado, grande senhor de terra de Goiás, inauguraria um padrão que mais tarde seria retomado, em larga escala, pelos senhores do Nordeste, e da Bahia em particular, com seus ‘batalhões patrióticos’: roubava e pilhava, vendendo depois o produto do saque em mercados legais e ilegais. O próprio Bertoldo Klinger escreveria relatórios denunciando o latifundiário e solicitando a dissolução de suas ‘tropas’”. Referenciado como “grande senhor de terra” e “latifundiário”, Totó era senador e tinha influência na política de Goiás e nacional, o que não é mencionado pelo livro. Relatos da época, por amplos e oficiais que sejam, merecem contraste com outras fontes, tanto documentais quanto historiográficas. Tudo indica que a única fonte de Daniel Aarão são os “relatórios” de Bertoldo Klinger. Historiador rigoroso, Daniel Aarão poderia ter ampliado sua pesquisa com uma consulta ao livro “Poder e Paixão — A saga dos Caiado” (Cânone Editorial, de 2009), de Lena Castello Branco. A doutora pela Universidade de São Paulo escreveu um estudo criterioso e alentado (nasceu clássico), nem pró nem contra, sobre a família Caiado. Assim como a biografia de Prestes, o que se pode dizer é que se trata de uma obra nuançada, que situa, com precisão, os personagens na sua época e mostrando, com mestria, que os conflitos políticos e pessoais do tempo em que viveram podem distorcê-los, para menos ou para mais. Não há registro cabal — não politizado; inclusive a imprensa se prestou ao papel de “combatente”, quer dizer, de agente parcial — de que Totó Caiado “roubava e pilhava”. As referências da pesquisa séria e não comprometida com os conflitos da época — Caiado versus Pedro Ludovico (pós-1930) — dão conta de que se tratava de um homem decente. Na próxima edição, para recompor o equilíbrio histórico entre as “partes”, para que a história não se torne a hegemonia de uma delas, vale acrescentar a história devidamente ampliada por Lena Castello Branco. Com a distância de 90 anos, vale trocar a paixão pela razão, incorporando a versão de uma parte propositadamente esquecida e, com certa frequência, não respeitada. Um livro tão bom quanto o de Daniel Aarão não pode ficar, por uma falha mínima, “manco”. Abílio Wolney, de Dianópolis, é citado nas páginas 92 e 99.

P. D. James, autora inglesa, elevou o romance policial à categoria de arte de primeira linha

Phyllis Dorothy James, que a Inglaterra e o mundo conhecem como P. D. James, morreu na quinta-feira, 27, aos 94 anos. A escritora inglesa, com seu detetive Adam Dalgliesh, personagem de 14 dos seus 20 romances policiais, se tornou uma grande dama da literatura policial. Porém, era um pouco mais do que isto. Era uma escritora notável, de primeira linha e, tecnicamente, irrepreensível. P. D. James escrevia muito bem e com uma imaginação poderosa. Seus livros têm uma arquitetura impecável, sem arestas. É capaz de segurar o leitor, da primeira à última linha, e sempre surpreendendo-o. Há por trás das histórias, às vezes aparentemente simples — sobretudo quando se termina a leitura —, uma inteligência fina, matemática, psicológica e filosoficamente competente. Ela tinha uma percepção sólida de como funciona a mente do homem. Algumas de suas obras lembram, aqui e ali, sólidas sessões de análise, nas quais se escava fundo, por associações livres ou não, como pensam e agem os criminosos e, ao mesmo tempo, os investigadores dos assassinatos. Um detetive escolado precisa, antes de tudo, pensar como perito, criminoso e, às vezes, criminalista. Sua imaginação costuma estar colada à dos marginais, para entendê-los e, claro, prendê-los. Não contente em escrever romances policiais refinados, e eventualmente até maliciosos — se o editor arrancar a capa do livro, retirando o nome P. D. James, o leitor poderá pensar muito bem que se trata de um prosador masculino —, P. D. James publicou um livrinho delicioso e perspicaz, “Segredos do Romance Policial” (Três Estrelas, tradução de José Rubens Siqueira). Em escassas 184 páginas — o leitor fica pedindo mais —, explica, com mestria, o que move os romances policiais e como os gênios do ramo montam suas histórias. “O Enigma de Sally”, de 1962, é seu primeiro romance. Atualmente, seus livros são publicados no Brasil pela Companhia das Letras, com traduções de qualidade. P. D. James sempre vendeu bem, porque a literatura policial é, no geral, aquela que impulsiona as demais literaturas, atraindo e formando novos leitores. Mas a independência financeira só foi alcançada mesmo com “Sangue Inocente”, da década de 1980, pelo qual ganhou uma fortuna, para os padrões ingleses e da época: 380 mil libras pelos direitos vendidos a uma editora e mais 145 mil libras do cinema. Era, P. D. James, superior a outras estrelas do romance policial, como Agatha Christie, Ruth Rendell e Patricia Highsmith? Difícil dizer; as quatro são excelentes. Para o meu gosto, P. D. James fica um tantinho acima de Agatha Christie, a pioneira, e é um par de Raymond Chandler, Dashiell Hammett e Georges Simenon (que é brilhantíssimo). Alguns livros de P. D. James publicados no Brasil: “Causas Nada Naturais”, “Uma Certa Justiça”, “O Crânio Sob a Pele”, “O Farol”, “Mente Assassina”, “Mortalha para uma Enfermeira”, “Morte de um Perito”, “Morte em Pemberley”, “Morte no Seminário”, “Paciente Particular”, “O Pecado Original”, “Sala dos Homicídios”, “A Torre Negra”, “Trabalho Impróprio para uma Mulher”. O leitor por certo perceberá, na literatura da autora, uma certa qualidade uniforme. Não há quedas bruscas de qualidade. Escritores iniciantes deveriam ler seus livros para aprender (ou aperfeiçoar) como se estrutura um romance com tudo no lugar.

O ex-governador de Goiás Mauro Borges foi vítima do golpe de 64 ou da ditadura militar?

O general Castello Branco comandou a derrubada do presidente João Goulart, entre 31 de março e 1º de abril de 1964, e, em 26 de novembro do mesmo ano, operou a retirada de Mauro Borges, do PSD, do governo de Goiás. Eram amigos e, apesar das pressões da linha dura do general Costa e Silva, tentou protegê-lo. Mas Castello Branco optou por ficar com os militares e afastou o líder goiano. A reportagem “Há 50 anos, Mauro era deposto”, de Sara Queiroz, jornalista do “Pop” (quarta-feira, 26), é confusa e contém pelo menos três erros. Diz que “Castelo” Branco era coronel. Era general (marechal) e a grafia correta do nome é Castello. Pelas regras estabelecidas pela cúpula das Forças Armadas, o presidente precisava ser general, não podia ser coronel. O nome é Almir Turisco, não “Turísco” (não tem acento), vice-governador do marechal Ribas Júnior. Há um trecho confuso: “Algumas semanas depois [da queda] os apoiadores negociaram a retirada das acusações criminais contra Mauro na própria Assembleia em troca do então presidente da Casa, Iris Rezende, não se tornar o governador nos anos restantes”. Será que a repórter crê mesmo que os militares, ao derrubar um político que era coronel do Exército, iriam permitir que outro civil, de matiz populista, assumisse o poder? Não deve acreditar. Talvez saiba que, para evitar que Iris Rezende disputasse o governo adiante, decidiram cassá-lo. Numa entrevista a Renato Dias, do “Diário da Manhã”, o presidente da Associação dos Anistiados de Goiás (Anigo), Marcantonio Dela Côrte, assinala: “Mauro Borges tentou entrar para a história como vítima do golpe de 1964, mas ele apoiou os militares e queria permanecer no poder”. No artigo “Por Goiás, pelo Brasil”, Mauro Borges Teixeira Neto, num texto respeitoso mas incisivo, contesta Dela Côrte. Mas é fato que, depois de ter apoiado a posse de João Goulart, em 1961, Mauro Borges passou a se opor ao presidente, se aliou aos militares e apoiou o golpe de 1964, que deve ser considerado civil-militar. Como não deixou o governo, em abril de 64, e nem ameaçou renunciar depois, antes conquistando um habeas corpus para tentar manter-se no poder, é plausível, como sublinha Dela Côrte, que Mauro Borges queria continuar, apesar do regime militar. Um trecho da fala de Dela Côrte — “Mauro tentou entrar para a história como vítima do golpe de 1964” — é interessantíssimo e merece, de fato, uma discussão mais ampla. Talvez, no lugar de golpe, fosse menos impreciso sugerir “regime civil-militar” ou “ditadura civil-militar”. Da ditadura, mas não do golpe em si, foi mesmo “vítima”. Foi cassado. O apoio ao golpe não diminui a estatura de Mauro Borges como político e gestor. Ele ficará na história como o administrador que, no estilo de Getúlio Vargas, trabalhou para organizar o Estado, para criar mecanismos públicos de incentivo ao crescimento econômico e ao desenvolvimento. Era um político excepcional, mas, de fato, apoiou o golpe de 64 e só “contestou” os militares depois de afastado.

Sai biografia de Abelardo Chacrinha

Denilson Monteiro e Eduardo Nassife lançam, pela Editora Casa da Palavra, o livro "Chacrinha — A Biografia". O curioso é que, antes, Chacrinha era o nome de seu programa. "O Cassino da Chacrinha" era o nome do programa. Porque a rádio em que trabalhava ficava numa chácara, ou seja, numa chacrinha. Por isso "da" e não "do" Chacrinha. Em seguida, Abelardo Barbosa passou a ser chamado de Chacrinha e o nome pegou, tornando-se sua marca.

O latrocínio que virou ‘laticínio’ numa reportagem do jornal Diário da Manhã

O corretor de imóveis Cláudio Martins da Silva foi assassinado, na semana passada, por Jefferson Alves Neves, Luiz Henrique Pires de Oliveira e Angela Cristina de Oliveira. Não se sabe, com precisão, qual a participação de cada um no crime. Cláudio Martins foi morto com 25 facadas. Jefferson Alves, Luiz Henrique e Angela Cristina têm passagem pela polícia por roubo e furto, segundo o “Pop”, ou, segundo “O Hoje”, “por roubo, receptação e tráfico de drogas”. Cláudio Martins, Jefferson Alves, Luiz Henrique e Angela Cristina saíram para usar crack. Para roubar o automóvel, os três criminosos decidiram matar Cláudio Martins. A nota cômica, em meio a uma notícia trágica, ficou por conta do repórter Saulo Humberto, do “Diário da Manhã” (quinta-feira, 27), que escreveu: “Os três [criminosos] foram enquadrados por laticínio (roubo seguido de morte)”. Você leu bem, “não” é latrocínio, e sim, segundo o “DM”, laticínio. Os jornais apresentam pequenas contradições. O “Pop” anota que o nome do morto é Cláudio Martins da Silva, que teria 31 anos. “O Hoje” e o “Diário da Manhã” dizem que é Cláudio Martins Silva, sem o “da”, e asseguram que tinha 33 anos. O “Pop” relata que os criminosos estavam num automóvel C4 preto, mas não esclarece que era da vítima. “O Hoje” revela que o Citröen C-4 era de Cláudio Martins.

Jornal Opção ganha dois prêmios pelo Sistema Fieg

[gallery type="slideshow" ids="21800,21801"] O Jornal Opção foi premiado duas vezes na 10ª edição do prêmio do Sistema da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) de Comunicação: o repórter Marcos Nunes Carreiro ficou em terceiro lugar na categoria Jornal Impresso, com a reportagem “A onda de construções que tomou Goiás pode estar com os dias contados”; e na categoria fotojornalismo, o repórter fotográfico Fernando Leite também conquistou a terceira colocação, com foto publicada na reportagem “Goiás é o novo trevo econômico do Brasil”. Com essas premiações, a equipe do Jornal Opção chega a seis prêmios conquistados em 2014.

Luciana Gimenez não recebeu 100 mil reais de Jorge Kajuru mas move outro processo contra o jornalista

Juíza autoriza citação de Jorge Kajuru por edital e anúncio em jornais. Porque oficiais de justiça não conseguem encontrá-lo

Criminalista estranha polícia não ter pedido perícia de Junta Médica da Justiça sobre serial killer

Um advogado assinala: “Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, é assassino confesso de pelo menos 29 pessoas. Mas pode ter cometido mais, talvez 39, assassinatos. A Polícia Civil garante tem provas cabais de dezesseis”. Em seguida, o criminalista pergunta: “Se é assim, por que a Polícia Civil não pediu perícia da Junta Médica do Poder Judiciário de Goiás? Como se sabe, é uma equipe, com dois psiquiatras e dois psicólogos, do Tribunal de Justiça, que fazem a perícia”.