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Romance de João Almino é registro da modernidade à brasileira

Brasília precisava de um prosador que a explicasse, expondo sua vulgaridade e os sonhos e frustrações de seus moradores. O escritor assumiu-se como seu intérprete Adelto Gonçalves Para se conhecer a alma do Rio de Janeiro do final do século 19 e início do 20 é fundamental ler a obra de Machado de Assis (1839-1908). Mas, com certeza, daqui a um século, para se conhecer a alma de Brasília, imprescindível será conhecer a obra do escritor João Almino (1950), que acaba de dar à luz “Entre Facas, Algodão” (Editora Record, 192 páginas), o seu sétimo romance que tem a nova capital federal como um de seus cenários. Com quase 60 anos de existência, Brasília precisava de um romancista que a explicasse, expondo sua vulgaridade e os sonhos e frustrações de seus moradores. E João Almino assumiu-se como seu intérprete, construindo um painel romanesco contemporâneo que colocou a capital do País no mapa da prosa literária brasileira, como bem observou o romancista, contista e ensaísta Cristóvão Tezza na apresentação que escreveu para este livro. Escrito em forma de diário, este romance conta as vicissitudes da vida de um advogado, de 70 anos, que, vivendo em Taguatinga, região administrativa do distrito federal, onde fez a sua vida, separa-se da mulher e decide reencontrar as suas raízes, retornando a uma pequena fazenda nas proximidades de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde passara a infância. Decidido a plantar algodão e viver dessa atividade, o retorno ao passado carrega também uma frustração — uma história de amor mal resolvida e simbolizada por um fio de cabelo guardado há muitos anos numa caixa de fósforo — e um sentimento de vingança, já que, quando menino, soubera que aquele que então supunha ser seu pai havia sido assassinado. Volta, então, com a intenção de acertar contas e honrar o nome do pai. Naquela pequena fazenda do Riacho Negro, localizada no imaginário pequeno município de Várzea Pacífica, no interior do Ceará, o idoso fora o filho da empregada criado junto com os filhos do patrão da casa grande. E vivera um reprimido amor adolescente pela filha do fazendeiro. Nessa volta às origens, o advogado chega, porém, à conclusão que o fazendeiro não teria sido apenas o seu padrinho, mas, provavelmente, o seu próprio pai, que teria mandado matar o marido de sua mãe, quem se acreditava que fosse o seu genitor. [caption id="attachment_194361" align="alignright" width="620"] João Almino: escritor e diplomata | Foto: Reprodução[/caption] Gumbrecht e obra-prima A exemplo de seus seis romances anteriores, “Entre Facas, Algodão” mostra-se também uma obra em andamento (work in progress), com final em aberto, sem conclusão, que deixa a cargo do leitor imaginar o que poderia ter sido — e o que não foi, para se arremedar aqui uma máxima poética de Manuel Bandeira (1886-1968). Aliás, essa observação é assinalada no pequeno ensaio à guisa de posfácio escrito pelo ensaísta alemão Hans Ulrich Gumbrecht, professor de Literatura Comparada que desde 1989 ocupa a cadeira Albert Guérard de Literatura na Universidade de Stanford, na Califórnia, Estados Unidos, para quem este livro é a obra-prima de João Almino até agora. De fato, como diz, segue os passos de outros grandes romances da literatura universal, como “Ulisses”, de James Joyce (1882-1941), “Em Busca do Tempo Perdido”, de Marcel Proust (1871-1922), “O Homem Sem Qualidades”, de Robert Musil (1880-1941), e “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa (1908-1967), que evocam e reconstituem, “na forma da ficção, mundos específicos em seus lugares físicos e específicos”. Ou como o próprio autor procurou explicar: “Tentei fugir ao estereótipo de uma viagem de regresso na memória, minha ideia não foi de que houvesse um regresso ao passado, porque acho que a viagem é apenas de ida, ela vai apresentando novas surpresas ao personagem e não existe o regresso ao passado”. [caption id="attachment_194365" align="alignright" width="620"] Hans Gumbrecht: autor do posfácio do romance de João Almino | Foto: Reprodução[/caption] É preciso lembrar ainda que, a exemplo de seu romance anterior, este é também extremamente datado, ou seja, daqui a cem anos quem o vier a ler saberá que se trata de um enredo passado na segunda década do século 21, pois o “diálogo de surdos” que se acompanha ocorre através do e-mail, do WhatsApp e do Facebook, meios de comunicação que, provavelmente, daqui a dez anos, já terão sido substituídos por outros mais avançados, ainda que o País venha a continuar imerso no analfabetismo funcional das massas, na violência urbana, na falta de saneamento básico e na miséria social de Norte a Sul entre as grandes e a s pequenas cidades, essa estranha modernidade à brasileira. Escrito num estilo memorialístico que faz lembrar o de Machado de Assis e, ao mesmo tempo, enxuto, de frases diretas, sem enxúndias literárias, que recorda o de Graciliano Ramos (1892-1953), este romance de “secura e esperança teimosa”, como o próprio autor o definiu, faz pensar em quão emaranhados e complexos são os sentimentos humanos que tornam extremamente tênue a linha divisória entre o amor e o ódio. Nascido em Mossoró, João Almino, diplomata, é embaixador do Brasil no Equador desde outubro de 2018. Doutorado em Paris, sob a orientação do filósofo e historiador da Filosofia Claude Lefort (1924-2010), foi professor na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), Universidade Nacional de Brasília (UnB), no Instituto Rio Branco e nas universidades de Berkeley, Stanford e Chicago, nos Estados Unidos. É membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2017. Como romancista, é hoje reconhecido pela crítica como um dos nomes mais importantes da Literatura Brasileira. Seu romance “Ideias Para Onde Passar o Fim do Mundo” (1987) foi indicado ao Prêmio Jabuti e ganhou o Prêmio do Instituto Nacional do Livro (INL) e o Prêmio Candango de Literatura, enquanto “As Cinco Estações do Amor” (2001) conquistou o Prêmio Casa de las Américas de 2003. Já “O Livro das Emoções” (2008) foi indicado ao 7º Prêmio Portugal Telecom e finalista do 6º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de 2009. “Cidade Livre” (2010) foi vencedor do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de 2011 de melhor romance publicado no Brasil entre 2009 e 2011 e finalista do Prêmio Jabuti e do Prêmio Portugal Telecom de 2011, enquanto “Enigmas da Primavera” (2015) foi semifinalista do Prêmio Oceanos e finalista do Prêmio Rio de Literatura de 2016 e do Prêmio São Paulo de Literatura de 2016, segundo colocado, de livro brasileiro publicado no exterior, pela tradução para o inglês. É autor também do romance “Samba-Enredo” (1994). Alguns de seus romances foram publicados na Argentina, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, México e em outros países. Seus escritos de história e filosofia política são referência para os estudiosos do autoritarismo e da democracia. Entre estes, incluem-se “Os Democratas Autoritários” (1980), “A Idade do Presente” (1985), “Era uma Vez uma Constituinte” (1985) e “O Segredo e a Informação” (1986). É também autor de “Naturezas Mortas — A Filosofia Política do Ecologismo” (2004), de “Brasil-EUA — Balanço Poético” (1996), “Escrita em Contraponto” (2008), “O Diabrete Angélico e o Pavão — Enredo e Amor Possíveis em Brás Cubas” (2009), “500 Anos de Utopia” (2017) e “Dois Ensaios Sobre Utopia” (2017). Publicou ainda “Literatura Brasileira e Portuguesa Ano 2000”, organizado com o professor Arnaldo Saraiva, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2000), e “Rio Branco, a América do Sul e Modernização do Brasil”, organizado com Carlos Henrique Cardim (2002). Adelto Gonçalves é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de “Gonzaga — Um Poeta do Iluminismo” (Nova Fronteira).

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