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Douglas Vinícius Borges Rodrigues, da Escola Presbiteriana Filadélfia, ficou em primeiro lugar com o texto “A verdadeira história do Lobo Mau”, na 2ª edição do projeto Contadores de História. Realizado pela secretaria de Educação, o evento foi direcionados às crianças do 1° ao 5° anos de todas as 65 unidades escolares da rede municipal de ensino. O objetivo é contribuir com o desenvolvimento social, emocional e cognitivo dos estudantes, além de incentivar a leitura e despertar a sociedade para a literatura infantil. Todas as crianças foram premiadas e os finalistas receberam coletâneas de livros diversos. Com decoração do Sítio do Pica Pau Amarelo e de outros clássicos, a contação teve como palco o Senac, onde houve ainda apresentação de dança.

O candidato do PMDB a governador, Iris Rezende, não impede a renovação apenas do PMDB. Ele é um dos principais responsáveis por impedir a ascensão política do socialista Vanderlan Cardoso e do petista Antônio Gomide

A candidata do PSB encarna um sentimento latente de intransigência. Seus eleitores veem nela a possibilidade de fazer com que tudo se reorganize de forma diferente — ainda que o País tenha de passar pelo caos

[caption id="attachment_13423" align="alignright" width="620"] Deputado Beto Albuquerque: escalado para vice de Marina, mas já esvaziado | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil[/caption]
“Ela que vá mandar na Rede dela, não no PSB”, a frase nervosa com que o socialista histórico Carlos Siqueira excomungou a intervenção da presidenciável Marina Silva no comando da campanha eleitoral revela a explosão do choque cultural latente no partido desde que recebeu, mas ainda não absorveu, o desembarque da Rede marineira em outubro do ano passado.
A mudança que Marina impôs no comando da campanha e levou Siqueira a afastar-se da coordenação eleitoral representa a contraintervenção. Trata-se de uma reação à intervenção do PSB, que, dono da casa, montou com a sua gente o comando da campanha desde a candidatura de Eduardo Campos e escolheu Beto Albuquerque, agora diminuído pela presidenciável.
A candidata marinou a chefia da campanha. Na coordenação, onde Siqueira reinava sozinho, Marina colocou em sua companhia o marineiro Walter Feldman como adjunto, reforçado depois pela companhia da deputada paulista Luiza Erundina. Na tesouraria, onde brota o dinheiro para a campanha, instalou Bazileu Margarido no lugar do socialista Henrique Costa.
Outro socialista histórico, Milton Coelho, avisou ao PSB que se afastaria da coordenação de mobilização e articulação na campanha. O sociólogo Diego Brandy, que cuida da análise de pesquisas de opinião examina o que fará de seu trabalho sob a nova ordem marineira. Está no PSB desde 2006. Veio para a primeira campanha de Campos pelo governo de Pernambuco.
As mudanças não agradaram Siqueira, sempre prestigiado no PSB desde os papéis políticos que desempenhou há mais de 30 anos junto ao ex-governador Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos. Com esse prestígio, foi chefe de gabinete do ministro da Saúde nos anos 90, quando o então presidente Itamar Franco brindou o PSB do amigo Jamil Haddad com o ministério.
Agora desprestigiado por Marina Silva, Carlos Siqueira afastou-se também do segundo posto na hierarquia do PSB, a secretaria, onde reinou historicamente com a bênção e os serviços da família Arraes. Ao se retirar da campanha e da secretaria, alertou os repórteres quando perguntaram sobre a reação da viúva de Campos, Renata:
— Não falou comigo e não deve saber o que está se passando. Mas ela é uma mulher inteligente e capaz, e vai saber que não podemos oferecer uma candidatura que procede dessa maneira.
Com esse ímpeto de dominação, Marina chegou a dispensar o vice Beto Albuquerque de coletar dinheiro para a campanha junto aos ruralistas. Se não tem a obrigação de arrecadar fundos junto ao seu próprio meio, o agronegócio, qual será o valor das ações do líder do PSB na Câmara como negociador político em nome do partido? Nem se diga em nome da candidata.
Ao acenar ao mercado, a presidenciável indicou dois ambientalistas para os negócios na área ruralista João Paulo Capobianco e o vereador paulistano Ricardo Young, também empresário. Outro autorizado a negociar dinheiro é Guilherme Leal, sócio da empresa Natura e candidato a vice na chapa presidencial de Marina em 2010.

A Amazon (www.amazon.com.br), maior livraria virtual do mundo, está no Brasil desde quinta-feira, 21, oferecendo, além de mais de 2 milhões de e-books, 150 mil livros impressos de 2.100 editoras brasileiras. “É o maior catálogo de livros em português no país”, afirma o gerente geral do grupo no Brasil, Alex Szapiro.
Não resta dúvida de que a Amazon facilita a vida dos leitores e deve contribuir para melhorar os serviços das livrarias (e até das editoras) brasileiras. A concorrência é um incentivo à melhoria do atendimento do leitor. A Fnac de Goiânia, para ficar num exemplo, trata o leitor como se não existisse. Recentemente, comprei uma biografia do Frei Tito pela Livraria Cultura (a melhor do país no atendimento virtual) e o livro demorou mais de um mês para chegar. As livrarias físicas de Goiânia, como Saraiva, Fnac e Nobel, já estavam vendendo a obra.
Mas, se beneficia os leitores, com preços mais baixos, a Amazon joga pesado e contribui para o fechamento de livrarias físicas e provoca crise até em grandes editoras, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Há uma briga sem quartel entre a livraria e a Editora Hachette, que não aceita vender segundo seus preços. Autores como os best selleres John Grisham e Stephen King — e mais 900 escritores — ficaram ao lado da editora
As editoras Record, Companhia das Letras e Novo Conceito saudaram a chegada da Amazon. Mal sabem o que está prestes a acontecer. A livraria vai promover, a médio prazo, uma verdadeira guerra com livrarias e editoras. Jeff Bezos, o chefão da Amazon, joga pesado, especialmente quando se sente fortalecido localmente.
Dá para controlar a Amazon? Não dá. Os Estados Unidos não deram conta. França e Alemanha tentam mantê-la sob controle. Mas sua relação forte com o leitor, com a política de preços mais baixos, é praticamente invencível.

William Bonner e Patrícia Poeta fizeram entrevistas exemplares com Eduardo Campos, Aécio Neves e Dilma Rousseff. Os jornalistas não “alisaram” nenhum dos candidatos e fizeram perguntas críticas cruciais. Aécio e Dilma não gostaram, evidentemente, porque no Brasil todos querem que o jornalismo seja o sorriso do poder e a cárie da sociedade.
Militantes atacam a TV Globo, fazendo referências à sua ligação com o regime militar. Os militares não estão no poder há 29 anos e a Globo se tornou crítica e, como as entrevistas mostram, com todos. Seus proprietários, diretores e editores podem ter simpatia por algum candidato — talvez Aécio Neves (e Dilma Rousseff tende a ser o plano b) —, mas as entrevistas foram deliciosamente objetivas.

[caption id="attachment_13416" align="alignright" width="620"] Marina Silva, candidata à Presidência: passasgem temporária no PSB antes de embarcar na sua Rede Sustentabilidade | Fotos: PSB/Divulgação[/caption]
No mesmo dia em que moldou o comando da campanha presidencial à sua feição, Marina Silva confirmou que está no PSB de passagem à espera da construção jurídica de sua casa, a Rede Sustentabilidade. Numa reunião forçada por dirigentes dos partidos nanicos, nervosos porque se aliaram ao PSB de Campos, mas ainda não receberam ajuda eleitoral em dinheiro, ela abriu o jogo:
— Eu espero que, em 2018, o PSB eleja um nome do partido para presidir o Brasil.
A confissão espantou os dirigentes aliados. Ao manifestar a sua transitoriedade socialista, Marina induz ao entendimento de que seus compromissos, sendo passageiros, não são sólidos. E os quadros do PSB, ressentidos pela perda das certezas de Eduardo Campos, podem se tornar ainda mais inseguros, a seis semanas do primeiro turno federal e estaduais.
A franqueza messiânica de Marina pode atingir, por exemplo, os candidatos socialistas a governador. Sem sentir firmeza na companhia marineira, eles podem estabelecer alianças paralelas com o PSDB de Aécio Neves ou o PT de Dilma Rousseff. O fenômeno pode se irradiar pelos candidatos a senadores e deputados. Foi um tiro no pé marineiro.
Porém, não é nada, pode se dizer que, num intervalo de quatro dias, Marina Silva derrotou a essência do PSB, o orgulho pessebista três vezes. Impôs primeira derrota socialista, digamos, ao desembarcar em Recife na véspera do enterro do líder abatido na queda de avião. Como messias, ela declarou:
— Tenho senso de responsabilidade e compromisso com o que a perda de Eduardo nos impõe.
Com as 15 palavras da frase, Marina aceitava a missão de substituir o presidenciável morto. A aceitação derrotava o PSB ao expor a impotência do partido pós-Campos por não ter alguém em seu próprio quadro à altura da tarefa sucessória.
A segunda derrota do PSB veio na última quarta-feira, quando Marina desfechou o golpe com que chamou a si o controle da campanha, trocou quadros antigos do partido por gente de confiança recrutada na Rede. Em seguida, derrotou novamente na declaração que fez aos dirigentes dos partidos aliados, no mesmo dia.
Consolidado como hotel de trânsito de uma candidata, o PSB sofrerá mais uma derrota quando Marina se mudar para a casa real, a Rede. Se for eleita presidente, a mudança se tornará uma marca histórica capaz de sobrepujar os feitos até agora registrados na história do partido. Os socialistas ficariam órfãos de condutores da legenda.
Ainda na área messiânica, quando chegou ao velório em Recife, Marina atribuiu à providência divina a decisão, três dias antes, de não embarcar naquele voo da morte para seis pessoas que acompanharam Campos até o fim do fim. “Existe uma providência divina em relação a mim, a Renata, ao Miguel e ao Molina”, referiu-se a quatro pessoas que poderiam estar no mesmo voo.
Em matéria de pressentimentos, a viúva de Campos, Renata, recomendou ao PSB a escalação da vice Marina na vaga do marido. Ressabiados, socialistas traquejados vacilavam por causa da desconfiança quanto à candidata que chegava de fora e estava ali em trânsito. Renderam-se, no entanto. Mesmo assim, Renata pressentiu que deveria trabalhar duas vezes na campanha:
— Como participei a vida toda de campanhas, não será diferente nesta. Pelo contrário, eu tenho a sensação de que tenho que participar por dois.
Eduardo Siqueira Campos decidiu optar por concorrer ao cargo de deputado estadual por dois motivos: primeiro, abrir espaço para a renovação e segundo, para ficar mais no Tocantins, mais perto de seu povo e de sua família. Afirmar que Eduardo, ao escolher se candidatar para a Assembleia Legislativa, está armando um “golpe” é uma tentativa infeliz de confundir a cabeça do eleitor. Sandoval foi eleito legitimamente e, por suas ações à frente do Governo do Estado, tem recebido o apoio e a aprovação não só de Eduardo, mas de muitas e cada vez mais pessoas. É a renovação que o Tocantins tanto esperava. Eduardo Siqueira Campos é um homem público respeitado em todo o País, duas vezes deputado federal, senador eleito com 74% dos votos depois de ser o prefeito das obras em Palmas, vice-presidente do Congresso Nacional e secretário de Estado que implantou os programas municipalistas que fazem do Estado, hoje, um canteiro de obras. Reputar a Eduardo um “golpe”, uma “manobra”, ao optar — com a humildade dos fortes — por um novo começo na política como deputado estadual é uma estratégia cruel e desrespeitosa, que terá seu troco nas urnas com uma votação expressiva de um povo que reconhece a capacidade e o histórico de quem foi e ainda é decisivo para um Tocantins melhor. Se você está lendo esta nota é porque este espaço foi ganho na Justiça, que também entende que difamação e afirmações sabidamente inverídicas, na pior das hipóteses, devem ter Direito de Resposta. Na verdade, segundo o jornalismo ético, não deveriam sequer ser publicadas. *Por ordem monocrática do Desembargador Eleitoral Relator do Tribunal Eleitoral do Tocantins, Eurípedes do Carmo Lamounier.
O senador petista Jorge Viana pertence ao Acre como Marina Silva (PSB/Rede), mas são adversários no Estado, governado pelo irmão e companheiro Tião Viana. Outras semelhanças entre os Viana é que eles são influentes no PT e gostam de vazar informações do poder para jornalistas amigos. Numa semana dominada pela ascensão de Marina, Jorge Viana vazou a informação de que o PT dispõe de uma pesquisa interna na qual Marina amplia sua vantagem sobre Aécio Neves no primeiro turno. Depois derrota a presidente Dilma Rousseff na segunda rodada. A pesquisa interna teria sido discutida pelo comando do PT com Lula e Dilma numa reunião realizada na noite de quarta-feira, no Alvorada. No primeiro turno, a reeleição da presidente seria a mais votada com uma cotação perto de 40%. Marina teria mais de 20 pontos. Aécio ficaria próximo aos 15%. Nas sondagens abertas ao público, o primeiro levantamento eleitoral depois da morte do socialista Eduardo Campos, apurado há dez dias pelo Datafolha, Dilma está na frente com 36%. A seguir, Marina e Aécio no chamado empate técnico; ela com 21 pontos e o tucano com 20. Portanto, na amostra do PT, no fim de semana subiu o prestígio das candidatas e caiu o de Aécio. Nas contas do PT, no segundo turno Marina vence Dilma fora da margem de erros prevista pelos institutos, ou seja, sem empate técnico. No Datafolha, na segunda rodada Marina arrebata 47% e Dilma fica com 43. Aí, haveria o empate técnico, pois a margem de erro é de dois pontos para cima ou para baixo. Na segunda disputa com Aécio, Dilma bateria o concorrente por 49 a 37 pontos. Na pesquisa secreta do PT já haveria no primeiro turno a polarização entre o partido e o PSB/Rede. Mas a preferência petista predominante é levar Dilma à segunda rodada contra Aécio, mantida a rivalidade com os tucanos. No levantamento aberto do Datafolha não há polarização porque Marina entrou no jogo com mais votos que Campos, que obteve 8% em julho. Na pesquisa realizada em agosto, a no calor da morte do socialista, a rejeição a Dilma era a campeã, com 34%, quase o dobro da taxa de Aécio, 18. Marina tinha 11%.

Ex-deputado federal diz que o atual governador está com “herança maldita” do antecessor

O empreendedor ficou cego aos 26 anos e mesmo assim fundou um mini império de venda de tecidos

[caption id="attachment_13405" align="alignright" width="620"] Miriam Leitão, jornalista, e Rodrigo Constantino: a primeira, vítima da ditadura dos militares; o segundo, vítima da censura da revista “Veja”[/caption]
A revista “Veja” é uma das poucas publicações liberais do Brasil. Há outras, mas mantêm um pé na esquerda, flertam com o centro e fingem que não percebem a direita, tratando-a com certo distanciamento e ironia, às vezes como uma coisa exótica e bizarra. Se a “CartaCapital” alinha-se à esquerda, apoiando desabridamente o governo da presidente Dilma Rousseff, por identificação ideológica, a “Veja” não faz diferente, apostando no pensamento liberal, tanto que escreve a palavra “Estado” com letra minúscula — o que talvez seja uma infantilidade, porque o Estado tem sido uma espécie de salva-vidas das alopradices do mercado. Pode-se dizer que, como é avessa ao populismo patropi e não disputa eleições, a “Veja” é mais liberal do que a maioria dos liberais. Às vezes “empurra” (ou devolve) os liberais para o liberalismo — o que é positivo. A revista contribui para deixar o ambiente político e ideológico mais claro e objetivo.
Nesta semana, porém, o liberalismo da “Veja” foi posto em xeque. Pode-se até acusar o colunista Rodrigo Constantino de “deselegante”, mas pelo menos é um dos poucos liberais que, além de ter o que dizer, não tem receio de expor suas posições, às vezes cáusticas (e mais fundamentadas do que as de Diogo Mainardi). A jornalista Míriam Leitão concedeu um depoimento lancinante ao jornalista Luiz Cláudio Cunha, publicado no Observatório da Imprensa, no qual relata como foi torturada (leia o depoimento no link http://bit.ly/1tv22VS) por militares, em 1972, quando era ligada ao Partido Comunista do Brasil (PC do B). Ela tinha 19 anos, estava grávida e trabalhava como jornalista numa rádio.
Tudo indica que o depoimento é sincero — há um histórico de seriedade a considerar — e Míriam Leitão diz que não tem ódio e não exige indenização do governo. A jornalista quer apenas um pedido de desculpas das Forças Armadas, que, até agora, não ocorreu. Não há revanchismo em suas palavras, não há proposta de caça às bruxas. No seu artigo, publicado no site da “Veja”, no qual é blogueiro, Rodrigo Constantino pergunta se Míriam Leitão vai pedir desculpas por ter pertencido a um partido comunista, “entoando hinos marxistas”. Ele frisa que a jornalista não é uma “heroína”. No seu depoimento, em nenhum momento ela diz que é.
Se condena Míriam Leitão por ter sido comunista e por ter combatido a ditadura com o objetivo de instalar outra ditadura — a do proletariado; na prática, da Nomenklatura —, Rodrigo Constantino não condena a tortura, o que seria de se esperar de um liberal. Liberais em geral defendem o indivíduo contra os tentáculos arbitrários do Estado, sejam de direita ou de esquerda. Entretanto, o liberalismo de combate não raro deixa de perceber esta dimensão.
Discordar de Rodrigo Constantino significa que ele está errado e quem pensa diferente está certo? Nada disso. Na democracia, ideias, mesmo que consideradas implacáveis, devem ser expostas, e sobretudo com o máximo de clareza possível. É o que o economista faz, sem tergiversações, e isto, no lugar de fechar, deveria contribuir para abrir o debate. Comungo sua crítica ao comunismo, que obviamente não tem um projeto democrático, mas discordo de sua crítica ácida ao depoimento de Míriam Leitão. Isto não significa, porém, que defenda que seu artigo seja banido.
O editor da “Veja”, não fica explícito se foi o diretor de redação Eurípedes Alcântara — liberal dos mais ferrenhos —, censurou e tirou do site o texto de Rodrigo Constantino. “A pedido do editor da Veja.com, retirei do ar. Ele apresentou seus argumentos, eu concordei em parte, e achei melhor retirar. Poderia causar a impressão em alguns de que eram coisas equivalentes a tortura que ela sofreu e o comunismo que ela pregava, ambos tendo de pedir desculpas. Ainda acho que ela deveria fazer um reconhecimento público de que não lutava pela democracia e não era uma heroína, mas faço isso em outra ocasião”, escreveu o economista no Facebook. Fica-se com a impressão de que não concordou, nem em parte, com os argumentos do editor.
O editor de “Veja” errou. No caso de discordância, como é o caso, que a revista publicasse o texto mais qualificado como resposta ao artigo de Rodrigo Constantino. Mas retirar a divergência do ar, ainda que seja “grossa” ou “deselegante”, não contribui em nada para a prática democrática. O crítico Edmund Wilson, autor de “Rumo à Estação Finlândia”, e o escritor Vladimir Nabokov, autor de “Lolita”, trocaram farpas violentas devido a uma tradução de Púchkin. No Brasil, é provável que algum editor tirasse os artigos, o que desagradaria tanto Wilson quanto Nabokov. Nos Estados Unidos, os artigos foram publicados e nenhum editor cogitou eliminar trechos ou deixar de divulgá-los. A nossa democracia ainda não é completa porque temos medo — até certo pânico — de ouvir e ler divergências duras, mas necessárias.
Em suma, a “Veja” cometeu uma violência, ainda que não tão grave quanto a violência cometida pelos militares contra Míriam Leitão. Acabou que temos, por assim dizer, duas “vítimas”: Míriam Leitão (que, felizmente, pôde falar) e Rodrigo Constantino (que, infelizmente, parece que não pode falar abertamente, ao menos não no site da revista).

[caption id="attachment_13406" align="alignright" width="300"] Milan Kundera, Philip Roth e Joyce Carol Oates: um deles, se escolhido pela Academia Sueca, faria do Nobel um prêmio mais nobre e qualitativo[/caption]
Há autores que, de tão consagrados, não precisam mais do Prêmio Nobel de Literatura. Tal como ocorreu com Liev Tolstói, Henry James, James Joyce, Guimarães Rosa, Jorge Luis Borges, Carlos Drummond de Andrade, todos mortos, consagrados mas sem o Nobel, o americano Philip Roth e o tcheco Milan Kundera não precisam do Nobel. Se um deles for escolhido este ano, a Academia Sueca merecerá ganhar um prêmio, o de qualidade literária.
Nos últimos anos, Roth posicionou-se como um escritor de esquerda, quem sabe para agradar os politicamente corretos, como os acadêmicos suecos, e disse que aposentou-se. Talvez agora seja premiado.
Milan Kundera é uma vítima de seu sucesso. Embora seja um autor de qualidade, tanto como prosador quanto como crítico literário — mais ensaísta —, Milan Kundera, por ter se tornado popular, devido ao imenso sucesso do romance e do filme “A Insustentável Leveza do Ser”, passou a ser considerado praticamente um escritor do segundo time, o que não é. Assim como Roth, merece o Nobel deste ano.
Há outros escritores que merecem o Nobel.
Se quiserem premiar uma mulher, para demonstrar algum equilíbrio, Joyce Carol Oates é a escolha mais adequada. O português António Lobo Antunes, embora não muito cotado, é outro autor que merece o Nobel. No caso de se homenagear um brasileiro, o poeta Ferreira Gullar é o nome apropriado. É mais poeta do que Manoel de Barros. O poeta Adonis aparece nas listas de nobelizáveis todos os anos. Thomas Pynchon, embora tenha cancha para ser premiado, certamente não o será porque, se escolhido, talvez não vá à Suécia. Ele permanece incógnito. Don DeLillo e Ian McEwan são ótimos escritores, mas quase não aparecem nas listas. Salman Rushdie, dada a perseguição iraniana e à qualidade de sua literatura, tende a figurar na bolsa de apostas. Seria um novo Orhan Pamuk. O japonês Haruki Murakami pode ser vítima do seu sucesso. O sul-coreano Ko Un, do qual não conheço nada, figura nas listas, ao lado de Jonathan Franzen (é muito jovem), Paul Auster, Michael Ondaatje, Péter Nádas, Cees Nooteboom e Ngugi wa Thiog’o (quem leu?).
A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) lançou hoje (22) a quinta edição do Plano CNT de Transporte e Logística, que propõe 2.045 projetos considerados prioritários para melhorar a infraestrutura brasileira de transportes, ao custo de R$ 987 bilhões. O estudo, que já está disponível no site da entidade, será encaminhado formalmente, na próxima semana, à Presidência da República, ao Congresso Nacional, aos governos estaduais e municipais, bem como ministérios envolvidos com o setor. O objetivo é ajudar os governos a identificar as áreas prioritárias para formulação de projetos. Para o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, a infraestrutura atual não atende às necessidades do país. “Não temos quantitativo nem qualitativo. Grande parte da infraestrutura está obsoleta e, mais grave ainda, está saturada, não atende mais à demanda”. No aspecto rodoviário, o estudo propõe a implantação de BRT (Bus Rapid Transit), de VLT (veículo leve sobre trilho), monotrilhos, metrôs e trens urbanos em 18 regiões metropolitanas. A CNT também cita a necessidade de ampliação de rodovias. Apenas no eixo Norte-Sul, que liga as cidades de Belém (PA) a Uruguaiana (RS), foram calculados investimentos de mais de R$ 27 bilhões na duplicação de 2.922 quilômetros de rodovias. O documento revela ainda que 89,9% das rodovias federais pavimentadas são de pista simples e mão dupla. Além disso, propõe expansão de hidrovias, dragagem em portos, construção de 23,8 mil quilômetros de ferrovias, construção e ampliação de aeroportos, construção e adequações de terminais de cargas. A construção de terminais multimodais também foi lembrada no estudo. São terminais que funcionam como elo entre diferentes formas de transporte, onde uma carga possa ser transferida de um tipo transporte para outro. Para atingir um nível considerado adequado de infraestrutura no setor, o plano da CNT prevê investimentos da iniciativa privada, aliados a investimentos públicos. “A retomada dos investimentos públicos em infraestruturas de transporte, em anos recentes, apesar de assinalável, não tem sido suficiente para ajustar a oferta de transporte às demandas existentes e previstas”, diz o estudo. Para Batista, o governo não conseguirá fazer os investimentos necessários sem a participação da iniciativa privada, e reforça que o total de investimentos necessários tende a aumentar. “O número de projetos e o valor de investimentos não vão diminuir, uma vez que as demandas por transportes tendem a crescer. A retomada do crescimento só é possível com investimento em logística e transporte. Esse é um problema nacional, não é só do setor transportador”, acrescentou.
O romance “A Festa da Insignificância” (Companhia das Letras,tradução de Teresa Bulhões) exibe um Milan Kundera em plena forma. O autor tcheco mostra o que se pode fazer, em termos de qualidade literária, em apenas 136 páginas. Trata-se de um romance mignon, em tamanho, e gigante, no conteúdo.
“Passados mais de dez anos da publicação de seu último romance, Milan Kundera — um dos maiores escritores vivos — volta à ficção com uma trama breve e espirituosa ambientada em Paris nos dias de hoje.
“Autor de romances, volumes de contos, ensaios, uma peça de teatro e alguns livros de poemas, Milan Kundera, nascido na República Tcheca e naturalizado francês, é um dos maiores intelectuais vivos. Ficou especialmente conhecido por aquela que é considerada sua obra-prima, A Insustentável leveza do ser, adaptada ao cinema por Philip Kaufman em 1988. Vencedor de inúmeros prêmios, como o Grand Prix de Littérature da Academia Francesa pelo conjunto da obra e o Prêmio da Biblioteca Nacional da França, Kundera costuma figurar entre os favoritos ao Nobel de Literatura. Seus livros já foram traduzidos para mais de trinta línguas, e há mais de quinze anos o autor tem sua obra publicada no Brasil pela Companhia das Letras.
“Em 2013, o mundo editorial se surpreendeu com um novo romance de Kundera, que já não publicava obras de ficção desde o lançamento de A ignorância, há mais de dez anos. A festa da insignificância foi aclamado pela crítica e despertou enorme interesse dos leitores na França e na Itália, onde logo figurava em todas as listas de best-sellers.
“Lembrando ‘A Grande Beleza’, filme de Paolo Sorrentino acolhido com entusiasmo pelo público brasileiro no mesmo ano, o novo romance de Milan Kundera coloca em cena quatro amigos parisienses que vivem numa deriva inócua, característica de uma existência contemporânea esvaziada de sentido. Eles passeiam pelos jardins de Luxemburgo, se encontram numa festa sinistra, constatam que as novas gerações já se esqueceram de quem era Stálin, perguntam-se o que está por trás de uma sociedade que, ao invés dos seios ou das pernas, coloca o umbigo no centro do erotismo.
“Na forma de uma fuga com variações sobre um mesmo tema, Kundera transita com naturalidade entre a Paris de hoje em dia e a União Soviética de ontem, propondo um paralelo entre essas duas épocas. Assim o romance tematiza o pior da civilização e lança luz sobre os problemas mais sérios com muito bom humor e ironia, abraçando a insignificância da existência humana.
“Mas será insignificante, a insignificância? Assim Kundera responde a essa questão: “A insignificância, meu amigo, é a essência da existência. Ela está conosco em toda parte e sempre. Ela está presente mesmo ali onde ninguém quer vê-la: nos horrores, nas lutas sangrentas, nas piores desgraças. Isso exige muitas vezes coragem para reconhecê-la em condições tão dramáticas e para chamá-la pelo nome. Mas não se trata apenas de reconhecê-la, é preciso amar a insignificância, é preciso aprender a amá-la.”