Opção cultural

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Os rios de signos das “Primícias” do poeta Décio Jaime

O artista da palavra amadureceu as mensagens. O poeta conviveu com seus poemas e sofreu para que, a partir das sombras, brotassem seus textos

Livro resgata histórias de Caiado, Jalles Machado e Ludovico: divergências e confluências

Alfredo Nasser teria dito, na presença de Ludovico: “Só um homem como o sr., presidente JK, poderia fazer-me subir no palanque do chefe absoluto de Goiás”

Mary Shelley e a metáfora da mulher em Frankenstein

Criatura e Criadora vivenciaram a luta pelo espaço e pelo amor

Marina Colasanti conta a breve história de um pequeno amor

A autora remete o leitor a um universo onde crescer dói, cada mudança enfrentada anuncia outra ainda maior, mas assim é a vida

Literatura de Cormac McCarthy é uma catedral gótica erigida no sul dos Estados Unidos

"Cormac McCarthy nos dá um senso da vida ribeirinha que se lê como um sinistro Huckleberry Finn" – The New York Times Book Review. "Suttree contém um humor que é faulkneriano em sua ironia gentil" – The Times Literary Supplement

O analfabetismo funcional entrou em metástase. Vamos consultar Lima Barreto?        

“Não sei grego nem latim, não li a gramática do sr. Cândido Lago, nunca pus casaca e até hoje não consegui conversar 5 minutos com um diplomata bem talhado” — Lima Barreto

Engenheiro constrói ponte entre o homem da era da informação e o Antigo Testamento

Lançado em Goiânia, “Em Conexão” traz uma visão didática, para crentes e não crentes, dos textos mais antigos e de difícil compreensão da Bíblia Em algum momento por volta do ano 1,2 mil antes de Cristo, um nômade decidiu escrever uma intrincada história sobre a origem do mundo, da humanidade, das línguas e da relação de tudo isso com o seu Criador. Muitos desses relatos eram repassados há séculos boca a boca e ensinados de pai para filho. Segundo a tradição judaico-cristã, esse homem era Moisés – ele mesmo protagonista de um enredo riquíssimo, que passa pela fuga de um infanticídio coletivo, adoção e a ascensão a um dos postos mais importantes do maior império da época e culmina às portas da terra prometida após a travessia de um deserto inóspito. Os cinco livros atribuídos a Moisés (para muitos fiéis, uma certeza; para muitos estudiosos, algo improvável - alguns exegetas acreditam que a transcrição só ocorreria no pós exílio, 700 anos depois de Moisés), conforme a organização do cânon, são os primeiros da Bíblia – na verdade, uma coleção de livros. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deutoronômio formam o pentateuco, a Torá judaica. Nesse conjunto, são narrados a criação do mundo e do homem pelas mãos de Deus, o início da formação do povo escolhido por Ele e uma série de legislações civis e morais e, ainda, instruções para práticas religiosas. Ao longo de mais ou menos 800 a 1.000 anos, outros livros foram sendo escritos, até chegar aos 39 que compõem o que conhecemos como Antigo Testamento – acrescido do Novo Testamento, ele forma a Bíblia cristã. A maior parte do texto original foi composto em um hebraico arcaico e uma parte menor, em aramaico. O livro Sabedorias, incluído no cânon católico, foi escrito em grego, mas não foi adotado nem por judeus nem por igrejas protestantes. Como, portanto, esse livro pôde falar ao nômade, aos egípcios e aos mesopotâmios da antiguidade? Aos gregos dos tempos de Aristóteles e aos romanos do período de Nero? Ao imperador Constantino? Aos homens medievais, como Lutero e Calvino? E como ele continua tendo impacto tão forte no homem da era da informação, contemporâneo de Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg ? Curiosamente, um engenheiro goiano, não teólogo, tem ajudado muitas pessoas responder essas questões: é a mensagem contida na Bíblia que a torna compreensível para homens de épocas, culturas, línguas, contextos e nível de conhecimento tão díspares. Cláudio Carvalho, que atua no ramo da construção, acaba de lançar, em Goiânia, o livro “Em Conexão – O Antigo Testamento para uma Nova Geração” (Sal Editora, 440 páginas). O autor não se denomina teólogo, ainda que tenha MBA em Teologia e Transformação Social e faça parte do conselho do Ministério Sal da Terra em Goiânia. Na verdade, a obra é fruto de 30 anos de estudos, que começaram ainda na juventude, quando se reunia com amigos de escola para ler e discutir a Bíblia. [caption id="attachment_213563" align="alignnone" width="620"] Cláudio Carvalho, o engenheiro que dá aulas sobre o Antigo Testamento | Foto: Divulgação[/caption] Essa bagagem resultou em um curso voltado ao Antigo Testamento, em que fornece caminhos para a leitura dessa parte da Bíblia, muitas vezes negligenciada mesmo pelos cristãos, mais familiarizados com o Novo Testamento. O passo natural foi transformar o conteúdo em livro, tão didático quanto as exposições em salas de aula (não por acaso, o autor foi professor em escolas seculares). Segundo Cláudio Carvalho, "Em Conexão" é uma releitura do Antigo Testamento, sob a luz do Novo Testamento. Na introdução, o leitor é apresentado a um resumo esquemático dos 39 livros do Antigo Testamento: pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), históricos (Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester), poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares) e proféticos (Isaias, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Safonias, Ageu, Zacarias e Malaquias). O esquema os encaixa em dez períodos: princípios, patriarcas, Egito, êxodo, deserto, Canaã, juízes, monarquia, exílio e reconstrução. Dessa forma, o leitor acompanha o desenrolar da relação divina com o “povo escolhido”, da criação do mundo ao retorno pós-exílio, por volta de 400 anos antes de Cristo – o último capítulo, inclusive, trata do período intertestamentário (ou seja, entre Malaquias e Mateus, que abre o Novo Testamento), conhecido como os anos de silêncio. Esse guia introdutório torna a viagem pelas páginas do AT mais confortável. Mas Cláudio Carvalho não se furta a fazer um alerta: “[A Bíblia] não é um texto científico, não é histórico e nem tem preocupações geográficas como as nossas”. Portanto, não há que se falar em incongruências entre o que a ciência diz (ainda que atualmente existam grupos de cientistas declaradamente confessionais) e o que a narrativa bíblica conta. Ao abordar Gênesis, o escritor volta a chamar a atenção do leitor: “É bom pensarmos que vamos tratar exatamente dos capítulos mais mal compreendidos, mais criticados e que mais são objetos de piadas”. Afinal, é no início do livro que abre a Bíblia que estão passagens como a que fala da criação do homem por meio do barro (e da mulher pela extração de uma costela do homem), a que cita o fruto proibido (uma maçã, segundo o imaginário popular, mas nunca mencionada na Bíblia) e a que cita a serpente que fala. Obviamente, narrativas que vão de encontro ao conhecimento científico. Cláudio Carvalho não se aprofunda em todos os livros do AT, tarefa impossível para uma única obra. Ao longo das 400 páginas, pinça os relatos e personagens mais significativos, contextualiza com aspectos históricos e geográficos (o leitor pode, inclusive, por meio de um QR Code, acessar mapas) e traduz os nomes dos atores mais proeminentes – o que proporciona uma nova compreensão de algumas passagens, devido à importância que os nomes têm na cultura hebraica da época – do Gênesis ao exílio. Dessa maneira, o leitor terá uma compreensão de fatos e símbolos que muitas vezes passam despercebidos na leitura da Bíblia. O autor, didaticamente, explica questões relacionadas às pragas do Egito, ao tabernáculo construído no deserto, aos ritos e rituais daquele povo, que muitas vezes nos parecem estranhos e incompreensíveis. Especialmente útil para tornar a travessia pelo Antigo Testamento menos tortuosa são os capítulos 8 e 9, que tratam do período em que Israel tornou-se uma monarquia. Além de discorrer sobre a transição do tempo de juízes para o de reis -- e sobre alguns deles, como Saul, Davi e Salomão --, o autor recorre novamente a um resumo esquemático para auxiliar o leitor com tantos nomes e sequências de monarcas. E é com essa pegada que a obra segue até o retorno do exílio e a reconstrução do templo. “Em Conexão” é uma obra evidentemente de um homem que tem convicções religiosas. Contudo, é uma leitura agradável mesmo para quem não as tem, mas que quer conhecer um pouco desse que é um dos mais importantes livros da humanidade.

O que vivi ao ficar preso no elevador

Por Ton Paulo [caption id="attachment_221328" align="alignnone" width="620"] Foto: Reprodução[/caption] As portas do elevador estacionado no térreo já se fechavam quando, numa corrida rápida, coloco o braço no rumo do sensor a tempo de fazê-las reabrirem. Entro ainda ofegante no cubículo vazio não sem antes soltar um “que sorte!” em voz baixa. Sou apaixonado por elevadores vazios. O intervalo do térreo até o andar escolhido é sempre o momento oportuno do dia para dar uma ajeitada no cabelo no espelho, olhar as mensagens ainda não visualizadas e respirar. Mas não hoje. O elevador parou no meu andar, o 25º, mas as portas não se abriram. Espero, estranhando o delay, e nada. Alguns instantes depois, o ventilador de teto para. Era isso: eu estava preso em um elevador enguiçado. Desato a tocar o interfone, mas no lugar de uma voz humana, só recebo uma luzinha que pisca insistentemente. Do nada, me vem a palavra “claustrofobia” – do latim, claustro phobos: medo de lugares fechados. Eu não tinha aquilo, mas sentia que meus pulmões já puxavam o ar de maneira irregular. Sento, levanto, sento novamente, dou voltas só de meias dentro do cubículo de metal. Exatos uma hora e cinquenta minutos se passam até que um funcionário abre a porta, com o elevador já no térreo e me encontra no chão abraçado às minhas pernas. Ainda um pouco trêmulo e puxando o ar com força, caminho até a recepcionista: “Onde ficam as escadas mesmo?”

Livro de Adelto Gonçalves apresenta São Paulo de priscas eras coloniais   

“Somos todos corruptos de formação, pois vimos de uma religião corrupta agregada, em decadência, relações mercantis inescrupulosas, escravatura sórdida”

10 poemas de Emily Dickinson que você deve ler antes de morrer

Apontada como Shakespeare dos Estados Unidos por Harold Bloom, a poeta, ao recriar a língua inglesa, inventou uma Dickinsonland

Obra de Merquior e Mário Ferreira dos Santos será debatida na UBE-Goiás

O professor-doutor João César de Castro Rocha vai debater a obra dos pensados José Guilherme Merquior e Mário Ferreira dos Santos

Fernanda Marra é uma poeta musical e com influência da argentina Alejandra Pizarnik

Influenciada por Chico Buarque e Caetano Veloso e Clarice Lispector e por Pizarnik, a poeta constrói seu próprio percurso

Roseana Murray: de como buscar poesia no meio do caos e se deparar com jardins

“Jardins”, de Roseana Murray, consiste num poema completo, com uma proposta inovadora de reunir, numa só obra, uma obra de arte completa

Ícone do stoner rock mundial, Nick Oliveri’s Mondo Generator toca dia 19, em Goiânia

A banda do ex-baixista do Queens of the Stone Age e do Kyuss faz show único no Shiva

Goiânia tem o único bar dedicado a comédia do Centro-Oeste

Com grandes comediantes dividindo espaço com iniciantes regionais na programação, o Guardians Comedy Club se tornou um centro da cena de humor no Centro-Oeste [caption id="attachment_219566" align="alignnone" width="620"]comedy club stand-up goiânia Luiz Titoin se apresenta no Guardians Comedy Club | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption] “Não tem réveillon no Brasil melhor do que o de Fortaleza. Na praia de Iracema, de graça, um monte de banda boa, é só chegar que a festa já está rolando. Para quem tem aquela mentalidade de ‘ano novo, vida nova’ é o melhor lugar para ir. É tudo novo, celular novo, carteira nova, tênis novo. Você começa o ano do zero. Às vezes até vida nova, nunca se sabe o que pode acontecer por lá”. Moisés Loureiro. Como mostram o professor de psicologia Peter McGraw e o jornalista Joel Warner no livro “The Humor Code” (Simon & Schuster, 2014), a maioria das pessoas pensa que é engraçada, mas na verdade não é. A dupla usou investigação científica em uma road-trip por comedy clubs na tentativa de encontrar o cerne do que causa a risada. O mecanismo encontrado pelos autores aparece nos melhores programas de TV, filmes e livros de comédia, e pode ser bem percebido quando se assiste a um comediante “nu” em frente ao público, armado apenas de seu texto e microfone, sem truques ou onde se esconder. As melhores piadas, McGraw e Warner afirmam, estão na tênue linha entre a expectativa e surpresa, a ofensa e segurança. Gostamos de ser instigados a pensar por novos ângulos e de ser confortados pela reafirmação de que não somos os únicos a passar por uma situação patética. Por isso, a característica que faz uma pessoa ser engraçada tem a ver com resistência ao desconforto, um talento raro, que corresponde à capacidade de investigação de temas desagradáveis ou dolorosos – ou, como afirma Louis CK, “comediantes são os filósofos de hoje em dia”. Também é por isso que o último trecho da apresentação de Moisés Loureiro no Guardians Comedy Club, em Goiânia, funcionou tão bem.  Moisés Loureiro finalizou seu solo no dia 7 de novembro com um texto sobre colonoscopia. Em dez minutos o comediante compartilhou a experiência que lhe tirou noites de sono por preocupação. Em um monólogo que dá a ilusão de conversa de bar, Moisés Loureiro vai da humilhação frente à enfermeira bonita para a insegurança masculina, passando por tabus da sociedade e pelo sofrimento enfrentado por minorias, tudo a partir de uma situação cotidiana. Mas o que mais impressiona é perceber a ansiedade da sala cheia para ouvir uma história sobre colonoscopia, e escutar desconhecidos rindo juntos de temas sérios, controversos e embaraçosos. [caption id="attachment_219567" align="alignnone" width="620"]comedy club stand-up goiânia Com dez anos de experiência, Moisés Loureiro aconselha que quem deseja ser comediante se arrisque logo no palco | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption] “Faço comédia stand-up há dez anos”, disse Moisés Loureiro em entrevista antes do show. “Tenho a sorte de ter nascido no Ceará, a terra do humor. Quem quer fazer comédia e nasce no Ceará já tem meio caminho andado: Renato Aragão, Chico Anysio, Tom Cavalcante, Tiririca, Ciro Gomes. Como Fortaleza é uma cidade muito turística, visitantes chegam querendo ir a um forró, a uma praia, a um show de humor. Isso criou uma demanda de mercado. O primeiro comedy club do Brasil fica em Fortaleza, o Teatro do Humor Cearense, que existe há quase 20 anos”, afirmou ele. O restante do Brasil não tem tanta sorte. O único comedy club do Centro Oeste é o Guardians Comedy Club, aberto há três meses, em Goiânia. Existem pubs que eventualmente recebem humoristas ou que realizam acontecimentos de comédia, mas, segundo Moisés Loureiro, nada substitui a importância de um espaço exclusivamente dedicado ao stand-up, onde o público pode se familiarizar com o gênero e comediantes podem testar piadas novas. “Fortaleza mudou muito quando abriram as casas de stand-up”, afirmou o comediante. “Até hoje, em lugares como o Teatro do Humor Cearense, que é uma casa que tradicionalmente recebe humoristas que fazem personagens, ainda tenho de explicar o que é o stand up. Não tenho dúvida que a abertura do Guardians vai mexer com a cena goiana de comédia. É um primeiro passo para quem gosta de consumir humor e para quem pensa em trabalhar com isso.” [caption id="attachment_219568" align="alignnone" width="620"] Ramiro Braga de Castro diz que decisão de dedicar o Guardians à comédia veio após sucesso de testes com stand-up | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption] Ramiro Braga de Castro, que com o sócio Marx Willian é proprietário da casa, afirma que a casa começou como um empreendimento mais tradicional, já tendo sido um pub de música. “Foi meu sócio, o Marx, quem teve a ideia de fazer uma noite de stand-up, só para testar. Começamos a fazer de 15 em 15 dias. Logo eu tinha certeza de que iríamos virar uma casa só de comédia.” Além da aceitação do público, Ramiro Braga de Castro afirmou que o retorno dos comediantes goianos também o impressionou. Atualmente, são cerca de 16 em atividade que se apresentam em diversos sub gêneros do stand-up, desde especiais solo até noites exclusivas para testes de piadas.  Luiz Titoin é um dos goianienses que se apresentam no club com frequência e que se interessou pela arte ao assistir a um stand-up ao vivo. Ele afirma que há três anos estudava para passar em medicina e que estava muito estressado, quando decidiu assistir ao show de comédia para se distrair: “Lembro até hoje do set. Era o Rodrigo Marques, Patrick Maia e Luca Mendes. No final do show, o Eduardo Castilho disse que abriria o microfone para nossos comediantes que quisessem tentar e eu falei, quero fazer isso aí.” Então, por conselho de humoristas profissionais, Luiz Titoin começou a se apresentar “na coragem”, como afirmou. “Logo entendi que, como tudo na vida, você tem de estudar. No início coloquei a cara e tentei fazer, o que foi a melhor coisa para mim, mas no decorrer da carreira fui estudando, lendo, fazendo cursos e workshops”. Logo, Titoin começou a abrir shows de outros humoristas em diversas cidades. Segundo Ramiro Braga de Castro, esta é a importância de um local cativo para a comédia. “Toda noite com um grande comediante é um workshop”, disse ele. “É sempre um aprendizado que vem à Goiânia toda semana”. Moisés Loureiro complementou afirmando que, ao longo dos quinze anos de história do stand-up brasileiro, os comedy clubs desenvolveram o gosto do público pelo gênero e permitiram o aprimoramento das próprias piadas dos comediantes. Durante oito de seus dez anos de carreira, Moisés Loureiro manteve o mesmo texto, mas recentemente tem sondado novas piadas graças ao espaço que encontrou nas noites de teste. Lentamente, essa forma mais singela de filosofia vem crescendo no Brasil.