Opção cultural

[caption id="attachment_65658" align="alignnone" width="620"] Reprodução[/caption]
O projeto “Terça Poética” propõe bordar suas tardes preguiçosas de terça-feira com versos de poesia. Nesta semana, publicamos o poema “Perda vitoriosa”, da jornalista Marielle Sant'Ana. Ele foi publicado, originalmente, no blog “Academia de Neurônios”, existente desde 2009. Quer participar com seus poemas? Envie-os pelo e-mail [email protected]. Seguem os versos de Marielle.
Foi dado o abraço apertado
guardado e aguardado há anos.
E toda aquela sensação molhada
desconfortável passou.
Fiquei sequinha em folha.
Amei você sempre em pensamento,
é verdade.
E a grandeza do seu ego
acabou com meu pensamento.
Agora quando te vejo, não te enxergo.
Escuto, mas não te ouço.
Toco, mas não te sinto.
Era para ser sintoma de paixão,
mas é a mais pura e verdadeira indiferença.
Ontem queria ser mulher o suficiente para você.
Hoje você não é homem o suficiente para mim.
Queria fazer meu corpo e alma sentir
cada gota de amor romper, irromper, corromper
todo o campo das minhas ideias.
Aí, os dados que lancei no jogo
inverteram minha sorte.
Azar o seu. rs

Festival inicia sua 18ª edição na noite desta segunda-feira (9/5) e é preciso fazer escolhas entre as várias opções da programação, porque é impossível acompanhar tudo

“O diabo na rua, no meio do redemoinho...” João Guimarães Rosa, “Grande Sertão Veredas”Yago Rodrigues Alvim “Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser — se viu —; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram — era o demo”, assim começa João Guimarães Rosa a extraordinária obra “Grande Sertão Veredas”, de 1956. Romancista, cronista e contista brasileiro, o mineiro Rosa (1908-1967) também era um diplomata. Recentemente, por meio da página “Letras in.verso e re.verso”, na rede social Facebook, o público pôde ver um trecho do documentário “Outro Sertão” (2013), dirigido e produzido por Adriana Jacobsen e Soraia Vilela. Agraciado na Competição Oficial do Festival de Brasília 2013, como vencedor da categoria, a obra fala da estadia de Rosa na Alemanha nazista, entre 1938 e 1942, quando vice-cônsul em Hamburgo. [caption id="attachment_65538" align="alignleft" width="180"]


"The Flash Weekend Tattoo" integra o Festival Bananada, que tem início na segunda, 9 de maio. Idealizada por Polim, a ação já acontece há dois anos na cidade
Yago Rodrigues Alvim
[caption id="attachment_65528" align="alignnone" width="620"] O flash acima é de Rafo Castro, uma das atrações do The Flash Weekend[/caption]
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“Uma vez, já há um tempo, eu esperava um elevador e percebi que me olhavam insistentemente. ‘Bom, vou dar uma olhadinha para saber quem é, se quer me falar algo’, pensei. Era uma senhora que encarava minhas tatuagens no braço. Ela, então, falou: ‘Eu adoro tatuagem, até queria fazer uma, mas meu filho diz que estou velha demais para isso’. Eu disse que chegaria a idade dela com todas as minhas tatuagens, pois elas não iriam sair de mim”, conta Polim, idealizadora do The Flash Day Tattoo.
O caso veio numa entrevista simples, quando indagada sobre o preconceito quanto às tatuagens. Dá para perceber que, hoje, cada vez mais tais ideias têm se desfeito. Muito pelo contrário, a tatuagem vem agregando cada vez mais seu devido (e já reconhecido) status de arte corporal. Junto de Ulisses Henrique, da Is Cool tatuagens, e de Maiene Horbylon, da Casulo Moda Coletiva, Polim há dois anos realiza o evento que reúne tatuadores para um dia de flashs, valorizando assim este trabalho.
A iniciativa propõe valorizar a arte de profissionais que, muitas vezes no mercado, se veem atados a uma vontade do cliente por determinada tatuagem, que foge aos seus estilos. O The Flash, então, oferece o trabalho/estilo do tatuador, seja o old school, aquarela ou blackwork, por exemplo — agradando, assim, os diversos gostos.
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Bru Simões atrai um público enorme quando vem a Goiânia[/caption]
O The Flash Weekend Tattoo, uma extensão do projeto original, começou no ano passado, dentro do Festival Bananada. Nesta edição, ele volta a integrar a programação dos três dias de atrações no Centro Cultural Oscar Niemeyer. Serão 12 tatuadores. Dentre eles, Polim destaca alguns que fazem sucesso quando vêm a Goiânia. É o caso de Bru Simões, de Vitória (ES), e da aposta Rafo Castro, ilustrador que se enveredou recentemente nas artes da tatuagem e que, nela, também tem muito se destacado.
E, como eles, os incríveis André Costa (SP), Da Cruz (DF), Felipe Indini (SP), Gabriela Arzabe (DF), Gabriela Fune (DF), Taiom (DF) vêm a Goiânia para alegria da geral. Claro, os goianos Lays Alencar, Mitsuo Kushida, Rafael Fleury e Victor Rocha fazem as honras da casa.

Confira o que o Opção Cultural separou de novo das prateleiras de livrarias, lojas de discos e filmes

Os horários vão das 8 às 11h, das 14 às 17h e das 19 às 22h

São 70 vagas ao todo, sendo 35 para o turno matutino e 35 para o noturno

Com início às 20h30, a apresentação tem no programa obras dos compositores Stockhausen, Birtwistle, Berio, Martland e Steve Reich

Artista reencontra sua cidade natal em apresentação da turnê "Sucessos", no Space Club, às 23 horas do dia 14 de maio (sábado), com ingressos a R$ 40

Muitas histórias e até mitos envolvem a arte de grandes álbuns de artistas como os Beatles, Gal Costa e Tom Zé

Desde 1999, o festival tem se consagrado como uma das maiores ações de artes integradas do país, mostrando que Goiás precisa sim investir em cultura e arte, sejam quais for

Ainda sem um álbum de estreia, o artista já ganhou o Brasil com o EP “Cru” e sua reverência

[caption id="attachment_65258" align="alignnone" width="620"] Reprodução/Tumblr[/caption]
Saulo Montefusco
No descanso do sol, um manto de fundo negro com pontos reluzentes invade a cena. Minha mente nada vazia, embora sem expectativas quanto ao ventilar de pensamentos e lembranças, recolhi-me ao quarto sem pressa e em movimentos lentos, coloquei a roupa peculiar de quem sente vontade de dormir.
Deitei-me no leito de descanso, repousando a cabeça ao travesseiro. Sobreveio um sentimento antagônico que, embora perturbador, confuso e angustiante, parecia ser a melhor e mais profunda sensação de prazer que um dia eu já havia experimentado.
Sem vontade ou intenção de dormir, rolava de um lado ao outro com a impaciência flagrante de quem não vê lugar no mundo que pudesse trazer uma sensação de refrigério.
As horas noturnas exauriam-se sem, contudo, minimizar aquele processo mental gerador de somatizadas sensibilidades, que trazidas a termo, eram: os meus lábios adormecidos, ao mesmo tempo em que o calafrio na barriga coincidia com aqueles pensamentos e lembranças; também meus pés gelados como expostos à brisa fria de uma madrugada ao relento. Experiência sem igual já vivida!
Voltei meu olhar para entre as escâncaras da janela. Vislumbrei-me admirado, com a cabeça inclinada ao cume, e com os olhos fitos àquelas cintilantes ali presentes. Percebi num dado instante que meus olhos não se desviavam de uma estrela, apenas uma estrela.
Aquele momento tornou-se mágico, inovando e reciclando pensamentos e sentimentos que somente poderiam ser de felicidade.
Diante de tamanha emoção, flagrei-me traído pelos olhos, que, fitos àquela que se sobressaía em meio às outras, fez-se transbordante, molhando meu travesseiro. E quanto mais em seu cintilar piscava para mim, mais lágrimas corriam, por ser correspondido ao flerte.
Àquelas alturas, já era patente o sono que se aproximara manso, mas que ainda assim eu me fazia relutante no intuito de eternizar o que aqui está referenciado.
Muito embora eu tenha me deixado levar, impotente à força sonífera, flertávamos nos embalos de um sonho, que mais fez tornar definitiva a paixão que me deu a certeza de sua qualidade especial de ser.
Somente a magia daquela estrela poderia fazer eu sentir tudo isso, e essa estrela, bem..., você sabe, é você!
Saulo Montefusco é poeta, cronista e romancista; membro da União Brasileira dos Escritores (UBE-GO).

Bora descobrir quais as músicas mais escutadas pela equipe do Jornal Opção, nesta semana? É só dar play! Alexisonfire - Pulmonary Archery Alice In Chains - Man in the Box Ave Sangria - O Pirata Black Sabbath - War Pigs Cláudio Zoli - Noite do prazer Jennifer Lopez - Ain't Your Mama Os Paralamas do Sucesso - Melo Do Marinheiro Sandy - Me Espera feat. Tiago Iorc Yuna - Mountains Zaz - Je Veux

[caption id="attachment_65080" align="alignnone" width="620"] Reprodução/Tumblr[/caption]
Dando sequência ao projeto “Terça Poética”, que borda suas tardes modorrentas de terça-feira com versos de poesia, publicamos, desta vez, um poema do goiano Rômulo Chaul. Jornalista e DJ, Chaul publica seus versos no blog "Versos, Votos de Amor e Nomes Feios", que também intitula seu livro, lançado pela Kelps em parceria com a PUC-GO, em 2011. Quer participar da "Terça Poética"? Envie-nos seus poemas; o e-mail é [email protected]. Segue o poema "Dicotomia", de 2014.
Eu gosto das coisas simples
De dormir, acordar e dormir de novo
Eu gosto de coberta enrolada
Perna cruzada e braço dormente
Eu gosto daquele olhar
Carente e também voraz
Que ás vezes você me lança
Eu gosto quando a dança nos leva a desabrochar
(Eu gosto das coisas simples)
De me lambuzar, roçando no seu seio
Te abraçando em meio a olhares alheios
Em lugares impróprios
Sendo incorreto e até vulgar
São as pequenas nuances
Do seu lábio
A cara brava, irritada
Que sempre me colocam no meu lugar
- Eu sinto muito se ás vezes não sei me comportar.
Mas o jeito que você coloca o pé sobre o meu
E chama meu (sobre)nome na hora de gemer
Isso tudo me fascina.
Eu gosto das coisas simples
De ter você por perto, do lado
E em cima.
Rômulo Chaul