“Marcelo Miranda vai ter a maior vitória do Brasil nessa eleição”
23 agosto 2014 às 09h58
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Ex-deputado federal diz que o atual governador está com “herança maldita” do antecessor
Gilson Cavalcante
Derval de Paiva, presidente do conselho político da coligação A Experiência faz a Mudança, pela qual Marcelo Miranda (PMDB) disputa o governo, acredita que essa eleição será a mais fácil de toda a história do Tocantins. “O meu prognóstico é que Marcelo Miranda vai ter, proporcionalmente, a maior vitória do Brasil”, sustentou na entrevista exclusiva que concedeu ao Jornal Opção.
Segundo o ex-deputado federal, o atual governador, sem perspectiva, está com uma “herança maldita”, pois a antecessor (Siqueira Campos), segundo ele, deixou uma página em branco em termos de realizações: “Fez uma feiúra política no processo ao renunciar e impor a renúncia de seu vice (João Oliveira) e isso cheirou mal para a sociedade”.
Na sua avaliação, Marcelo Miranda deve ganhar se não em 100% dos municípios (139), pelo menos em 95% deles. Derval criticou também o grupo peemedebista, liderado pelo deputado federal Júnior Coimbra, que queria “jogar o partido no colo do governo”.
Os adversários do ex-governador Marcelo Miranda jogaram pesado para tentar impedir, na Justiça, a sua elegibilidade. Foi um tempo longo de batalhas judiciais. Qual sua avaliação de todo esse processo?
É a vitória da capacidade de perseverar. E esse tempo todo foi gasto para explicar para a sociedade e as lideranças que ele (Marcelo Miranda) tinha elegibilidade garantida. O adversário buscou, por intermédio desse artifício, tentar diminuir a palatabilidade de sua candidatura perante o eleitor. Isto é, buscava fundamentar esse argumento no fato Marcelo ter perdido o mandato de governador e, depois eleito senador, ainda não ter tomado posse. Eles tinham, portanto, um elemento capaz de enxertar o desejo deles, esquecendo, por outro lado, que nós tínhamos clareza absoluta do que estávamos fazendo. Eu não vou dizer que houve uma perda de tempo. Thomas Edison [1847 —1931, inventor norte-americano] dizia que gastou 399 testes e pesquisas para inventar a lâmpada. Certa feita, perguntaram para ele se havia perdido 399 tentativas e ele respondeu que foi o tempo gasto e necessário para chegar até ali. Fiz essa citação para dizer que nós tínhamos, com muita razão, com muita clareza e convicção jurídica, que isso tudo era uma falácia dos adversários. Conseguimos provar, depois de mais de um ano de sustentação de nossas teses e, em nenhum momento, com base nas pesquisas que fazíamos, houve alguma debilidade da vontade do eleitor em promover a mudança. Todas as pesquisas realizadas há um ano estão batendo até hoje. Portanto, as indicações de que Marcelo será vitorioso na quase totalidade dos municípios não nos surpreendem. E mais duas pesquisas recentes comprovaram essa intenção do eleitorado. Depois dessa decisão judicial, a candidatura clareou mais na cabeça do eleitor.
O PMDB tem pesquisas internas realizadas em todos os municípios tocantinenses. Como está posicionado Marcelo Miranda?
Nós temos quatro pesquisas recentes. Duas já divulgadas e duas outras para o nosso monitoramento. Os resultados batem e, a cada dia que passa, agora, considerando da data da confirmação do registro da candidatura, ampliam de uma para outra, ficando num patamar que varia de 52% a 56%.
Isso significa dizer que a eleição pode ser mesmo definida já no primeiro turno?
Com certeza absoluta. Eu já havia dito isso e as pessoas podem achar que é um excesso de otimismo. Nós temos monitorado, com segurança absoluta, que Marcelo deve ganhar se não em 100% dos municípios (139), pelo menos em 95% deles.
Diante desse quadro, não há risco de a coligação entrar no clima do “já ganhou” ou vai intensificar ainda mais a campanha para tentar chegar ao patamar de 60% dos votos?
Nós não aceitamos nem sandália, é todo mundo de pé no chão. Não tem sapato alto, até porque essa prática já nos acompanha desde há muito tempo. Nós já ganhamos várias eleições aqui e perdemos também. Mas essa (eleição) será a mais fácil de toda a vida do Tocantins. O meu prognóstico é que Marcelo Miranda vai ter, proporcionalmente, a maior vitória do Brasil.
Marcelo Miranda pode chegar aos 60% dos votos?
Não me surpreende se for bem mais.
Caso eleito, Marcelo Miranda vai precisar de maioria de parlamentares na Assembleia Legislativa para lhe garantir governabilidade. Pelos seus cálculos, a coligação marcelista pode ficar com 15 dos 24 vagas?
Eu vou responder de duas formar. Majoritariamente, a política aqui no Tocantins polariza sempre. Em termo majoritário, e as pesquisas estão aí fartas para comprovar, Marcelo e Kátia são extremamente favoritos. Mas eu parto do princípio que não existe eleição ganha; existe eleição disputada. Daí a razão de não se envaidecer com os resultados das pesquisas e trabalhar até a última hora. Na eleição proporcional, é meio comum, em várias etapas da vida política do Brasil, o governo ter mais de facilidade em fazer mais deputados estaduais e federais. Nós podemos repetir aqui o exemplo de 1990, quando Moisés Avelino foi eleito governador. Na época, nós perdemos por diferença pequena e empatamos com os aliados na pós-posse, na Assembleia Legislativa. Na disputa da reeleição do Marcelo Miranda, ele conseguiu fazer a maior de deputados estaduais. Na eleição passada, Gaguim já perdeu a maioria. Sempre o governo tem maioria no voto proporcional, de conduzir mais o eleitor, porque o voto majoritário é o voto político do eleitor, que ele não abre mão. Evidentemente que, havendo esforços de cada lado, melhora um pouco a performance, mas nesse quadro agora, Marcelo Miranda, com esse distanciamento que está do seu adversário, vai fazer, evidentemente, apelos para que a sociedade, que está disposta a elegê-lo, lhe dê instrumento de trabalho, ou seja, parlamentares para ajudá-lo no Legislativo , tanto estadual quanto federal. Portanto, eu acho que ele conseguirá esse objetivo. Na força coligada, com alguns que já são dissidentes de lá, acho que Marcelo consegue dois a três a mais, podendo chegar à maioria de 14 a 15 deputados estaduais. Na disputa para a Câmara Federal, vejo a eleição empatada. Ou seja, das oito vagas, a nossa coligação elege quatro.
O PMDB, além de enfrentar os adversários no campo jurídico, teve que debelar divergências internas fortes. Lideranças peemedebistas, inclusive, não queriam que a candidatura de Marcelo Miranda fosse deferida, fazendo assim o jogo político palaciano?
Esse foi um grande problema de dissabores pelos quais passamos, porque esse movimento partiu de quem a gente não esperava que assim agisse. Esse grupo queria uma composição com o governo nas mesmas condições ou à semelhança do que foi a candidatura a prefeito de Palmas. Eles queriam jogar o partido no colo do governo, já previamente pactuados e com interesses escusos. Não todos, mas alguns que, evidentemente, seguiram essa cabeça de uma operação que considero maldita, de efeitos desastrosos, sobretudo para eles (grupo divergente) agora. Tudo isso foi lamentável, porque tivemos uma dificuldade para explicar, porque dentro da própria agremiação um grupo fazendo um trabalho conscientemente sabendo que estava errado. Não bastaram os dados e as análises políticas que nós fazíamos e eles insistiam e, evidentemente, com algumas trapaças.
Isso não chegou a desgastar o partido e, consequentemente, desestimular a militância com relação à candidatura de Marcelo Miranda?
Na hora sim. Não podemos deixar de reconhecer que houve uma reclamação uníssona no Estado inteiro. Mas tudo isso foi superado. O resultado de todo esse episódio pode vir em desfavor daqueles que ficaram na contramão desse período da história política do Tocantins.
Qual a estratégia da campanha eleitoral da coligação de Marcelo Miranda daqui para frente?
Não tem muito que ensinar a fazer política, não. Já está provado que a eleição está polarizada. O atual governador está sem perspectiva, está com uma herança maldita. Seu antecessor (Siqueira Campos) deixou uma página em branco em termos de realizações, fez uma feiúra política no processo ao renunciar e impor a renúncia de seu vice (João Oliveira) e isso cheirou mal para a sociedade. O que nós não podemos é errar o caminho, que está reto, sem obstáculos.
Na sua avaliação, o que precisa ser mudado na administração estadual?
Isso é muito amplo, porque tudo está às palpadelas, mas eu acho o que precisa mesmo é restabelecer a autoestima da sociedade, que está arrasada com esse processo. Por outro lado, há nojo da sociedade quanto a esse processo aético e também corrupto, um fundamenta o outro. Esse Estado tem que se reencontrar .Temos que fazer o inverso do que está aí e acertar.
Não é de se estranhar o posicionamento política do prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PP), ao se aliar com o governo nessas eleições, uma vez que ele se apresentava como um político novo, com ideias novas?
O prefeito Amastha precisava colocar a sua inteligência política, que a gente pensava que ele tinha, em benefício dele mesmo. Acho que houve aí uma precipitação ou uma inconsequência da parte dele.
O prefeito pode sofrer prejuízos políticos, futuramente?
Com certeza já deu prejuízos a ele. Cicatrizar as feridas que ele (Amastha) já criou e continua criando será uma tarefa hercúlea para ele.
O prefeito de Palmas seria um franco-atirador da base aliada governista?
Acho que falta a ele um pouco de conhecimento da história política do Tocantins. Se quisesse colocar a inteligência que a gente imaginava que ele tinha, teria um comportamento político diferenciado.