Opção cultural

*prof. Felipe Aquino
A origem da palavra “carnaval” está na expressão latina: “carne vale”, que significa: “adeus, carne” ou “despedida da carne”. Nessa festa, o consumo de carne era considerado lícito pela última vez, antes dos dias de jejum quaresmal.
O Papa São Gregório Magno (590-604) teria dado ao último domingo, antes da Quaresma, o título de dominica ad carnes levandas, o que teria gerado “carneval” ou “carnaval”. Há também etimologistas que identificam as origens pagãs dessa festividade. Entre os gregos e romanos, costumava-se fazer um cortejo com uma nave, dedicado ao deus Dionísio ou Baco, festa que chamavam em latim de currus navalis, que, em português, significa nave carruagem, de onde teria vindo a forma carnavale.
As mais antigas notícias do que hoje chamamos de “carnaval” datam, como se crê, do século VI antes de Cristo, na Grécia. Há pinturas gregas em vasos, com figuras mascaradas, desfilando em procissão ao som de músicas, com fantasias e alegorias certamente anteriores à era cristã.
Outras festividades semelhantes aconteciam na entrada do novo ano civil (mês de janeiro) ou pela aproximação da primavera, na despedida do inverno. Eram festas religiosas dentro da concepção pagã e da mitologia, cuja intenção era de, com esses ritos, expiar as faltas cometidas no inverno ou no ano anterior, e pedir aos deuses a fecundidade da terra e a prosperidade para a primavera e o novo ano.
Para exprimir o cancelamento das culpas passadas, por exemplo, encenava-se a morte de um boneco, o qual, depois de haver feito seu testamento e um transporte fúnebre, era queimado ou destruído. Em alguns lugares, havia a confissão pública dos vícios. A denúncia das culpas, muitas vezes, tornava-se algo teatral, como o cômico personagem Arlequim, que, antes de ser entregue à morte, confessava os seus pecados e os alheios.
Quando o Cristianismo surgiu, já encontrou esses costumes pagãos. Como o Evangelho não é contra as demonstrações de alegria, desde que não se tornem pecaminosas, os missionários, em vez de se oporem formalmente ao carnaval, procuraram cristianizá-lo, no sentido de depurá-lo das práticas supersticiosas e do mitológico.
Aos poucos, as festas pagãs foram sendo substituídas por solenidades do Cristianismo (Natal, Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita “festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de dezembro, 6 de janeiro ou 2 de fevereiro).
Por fim, as autoridades da Igreja definem para o calendário gregoriano que a celebração oficial do carnaval aconteça aos três dias que precedem a Quarta-feira de Cinzas. Portanto, a Igreja não instituiu essa festa; ela teve, porém, de reconhecê-la como fenômeno existente, para isso, procurou subordiná-la aos princípios do Evangelho.
A Igreja procurou também incentivar os retiros espirituais e a adoração das “Quarenta Horas” nos dias anteriores à Quarta-feira de Cinzas; e assim, fortaleceu a Quaresma.
*Professor Felipe Aquino é apresentador dos programas “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos” pela TV Canção Nova, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Autor de 102 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.

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As três grandes religiões monoteístas (por ordem cronológica: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo) somam, juntas, quase 4 bilhões de pessoas, praticamente a metade da população mundial. Todas têm uma mesma raiz, o patriarca Abraão (por isso, são chamadas de regiões abraâmicas), mas, ao longo de milênios, as divergências, que fomentaram guerras e perseguições, acabaram por esconder os muitos pontos de contato entre elas, além da origem única.
Ainda que existam distâncias aparentemente incontornáveis entre essas três tradições, a própria concepção de Deus único, que as une, é revolucionária, pois surgiu em meio a um caldo cultural exclusivamente politeísta. Entre as crenças mútuas de judeus, cristãos e muçulmanos, está a espera por um messias, que chegará no fim dos tempos para redimir o homem e instaurar a era da paz no mundo.
Cada uma delas, porém, tem sua própria maneira de enxergar esse messias. Para os cristãos, por exemplo, haverá o retorno de Jesus. Entre os judeus, a vinda do Mashiach, da linha de David (como a de Jesus no cristianismo) se dará junto da reconstrução do templo. Na visão de alguns segmentos islâmicos, especialmente entre os xiitas, que são minoria, haverá uma batalha final entre o falso profeta Al-Dajjal e o profeta Mahdi que, auxiliado por Isa (Jesus), sairá vencedor.
Outra semelhança é que a chegada desses messias é precedida de muitas tribulações. O homem estará entregue à ganância, à violência, ao orgulho e à luxúria. O planeta estará enfrentando ondas de furacões, terremotos e tsunamis. Em resumo, parecerá que o mal, enfim, estará prestes a triunfar.
É em um cenário assim que temos as primeiras imagens de Messiah, série que estreou na Netflix em janeiro e que causou polêmica em vários países, especialmente aqueles em que o Islã é maioria (a obra foi acusada de tratar os muçulmanos de forma preconceituosa e desrespeitosa, especialmente por supostamente liga-los ao terrorismo). Al Massih (Mehdi Dehbi) surge em Damasco, Síria, quando a cidade está prestes a ser invadida pelo Estado Islâmico. Uma multidão o ouve e, quando o ataque inicia, uma tempestade de areia toma conta do lugar. Al Massih continua sua pregação e, após dia de tempestade ininterrupta, o Estado Islâmico desiste da batalha. Isso basta para que dezenas de pessoas acreditem ter presenciado um milagre e passem a segui-lo.
Do oriente médio, Al Massih surge em uma pequena cidade no Texas, Estados Unidos, devastada por um furacão. Ali, a família de um pastor batista e os moradores presenciarão outra cena milagrosa. Assim, é a vez de cristãos ocidentais apontarem o homem como o aguardado messias. Mais uma vez, ele atrai milhares de pessoas.
A série escorrega no que pretende ser um thriller investigativo. Estão ali velhos clichês, como agentes dedicados integralmente ao trabalho e, consequentemente, com vidas pessoais destroçadas. Também não ficam de fora as exibições de capacidade investigativa dos vários órgãos de segurança norte-americanos (como CIA e FBI) e as rusgas entre os membros de cada um deles. Não falta, ainda, um toque de feminismo e do politicamente correto.
Mas essas são falhas que não estragam o que realmente importa: a premissa poderosa levantada pelos produtores Mark Burnett e Roma Downey, casal cristão responsável pela série A Bíblia, também disponível na Netflix. Afinal, como cada um de nós reagiria se o esperado messias chegasse hoje? Como seria a cobertura na imprensa? Como agiriam os grandes líderes mundiais, religiosos ou políticos? E as redes sociais, bombariam?
Messiah especula sobre todos esses olhares e não entrega respostas prontas – deixando aberta a janela para uma segunda temporada. E não é preciso ter uma imaginação muito fértil para antever algumas reações, de tão óbvias. Há o religioso que oscila entre a esperança cega e o ceticismo. Há o que vê no advento a oportunidade de angariar ainda mais prestígio. Há os que o considerem louco, revolucionário, terrorista, charlatão. Há pessoas que descobrem, ou reencontram, a fé. Há, ainda, as que tratem encontram nela maneiras de prosperar financeiramente.
Em meio a todas essas possibilidades, um sentimento une os personagens. Ao fim, aparentemente são aqueles que nada esperavam que encontram no messias uma possibilidade de redenção. Aos que projetaram nele a solução para as angústias e porta de saída para seus labirintos pessoais, resta a decepção. Ao menos na primeira temporada.