Imprensa

Victor Civita (pai) e Roberto Civita (filho), criadores de publicações importantes como “Veja”, “Exame” e “Quatro Rodas” (editada por Mino Carta, que não sabe dirigir), adotavam a tese de que uma revista superavitária deveria servir de suporte para uma revista deficitária. As revistas em geral dão prejuízo, às vezes durante anos, até se firmarem. Criada em 1968, a “Veja” trabalhou no vermelho por muito tempo, até se consagrar como principal revista de informação do país.
Quando Victor Civita morreu, seus dois filhos, Richard e Roberto, estavam brigados. O segundo, jornalista, ficou com o negócio das revistas e manteve a tese formulada pelo pai, um judeu italiano que, inteligente e perspicaz, buscou Mino Carta no “Jornal da Tarde”, onde fazia jornalismo de primeira linha, para editar a “Quatro Rodas” e, depois, a “Veja”. Falem bem ou mal de Mino Carta, mas é um grande editor.
Com a morte recente de Roberto Civita, um de seus filhos, Giancarlo Civita, assumiu o comando da Editora Abril e, com o apoio de executivos do setor financeiro — os famosos mãos de tesoura —, está extinguindo várias revistas, como “Playboy”, “Men’s Health” e “Women’s Health”. O objetivo, afirma, é tornar o Grupo Abril mais enxuto e focado nos produtos mais lucrativos, como “Veja”, “Exame” e “Quatro Rodas”.
Giancarlo Civita, do ponto de vista exclusivo do mercado, está certo. Mas pode estar destruindo o legado do avô, Victor Civita, e do pai, Roberto Civita. Que ninguém estranhe, se amanhã, o empresário vender um de seus produtos mais importantes, como a “Veja”, para grupos internacionais.
(Na foto: Giancarlo Civita e Roberto Civita; da revista "Exame")
Alex era um craque relutante? Brilhava na maioria dos jogos, tinha uma visão integral da partida, como se fosse um observador externo, fazia belos gols e dava passes incríveis. Porém, por não ser marqueteiro de seu futebol e por não disputar espaço, não se tornou um cracaço de seleção. “Alex — A Biografia” (Planeta, 256 páginas), de Marcos Eduardo Neves, tenta explicá-lo.
Alex jogou, sempre muito bem, no Coritiba, no Palmeiras, no Cruzeiro e no Fenerbahçe, da Turquia. Era um ídolo incontestável dos torcedores de seus times, mas também era respeitado e admirado pelos torcedores dos clubes adversários. Seu futebol vistoso e produtivo, ao estilo de Leonel Messi, sempre agradou todos aqueles que iam aos estádios ou assistiam jogos pela televisão, independentemente se torciam para seu time ou não.
Quando fui ao Japão em março de 1996, encontrei-me com Zico, o estelar jogador do Flamengo e da Seleção Brasileira, e percebi que os japoneses falavam muito bem dele (utilizei como intérprete o brasileiro Manzo, professor de uma universidade em Tóquio). Eles sabiam que era um grande jogador e um técnico capacitado. Mas o que mais ressaltavam era o “caráter” do homem. Zico era bem-visto como cidadão.
Alex não é muito diferente de Zico. Além de jogador de primeira linha, é um cidadão exemplar, o que não quer dizer perfeito (perfeito nem Deus). Ninguém discordaria se a biografia tivesse o título de “Alex — Um Jogador, Um Homem”.
Aloy Jupiara e Chico Otávio lançam o livro-reportagem “Os Porões da Contravenção: O Jogo do Bicho e Ditadura Militar — A História da Aliança Que Profissionalizou o Crime Organizado” (Record, 266 páginas). A obra mostra as relações de Anísio Abrahão, o “Papai” da escola de samba Beija-Flor, de Castor de Andrade, financista da Mocidade Independente, e de Capitão Guimarães com a ditadura civil-militar.
O Capitão Guimarães, militar de fato, era um dos torturadores mais “eminentes” da ditadura, atuando com firmeza à luz do dia e nos porões. Os “banqueiros” do jogo do bicho cresceram à sombra dos governos ditatoriais e, como aliados, não eram incomodados.
Na sinopse distribuída pela editora, fala-se que “o regime não apenas protegeu, mas permitiu e mesmo estimulou o desenvolvimento sustentável do crime organizado no Rio de Janeiro e, logo, no Brasil”. Talvez haja algum exagero na interpretação, os autores talvez tenham forçado a barra, mas, de fato, a relação entre bicheiros e ditadura é incontestável.
Há mais de uma dezena de erros num texto de apenas meia página
Tragédia e merda são concorrentes fortes, mas não são páreo para corrupção, que engole todas
A repórter da TV Globo, ao cobrir a tragédia de Paris, admitiu cansaço, sem nossos risinhos costumeiros
Cheguei a dizer que o nosso maior erro foi eleger meu pai a deputado. A sua vinda para Goiânia enfraqueceu o movimento. Ele era um líder importante na região

O polêmico ator americano era usuário de drogas e admitiu que era promíscuo sexualmente

O repórter estava na rede desde 2008. Direção diz que as portas permanecem abertas
A jovem de 37 anos foi socorrida rapidamente, o que salvou sua vida
Caio Henrique Salgado aponta três irregularidades cometidas por um motorista e comete dois erros

O falecido senador Onofre Quinan é apresentado fazendo lobby para a empreiteira Mendes Júnior, querendo “salvar o insalvável”, nas palavras de Fernando Henrique Cardoso. Deputado federal é apresentado como um “tal Balestra”

Você sabe que as histórias tradicionais da literatura brasileira são importantes, mas às vezes são modorrentas, eliminando conflitos, na busca de um consenso onde o que a faz funcionar é o dissenso... Você não tem como fugir aos livros massudos e das análises didáticas, não raro redutoras e aproximando autores que são divergentes e não se complementam... Pois bem: saiu um livro, de 630 páginas, que vai ajudá-lo a pensar e, até, repensar a literatura patropi e, inclusive, sua crítica. Trata-se do polêmico, irrequieto e culto “A Poeira da Glória — Uma (Inesperada) História da Literatura Brasileira” (Record), do doutor em Filosofia Martim Vasques da Cunha.
Martim Vasques da Cunha examina a literatura dos autores, como Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, dialoga com a chamada “fortuna” crítica e expõe suas ideias, às vezes nada canônicas, mas convincentes. E, apesar do desgaste da palavra, instigantes.
O leitor vai se deliciar com o fato de que Martim Vasques da Cunha escreve e pensa bem, o que é raro, e não apenas no Brasil. O texto é delicioso. Motivo? Sua prosa e sua interpretação são uma coisa viva, pulsante. Há tantos insights, a serem expandidos em outros livros, que não será surpresa se estudantes de mestrado e, mesmo, doutorado encontrarem temas e abordagens para seus trabalhos.
Martim Vasques da Cunha faz crítica literária, historia com precisão — embora não seja sua pretensão, por certo — e usa a filosofia para abrir novos canais na literatura patropi. Muitos constroem diques; o crítico abre canais.
É provável que especialistas ranhetas vão dizer: “O autor poderia ter ampliado a análise de alguns autores”. Poderia, de fato. Mas o que fez já é relevante e, certamente, vai forçar outras histórias a dialogarem com esta história rebelde ou rebelada da literatura brasileira.

O livro “O Último Império — Os Últimos Dias da União Soviética” (Leya Brasil, 544 páginas, tradução de Luiz Antonio Oliveira), do historiador Serhii Plokhy, sublinha que o socialismo ruiu porque a Rússia e a Ucrânia, as duas maiores repúblicas, discordaram da manutenção do Estado unificado. A Influência dos Estados Unidos na debacle é menor do que se imagina.

Ruy Castro é um dos jornalistas patropis que mais entendem de música e sabem histórias de seus criadores. “Chega de Saudade” é a biografia mais ampla, amorosa e racional da bossa nova. Não há nada igual no e fora do país. É uma delícia, para usar uma palavra, digamos, emocional. Agora, o biógrafo, crítico e historiador da música volta às livrarias com um livro que certamente vai entrar para a lista de todos aqueles que apreciam a arte dos bons cantores, compositores e músicos: “Noite do Meu Bem — A História e as Histórias do Samba-Canção” (Companhia das Letras, 560 páginas).
Sinopse da editora
“Em 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra proíbe os jogos de azar no Brasil. A decisão gerou uma legião de desempregados e um grande contingente de boêmios carentes.
“Os cassinos fecharam, mas os profissionais da noite logo encontraram um novo ambiente- as boates de Copacabana.
“Em vez das apresentações grandiosas, as boates favoreciam a penumbra, a intimidade, o romance. Assim como a ambience, a música baixou de tom. Os músicos voltaram aos palcos, mas em formações menores, tocando quase como um sussurro ao ouvido.
“Essa nova música, as boates e o contexto que fez tudo isso possível são o tema do novo livro de Ruy Castro, que mais uma vez nos delicia com sua prosa arrebatadora.”