“O diabo na rua,
no meio do redemoinho…”
João Guimarães Rosa, “Grande Sertão Veredas”
Yago Rodrigues Alvim
“Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser — se viu —; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram — era o demo”, assim começa João Guimarães Rosa a extraordinária obra “Grande Sertão Veredas”, de 1956.
Romancista, cronista e contista brasileiro, o mineiro Rosa (1908-1967) também era um diplomata. Recentemente, por meio da página “Letras in.verso e re.verso”, na rede social Facebook, o público pôde ver um trecho do documentário “Outro Sertão” (2013), dirigido e produzido por Adriana Jacobsen e Soraia Vilela. Agraciado na Competição Oficial do Festival de Brasília 2013, como vencedor da categoria, a obra fala da estadia de Rosa na Alemanha nazista, entre 1938 e 1942, quando vice-cônsul em Hamburgo.

Foto: Reprodução/Editora Nova Fronteira
São imagens de arquivo da época, documentos e testemunhas, além de uma entrevista inédita com o próprio Rosa, na qual revela alguns detalhes de sua vida. “Imagens, em grande parte feitos por amadores alheios à estética oficial da propaganda nazista, esboçam o cenário no qual ele viveu. Trechos de cartas, contos e anotações em off revelam suas impressões pessoais”, detalha a sinopse do documentário na página “Outro Sertão”, também no Facebook.
No vídeo, o escritor fala de seu sobrenome, que tem uma relação com a Alemanhã; de seus ofícios de diplomacia e escrita; e de suas obras, a exemplo “Grande Sertão Veredas” e “Primeiras Estórias”, de 1962.
Veja o vídeo:
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