Opção cultural

Antologias e coletâneas têm sido a saída para várias pessoas que pretendem fazer arte escrita no País, mas não têm acesso ao grande mercado editorial

[caption id="attachment_64811" align="alignnone" width="620"] Foto: Divulgação[/caption]
Entre 2 e 7 de maio, Goiânia recebe o festival de teatro Razões para Sonhar”. Em sua 2ª edição, o evento propõe uma programação voltada para bebês, adolescentes e crianças. São dez espetáculos que acontecem em sete diferentes locais da cidade. Na segunda-feira, às 12h, o Espaço Sonhus Teatro Ritual vira palco do “Txuu-Looso, Raio de Sol” da cia Theatro Arte e Fogo. Na terça, às 14h, o Sesc Centro recebe a Cia Flor do Cerrado com “O Pequeno Príncipe”. Quarta e quinta, em horários diversos, a Anthropos apresenta “Despertar da Primavera”, também no Sesc. Na sexta, às 20h, o palco é da cia Arthur Arnaldo (SP) com “Coro dos Maus Alunos”; e no sábado, às 16h, da cia La Casa Incierta, com “A Geometria dos Sonhos”. Ainda tem programação descentralizada que você confere na página do Facebook do festival. Os valores das entradas são diversos.

A fim de celebrar a diversidade e incentivar os intercâmbios culturais, potencializando a influência latina no Brasil, a Fósforo Cultural em parceria com a Difusa Fronteira abre a temporada 2016 do projeto La Bomba Latina, que acontece desde 2010, quando foram promovidos shows em Goiânia e Córdoba. A primeira edição do ano conta com o show do Francisco, El Hombre, que foi destaque no Bananada de 2015. A apresentação será na terça-feira, 3 de maio, no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG). Com entrada franca, o show tem início às 20h. Os ingressos devem ser retirados na bilheteria antecipadamente, a partir das 14h.
Na terça-feira, 3 de maio, as artistas plásticas Fabiana Queiroga e Filomena Gouvêa realizam a abertura da exposição “Entre Dois Olhares”, na Vila Cultural Cora Coralina. Em cartaz até 31 de maio, a mostra reúne trabalhos que revelam o corpo através de olhares das artistas; um jogo de transparências e sobreposições do corpo enquanto lugar de transição, memória e afeição. “Entre Dois Olhares” tem curadoria do artista plástico e professor da UFG Zé César. O vernissage começa às 19h e a entrada é franca.

- Por meio do Drops Vaca Amarela, projeto do festival goiano que acontece em setembro, costumeniramente, a Banda Mais Bonita da Cidade volta a Goiânia para uma apresentação no Teatro Sesi. - Com abertura do grupo de indie rock Components, a banda paranaense apresenta o show registrado em seu primeiro DVD. - Os ingressos de 1º lote custam R$ 15, a meia, e podem ser adquiridos on-line. O show tem início às 20h do sábado, 7 de maio.

LIVRO
Eu Sou o Peregrino
Romance de estreia do renomado roteirista britânico Terry Hayes, “Eu sou o Peregrino” é uma jornada épica contra um inimigo implacável.
Autor: Terry Hayes
Preço: R$ 59,90
Intrínseca
MÚSICA
Encontros
Zé Nogueira se junta a Arthur Dutra para explorar novas sonoridades através de temas nacionais de Villa-Lobos, Tom Jobim, Milton Nascimento e Jacob do Bandolim.
Intérprete: Zé Nogueira
Preço: R$ 29,90
Som Livre
FILME
Dias de Amor
Com uma incrível trilha sonora, o longa, numa mistura de comédia e drama, conta a história das amigas Andy e Liv, que se reúnem para espalhar as cinzas do pai de Andy.
Direção: Drew Denny
Preço: R$ 29,90
Europa Filmes

Festival começa às 19 horas de hoje (29/4) com entrada gratuita e tem com atração principal da noite o cantor pernambucano Otto

[caption id="attachment_64727" align="alignnone" width="620"] Reprodução/Tumblr[/caption]
Raí Almeida
Especial para o Jornal Opção
Eu gosto de histórias curtas. Estas pequenas narrativas que costuram retalhos de vida nas frestas das horas; elas são como pequenas epifanias, sem relação obrigatória ao livro de Caio Fernando Abreu, que nos envolvem com tamanha força que, se durassem mais tempo que o necessário, nos sufocariam.
O mais fascinante, no entanto, é que elas são, acima de tudo, discretas. Costumam passar despercebidas. A gente se acostuma a ignorá-las e, por mais que estejam bem na nossa frente, não as enxergamos. É como um piscar dos olhos; você pisca e nem nota que aconteceu.
Vivemos com medo do relógio. Tememos que o tempo corra mais depressa do que possamos acompanhar e, na correria, tropeçamos em um cotidiano repetitivo e cada vez mais desgastante que nos engessa. Tornamo-nos insensíveis às peculiaridades que estão ao nosso redor.
Outro dia, fui ao barbeiro, o mesmo que vou desde que chovia em Goiânia, e o encontrei imensamente infeliz. Era quase fim do experiente de uma sexta-feira particularmente quente; uma fila de clientes aguardava atendimento e sua mulher havia pedido que ele fosse buscar o filho na escola que, por sinal, fica no mesmo quarteirão da barbearia.
Quando o sino bradou, lá foi o barbeiro contrariado por deixar os clientes esperando. De volta à barbearia, o menino disse ao pai que havia descoberto o que queria ser quando crescesse. Ao que o barbeiro perguntou com um desinteresse visível, o garoto respondeu que queria ser pintor de céu.
O barbeiro ocupado, bailando tesouras sobre os cabelos ralos de um homem de meia idade, não deu muita atenção. Eu, por outro lado, fiquei curioso com o desejo profissional do menino. Não pude evitar, perguntei-lhe por qual motivo ele queria pintar o céu.
Respondeu despreocupadamente que o desagradava ver o céu ser, quase sempre, azul ou preto. Isso faz com que as pessoas pensem que só têm duas opções na vida. Que coisa extraordinária a se pensar, perguntei-me como não me ocorrera antes. Fui embora.
No entanto, antes de chegar em casa, um desconhecido me cumprimentou. Era um senhor que estava agarrado às grades do portão, e mesmo sem nunca tê-lo visto, cumprimentei de volta, simpaticamente.
Curiosamente, ele não ficou satisfeito. Quis saber de mim, como eu estava; sem saber bem o que dizer, disse que estava bem. É o que todos dizem, respondeu ele amarrando a cara numa expressão de avô quando repreende o neto.
Disse-me que houve uma época em que as pessoas conversavam, importavam-se com o que o outro tinha a dizer. Mesmo que fosse um completo estranho. No que eu o ouvia, uma menina de uns treze anos escancarou a porta da frente da casa, caminhou em direção do portão como quem vai à guerra. Essa é minha neta, apresentou ele, ela veio me proibir de falar com você. Não leve para o lado pessoal, ela faz isso o tempo todo.
A menina sorriu para mim mais como uma obrigação do que por gentileza. Enquanto ela arrastava o avô pelo braço para dentro de casa, senti que também era puxado para fora de uma realidade paralela à nossa. Fui embora.
Às vezes, essas histórias podem ser mudas, mas cheias de significados, como o sorriso de um estranho na rua; vez ou outra, são barulhentas, como quando alguém canta seu amor debaixo do chuveiro. Outras vezes, são fortes como os abraços que afastam a saudade ou singelas como receber flores. Seja como for, são inúmeras. Cada uma com beleza e identidade única e, acima de tudo, são completamente desejosas de serem percebidas.

Bora descobrir quais as músicas mais escutadas pela equipe do Jornal Opção desta semana? Só dar play! Beyoncé – All Night BEYONCÉ - All Night//LEMONADE (Lyrics paroles... por mousic499 Beyoncé – Hold Up Hold Up (visual oficial) por videosvinface Beyoncé – Sorry BEYONCÉ - Sorry//LEMONADE (Lyrics paroles... por mousic499 Futuro – Mistério Guns N' Roses – I Used to Love Her Muse – Uprising Pearl Jam – Rearviewmirror Sebadoh - The Freed Pig The Neighbourhood – Daddy Issues

[caption id="attachment_64549" align="alignleft" width="300"] Divulgação/Sesc Centro[/caption]
Da terça-feira, 26, ao sábado, 30, a cia goiana Pulo do Gato Arte e Comunicação apresenta o espetáculo “MilkShakespeare” nos palcos do Sesc Centro. Salvo na sexta-feira, em que acontece o show de Grace Carvalho, o teatro recebe a pela que conta a história do General Ricardo.
Prisioneiro de guerra, ele vive sob os cuidados dos enfermeiros Horário e Ana. Em busca de liberdade, os personagens se debatem na jaula dos próprios valores e crenças, em um duelo de vida e morte, onde ambas figuram como uma condenação eterna.
A apresentação celebra o aniversário de 400 anos de morte de William Shakespeare. “MilkShakespeare” arranca das tragédias clássicas uma tragédia própria, humana e contemporânea.
Serviço
Espetáculo “MilkShakespeare”, da cia Pulo do Gato Arte e Comunicação (GO)
Dias 26, 27, 28 e 30 de abril
Horário: 20h
Entrada: R$ 15, a inteira, e R$ 5, comerciários e dependentes

[caption id="attachment_64541" align="alignnone" width="620"] Cartola e a mulher, Dona Zica | Foto: Reprodução[/caption]
Francisco Kleber Paes Landim
Especial para o Jornal Opção
O saudoso e excelente compositor e cantor carioca Ciro Monteiro possuía o apelido de formigão. Tal apelido foi cunhado em razão do insaciável apetite que possuía. Ciro possuía a conhecida fome pantagruélica; comia muito mesmo, era um guloso.
Aos sábados, era comum a Dona Zica, então esposa do grande compositor Cartola, preparar aquela feijoada. E a feijoada dela era um banquete dos deuses, simplesmente arrebatadora, deliciosa. Ciro era o primeiro a aportar na casa de Cartola e Dona Zica. Chegava bem cedinho, ficava bebericando e só saia por volta das 15 horas.
[caption id="attachment_64542" align="alignright" width="300"]
Ciro Monteiro, o formigão | Foto: Reprodução[/caption]
Em um desses almoços, para variar, comeu feito um glutão. Ao terminar o almoço, foi diretamente ao banheiro.Pouco depois, atravessou a sala e começou a suar frio. Ficou morrendo de medo de ser a morte. Encostou-se na parede e ali ficou se lamentando do mal súbito. Um menino que se encontrava no almoço percebeu a situação e foi correndo avisar pra Dona Zica.
“Dona Zica, o formigão tá passando mal lá na sala. Tá friozim e suando.”
Imediatamente, Dona Zica, preocupadíssima com a situação, correu ao quintal, onde plantava ervas e colheu algumas para fazer um chá digestivo para o formigão. Em poucos minutos, estava feito o chá e Dona Zica se dirigiu à sala com a xícara em mãos e, logo, ofereceu ao Ciro: “Tome que vais ficar bonzinho com esse chá”.
Sem titubear, Ciro emendou de cara: “Ué, Zica, só o chá mesmo? Não tem nenhuma bolachinha pra acompanhar?”.
Ciro Monteiro - Falsa baiana

Realizado no dia 30 de abril, a 7ª edição do projeto reitera o crescimento de marcas autorais em Goiás; evento antecede as compras para o Dia das Mães [gallery type="slideshow" size="full" ids="60384,60386,60385"] A fim de proporcionar uma tarde de compras sem o tumulto dos shoppings e, assim, agradar as mães, a Feiríssima, um dos eventos mais importantes no segmento da economia criativa e de produtos de arte e cultura de Goiás, realiza mais uma edição na Vila Cultural Cora Coralina. Na tarde do dia 30 de abril, você aproveita o melhor da arte, moda, artesanato, fotografia, decoração, design e gastronomia desta 7ª edição. A Vila Cultural vira um ponto de encontro artístico, aliando economia e cultural. Você curte ainda o Engroove, um evento musical realizado pelo projeto Discompasso, que leva para feira os DJs Pri Loyola e Angelo Martorell. São mais de 40 expositores com produtos autorais que reiteram as novas formas de consumo consciente. “Nosso objetivo é sempre valorizar e apoiar a economia criativa local e sendo um espaço para pequenos produtores que, como nós, que amam o que fazem”, diz o coordenador da Feiríssima Flávio del Lima. Serviço Feiríssima Dia Das Mães Data: 30 de abril Horário: a partir das 14h Local: Vila Cultural Cora Coralina Entrada Franca

[gallery type="slideshow" size="full" ids="64531,64532"] [relacionadas artigos="63495"] O projeto “Terça Poética”, que borda suas tardes modorrentas de terça-feira com versos de poesia, publica, desta vez, um poema não intitulado da poetisa goiana, de Pirenópolis, Teresa Godoy (1931-1997). Os versos a seguir integram o livro “Violetas Violadas” [que intitulou esta matéria], cuja 2ª edição foi publicada pela Editora Caminhos, em 2014. Quer participar? Envie-nos seus poemas; o e-mail é [email protected]. Com as formas vivas de teu vasto mundo, avivas o tom que em surdina traço, a translucidez do meu verso. Teresa Godoy (1931-1997)

[caption id="attachment_64454" align="alignnone" width="620"] Divulgação[/caption]
Na terça-feira, 26 de abril, o Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG) apresenta a Série Músicas — Quinteto de Metais do Cerrado. No programa, obras de Bach, Arnold, Morais e Melin. Com entrada gratuita, o show tem início às 20h. O CCUFG fica na Praça Universitária.
Serviço
Série Músicas
Data: 16 de abril
Horário: 20h
Entrada Gratuita
Local: Centro Cultural UFG

Por mais que acompanhe seu nome o termo “goiano”, o escritor se fez goiano. É que Carmo nasceu em Minas; chegou ao mundo no finalzinho de 1915, em 2 de dezembro, e dele se despediu no dia 25 de abril de 1996
[caption id="attachment_32669" align="alignnone" width="620"] "E onde está o homem está o perigo, custava nada ter cautela” | Foto: Reprodução[/caption]
“Certas horas, ficar calado é golpe.”Yago Rodrigues Alvim [relacionadas artigos="32665"] Fora em dezembro de 1915 que nascera ele, Carmo Bernardes — um dos quatro filhos que no ano passado fizeram festa na memória das letras goianas. O escritor, ainda que mineiro, fez história em nossas terras e, aqui, eternizou sua literatura, por mais que tão pouco reconhecida e valorizada. No dia 25 de abril, Carmo se despediu do mundo. Nesta terça-feira, 25, completa-se, então, 20 anos da ida de Carmo para outra vida, que não esta. Como diz o jornalista Hélverton Baiano, Carmo aqui viveu de seus 15 anos de idade até os 80, quando faleceu. Foi nestas terras onde aprendeu quase tudo que pôs em letras. “Para mim, é um Guimarães Rosa desvalorizado, meio esquecido”, diz Baiano. “Jurubatuba”, livro do mineiro goiano, se parelha a “Grande Sertão: Veredas”, o de Rosa. Nele, Carmo ensina de um tudo quanto há na roça — de passarim a mania de gente, de pau do matos a destampatório. “É bonito demais!”, felicita o Baiano. “Tem aquela infuca de quebrar um ovo na nuca, deixar correr espinhaço abaixo e aparar com a frigideira no fim do arregoado atrás, fritar e dar ao freguês pra comer em jejum. Aí diz que o cabra enrabicha que dana, vira um trem doido, conforme desconfiei que Ermira tinha feito comigo.” De deixar saudade, né não?