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Suplemento Magazine é quase inteiramente “ocupado” por textos de agências de notícias

O Jornal Opção examinou o caderno de entretenimento de “O Popular” de domingo, 10, a quinta-feira, 14, quando a coluna Imprensa é fechada, e pôde constatar que o jornal está priorizando a publicação de reportagens de agências de notícias (obtém mais acesso?) e reduzindo a cobertura de assuntos locais. O corte de repórteres aparentemente afetou a cobertura regional em termos numéricos e qualitativos. No campo literário, com a saída de Rogério Borges, o empobrecimento é surpreendente, exceto quando divulgam resenhas às vezes publicadas há um ou dois dias na “Folha de S. Paulo”. Há uma servidão quase total à produção das agências — como Folhapress, Agência O Globo, Rede Globo e jornal “Extra!”. Em quatro dias, de domingo a quinta, as agências “emplacaram” 27 e a redação apenas 21 reportagens. Resta perguntar: cadê a princesa Isabel? Um dos problemas é que os textos saem em vários jornais do país, às vezes da mesma cidade, o que gera a sensação de que o “Pop” é praticamente igual a todos os outros e, aos poucos, vai perdendo sua identidade. Servidão voluntária das agências No domingo, 10, o “Magazine” publicou nove textos. Cinco locais e quatro de agências. Ressalve-se que, para superar o material externo, a editoria precisou contar com textos da revista “Ludovica” (bem diagramados, mas de conteúdo fraco). Na segunda-feira, 11, saíram oito reportagens. Um sem identificação de autoria (uma bizarrice sobre signos). Três matérias foram publicadas pela redação. As agências prevaleceram, com quatro textos. Na terça-feira, 12, as agências, com seis dos sete textos, dominaram completamente. A redação produziu apenas uma reportagem. Na quarta-feira , 13, as agências mais uma vez “controlaram” o espaço do “Magazine” — com sete textos. A redação foi responsável por três matérias. Curiosamente, o “Pop” transcreveu uma entrevista concedida à Agência EFE pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa, Nobel de Literatura, que contribui para entender a situação do “Magazine”. O jornalismo, frisa o autor do romance “O Sonho do Celta”, “perdeu a seriedade e a influência que tinha. (...) Banalizou demais e se transformou em uma forma de entretenimento e diversão”. A impressão que se tem é que o autor de “Conversa no Catedral” está escrevendo sobre o caderno do “Pop”. O jornal escreve “prémio” (na retranca) e “prêmio”, e “Dom Quixote” e “Don Quixote” — o que indica que não conseguiu melhorar sua revisão e que os editores permanecem “dormindo”. Na quinta-feira, 14, finalmente, com nove dos 15 textos, a redação superou as agências, que garantiram 6 matérias. A cobertura de cinema (espécie de última das moicanas, Rute Guedes quase sempre escreve textos instigantes) “salvou” a equipe local.

Novo livro de Elio Gaspari sobre a ditadura civil-militar sai em junho pela Intrínseca

gaspari-FACEO jornalista Elio Gaspari revelou-se um historiador de mão cheia com os livros “A Ditadura Envergonhada”, “A Ditadura Escancarada”, “A Ditadura Encurralada” e “A Ditadura Derrotada”. O quinto e esperado volume, “A Ditadura Acabada”, sai em junho pela Editora Intrínseca. A obra conta a história dos últimos 14 meses do governo Geisel e a intrincada história do governo Figueiredo. Elio Gaspari chegou a dizer que não tinha interesse pelo governo de João Figueiredo. Porém, como não se pode contar a história da ditadura excluindo seu governo — que, aos trancos e barrancos, garantiu a Abertura —, o jornalista-pesquisador decidiu, por certo, vasculhá-lo. Resta saber se Elio Gaspari vai além da crise provocada pelo atentado do Riocentro, em 1981. Golbery do Couto e Silva deixou o governo porque o presidente não quis levar as investigações adiante. Se levasse, teria de incriminar a linha dura. João Figueiredo optou por enquadrá-la e garantir a Abertura.

Livro resgata história das gêmeas prostitutas mais antigas e célebres de Amsterdã

A prostituição é uma atividade universal. Histórias divertidas (mas não só) podem ser verificadas no livro “As Senhoritas de Amsterdã — Confissões das Gêmeas Prostitutas Mais Antigas da Cidade” (L&PM, 186 páginas, tradução de Gustavo de Azambuja Feix), de Martine e Louise Fokkens. Elas se aposentaram, mas persistem como “estrelas” na Holanda

Empresário usou ou tentou usar ex-marido da presidente Dilma Rousseff como lobista, diz “Época”

José Antunes Sobrinho procurou Carlos Franklin Paixão de Araújo para tentar “destravar as barreiras dos empréstimos oficiais”. Pagamento de 200 mil reais está sendo investigado

Condenado por terrorismo na França, professor da UFRJ diz que vai sair do Brasil

Adlène Hicheur afirma que se sente pressionado pelo governo federal, o que não é fato; na verdade, está “fugindo” porque foi descoberto pela Imprensa

O terrorista franco-argelino Adlène Hicheur vive no Brasil e recebe dinheiro da UFRJ e do CNPq

Condenado na França por terrorismo, o físico, com ligações com a al-Qaeda, chegou ao Brasil em 2013, recebeu 56 mil reais do CNPq e recebe 11 mil por mês da UFRJ

Quentin Tarantino mistura brutalidade da literatura de Faulkner ao cinema cruento de Sam Peckinpah

oito-odiados Poucos escritores são tão brutais quanto William Faulkner, autor de “O Som e a Fúria”, “Luz em Agosto” e “Absalão, Absalão!” Mas a brutalidade que descreve é menos uma invenção literária e mais um fato da vida. Não é um artifício para atrair leitores. Poucos autores mostraram tão bem, sem a típica retórica americana, a maldição da escravidão. Porém, se a literatura é a arte suprema — a que mais se aproxima é a música, que às vezes é literatura oralizada —, cinema não é arte; é entretenimento. Quem o percebe como arte são os críticos, cada vez mais numerosos, dada a vitalidade da internet — a meca das oportunidades culturais. Os espectadores, se não persuadidos pelos críticos, percebem o cinema como mero entretenimento. Trata-se, por vezes, de divertimento de primeira linha. É provável que o diretor Quentin Tarantino, narrador tão implacável quanto Faulkner, perceba o cinema tão-somente como entretenimento, ainda que saiba refiná-lo — estetizando a violência, diriam adeptos, conscientes ou inconscientes, da Escola de Frankfurt — e torná-lo artificioso. Tarantino choca pela violência, que parece desmedida — a vida supera seus filmes, mas a violência exposta na sala de anatomia que se tornam as salas dos cinemas é mais brutal —, porque a adorna, quase repetindo as cenas, e porque parece tomá-la como um fato do cotidiano. Uma segunda pele do indivíduo. O filme “Os Oito Odiados” é drama, comédia e western. O “Estadão”, no qual militam ótimos críticos de cinema, chegou a mencionar John Ford — o Ingmar Bergman das pradarias — e Anthony Mann como “padrinhos” do filme de Tarantino. Aqui e ali — a diligência e os personagens durões — há ecos de Ford e Mann. Ecos, porém não marcas muito acentuadas. O pai ou avô do ótimo (mesmo admitindo-se que há certa chatice palavrosa e enrolada) “Os Oito Odiados” é o excelente “Meu Ódio Será Sua Herança”, filme de Sam Peckinpah. As cenas de violência, pacientemente montadas, dando a ideia de que o espectador examina-as com um microscópio eletrônico — pode repassá-las —, ecoam Sam Peckinpah, um grande diretor. A falta de linearidade da história lembra, e não vagamente, as histórias de Faulkner, quase sempre intrincadas e descontínuas. Tarantino nos dá a verdade aos poucos, dosando-a — como se fosse uma Emily Dickinson de calça: “A verdade há de deslumbrar aos poucos/Os homens — p’ra não cegá-los”. Os homens de Tarantino estão cegos aparentemente pela cobiça, mas, de algum modo, buscam alguma coisa a mais — uma carta de Abraham Lincoln, falsa ou verdadeira, sabe-se lá. A verdade “chega” e é exibida, com os jogos (inteligentes e maliciosos) de todos explicitados, por meio de um poderoso strip-tease visual e palavras candentes, quase declamadas, como se as personagens estivessem num recital de poesia. Críticos apontam que a violência é, por vezes, gratuita. E, como na vida, é. Tiros que destroem cabeças mais espantam do que chocam, quem sabe. Parecem desnecessários. Mas a Guerra Civil Americana, na primeira metade da década de 1860, que opôs o Sul, os Confederados, ao Norte, os ianques de Lincoln, Ulysses S. Grant e George Sherman, foi tremendamente brutal. Mais de 600 mil pessoas foram mortas e milhares ficaram feridas e mutiladas. As armas não eram tão poderosas quanto as atuais — mata-se hoje com certa distância asséptica, por assim dizer —, o que, paradoxalmente, reforçava ainda mais a crueldade das batalhas. “Os Oito Odiados” conta histórias do pós-Guerra Civil — terminada em 1865, com o grande Lincoln assassinado, num teatro, por um sulista —, quando as brutalidades não haviam cessado. Samuel L. Jackson (o major Marquis Warren) — notável mesmo quando canastrão — e Kurt Russell (John Ruth), que lutaram na Guerra Civil, são agora caçadores de recompensas. O primeiro prefere entregar os procurados pela Justiça mortos. O segundo, numa ética diferente, a dos durões relativamente honrados do Oeste, entrega suas presas vivas, para serem julgadas. John Ruth (Russell) leva a criminosa Daisy Domergue (a formidável Jennifer Jason Leigh), mulher de boca suja, cuspindo literalmente e cuspindo palavras bravias, como se estivesse atirando com a língua, para ser enforcada. Daisy é tão brutal quanto os homens — todos filhos do Oeste selvagem, com seus próprios códigos, sem dúvida vitais para sobrevivência à época. Os personagens não se chocam com nada e nem se assustam. A vida endurecia o corpo e a alma. Tarantino parece fazer discursos, com imagens e textos — sabe casá-los às vezes com perfeição —, e, como Faulkner, percebe que a maldição da escravidão não é superável. Permanece viva em cada ser — branco ou negro. O fim da escravidão, abolida pelo presidente Lincoln — homem de gênio, leitor de Shakespeare e autor de uma prosa extraordinária, que teria influenciado a literatura enxuta norte-americana, de Mark Twain a Ernest Hemingway, na avaliação do crítico Edmund Wilson —, não eliminou as chagas profundas que dividiram os homens antes, durante e depois da Guerra Civil. Embora pareça retórico, além de dado à grandiloquência, Tarantino mais mostra do que demonstra. Ao modo de Faulkner. A violência era um fato (e fardo) da época (e de hoje) e o diretor não tem pejo em mostrá-la em toda a sua crueza — chocando os puros da aldeia, especialmente os críticos de cinema. O major Marquis Warren é uma espécie de Sherman negro. Tão virulento quanto. Veja o trailer do filme: https://www.youtube.com/watch?v=XI7yuHXpDbM Os heróis são todos vilões Não surpreende que, para recontar a história da e do pós-Guerra Civil, Tarantino tenha usado oito criminosos — os caçadores de recompensa não são, a rigor, homens da lei e o suposto xerife, Chris Mannix (Walton Goggins), parece tudo, menos um xerife. Os sete homens — o fato de serem sete é uma referência a outro filme de western — e a mulher são bandidos sem nenhuma piedade. Vítimas e sujeitos da imensa batalha que, terminada, levou, anos depois, os Estados Unidos a se tornarem uma potência industrial e imperialista. Mas, no meio tempo, prevaleceu o banditismo em várias partes do país. Lincoln queria pacificar os Estados Desunidos, mas, como morreu, sua causa resultou, num primeiro momento, relativamente perdida. Os sulistas sofreram profundamente nas mãos dos vitoriosos nortistas — tanto que muitos escaparam do país. Alguns mudaram-se para o Brasil, onde fundaram colônias em São Paulo, Rio de Janeiro e Pará. A família da cantora Rita Lee — e Lee é uma referência ao extraordinário general confederado Robert Lee — é de origem sulista. Tarantino mostra que, com a relativa falência do Estado, os homens estavam por conta própria. Eram, digamos, o mercado e, também, o Estado. A lei e a falta da lei. O western “Os Oito Odiados” conta uma história alternativa. O western é isto: uma história paralela. O lado “B” da história americana. A bela música de Ennio Morricone “colore” o filme, tornando-o ainda mais um western (de “interiores”, como anota a crítica especializada). Os críticos, para apreciar os filmes e para convidar os leitores e espectadores a apreciá-los, deveriam levá-los menos a sério. É o excesso de pretensão dos críticos que “piora”— e, às vezes, “melhora” — os filmes.

Adalberto Müller prepara a tradução das poesias completas de Emily Dickinson

Apontada como Shakespeare da América, Sade mulher e rival de Walt Whitman, a poeta morreu aos 55 anos, não saía de casa, só usava branco, escreveu 1800 poemas mas só dez deles foram publicados quando viva

Mein Kampf, livro de Hitler, deve ser publicado. Censurá-lo é tentar esconder a base do nazismo

lutaoComo esconder um elefante num quarto pequeno? Impossível. Impedir a publicação de “Mein Kampf” (“Minha Luta”), livro de Adolf Hitler, é o mesmo que tentar esconder um elefante. Não dá pé. Com a queda dos direitos autorais — o líder nazista morreu há 70 anos —, a Alemanha vai republicá-lo, o que está provocando debates tão exaustivos quanto infrutíferos. Para alguns alemães, que não querem revolver o passado pantanoso de seu país, é constrangedor e doloroso o lançamento da obra. Mas não é deixando de publicá-la que se vai eliminar o antissemitismo ou a possibilidade de ressurgimento de “seitas” nazistas. “Mein Kampf” é um documento histórico, dos mais valiosos, para se verificar como ideias redutoras e limitadas podem convencer um povo culto e civilizado, como o alemão, a embarcar numa política suicida de conquista da Europa. Os que querem impedir o lançamento do livro desejam, no fundo, negar que a Alemanha “comprou” e “vendeu” com fervor as ideias esboçadas por Hitler entre 1924 e 1925. O historiador Robert Gellately é autor de um livro fabuloso, “Apoiando Hitler — Consentimento e Coerção na Alemanha Nazista” (Record, 518 páginas, tradução de Vitor Paolozzi), no qual mostra que os alemães sabiam dos crimes cometidos pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial e que Hitler e a Gestapo não esconderam que haviam criado campos de concentração e extermínio. Detalhe: o pesquisador sugere que Hitler fez o que fez com o apoio da população. Coagiu-a? No geral, não; obteve apoio por intermédio do consenso.

Mídia brasileira demitiu mais de 5 mil jornalistas de 2012 a 2015

O Volt Data Lab, projeto de jornalismo de dados, revela que, entre 2012 e 2015, a mídia brasileira demitiu mais de 5 mil jornalistas. Em 2015, ano dos mais terríveis para a imprensa, foram demitidos 2.631 profissionais. A Editora Abril, que publica as revistas “Veja”, “Exame” e “Quatro Rodas”, foi a que mais demitiu. O grupo extinguiu e vendeu várias revistas. Terra, Infoglobo (que edita “O Globo”), “Estadão” e “Folha de S. Paulo” estão listados entre os que mais demitiram profissionais.

Aumento do salário mínimo levou O Popular a “demitir” 11 cronistas do primeiro time

Os cronistas do jornal da família Câmara receberiam juntos quase R$ 10 mil por mês e 115 mil reais por ano

Ricardo Piglia tem esclerose lateral amiotrófica (ELA) e precisa de medicamento de 400 mil reais

O convênio Medicus, depois de uma petição de quase cem mil assinaturas, assegura que vai bancar o tratamento do escritor e crítico literário

O Popular demite Wildes Barbosa e contrata Marcello Dantas

Gestores do jornal sugerem que estão renovando a equipe e que a fase da contenção de despesas está passando

O ano em que a TV Record ensinou a derrotar a TV Globo

A rede, que não se contenta com o segundo lugar, pôs no ar novela que balançou a rede da família Marinho

“A Poeira da Glória”, o melhor livro de crítica literária de 2015, é de Martim Vasques Cunha

O doutor em Filosofia enfrenta com coragem e competência tanto a obra de Machado de Assis quanto a crítica de Antonio Candido e Wilson Martins