Editorial

A morte da ex-primeira-dama, se não deve suspender o espírito crítico do brasileiro e o respeito às instituições, não deve ser tema para ataques bárbaros e cruéis

Filho de Carlos Miranda, braço-torto de Sérgio Cabral, bancou famosa faculdade de cinema do filho, nos Estados Unidos, com dinheiro da corrupção. No fim do curso, ele deveria fazer um filme sobre o Propinosil

[caption id="attachment_57534" align="alignright" width="620"] Marisa Letícia e Lula da Silva: tolerância, e não agressividade desmedida, indica que o indivíduo é de fato moderno | Foto: Ricardo Stuckert / Agência Brasil[/caption]
As redes sociais tornaram-se um espaço sem limites — o que muitos confundem com democracia e inovação. Na semana passada, quando jornais e emissoras de rádio e televisão e sites anunciaram que Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Lula da Silva, havia sofrido um acidente vascular cerebral e estava internada no Hospital Sírio-Libanês, várias pessoas fizeram comentários que não merecem outros qualificativos que não abusivos e desrespeitosos.
Num dos posts, apostando que vários usuários não checam informações, um dos usuários do Facebook “informou” que Marisa Letícia havia falecido. A mensagem é de quinta-feira, 26. Na verdade, a ex-primeira-dama permanece internada.
Noutro post, outra pessoa, uma sra. distinta, lamentava que Marisa Letícia não estivesse em alguma unidade do SUS. Ora, por que a mulher de Lula não pode ser atendida num hospital de qualidade? Pode e deve, como qualquer outra pessoa. Aos poucos, apesar de todas as falhas, pacientes pobres começam a ter um atendimento de mais qualidade em hospitais públicos — sustentados pelos cidadãos que mais pagam impostos — e mesmo em hospitais particulares.
Um pouco de civilidade ao mencionar o caso de Marisa Letícia não desmerece aqueles que não aprovam falcatruas dos governos do PT. Na cama do Hospital Sírio-Libanês, lutando pela vida, está, mais do que a mulher de um político que é investigado sob acusação de corrupção — frise-se que não há processo transitado em julgado —, um ser humano. É assim que Marisa Letícia deve ser vista. O ser humano de fato moderno é mais o tolerante do que o agressivo.
O que se está sugerindo não é que os indivíduos deixem de criticar Lula e o PT — assim como não devem evitar críticas ao PSDB e a Geraldo Alckmin, Aécio Neves, José Serra, entre outros —, e sim, fundamentalmente, que se respeite a luta de uma pessoa, Marisa Letícia, para continuar viva, em circunstâncias dramáticas. É uma questão de humanidade.
Vale o registro de que jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão estão se comportando de maneira decente. As redes sociais — que são importantes, pois criam novos nichos de comunicação, conectando indivíduos díspares de vários países — estão se tornando “locais” de linchamento, de personalidades públicas ou não (nas redes, ressalve-se, todas são públicas). Como se sabe, os indivíduos, quando participam de linchamentos, não se veem como indivíduos, e sim como integrantes das massas. Os indivíduos são, por assim dizer, “dissolvidos” e, deste modo, se “dissolve”, teoricamente, a responsabilidade individual — daí a “extinção” da culpa, tanto em termos das leis quanto em termos psíquicos. Na perspectiva dos linchadores, “nós matamos” não equivale a “eu matei”. “Nós matamos” equivale a “eu não matei” e “eles mataram”.

A Lava Jato já deu certo: há alguns condenados e presos e vários milhões de reais foram devolvidos ao Erário. O substituto do ministro saberá o que fazer para dar continuidade ao julgamento dos acusados

O presidente da República gostaria de disputar a reeleição, se seu governo recuperar economia. Mas as chances do ministro da Fazenda são maiores. Geraldo Alckmin e Lula estão no páreo

É praticamente certo que o PMDB e o PSDB vão caminhar juntos para a disputa presidencial em 2018. Para o governo de Goiás, os dois partidos apontam nomes para a disputa. Mas podem repetir o quadro nacional?

A indústria brasileira, solapada pela crise, está parcialmente quebrada. A saída do país, portanto, não está no aeroporto, e sim no campo, que é altamente produtivo e competitivo

Vargas, Juscelino, Jânio, Jango e Collor governaram sob crise, uns mais, outros menos, mas o país, continuou. A queda de Temer não é positiva, mas, se sofrer impeachment ou renunciar, o país continua

Os goianos precisam entender que o Programa de Austeridade pelo Crescimento é uma tentativa de “salvar” o Estado para todos os goianos

Juízes e promotores não podem e não devem ser “perseguidos” ao trabalharem contra as quadrilhas que corrompem o país. Mas se errarem, sobretudo dolosamente, devem ser penalizados. Ninguém está acima das leis

O deputado estadual pode até assumir a vice, aceitando o canto das sereias políticas, mas sempre será uma peça decorativa num governo que certamente será centralizador e personalista

Comenta-se que pai matou o filho devido a divergência política. Não deve ter sido só isso. Mas no momento assiste-se a intelectuais de esquerda manipulando jovens nas ocupações das escolas

O presidente eleito dos Estados Unidos, apesar dos arroubos de caudilho, não é uma ameaça à democracia. Sabe que será contido e enquadrado pelo vigor das instituições

O escritor modernista Mário de Andrade poderia usar as palavras “suspanto” e “estupidade” para interpretar a possibilidade de o deputado federal do PMDB aceitar ser vice do senador na disputa para o governo

O mal lavado, o PSDB, falou mal do sujo, o PT, por muito tempo. O que se vê, pela delação dos executivos da empreiteira, é que a corrupção contaminou quase todo o espectro político