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A história de um brasileiro que lutou como soldado de Hitler na 2ª Guerra Mundial

106062390Dennison de Oliveira, doutor em Ciências Sociais, é autor do livro “Os Soldados Brasileiros de Hitler” (Juruá, 122 páginas). O Jornal Opção resenhou-o (http://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/centenas-de-brasileiros-lutaram-ao-lado-dos-nazistas-revela-historiador-36161/). Agora, sai o livro “Era Um Garoto — O Soldado Brasileiro de Hitler” (Vestígio, 192 páginas), do jornalista Tarcísio Badaró. Segundo release da editora, Tarcísio Badaró escreveu o livro-reportagem “a partir do diário de Horst Brenke, um brasileiro filho de pais alemães que retornou com a família para Berlim durante a adolescência e foi forçado a integrar o exército de Hitler nos meses finais da Segunda Guerra Mundial. Capturado por soldados soviéticos, foi feito prisioneiro na Rússia por mais de um ano, período em que manteve o diário. Depois de libertado, sem documentos que comprovassem sua nacionalidade e com o português já vacilante, vagou pela Europa e encontrou muitas dificuldades para retornar ao Brasil, país que considerava seu verdadeiro lar. O livro é dividido em duas partes- a primeira consiste em uma narrativa tocante baseada nos relatos do diário de Horst e na pesquisa de Badaró; já a segunda apresenta a investigação do jornalista, que refez os passos de Horst pela Europa a fim de reconstituir sua história, uma história que nem mesmo sua família conhecia muito bem”.

Três Estrelas lança coletânea de artigos do grande polemista Paulo Francis

1351068-350x360Em termos de jornalismo, quem não leu Paulo Francis bom sujeito tende a não ser. Durante anos, com seu “Diário da Corte”, escrito a partir de Nova York, que grafava Iorque, escreveu sobre política, economia, música, cinema, teatro e literatura. Deu pitacos a respeito de tudo — errando e acertando (nem Deus acerta tudo). Em tempos pré-internet, quando era muito difícil obter publicações estrangeiras, contribuiu para divulgar escritores que nunca haviam sido publicados no Brasil, como a excelente Muriel Spark. Suas colunas, publicadas duas vezes por semana, eram lidíssimas, entre as décadas de 1980 e 1990 — período em que eu comprava a “Folha de S. Paulo” e, depois, o “Estadão” para ler seus textos —, tanto pela direita quanto pela esquerda. A direita para amar suas diatribes — num tempo em que a direita era execrada, não havia quase nenhum espaço para jornalistas e intelectuais que não fossem da esquerda escreverem nos jornais — e a esquerda para odiá-lo. Ninguém ficava indiferente aos petardos. Os artigos eram verdadeiros ensaios, que ele ia desenvolvendo, às vezes, durante semanas. Alguns eram longos, outros mais curtos. Para o deleite dos leitores de Paulo Francis (autor de memórias espantosamente deliciosas, “O Afeto Que Se Encerra”; muito superiores aos seus romances), a Editora Três Estrelas lança uma coletânea de artigos com o título de “A Segunda Profissão Mais Antiga do Mundo”. Ela contém textos sobre jornalismo, política e cultura, publicados entre 1975 e 1990. Curiosamente, a editora, do grupo que edita a “Folha de S. Paulo” — jornal que abriu espaço para desmerecê-lo depois que migrou para o “Estadão” —, o apresenta como o “maior polemista da imprensa brasileira”. Num dos textos, Paulo Francis escreve, com seu velho estilo oracular: “Nunca apoiei governo algum. Acho que é um dever de jornalista adotar o mote dos anarquistas. Hay gobierno, soy contra”. Claro que ele teve sua fase jango-brizolista. Depois, passou a criticar João Goulart (sobretudo) e Leonel Brizola. O título da coletânea resulta de uma frase irônica sobre jornalismo (a primeira profissão do mundo era a prostituição). Segundo a editora, há retratos memoráveis de Carlos Lacerda, o Corvo, Samuel Wainer, Antonio Maria, Stanislaw Ponte Preta, Henfil e Millôr Fernandes (um de seus melhores amigos). Li a primeira coletânea publicada pela Três Estrelas e fiz dois comentários (https://jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/livro-resgata-deboche-de-paulo-francis-sobre-o-pop, texto no qual menciona “O Popular”, e https://jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/francis-ressalta-obra-de-jorge-amado-joyce-e-nelson-rodrigues). Avultam três coisas. Primeiro, a qualidade da informação dos textos. Segundo, a prosa bem escrita. Terceiro, os textos permanecem vivos, não estão datados. Costumo dizer que há dois tipos de textos para jornal: os que morrem no mesmo dia e os que sobrevivem. Com a internet, os textos que chamo de “permanentes” continuam obtendo acesso anos depois de publicados. Paulo Francis era uma celebridade antes da internet. Com a rede, teria se tornado um campeão nacional de leitura.

Rita Lee lança biografia e, segundo jornalista, conta tudo com o máximo de honestidade

46360083A cantora Rita Lee é uma das maiores roqueiras brasileiras. Sua história seria mais bem contada por um jornalista independente, como Ruy Castro, ou um historiador da música, como Zuza Homem de Mello. Isto não invalida, de maneira alguma, o livro “Uma Autobiografia” (Globo Livros, 352 páginas), de Rita Lee. Caetano Veloso já havia escrito um excelente livro sobre a Tropicália (e até além dela), em “Verdade Tropical”. O importante é que, com sua obra, a artista lança as bases para, futuramente, algum pesquisador construir sua biografia (a artista continua vivíssima, agora escrevendo livros). O possível autor não vai partir do nada e, por certo, entenderá que a cantora está apresentando a sua versão, que sempre deve ser levada em conta, dos fatos. O jornalista Guilherme Samora escreveu sobre o livro: “Do primeiro disco voador ao último porre, Rita é consistente. Corajosa. Sem culpa nenhuma. Tanto que, ao ler o livro, várias vezes temos a sensação de estar diante de uma bio não autorizada, tamanha a honestidade nas histórias. A infância e os primeiros passos na vida artística; sua prisão em 1976; o encontro de almas com Roberto de Carvalho; o nascimento dos filhos, das músicas e dos discos clássicos; os tropeços e as glórias. Está tudo lá. E você pode ter certeza: essa é a obra mais pessoal que ela poderia entregar de presente para nós. Rita cuidou de tudo. Escreveu, escolheu as fotos e criou as legendas — e até decidiu a ordem das imagens —, fez a capa, pensou na contracapa, nas orelhas... Entregou o livro assim: prontinho. Sua essência está nessas páginas. E é exatamente desse modo que a Globo Livros coloca a autobiografia da nossa estrela maior no mercado”.

O humanista Ruy Rodrigues lutou pela educação em Goiás, África, França e Tocantins

Conhecido como Padre Ruy, o intelectual foi secretário da Educação do governo de Mauro Borges e Moisés Avelino, foi reitor da Unitins, trabalhou em Paris e na Guiné-Bissau

Último “Programa do Jô” irá ao ar em dezembro deste ano. Jô Soares diz que não abandona TV

A TV Globo e Jô Soares não definiram qual será o último convidado do programa. Sugiro dois: Sergio Moro e Cármen Lúcia

Traficante capitalista constrói motel com 112 quartos dentro de presídio. Kafka vive no Cerrado

Thiago Topete, por meio do programa “Meu Motel, Minha Grana”, construiu 112 quitinetes em apenas 20 dias. A Odebrecht deveria contratá-lo como engenheiro

Poema de D. H. Lawrence, com tradução de Leonardo Fróes

Nãos  D. H. Lawrence Lute, menino, sua luta de nada, vá à luta e seja homem. Não seja um bom menino, um bom moço, sendo tão bom quanto você pode ser e concordando com todas as matreiras, manhosas verdades que os fingidos encenam para se protegerem e à sua ávida, glutona, gulosa covardia de escolados grosseiros.   Não corresponda à queridinha que acaba por custar sua macheza e te fazendo pagar. Nem à velha mamãezona que orgulhosamente se gaba de que você vai ser um dos que vão chegar.   Não conquiste opiniões valiosas, abalizadas opiniões valendo obrigações do Tesouro, de homens de todo tipo; não fique devendo nada ao rebanho engordado para o matadouro.   Não queira ter meninos bons, bonitinhos, os quais você terá de educar para ganhar a vida; nem meninas gostosas, uns docinhos, que vão achar muito difícil trepar.   Também não queira uma casinha, com os custos que você terá de aguentar ganhando a vida enquanto a vida se perde, e o susto da morte um dia vem te agarrar.   Não se deixe sugar pelo sup-superior, não engula a isca da cultura a chamar, não beba, não vire um cervejado senhor, aprenda, isto sim, a discriminar.   Mantenha-se inteiro e lute atento, empurrando daqui ou empurrando de lá, e tendo à noite o consolador sentimento de que um pouco de ar você fez entrar.   No chiqueiro do dinheiro esse ar renovado você pôs pelo buraco que na prisão pôde abrir, fazendo o pouco que podia, empenhado em que o Cristo ressuscite como forma de agir.   [Do livro “Poemas de D. H. Lawrence”, tradução de Leonardo Fróes. O poema é de 1929]

Boni deve ser o secretário de Cultura de São Paulo

Aos 81 anos, o criador do padrão Globo de qualidade, se assumir, será maior do que o cargo. João Dória quer um secretariado do tipo “calçada da fama”

Carlos Alberto, o Capita, num time de feras, como Pelé e Tostão, conseguiu se destacar

Na final, contra a Itália, a bola passou nos pés de quase todos os jogadores e, no final, Pelé rolou-a para Carlos Alberto, que fez um belíssimo gol

Ronald Reagan, o político que derrubou o comunismo, acabou derrotado pelo Alzheimer

O presidente dos Estados Unidos enquadrou os soviéticos, contribuiu para dinamitar o comunismo, mas, no final de seu governo, era controlado pela mulher, assessores falsificavam sua assinatura e astrólogas controlavam sua agenda e vida pessoal

O Popular faz cobertura de foca a respeito dos crimes de Itumbiara

[caption id="attachment_76400" align="alignright" width="620"]Zé Gomes em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Zé Gomes em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Na cobertura do assassinato do ex-prefeito de Itumbiara José Gomes da Rocha e do cabo Vanilson Pereira, da Polícia Militar, “O Popular” está um passo atrás. Suas reportagens, que lembram mais datilografia — transcrição de declarações (quase tão furadas quanto peneiras) — do que jornalismo, são resultado do trabalho de repórter que continua foca mesmo tendo alguma experiência. O profissional enviado a Itumbiara não escarafuncha os bastidores e contenta-se com declarações de quem, frise-se, pouco sabe sobre os bastidores ou, se sabe, não quer ou não pode contar nada de relevante. Uma repórter experiente como Rosana Melo certamente daria um toque diferente, mais bem informado, à cobertura dos crimes de Itumbiara. A área policial não é para amadores. É para quem tem fontes privilegiadas e desconfia até da própria sombra.

William Bonner, Fátima Bernardes e Suzane von Richthofen deveriam ser deixados em paz pela imprensa

[caption id="attachment_78255" align="alignright" width="620"]Montagem Montagem[/caption] Os jornalistas William Bonner e Fátima Bernardes separaram-se, como tantos casais, e volta e meia estão na imprensa, não por vontade própria, e sim pelo sensacionalismo de jornais, revistas, sites e redes sociais. Como estão reconstruindo suas vidas, fortalecendo suas identidades — separação de casais que vivem juntos há muito anos é quase sempre uma espécie de mutilação —, e as notícias sobre a separação não acrescentam mais nada, seria positivo que nós, jornalistas, deixássemos ambos em paz. Outra pessoa que a imprensa deveria deixar em paz é Suzane von Richthofen, condenada por matar, com o auxílio de dois homens, os pais. Suzane von Richthofen cometeu um crime gravíssimo, dos mais inomináveis, pelo qual, ao ser condenada, pagou e, ante o opróbio público, vai continuar pagando. Portanto, a imprensa deveria deixá-la em paz, para que cuide de sua própria vida. Se cometer outra infração grave — seus namoros e briguinhas eventuais só lhe dizem respeito —, aí, sim, a imprensa deve voltar os olhos para a jovem. Esquecida, talvez possa reconstruir sua vida — o que é um direito seu. Seu dever é tornar-se uma cidadã de bem. Manter Suzane von Richthofen sob a luz incandescente dos holofotes é torná-la ainda mais maldita. Por que amaldiçoar os já malditos com excesso de exposição?

Livro explica como e por quê mataram Celso Daniel, o prefeito de Sandro André

[caption id="attachment_78242" align="alignleft" width="294"]Reprodução Reprodução[/caption]

Há um crime que se recusa a calar-se: o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André, município da Grande São Paulo. A imprensa contou-a de diversas maneiras, mas o caso não está devidamente esclarecido. Quem matou o político do PT e por quê? O livro “Celso Daniel — Política, Corrupção e Morte no Coração do PT” (Record, 238 páginas), do jornalista Silvio Navarro, apresenta algumas respostas.

É provável que o começo do declínio do PT tenha começado, não com a corrupção da Petrobrás — aí talvez resida a pá de cal —, e sim com o assassinato de Celso Daniel. A impressão que se tem é que o PT nunca quis o caso devidamente esclarecido. Impressão? Talvez não seja a palavra adequada.

Release da editora sintetiza a história contada pelo repórter:: “O livro revela detalhes sobre o assassinato de Celso Daniel. Mito político-policial. Tabu entre as forças de investigação. Pauta jamais superada na imprensa. Permanente perturbação na cabeça de homens poderosos, de partido poderoso. Este mistério perfeito e digno da melhor literatura de suspense é, no entanto, uma trama real. Nenhum crime brasileiro recente mobilizou mais o imaginário popular que o assassinato de Celso Daniel, prefeito petista da cidade de Santo André, em janeiro 2002 — mesmo ano em que Luiz Inácio Lula da Silva seria eleito presidente da República. Quase quinze anos depois, Silvio Navarro reconstrói, em detalhes, a sofisticada máquina de desvio de recursos públicos e expõe as bases operacionais do que seriam, em escala nacional, mensalão e petróleo. Resultado de uma apuração de fôlego, Celso Daniel é uma reportagem em ritmo de thriller”.

Esquizofrênico atirou em Ronald Reagan para impressionar a atriz Jodie Foster

[caption id="attachment_78240" align="alignright" width="620"]Para tentar conquistar a atriz Jodie Foster, que o atraiu ao fazer o filme “Taxi Driver”, John Hinckley tentou matar o presidente Ronald Reagan Para tentar conquistar a atriz Jodie Foster, que o atraiu ao fazer o filme “Taxi Driver”, John Hinckley tentou matar o presidente Ronald Reagan[/caption] Em 1976, na sua campanha para tentar ser candidato a presidente pelo Partido Republicano (a preferência recai no presidente Gerald Ford), Ronald Reagan quase é baleado. Michael Lance Carvin, de 20 anos, aponta uma pistola para seu peito, mas um agente do serviço secreto protege o político republicano e impede que seja atingido. Reagan, homem de Hollyw­ood, quase foi assassinado por uma paixão gerada pela meca do cinema. A atriz Jodie Foster brilhou, ao lado de Robert de Niro, no filme “Taxi Driver”, de Martin Scorsese. Um garoto de família rica viu o filme, várias vezes, e apaixonou-se pela atriz e pela personagem. John Hinckley Jr., para chamar a atenção da atriz, pensou em se matar, na sua frente, em sequestrar um avião ou assassinar o presidente Jimmy Carter (“chegou a ficar a menos de dois me­tros de Carter, mas não atirou porque não estava no ‘estado de espírito para executar o ato’”). Um psiquiatra estudou seu caso e concluiu que era “esquizofrênico”. John Hinckley chegou a se filiar ao Partido Nazista Ame­ricano, que o expurgou porque o jovem “defendia a violência”. Os irmãos de John Hinckley recomendam aos pais que o internem. Jack Hinckley e Jo Ann (curiosa ou sintomaticamente, também Jodie) levam o filho ao psiquiatra John Hopper, que “não encontra nada de muito errado” com o garoto. “Deem a John 100 dólares e depois digam adeus”, orienta o médico. Mesmo contrafeitos, os pais sugerem ao filho, de 25 anos, que saia de casa e procure um emprego. Rejeitado por Jodie Foster, que chega a acionar a polícia do campus de Yale, onde estuda, John Hinckley planeja matar Ted Kennedy. Começa também a pensar no assassinato de Reagan. Chega a escrever uma carta para a atriz: “Querida Jodie, há uma possibilidade concreta de que eu seja morto na minha tentativa de matar Reagan”. No Hotel Washington Hilton, Reagan encontra-se com sindicalistas liberais. John Hinckley es­preita, não muito decidido a matar o presidente. Mas fica na porta, junto a outras pessoas, e, quando o líder republicano sai, começa a atirar. Acerta o secretário de imprensa, James Brady, o policial Thomas K. Delahanty, o agente secreto Tim McCarthy e Reagan. “A bala entra no pulmão” esquerdo de Reagan, “parando a menos de 3 centímetros do coração”. A multidão segura e agride John Hinckley e os agentes procuram mantê-lo vivo. Inicialmente, ao ser perguntado pelo agente Jerry Parr, Reagan pensa que não foi atingido. “Não, acho que não”, afirma. O agente leva-o para um hos­pital, onde, por ter perdido muito sangue, desmaia. Ao ser preparado para a cirurgia, lúcido, faz uma piada para Nancy Reagan, sua mulher: “Querida, esqueci de me esquivar”. Ao saber que Jodie Foster havia se declarado lésbica, em 2013, John Hinckley teria ficado “indignado”.

Ronald Reagan tentou se filiar ao Partido Comunista e pertenceu ao Partido Democrata

[caption id="attachment_78237" align="alignright" width="620"]Reagan e Nixon: o 2º pediu que permanecesse no Partido Democrata para atrapalhar um candidato. Mais tarde, ele se tornou republicano Reagan e Nixon: o 2º pediu que permanecesse no Partido Democrata para atrapalhar um candidato. Mais tarde, ele se tornou republicano[/caption] Em 1938, ao chegar a Holly­wood, Ronald Reagan quase se fi­liou ao Partido Comunista Ame­ricano. “Reagan ficou empolgado com os relatos do Partido Comu­nis­ta ajudando os menos favorecidos, os desempregados e os sem teto”, contou o roteirista e escritor Howard Fast (autor do romance “Espártaco”). Mas logo rompeu com a esquerda e se tornou um direitista empedernido. Ele foi eleito presidente do sindicato dos atores e, ao lado de sua mulher, Jane Wyman, passou a ser informante do FBI. Assim como Hillary Clinton era adepta dos republicanos, Reagan era do Partido Democrata, ao menos até o início da década de 1960. Quando tentou sair do partido, foi aconselhado por Richard Nixon a ficar — era positivo ter um aliado democrata. Embora não fosse intelectual, Reagan era dotado de uma percepção aguçada. Quando o conservador Nixon, para se contrapor ao “progressista” Jack Kennedy, começou a adotar uma “plataforma republicana mais liberal”, ele aconselhou-o a manter o projeto anterior. “Não sou um perito infalível, mas eu tenho um forte sentimento de que 20 milhões de pessoas que não comparecem às urnas só podem ser conservadoras”, escreveu Reagan numa carta a Nixon. Este perdeu a eleição para John Kennedy. Na televisão, Reagan contracenou com James Dean e Natalie Wood, então garotos, na adaptação do conto “I’m a Fool”, de Sherwood Anderson. “Jimmy Dean era um jovem ator com potencial ilimitado”, disse Reagan. Em 1960, entre John Kennedy, do Partido Democrata, e Richard Nixon, do Partido Republicano, Reagan fica com o segundo. O cantor Frank Sinatra, então kennedista, ataca: Reagan seria “estúpido, perigoso e muito simplista”. Mais tarde, o apoiou para presidente. Ao participar de um debate com Robert Kennedy, na década de 1960, Reagan lembrou-se que, quando ministro da Justiça do governo de Jack Kennedy, o democrata pediu e levou sua cabeça. Reagan foi demitido do cargo de apresentador do “GE Theater”, da General Electric. Reagan ganha o debate de Bob Kennedy, que diz para sua assessoria: “Nunca mais me coloque num palco com aquele filho da puta”. Embora conservador, Reagan era tolerante com os homossexuais. Uma herança de Hollywood. Reagan e Nancy Reagan, sua mulher, tomavam decisões seguindo as orientações de astrólogas, como Joan Quigley. A agenda deles, até a presidencial, seguia os ditames da astrologia. Nancy, “extremamente supersticiosa”, dormia “com a cabeça voltada para o norte e batendo na madeira constantemente”. O vice-chefe de gabinete Mi­chael Deavir diz que, “sem a aprovação” de Quigley, “o avião presidencial, o Air Force One, não decola”. Isto faz de Reagan um idiota? De maneira alguma. Era um ho­mem inteligente, foi um grande pre­sidente e um líder político de feição internacional, acima de Jimmy Carter, Gerald Ford, Bush pai e Bush filho. Um lídimo herdeiro, quem sabe, de Richard Nixon. Só que este, nos piores dias, era meio, digamos, Fernando Collor. Reagan era mais sutil do que Nixon, aproximando-se, por vezes, de Franklin D. Roosevelt.