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“A maior fuga de prisioneiros da Segunda Guerra Mundial” aconteceu em Sobibór, na Polônia, em 14 de outubro de 1943

“Não posso garantir que não enfrentaremos privações na floresta, mas pelo menos temos uma chance de viver. Saiam imediatamente", disse Tuvia Bielski
[caption id="attachment_3198" align="alignright" width="300"] Alessandro Souza Santos / Foto: Reprodução/TV Record[/caption]
Você conhece o Jardim Ingá? Como o Entorno do Distrito Federal — ou de Brasília — é uma região desconhecida da maioria dos goianos, talvez por considerá-la mais parte da capital federal do que de Goiás, poucos sabem onde fica o Jardim Ingá, de belo nome. A reportagem “Preso suspeito de 40 homicídios” (“Pop”, de 23 de abril), de Rosana Melo, revela que o Jardim Ingá reúne 24 bairros de Luziânia e tem população estimada em 100 mil habitantes. Lá, ao lado de cidadãos decentes — a maioria —, traficantes vendem drogas e matam seus adversários.
Rosana Melo conta a história de Alessandro Souza Santos. Aos 21 anos, com feição de recém-saído da adolescência, Souza Santos, conhecido como Japinha, está envolvido em mais de 40 homicídios. É o inominável, diria Samuel Beckett. Fica a sugestão para Rosana Melo vasculhar, durante algum tempo, os “29 inquéritos de assassinato” nos quais é mencionado como autor ou coautor. “A maioria de suas vítimas foi morta a tiros em disputa territorial por causa do tráfico de drogas”, informa a excelente repórter. Mas quem são tais vítimas? Muitos não seriam apenas usuários e, às vezes, usuários-pequenos traficantes de drogas?
Quem não acredita que uma pessoa possa matar tanto talvez deva ler o livro “O Nome da Morte: A História Real de Júlio Santana — O Homem Que Já matou 492 Pessoas” (Planeta do Brasil, 245 páginas), do jornalista Klester Cavalcanti. Trata-se de uma grande reportagem e, ao mesmo tempo, um livro assustador. Júlio Santana matou Mária Lúcia Petit, na Guerrilha do Araguaia, quando estava a serviço da Polícia Militar e do Exército, e o sindicalista Nativo da Natividade, em Goiás, já como pistoleiro. Ele “trabalhou” como assassino profissional durante 35 anos.
O peso-pesado Fabrício Werdum venceu Travis Browne porque adotou as táticas corretas. Primeiro, fustigava e fugia, para evitar o contato mais direto com um lutador maior, mais forte e nocauteador. Atuou como guerrilheiro. Segundo, “enrolou”, para a luta durar cinco rounds, com o objetivo de cansar Browne. Cansou e ganhou por pontos, mas poderia ter nocauteado, se arriscasse um pouco mais. Agora, para enfrentar Jon Jones, a tática de Werdum não funciona. O meio-pesado Jon Jones parece incansável, quase sempre muito bem condicionado fisicamente. Para vencê-lo, o oponente tem de partir para o ataque, desde o início, e tem de escapar, rapidamente, das cotoveladas e chutes. Dada sua envergadura, isto é quase impossível. O sueco Alexander Gustafsson deve ter examinado as lutas anteriores de Jon Jones e, com a ajuda de técnicos experientes, parece ter percebido que, quando estão no octógono contra o americano, os lutadores costumam esperar os ataques, quedando-se numa posição defensiva. É tudo o que Jon Jones quer. Gustafsson, pelo contrário, não se intimidou e, desde o começo, postou-se como atacante, surpreendendo o campeão, abrindo, digamos, suas “defesas psicológicas”. “Críticos” de MMA dizem que Gustafsson venceu, mas isto não ocorreu, porque, nos dois últimos rounds, principalmente, cansou-se e Jon Jones retomou o controle da luta. Mas, de fato, quase derrotou a maior fera do UFC. Porque, no octógono, comportou-se como se fosse um segundo Jon Jones — um “atacante”, um “guerrilheiro”. O brasileiro Glover Teixeira é um lutador excepcional. O que fez na luta contra Jones Jones o levaria a vencer qualquer outro meio pesado, até Gustafsson e Daniel Cormier, mas não o campeão americano. Glover Teixeira, inteligente e perceptivo, deve ter estudado a luta entre Jon Jones e Gustafsson com a devida atenção, porque nesta batalha de cinco rounds acentuou-se os pontos fracos do americano — que, sob ataque intensivo, não desmoronou, mas ficou abalado e “entrou” no jogo do adversário. Porém, se a estudou, se aprendeu um ou dois segredos sobre Jon Jones, não pôs em prática a lição na luta recente. Por quê? Glover Teixeira tem orientadores do primeiro time, como Chuck Liddell, mas, no octógono, a prática reformula a teoria. Como Jon Jones parecia mais motivado do que na luta anterior — mais “mordido”, quem sabe —, o que se viu foi um Glover Teixeira na defensiva, uma espécie de anti-Gustafsson. O americano atacava e o brasileiro se defendia. Foi assim praticamente durante os cinco rounds. Glover Teixeira e Jon Jones estavam bem fisicamente. Se o brasileiro não fosse forte, teria sido nocauteado. O que vai acontecer daqui pra frente? Como é capaz de limpar a área — derrotando Anthony Johnson, Daniel Cormier e mesmo Gustafsson (que certamente perderá para Jon Jones) —, Glover Teixeira possivelmente lutará mais uma vez com Jon Jones. Mas precisará se movimentar mais, para não se tornar um alvo fixo, um saco de pancadas, para lutadores mais ágeis. Sobretudo, precisará entender, no octógono, que não pode lutar segundo as “regras” de Jon Jones. É vital desconcertar, para desconcentrar, o duríssimo americano.
O jornalismo é a barata tonta da realidade. O coronel reformado do Exército Paulo Malhães (a cara de Saddam Hussein), depois de ter admitido que ele e alguns companheiros de caserna torturaram, mataram e deram fim aos corpos de guerrilheiros, foi “assassinado”. Na imprensa, em depoimentos, saíram várias versões. A esquerda prontamente apresentou a versão de “queima de arquivo”. A direita silenciou-se, mas, nos bastidores, não faltou quem dissesse que o militar poderia ter sido morto pela esquerda (haveria, entre os médicos cubanos, até agentes do G2 cubano no Brasil). Os jornais acolheram as várias versões — dando ênfase, é claro, à teoria da “queima de arquivo”, ancorada por várias “autoridades”. Em seguida, saiu a notícia de que o coronel morreu durante um assalto do qual participou o caseiro de seu sítio. O caseiro estaria participando de alguma conspiração? Aguardam-se os lances das baratas tontas.
A organização francesa Repórteres sem Fronteiras pôs em sua lista de Heróis da Liberdade de Informação o brasileiro Lúcio Flávio Pinto, que, sozinho, escreve e edita o “Jornal Pessoal”. No “mundo administrativo”, no qual o jornalista é cada vez mais um burocrata, Lúcio Flávio, o Izzy Stone patropi, não se verga.
Pelo contrário, apesar das ameaças dos poderosos da Sicília Verde — cada vez menos verde, sugere o repórter —, Lúcio Flávio continua publicando notícias quentes, furando os jornais tradicionais, sobre o envolvimento de setores da elite do Pará com traficantes e em outros negócios escusos. Ao mesmo tempo, faz uma defesa contundente e muito bem informada da Floresta Amazônica.
Lúcio Flávio não é “um” mas “o” jornalista.
Max Hasting não brinca em serviço. Grande historiador da Segunda Guerra Mundial, o britânico volta-se, neste livro, para a Primeira Guerra Mundial, ou Grande Guerra, no livro “Catástrofe — 1914: A Europa Vai à Guerra” (Intrínseca, 704 páginas, tradução de Berilo Vargas). Um dos segredos de Hasting é unir com precisão a história miúda, do cotidiano, à história das cúpulas.
Há historiadores que, na ânsia de valorizar o povão, praticamente ignoram a história das elites. Há outros que, no afã de sustentar que a história é feita mais pelos grandes líderes, como Franklin D. Roosevelt, Josef Stálin, Winston Churchill e Charles de Gaulle, abandonam a história do povão. Hasting, com a mestria de sempre, escapa desta armadilha. Correm juntas, nunca separadas, as grandes histórias dos grandões e dos pequenos — com o hábil pesquisador, com seu “cérebro-agulha” de ouro, costurando com linhas de diamante uma única história, mas registrando as especificidades, os sentimentos de cada um, as contradições.
Por certo, há de agradar mais ao jornalismo e aos que adoram polêmicas o também magnífico “O Horror da Guerra” (Planeta do Brasil, 768 páginas), com o subtítulo de “Uma Provocativa Análise da Primeira Guerra Mundial”, do historiador inglês Niall Ferguson. Não que Ferguson escreva mal — longe disso, pois escreve muito bem, com rara capacidade de conectar e analisar fatos —, mas Hasting parece um cronista, digamos um escritor, ao narrar as histórias da Grande Guerra. A Primeira Guerra Mundial, embora seja a tragédia que gerou um mundo novo — inclusive outras guerras, como a Revolução Russa e a Segunda Guerra Mundial —, contada por Hasting, perdoe-me as vítimas das batalhas cruentas, é uma delícia.
Ao contar a vida de algumas pessoas, que participaram direta ou indiretamente da guerra, Hasting cria uma história viva, mais próxima de todos nós, seus leitores. Sob sua pena perceptiva, a Grande Guerra parece ter acontecido ontem e, por isso, é mais fácil de ser apreendida.
A Editora Ex Machina põe uma mina de ouro no mercado livreiro: “As Coisas Incríveis do Futebol” (200 páginas), de Mario Rodrigues Filho, que não deve ser considerado apenas como o “irmão” do cronista e dramaturgo Nelson Rodrigues. José Trajano e Alberto Helena Jr. apresentam as crônicas do balacobaco de Mário Filho aos leitores.
As crônicas de Mario Filho foram publicadas no “Globo Sportivo”, entre as décadas de 1940 e 1950. Segundo release divulgado pela Livraria Cultura, “elaboradas no estilo despojado e humorístico que o consagraria e faria escola no jornalismo brasileiro, elas abordam os temas centrais da era de ouro do futebol brasileiro – os grandes jogadores e partidas, a história dos clubes, a consolidação do futebol como esporte no Brasil, os ‘sururus’, as confusões e brigas dos torcedores, o abrasileiramento do futebol, além das histórias mais pitorescas do mundo futebolístico. Fruto de um trabalho de três anos, todas as crônicas selecionados são ilustradas por fotos do acervo de Mario Neto”.
O Brasil pode até não ganhar a Copa, mas o leitor das crônicas de Mario Filho irá, por alguns momentos, não ao estádio, e sim ao Nirvana.
O britânico Luke Harding escreveu um livro para explicar Edward Snowden, o ex-funcionário da NSA que quase detona os Estados Unidos. Agora, sai o livro “Sem Lugar Para se Esconder — Edward Snowden, a NSA e a Espionagem do Governo Americano” (Sextante, 288 páginas), do advogado e jornalista americano Glenn Greenwald, radicado no Brasil.
Edward Snowden parece personagem de ficção; aliás, seu nome é parecido com o de personagem de Charles Dickens. Mas o americano intranquilo é um personagem da realidade que, no fundo, certamente entrará para a ficção. Suas revelações de que os governos dos Estados Unidos e da Inglaterra espionaram (continuam espionando, possivelmente) as principais autoridades do mundo e, quando querem, até cidadãos comuns, com o apoio de empresas como Google, Facebook e telefônicas, provocaram uma crise mundial.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que era tido e havido com meio santo, foi desnudado e pôde ser visto como efetivamente é: o líder de um império político e econômico que, obviamente, não quer deixar de ser “o” império e, por isso, faz tudo, até espionar líderes de potências como Alemanha, China e Brasil, para manter-se no topo.
Homem do establishment, Obama é um instrumento plenamente consciente de que gerir um império, que está sob ataque — por exemplo, da China, da Alemanha e, até, do Brasil —, significa até espionar e, portanto, atropelar princípios legais e, mesmo, pessoais (a ética de um estadista imperial é a realidade, não é extraída dos melhores livros de filosofia, direito e ciências políticas).
Hoje, em vez de enfraquecer Obama, as revelações de Snowden o tornaram mais forte em seu próprio país. Quem acreditava que era fraco, até um instrumento das esquerdas irrealistas, percebeu que o líder do Partido Democrata joga pelas regras da realpolitik. Obama foi eleito não para “enfraquecer” os Estados Unidos, para criar uma situação mundial de igualdade entre as nações, e sim, com uma retórica menos dura do que a de George W. Bush, para assegurar que seu país mantenha a hegemonia por mais tempo. O presidente americano nunca iludiu ninguém, mas as pessoas às vezes se iludem com a retórica e o charme do homem de Chicago e de Harvard.
O jornalista brasileiro Milton Blay mora em Paris desde 1978 — é quase um Ivan Lessa afrancesado, porém mais repórter do que articulista. Agora, faz o que há muito se esperava dele: publicou “Direto de Paris – Coq Au Vin Com Feijoada” (Contexto, 224 páginas).
Repórter experimentado, Milton Blay foi correspondente da revista “Visão”, da “Folha de S. Paulo, das rádios Capital, Excelsior (CBN) e Eldorado, e redator-chefe da Rádio França Internacional.
Introdução do livro de Milton Blay:
“Ao abençoar os sambistas do Brasil – branco, preto, mulato, lindo como a pele macia de Oxum –, Vinicius de Moraes filosofou: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Empresto a frase do poeta, gravada para sempre no tampo de cristal da mesa de reuniões da Rádio França Internacional, para lembrar – e contar – os tantos e quantos encontros e desencontros vividos nesses 35 anos em Paris.
“Foram inúmeros encontros inusitados: com Orson Welles, em torno de uma salade de boeuf no centenário bistrô Benoit; com um Chagall falador e nostálgico; com Jacques Chirac, admirando o sexo de uma musa de Picasso; com o aiatolá Khomeini, prometendo a jihad, guerra santa islâmica; com FHC esperançoso ao entregar o cargo a Lula; com Sarney, em Marselha, desafinando na “Saudosa maloca”; com Le Pen, la bête immonde; com o general francês Aussaresses, que ensinou os nossos militares a torturar...
“E muitos desencontros também: do general-presidente Figueiredo, deixando o Hotel Marigny às escondidas para viver a noite de Pigalle, a Jânio Quadros “sonambulando” em plena Praça da Concorde; da boulangère de cara amarrada ao policial incongruente; da descoberta do passado fascista do “socialista” Mitterrand ao desentendimento do casal Amado — Jorge e Zélia — com o casal London, comunistas que os acolheram na Praga soviética; do médico que queria a todo custo que eu, em nome da brasilidade, tivesse doença venérea...
“Tantos casos...
“Vítimas de deformação profissional, as palavras, depois linhas, parágrafos e pontos-finais surgiram no estilo radiofônico, “curto e grosso”.
“A opção pela primeira pessoa foi mais complicada. Minha geração aprendeu, na prática, que o “eu” não existia na escrita jornalística. O repórter devia se limitar a narrar o fato, a partir daqueles seis paradigmas: o que, quem, quando, como, onde, por quê. Se essas questões não fossem respondidas na abertura da matéria, o lead, era melhor rasgar a lauda e começar tudo de novo.
Era preciso guardar certa distância em relação ao acontecimento para ser o mais “objetivo” possível. Se em seus primórdios o ‘Jornal da Tarde’ arrebentou as correntes que sufocavam a criatividade, a Folha de S. Paulo dos anos 1980 tratou de ressuscitá-las. Fui ator dos dois.
“Mas eis que o new journalism se impôs no cotidiano, com a internet foram criados os blogs, o Twitter e o Facebook, e o jornalista passou a ocupar a posição de personagem central, às vezes tão ou até mais importante que o objeto do artigo. O número de colunistas nas redações ultrapassou o de repórteres.
“E assim o texto, antes sem identidade, passou a ter nome e sobrenome.
“Pouco a pouco surgiram histórias, lembranças de momentos vividos em uma terra que foi me adotando ao longo desses mais de 30 anos, transformando-me em um ser híbrido: franco-brasileiro-migrante, coq au vin com feijoada. No papel, surgiram sensações e sentimentos que desobedeceram à “objetividade” jornalística.
“Quis contar historietas de um cidadão-correspondente brasileiro em Paris, que, como muitos, chegou à França no final dos anos 1970 para passar dois anos, no máximo, e que aqui se encontra até hoje, a poucos quilômetros da Torre Eiffel. Sem arrependimento, porém com o sentimento onipresente de que amanhã será o dia do retorno. Como quase todo imigrado, que pensou milhões de vezes em voltar e outros tantos milhões em ficar, preparei o retorno que nunca concretizei. Talvez seja assim até o fim, talvez este livro seja um início de resposta. Pouco importa qual seja o futuro, tornei-me parisiense, uma cidadania diferente de qualquer outra.
“Neste livro, deixei de lado reportagens de guerra, como a da Bósnia-Herzegovina e a do Oriente Médio, e coberturas de fatos marcantes, como a chegada do aiatolá Khomeini a Teerã, os atentados de Paris cometidos nos anos 1980 pelo argelino GIA (Grupo Islâmico Armado), a greve do Sindicato Solidariedade, liderado por Lech Walesa, em Gdansk, pedra inaugural do desaparecimento da Cortina de Ferro, o encontro desencontrado do polonês com Lula, ambos ainda sindicalistas, um querendo sair do comunismo, o outro querendo abraçá-lo, o primeiro voo do Concorde, o lançamento do satélite Brasilsat 1 pelo foguete Ariane, da base de Kourou, na Guiana, ou ainda a morte trágica de Lady Diana no túnel da Ponte Alma, quase em frente à nossa embaixada, entre tantos outros. Optei por acontecimentos que talvez possam parecer menores, mas que, por razões diversas, me tocaram, me fizeram rir, chorar, me deixaram feliz ou indignado, me tiraram o sono. Quis também traçar, em breves pinceladas, este país de contradições – a França –, sobre o qual muito se fala e pouco se sabe, e que, apesar de sentimentos ambivalentes, está impregnado na minha pele.
“Inspirado no mestre Hemingway, rascunhei a “minha” Paris, feminina por excelência, que continua a ser uma festa. Quis dividir com cada um dos leitores as largas avenidas e os recônditos desta cidade única no mundo, a mais visitada, que esconde dos turistas alguns de seus maiores tesouros.
“Procure uma similar, não vai encontrar.
“Não tive a pretensão de escrever um livro exaustivo sobre a minha carreira de correspondente internacional, talvez a mais longa do jornalismo radiofônico brasileiro, nem dar conselhos para jovens que se lançam na profissão com o sonho de abraçar o mundo. Mesmo se a eles dedico algumas linhas vindas de outro século, antes da internet, em que nem sonhávamos com o mundo virtual. Para as chamadas “putas velhas” do jornalismo, vão aqui lembranças de como era trabalhar no tempo em que a palavra “reportagem” tinha som de máquina de escrever, gravador de fita, mancha de carbono nos dedos, sabor do cafezinho de garrafa térmica.
“Ao escrever, quis apenas tirar ao acaso da caixa de memória histórias como aquelas que animavam as noitadas de jornalistas “das antigas”, quando ao sair da sala de redação, após o fechamento da edição, nós nos reuníamos no boteco do Alemão para jogar conversa fora e depois, no jantar da alta madrugada, nos paulistanos Sujinho, Gigetto, Giovanni Bruno ou Pirandello, para relembrar “causos”. Sem saudosismo e sem smartphone. Histórias, com h minúsculo, para serem saboreadas com uma taça de bordeaux, de preferência tinto, camembert e baguette, em frente ao fogo da lareira crepitando.
“Este livro é, antes de tudo, um bate-papo com os ouvintes, para quem sou uma voz sem rosto e a quem saúdo com um bonjour, Direto de Paris.”
O 6º Fórum Liberdade de Imprensa & Democracia será realizado na terça-feira, 6, no auditório do Museu da Imprensa Nacional, em Brasília. As inscrições podem ser feitas no site da revista “Imprensa” (http://www.portalimprensa.
Irmão do filósofo Leandro Konder, o jornalista Rodolfo Konder, de 76 anos, morreu na quinta-feira, 1º, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Ele tinha câncer.
Jornalista do primeiro time e militante da esquerda, Rodolfo Konder foi perseguido na ditadura. No regime civil-militar, para sobreviver, fez traduções para a Editora Civilização Brasileira, então dirigida por Ênio Silveira.
Rodolfo Konder trabalhou na agência Reuters, nas revistas “Realidade”, “Singular Plural”, “Visão”, IstoÉ”, “Afinal”, “Nova”, “Playboy”, “Revista Hebraica” e “Época”. Ele foi editor-chefe e apresentador do “Jornal da Cultura”, da TV Cultura de São Paulo. Colaborou com o “Estadão”. Foi professor da Faculdade de Jornalismo da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Escreveu os livros “Cadeia Para os Mortos”, “Tempo de Ameaça” e “Comando nas Trevas”. Ganhou o Prêmio Jabuti pelo livro “Hóspede da Solidão”.
No país, devido à instabilidade do mercado, vários jornalistas estão trocando de profissão. Em Goiás, alguns estão advogado ou se tornaram pequenos empresários. No Tocantins não é diferente. Luiz Armando Costa, Márcio Raposo, Arlete Carvalho, Janete Monteiro e Erasmo Damasceno, desencantados com o jornalismo, voltaram à sala de aula, cursaram Direito e agora são jornalistas-advogados ou advogados com conhecimento em comunicação. Todos dizem que se sentem mais preparados para exercer as duas atividades.
A polêmica apresentadora do “SBT Brasil” Rachel Sheherazade — que não alisa a esquerda em seus comentários por vezes mordazes — estaria a caminho da Band, informa o site Notícias da TV, editado pelo jornalista Daniel Castro.
O salário da jornalista saltaria de 250 mil para 350 mil reais. Rachel Sheherazade, na versão divulgada por Daniel Castro, passaria a trabalhar com Ricardo Boechat e Ticiana Villas Boas.
Rachel Sheherazade estaria insatisfeita porque, pressionada pela esquerda, o SBT proibiu suas opiniões enfáticas sobre determinados assuntos.
O contrato da apresentadora com o SBT expira apenas em março de 2015.
O Jornal Opção informa aos seus leitores que não enviou nenhum repórter para fazer qualquer trabalho de investigação jornalística na cidade de Cavalcante, no Nordeste goiano.