Opção cultural

Virtualidade tem campo amplo de experimentalismo literário e reconfigura comportamento do leitor, mas ainda não tem perfil ou regras
[caption id="attachment_237527" align="alignnone" width="620"] Foto: Reprodução.[/caption]
A leitura é fator intrínseco na navegação pela internet e, apesar de ser direcionada aos textos rápidos e objetivos, a virtualização dos hábitos também alcançou a produção literária, que encontrou novos formatos e preços nos e-books (Electronic Books) e popularizou plataformas como o Wattpad.
Dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) de 2016 apontaram que 63% dos internautas leem livros online. Esse comportamento, diferente do pós-Gutenberg, transforma mais que o modo de produção, reflete na prática intelectual, ou seja, a desmaterialização do livro (enquanto objeto de papel e tinta) e sua passagem para o campo do virtual, o que afeta o leitor no que diz respeito ao sistema cognitivo.
A leitura virtual promove uma perda na necessidade de aprender ou memorizar, já que os mecanismos de busca estão disponíveis e a informação pode ser acessada com palavras-chave, o que dificulta a associação com o contexto no qual está inserido. Além disso, há o deficit na concentração, causado pela repetição da leitura fragmentada.
O fenômeno da leitura virtualizada recebe o nome de “ciberliteratura”, caracterizada por métodos combinatórios, multimidiáticos e interativos. O historiador francês Robert Chartier apontou em “A aventura do livro: do leitor ao navegador” que justamente essas ferramentas são responsáveis pela fragmentação textual.
Para Chartier, a infinitude de possibilidades tecnológicas permite o desenvolvimento criativo e a transgressão das estruturas textuais clássicas, o que viabiliza experimentações no campo da leitura e da produção literária. No entanto, as mensagens curtas, notícias rápidas, textos em linguagem informal repletos de emojis e emoticons, reflete negativamente na concentração durante uma leitura linear demorada, pois o cérebro se acostuma com a velocidade e as conexões.
A virtualidade apresenta um campo amplo de experimentalismo literário e reconfigura o comportamento do leitor, mas ainda não tem perfil ou regras, o que afeta a credibilidade e divide o público.

A beleza da história de Juliana Junqueira está na forma como a família da vovó se “desencanta” e devolve à vovó o que aos poucos ela vai esquecendo

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O romance conta a história de Alice, uma mulher fragilizada e fotógrafa desiludida, que conhece Jorge, pessoa de língua ferina e comportamento libertino

Poetas e músicos de Goiás e Distrito Federal têm até o início de abril para se inscrever gratuitamente
O Juriti - Festival de Música e Poesia Encenada está de volta. Esta será a sétima edição de um dos mais importantes festivais da cena criativa autoral de Goiás. As inscrições estão abertas até o dia 1º de abril deste ano. Podem se inscrever artistas de Goiás e do Distrito Federal. Os artistas inscritos passarão por uma curadoria que selecionará 12 poesias e 12 músicas.
Os três melhores concorrentes de cada categoria receberão troféu e premiação em dinheiro: R$ 3 mil para o 1º lugar, R$ 2 mil para o 2º e R$ 1 mil para o 3º. Regulamento e mais informações para as inscrições, que são gratuitas, no site: www.festivaljuriti.com.br
O projeto do 7º Juriti - Festival de Música e Poesia encenada foi contemplado pelo Edital Fomento a Festivais de Música do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás 2018. O festival está previsto para ocorrer em junho deste ano.
O Juriti na História
Criado por um grupo de jovens do Setor Criméia Leste, em Goiânia, o Festival, mesmo sendo competitivo, tem como característica principal a confraternização de artistas da música, poesia e artes cênicas, além de se notabilizar como um grande revelador de nomes na cena cultural do Estado.
O jornalista, publicitário e cineasta Ricardo Edilberto, Diretor Geral do Festival é remanescente deste grupo de jovens. Ele fala com orgulho do crescimento do Juriti que começou na periferia de Goiânia e vem consolidando o seu nome como um dos festivais da cena autoral mais importantes de Goiás.
“Cada edição é uma luta. Quando a gente começou, há 27 anos, não imaginávamos que poderíamos ir tão longe e ser hoje um festival importante para os artistas goianos. No início era só uma alternativa de lazer para a comunidade. A prefeitura, na época, transformou o campo de futebol da região em praça. Esse campo era o nosso principal ponto de convivência, onde acontecia um grande campeonato de várzea. Morreu o campo, morreu a convivência”.
Com o fim da campo, Ricardo explica que ele e mais alguns jovens do bairro resolveram fazer a primeira edição do Juriti em 1993 como alternativa de convivência comunitária. “Depois, por falta de incentivo, não demos continuidade. A partir de 2009 iniciamos a retomada, já com a parceria de instituições governamentais por meio de leis de incentivo. Desde então, estamos seguindo nessa luta e consolidando nossa história”.
Ricardo faz questão de ressaltar, ainda, que o Juriti só não é todo realizado no Crimeia hoje por falta de uma estrutura local que comporte o tamanho atual do Festival. “Voamos para outros espaços culturais por uma questão de necessidade, mas nunca deixamos de pousar com parte do evento em nossa aldeia que é o Crimeia. Por isso, pelo menos a abertura a gente não abre mão de realizar no bairro”, frisa.
Artistas
Ao longo de sua história, o Juriti tem contribuído com o voo de bandas e cantores locais como Carne Doce, Chá de Gim, Diego de Morais, Kleuber Garcez, Bebel Roriz, Rheuter, Lorranna Santos; dos poetas Kesley Rocha, Dayse Kenia, Luiza Camilo, Camila Leite, Gilmaré entre outros, além de diversos atores e companhias de teatro com belíssimas encenações das poesias selecionadas.
Nas últimas edições, o Festival tem conseguido trazer também atrações nacionais como Jorge Mautner, Walter Franco, Badi Assad e o Grupo Último Tipo, com shows que encantaram o público presente e ajudaram a qualificar o evento, ampliando geográfica e culturalmente seu intercâmbio de saberes.
SERVIÇO
Inscrições para o 7ª Juriti – Festival de Música e Poesia Encenada. Até 01/04/2020.
Regulamento, mais fotos e informações no site: www.festivaljuriti.com.br

Mesmo após mais de 30 anos da prisão de Johnny D., condenado injustamente à pena de morte, sistema de Justiça dos Estados Unidos ainda é mais cruel baseado na cor da pele

Petra Gutierrez faz narrativa conveniente com seu badalado e muito malfeito filme, que não é ficção nem documentário

Filme indicado a seis estatuetas do Oscar mostra outro lado do movimento nacionalista de Hitler
Sistema Positivo de Ensino*
Jojo Rabbit (Taika Waititi) é uma comédia dramática lançada no fim de 2019 que trata sobre o contexto da Segunda Guerra Mundial, com foco na história de um menino alemão nazista que deseja fazer parte da Juventude Hitlerista, mas descobre que sua mãe está escondendo uma garota judia no porão de sua casa. A produção americana foi indicada a seis categorias do Oscar 2020: melhor filme, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro adaptado, melhor figurino, melhor direção de arte e melhor montagem. Por ser uma narrativa que tenta apresentar um diferente ponto de vista à Alemanha Nazista, retratando acontecimentos que de fato estiveram na história, o filme pode ser utilizado para fins de aprendizagem, porém, com ressalvas. Segundo as assessoras de História, Filosofia e Sociologia do Sistema Positivo de Ensino, Adriana Ralejo e Daniela Silva, a História é uma ciência que, a partir de suas interpretações teórico-metodológicas, possibilita diferentes narrativas de um mesmo período, com isso, elas comentam algumas características de destaque no filme, que devem ser vistas com maior atenção ou podem ser bem aproveitadas: Produção alemã ou norte-americana? Na obra, há algumas incompatibilidades com o período retratado. “O filme inicia com imagens da Juventude Hitlerista, porém, a música de fundo utilizada (I wanna hold you hand – Beatles, 1964) é proveniente de um período posterior ao retratado e valorizada pela juventude americana mais do que a alemã”, expõe Adriana Ralejo. Para a historiadora, é preciso analisar quais as intencionalidades e efeitos que essa combinação provoca, “como confundir as realidades da juventude norte-americana com a germânica, ocasionando o que chamamos de anacronismo histórico”. “Além disso, um dos equívocos - do ponto de vista didático - mais recorrentes nesse tipo de produção é a utilização da língua inglesa como universal; falariam os alemães em inglês?”, questiona ela, ressaltando que isso acontece em diferentes produções cinematográficas produzidas por americanos e que retratam diferentes culturas. Esses exemplos, segundo a professora, entram em contradição com uma sociedade que se constrói sob a ideologia da hegemonia da cultura nazista, conhecidamente nacionalista fanática. Romantização do nazismo Um dos perigos do uso da comédia para representação dos fatos históricos é a romantização da História. “Ao retratar Hitler como um personagem imaginário e caricato, o autoritarismo assume uma faceta amenizada presente na juventude alemã, representando o processo de treinamento para as forças armadas como um momento de prazer e diversão”, alerta Daniela Silva, lembrando que não é por conta dos perigos do uso do gênero humorístico que devem ser excluídas suas possibilidades narrativas. “Um exemplo do uso bem equilibrado do humor, sem deixar de transmitir sua mensagem de alerta aos regimes autoritários, é o filme A vida é bela (1997), que retrata os campos de concentração na Itália balizado pela comédia, mas despertando a reflexão sobre o terror e a violência nesse cenário”, comenta. Educação de jovens nazistas A representação da educação dos jovens no filme demonstra a valorização do treinamento militar e o culto à personalidade de Hitler, que era uma inspiração a ser seguida para o alcance de posições de poder na sociedade alemã da época. “Nesse modelo de educação, a cultura considerada degenerada - judia - é alvo de destruição, representada principalmente pela cena da queima dos livros”, expõe Daniela. Esse incentivo à cultura apenas nazista é reforçado em vários momentos do longa-metragem, inclusive no uso de propagandas nazistas. Demonização de judeus “A construção demonizada dos judeus como uma ameaça à raça ariana é representada pelo livro feito pelo personagem principal, utilizando da arte como um meio de legitimar a violência frente aos judeus”, destaca Adriana. Em contraposição, o filme mostra um diálogo entre o alemão e a judia, que problematiza esse olhar cultural hegemônico, apresentando as produções intelectuais dos judeus. Para a professora, “nessa perspectiva, é possível pensar pelo viés do documentário Arquitetura da Destruição (1989), o qual apresenta as destruições realizadas pelos nazistas no que se referia a conhecimentos que não fossem alemães em sua essência. Dessa forma, acreditamos que mais de uma narrativa histórica está presente no filme, lançando os diferentes olhares que o fazer científico proporciona”. Figura feminina e tabus atuais A comédia possibilitou a aparição de outras narrativas de forma mais ampla, sendo possível citar a questão de gênero, a homossexualidade dentro das forças armadas, o padrão físico cultuado pelo exército e a consequente marginalização dos que não se enquadravam aos parâmetros estabelecidos. “A figura da mulher é inicialmente retratada pelo olhar patriarcal, com suas funções sociais reduzidas à geração de soldados para a nação e a atuação na guerra voltada para o campo da enfermagem. Por outro lado, a personagem Rosie apresenta o empoderamento feminino ao tomar frente da gestão familiar na ausência da figura masculina e ser uma personificação da resistência à sociedade nazista”, ressalta Daniela. Alemães contra o nazismo Era possível se contrapor ao sistema nazista no centro dessa sociedade? Segundo Adriana, sim, existiam resistências e o filme retrata formas dessa resistência dentro da própria sociedade alemã, “apontando alemães que se mostram humanos frente à violência simbólica e física contra os judeus, como é o caso da própria mãe do personagem principal”. A professora lembra ainda que esse fato remete a episódios explorados dentro do ensino de História, como o caso de Anne Frank. “Contudo, cabe ressaltar que a resistência não é somente vista em sua beleza, mas também são apresentadas as consequências a quem se coloca contra esse sistema, tal qual os enforcamentos em praça pública”, salienta. Além desses pontos, é possível citar outros fatos históricos presentes no filme, como a coleta de doações para fundos de guerra; a atuação investigativa da Gestapo; o suicídio de Hitler e a vitória das forças aliadas – todos temas que podem ser explorados por pais e professores ao apresentar a obra cinematográfica para adolescentes e jovens. Ainda é importante destacar que a classificação indicativa do filme é de 14 anos.*Sistema voltado ao ensino particular no Brasil. Oferece às escolas particulares recursos que abrangem alunos, professores, gestores e também a família do aluno. Para os estudantes, são ofertadas atividades integradas entre o livro didático e plataformas educacionais que o auxiliam na aprendizagem. Os professores recebem propostas de trabalho pedagógico focadas em diversas disciplinas, enquanto os gestores recebem recursos de apoio para a administração escolar, incluindo cursos e ferramentas que abordam temas voltados às áreas de pedagogia, marketing, finanças e questões jurídicas. A família participa do processo de aprendizagem do aluno recebendo conteúdo específico, que contempla revistas e webconferências voltados à educação.

*prof. Felipe Aquino
A origem da palavra “carnaval” está na expressão latina: “carne vale”, que significa: “adeus, carne” ou “despedida da carne”. Nessa festa, o consumo de carne era considerado lícito pela última vez, antes dos dias de jejum quaresmal.
O Papa São Gregório Magno (590-604) teria dado ao último domingo, antes da Quaresma, o título de dominica ad carnes levandas, o que teria gerado “carneval” ou “carnaval”. Há também etimologistas que identificam as origens pagãs dessa festividade. Entre os gregos e romanos, costumava-se fazer um cortejo com uma nave, dedicado ao deus Dionísio ou Baco, festa que chamavam em latim de currus navalis, que, em português, significa nave carruagem, de onde teria vindo a forma carnavale.
As mais antigas notícias do que hoje chamamos de “carnaval” datam, como se crê, do século VI antes de Cristo, na Grécia. Há pinturas gregas em vasos, com figuras mascaradas, desfilando em procissão ao som de músicas, com fantasias e alegorias certamente anteriores à era cristã.
Outras festividades semelhantes aconteciam na entrada do novo ano civil (mês de janeiro) ou pela aproximação da primavera, na despedida do inverno. Eram festas religiosas dentro da concepção pagã e da mitologia, cuja intenção era de, com esses ritos, expiar as faltas cometidas no inverno ou no ano anterior, e pedir aos deuses a fecundidade da terra e a prosperidade para a primavera e o novo ano.
Para exprimir o cancelamento das culpas passadas, por exemplo, encenava-se a morte de um boneco, o qual, depois de haver feito seu testamento e um transporte fúnebre, era queimado ou destruído. Em alguns lugares, havia a confissão pública dos vícios. A denúncia das culpas, muitas vezes, tornava-se algo teatral, como o cômico personagem Arlequim, que, antes de ser entregue à morte, confessava os seus pecados e os alheios.
Quando o Cristianismo surgiu, já encontrou esses costumes pagãos. Como o Evangelho não é contra as demonstrações de alegria, desde que não se tornem pecaminosas, os missionários, em vez de se oporem formalmente ao carnaval, procuraram cristianizá-lo, no sentido de depurá-lo das práticas supersticiosas e do mitológico.
Aos poucos, as festas pagãs foram sendo substituídas por solenidades do Cristianismo (Natal, Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita “festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de dezembro, 6 de janeiro ou 2 de fevereiro).
Por fim, as autoridades da Igreja definem para o calendário gregoriano que a celebração oficial do carnaval aconteça aos três dias que precedem a Quarta-feira de Cinzas. Portanto, a Igreja não instituiu essa festa; ela teve, porém, de reconhecê-la como fenômeno existente, para isso, procurou subordiná-la aos princípios do Evangelho.
A Igreja procurou também incentivar os retiros espirituais e a adoração das “Quarenta Horas” nos dias anteriores à Quarta-feira de Cinzas; e assim, fortaleceu a Quaresma.
*Professor Felipe Aquino é apresentador dos programas “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos” pela TV Canção Nova, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Autor de 102 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.

Os contos provocam o desassossego, a reflexão sobre a natureza humana e suas atitudes, às vezes, desprovidas de lucidez e compaixão

Disciplina será ministrada pelos professores Ademir Luiz, doutor em História e presidente da UBE, e Ewerton Freitas, doutor em literatura e escritor

Disputas do último final de semana resultou na formação de mais dois times de base, além de mais três coaches que integrarão à equipe técnica

João Cássio


Longa de guerra é marcado por plano-sequência e ostenta efeitos visuais, mas enredo é raso