Meu pai, Raul Belém, morreu há três anos, aos 74 anos. Mesmo assim, Wolney Unes, editor da coluna “Outra do Português”, publicou carta de sua autoria na edição de segunda-feira, 1º, do “Pop”. Nada contra, dadas a seriedade e a competência de Unes, mas fica o lembrete.

A revista “People” fez pior do que o “Pop”.

O ator Kirk Douglas está vivíssimo — aos 98 anos. Quase um século. Várias publicações costumam encomendar aos seus repórteres textos biográficos sobre pessoas conhecidas, deixando apenas um espaço para a notícia da morte (data, doença). Isto ocorre porque, quando a pessoa morre, não é preciso escrever um texto — sobretudo alentado — em cima da hora. Basta atualizá-lo ligeiramente, acrescentando informações básicas. A “People” não fica atrás e escreveu seu, digamos, obituário do ator de “Spartacus”, filme de Stanley Kubrick. No domingo, não se sabe por quê, a reportagem saiu no site da revista. O texto tinha o seguinte título “Não publicar Morre Kirk Douglas” e ficou no ar durante alguns minutos. “Kirk Douglas, um dos poucos nomes que genuinamente atraíam bilheteria ao cinema enquanto a TV dominava a América logo após a Segunda Guerra Mundial, morreu em TK TK TK”, “informava” o site, sem informar a “data”.

É a segunda vez que a “People” decreta a “morte” de um ator. Em 1982 a revista “matou” Abe Vigoda”. O ator está vivo.