Contraponto

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O cinismo do “politicamente correto”

[caption id="attachment_71591" align="alignleft" width="620"]1 Milhares de venezuelanos cruzam fronteira com Colômbia em busca de alimentos: PT quer o mesmo para os brasileiros?[/caption] O desarmamento da parte boa da sociedade é uma excrescência aguardando banimento. Foi imposto por uma lei aprovada por acordo de lideranças, no apagar das luzes da sessão legislativa de 2003 (Lei 10826/2003). Era a época de votos comprados pelas propinas do mensalão, e a aprovação foi manejada pelas mais finórias figuras do legislativo (Renan Calheiros, Luiz Eduardo Greenhalg, Laura Carneiro, etc.). Não houve maiores debates nem dentro do Congresso, e a tal lei só viria a ser discutida (e rejeitada) pela sociedade no referendo de 2005. Apesar da rejeição por dois terços da população, e de inúmeras manifestações de repúdio por parte da sociedade via meios de comunicação, a lei continua em vigor, guardada ideologicamente pelas esquerdas ligadas a Lula, Dilma e Fernando Henrique Cardoso, e economicamente por parte da imprensa, premida pelos credores internacionais interessados em nos desarmar. O desarmamento, ineficaz em todas as partes do mundo em que foi implantado, deu no Brasil mais confiança aos criminosos e responde pela enorme insegurança e pela grande violência, que desde a promulgação da lei só fizeram aumentar. Absurdos e paradoxos pululam, em consequência desse desarmamento, e cinismo ainda mais. Tomemos dois exemplos recentes desse cinismo: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em tempos recentes manifestou-se integralmente a favor da manutenção da lei, também chamada Estatuto do Desarmamento. Em outras palavras, afirmou que os cidadãos de bem, cumpridores da lei e de boa convivência social, como o caro leitor, não podem ter armas. Sua segurança e de sua família devem ser providas pelo Estado. Não disse, evidentemente, e já vai aí boa dose de cinismo, que o Estado não tem como prover a segurança de todos, em todos os lugares e a qualquer hora. Mas declarou ao jornal norte americano “The Washington Post” que mantém, à cabeceira, uma pistola municiada e dois carregadores de reserva. Não importa que ele tenha – como tem – porte de arma. Nem que tenha – como tem – segurança armada. Aí vai o enorme cinismo: você, leitor, não pode andar armado. Para comprar uma arma e mantê-la em casa, tem que enfrentar uma burocracia que exige uma paciência chinesa. Posso afirmar com toda tranquilidade, pois conheço várias pessoas na situação do leitor, honestas, corretas, que tiveram seu pedido de porte de arma (ou a simples renovação dele) negado, sem explicação alguma, e são pelo menos tão diligentes e responsáveis quanto o sr. Janot para portar uma arma. Têm, além disso, com toda certeza, muito mais conhecimento e preparo que o sr. Janot, pois muitos são aficionados e atiradores esportivos. Por que eles não podem, mas pode o sr. Janot? Por que não dá o exemplo, sr. Janot? Entregue sua arma à Polícia Federal, já que o cidadão, em sua opinião, deve confiar apenas na ação policial. Outro exemplo absurdo vem lá do Rio Grande do Sul: um traficante, preso em flagrante de delito, quando vendia pedras de crack, portava na cintura uma arma e na mochila munição extra. Lavrado boletim de ocorrência, oferecida denúncia ao juízo, o processo, em apelação, chegou ao magistrado Diógenes Vicente Hassan Ribeiro, do Tribunal de Justiça daquele Estado. Que exarou a sentença que será para sempre lembrada entre as incríveis: condenando o bandido por tráfico de entorpecentes, e o absolvendo do crime de porte ilegal de armas, vez que “Porte de arma destinado à proteção pessoal em razão do comércio de entorpecentes praticado e ao guarnecimento da atividade ilícita. Corolário lógico é absolvição por atipicidade”. Isso mesmo, leitor, o traficante foi absolvido do crime de porte ilegal por ser sua atividade de risco. Ele precisa se proteger pessoalmente, segundo o meritíssimo. Por certo de outros traficantes, mas também da ação policial. Na prática, o traficante recebeu da Justiça uma autorização de porte de arma, que você, leitor honesto, não consegue. Como se dizia antigamente: durma-se com um barulho desses! O “politicamente correto” encampou em nosso país a indulgência com os criminosos e a severidade com os policiais, que tem resultado em graves prejuízos para a sociedade e para quem tem o dever de protegê-la. Vimos, há poucos dias, o que ocorreu na localidade de Itacaiú, Britânia, aqui em Goiás: um desordeiro violento, Brunno Vieira, resistiu a uma ação policial, desrespeitou a ordem de detenção, entrou em luta com os policiais encarregados de prendê-lo. Estes, temerosos de usar mais força para manter a ordem, acabaram baleados por Ismael, pai de Brunno, que covardemente, subtraiu a arma do sargento Uires, o atingiu mortalmente pelas costas e ainda atingiu o seu colega, o soldado Helio Bezerra. Foi morto também, completando a tragédia. Brunno e outra pessoa resultaram, ainda, feridos. Para completar os desacertos, Brunno, que havia sido preso, foi liberado no outro dia, por ordem do juiz da comarca, Luiz Henrique Lins Galvão. Houvessem os policiais imobilizado Brunno com um disparo, por exemplo, na perna, como fazem os policiais de qualquer lugar do mundo, evitar-se-ia a tragédia. Mas não o fizeram, temerosos – com razão – da reação dos “politicamente corretos”. Seriam acusados de excessos, de violência desnecessária, e tantas outras acusações que vemos todos os dias nos jornais recaírem sobre policiais que estão cumprindo seu dever e nos protegendo. O resultado foi o mais funesto possível: Um policial morto, deixando oito filhos na orfandade, o agressor também morto e outro policial gravemente ferido. E mais duas pessoas também feridas, com menor gravidade. Para coroar, o pivô de todo o acontecido foi liberado pela Justiça. Moralmente correto o sr. secretário de Segurança e vice-governador José Eliton: compareceu ao enterro de seu policial, apoiou o seu colega ferido e censurou a decisão judicial equivocada, além de determinar que Brunno fosse preso novamente, corresponsável, logo cumplice que é, por todo o acontecimento. O “politicamente correto” chegou ao cume na vizinha e socialista Venezuela. Não há comida, e nem existem produtos de higiene. Multidões correm às cidades fronteiriças da Colômbia e do Brasil para comprar alimentos. Os infelizes vizinhos viajam centenas de quilômetros para conseguir um pouco de arroz, feijão e óleo de cozinha. Paracaima, em Roraima, é uma dessas cidades buscadas pelos venezuelanos ameaçados pela fome. E há notícias de que já escasseiam tecidos e roupas no país vizinho. Esse o destino que os petistas nos reservavam, caso não caíssem: nos fazer esfomeados e seminus. E o “politicamente correto” encobre também – e muito bem – a compra de votos. A jornalista Miriam Leitão revela que em Brasília, 45 mil “pescadores artesanais” recebem o seguro defeso, aquele salário mínimo que o governo dá, cinco meses por ano, aos pescadores, pretensamente para que respeitem a época reprodutiva dos peixes. Há algumas coisas estranhas nesse fato: o período reprodutivo não é tão extenso, e se o fosse, outra fonte de renda teria que ter o pescador no período do defeso. Ou estaria o governo estimulando o ócio e a vadiagem. E é difícil conceber 45 mil pessoas vivendo da pesca em Brasília. Se assim fosse, o lago Paranoá estaria cercado de gente pescando. E quantas pessoas há, no Brasil inteiro, se só em Brasília há essa multidão, recebendo auxílio por quase metade do ano, para cruzar os braços? Finalmente, levantamento sobre o Bolsa Família só na região de Ribeirão Preto, no interior paulista, mostrou milhares de fraudes, com até políticos e empresários recebendo o auxílio. É de se perguntar: houve alguma atividade petista em que tudo ocorresse dentro da correção e da honestidade? l

Casamento por amor

[caption id="attachment_70727" align="alignright" width="350"]Casamento, 1968. Marysia Portinari (Brasil, 1937) Casamento, 1968. Marysia Portinari (Brasil, 1937)[/caption] — Que xodó, o de sua prima com o marido, depois de tantos anos casados – comentei com Silvio, meu vizinho de fazenda. — Combinam muito, mas se você soubesse como começou esse casamento... – respondeu ele, com um risinho de canto de boca. Voltávamos da casa do Edson e da Rita, prima do Silvio. Sabendo que eu estava comprando uns bezerros para recria, ele se ofereceu para ir comigo à casa da prima, ali mesmo no município de Ivolândia, ver os animais que o marido estava, por coincidência, vendendo. Encontrei um casal simpático: ela, uma mocetona bonita, quase nos trinta anos, dessas que encontramos muitas vezes pelo interior de Goiás, e nos enfeitam os olhos: apesar de poucos cuidados com a beleza, vendem saúde, exibem um rosto de traços perfeitos e um corpo de curvas muito harmoniosas, melhores mesmo que as conquistadas em várias horas diárias nas academias de ginástica. E educada, risonha, cuidadosa com os filhos, uma bonita garotinha de uns 10 anos, envolvida naquela hora com seus cadernos de escola, e dois irmãos menores. Ele, perto dos quarenta, conversa fácil e riso solto, procurando ser agradável com a visita e possível comprador. — Faz um cafezinho, meu bem, enquanto apartamos os bezerros – disse, quando saíamos para o curral. — É pra já, meu amor – foi a resposta. Negócio fechado, dispensado o convite para o almoço, o casal nos acompanhou até a camionete, ela dependurada no braço do marido, a quem prodigalizava carinhos. Foi já no carro que fiz o comentário, respondido por Silvio com aquela ponta de ironia. — Não faz mistério, Silvio, conta logo – pediu minha curiosidade, já se levantando espicaçada. — Vou contar. E contou, imitando a linguagem cabocla do tio capiau, ele que se orgulha de seu português e do diploma de advogado na parede do escritório em Iporá: — Foi há uns 10 ou 12 anos. O Edson, que tinha uns 20 e poucos anos, e é filho único, perdeu pai e mãe num desastre de carro na estrada para Goiânia. Herdou essa fazenda, toda formadinha em boas pastagens, curralama pronta, muita água, um brinco. E cheia de gado nelore. Ainda por cima herdou um posto de gasolina em Iporá, com boa freguesia. Pensou que estava rico pro resto da vida, largou a faculdade em Goiânia e ficou por aqui, na região, pelas festas, pelas exposições pecuárias, bebendo suas pingas e só na boa vida. Namoradas muitas, bem-apessoado que era e é, como você viu. A fazenda vizinha à dele era de meu tio Isac, falecido no ano passado e que tinha dois filhos: a Ritinha, que você conheceu, e o Zé Afonso, mais velho, que hoje cuida da fazenda, moço trabalhador e que nunca deu desgosto aos pais. A Ritinha tinha na época uns 18 anos e era a coisa mais bonita que você pode imaginar. Se levada para São Paulo e tomado um banho de loja e outro de salão de beleza, podia desbancar muita modelo que hoje desfila em passarela internacional. Iluminava qualquer lugar em que chegasse. Além disso, era inteligente, estudiosa, apegada aos pais. O Edson começou a arrastar a asa para ela e iniciaram um namorico. Bom de conversa ele era, mas não sei como, ela que até não era boba, foi além da conta nalgum encontro em beira de córrego e, tempos depois, comunicou a ele que tinha uns dois meses que o “chico” não vinha. Desconfiava que estava prenhe. O que fazer? Edson não pensou duas vezes. Não ia perder a boa vida que tinha. Des­con­versou e sumiu da região. Transferiu suas festanças para Goiânia, e só aparecia na fazenda para algum acerto rápido com o gerente. Até a Iporá passou a ir pouco. Mas foi numa dessas idas rápidas à fazenda que aconteceu. Por alguma arte ou treta, o Isac ficou sabendo da ida. Ou estava à espreita. O fato é que, na volta, ao chegar no mata-burros da divisa, Edson encontrou um tronco atravessado na estrada. Desceu do carro para tirá-lo, e foi quando saíram da mata, qual três assombrações: na frente a Ritinha, já redondinha de uma gravidez de uns seis meses; depois o irmão, Zé Afonso, em cuja cintura brilhava um chimite 32 niquelado, cabo de madrepérola; e atrás, o pai, o velho Isac, com um facão desembainhado na mão. Foi um Edson paralisado de medo que respondeu com um gaguejo o cumprimento do Isac: — Antão pois, seu Édio. Como vai vosmicê, qui anda sumido dessas banda? Ignorando a resposta tartamudeada, o velho prosseguiu, en­quanto ninguém mais dava um pio: — É bão nóis topá todo mundo arreunido. Tem uma trama de famía pra nóis resumí. E inté qui num tá dificir não. Cum duas cunversa nóis arresume: antão seu Édio, aqui a Ritinha, minha fia, feiz procê uma vontade e agora tá buchuda, cuma ocê tá veno. Ô tá ruim das vista e num tá veno? E desconhecendo o gaguejo afirmativo de um Edson com os cabelos em pé: — Pra mode qui nóis só arresume esse assunto si nóis ingualá. A Ritinha feiz a vontade de vosmicê. Agora vosmicê vai fazê a vontade aqui do pai dela. Mais pode si quizé tomém fazê a vontade ali do irmão dela. Mêma coisa. Ocê qui sabe. Ocê inscói i nós arrespeita sua inscôia. Pra mode ocê inscoiê, vou falá as vontade: a minha é vê ocês casado, e ocê tratano bem minha fia; a vontade do Zé Afonso aqui, meu fio, irmão dela, é dá seis tiro na sua cara agorinha mêmo. O revórve ele trôxe ele azeitadim pra torá o pé dos seis cartucho sem mascá ninhum. Ocê qui arresorve. Uma das vontade nóis tem qui sastifazê. Um pé de vento com redemoinho veio deixar o Edson ainda mais apavorado, lembrando o capeta que falam vir dentro dele. Ele já tinha feito a escolha; só que estava mudo. Nem gaguejar mais conseguia. Seu olhar saltava dos olhos injetados de sangue do Zé Afonso para o revólver na sua cintura, e daí para o facão na mão do Isac ou, num vislumbre, para a fisionomia da Ritinha, que parecia estranhamente calma. Sexto sentido feminino? — Nóis tá cum pressa, seu Édio. O qui vosmicê arresorve? – finalizou o Isac. — O se-senhor po-pode marcar o casamento, Se-seu Isac – foi tudo que o Edson conseguiu soletrar, antes que fosse tarde. — Já tá marcado. É agora mêmo. Nóis vai alí no padre Quirino acabá cum essa trama – foi a pronta resposta do Isac. Essa a história, suspirou o Silvio. Hoje estão aí, casados, vivem bem, três filhos que o velho Isac adorava, e o Zé Afonso é sócio do Edson nesse gado que você comprou, e em outros. Só pude arrematar: — É, Deus escreve mesmo certo por linhas tortas.

Falta ao Brasil um George Orwell para denunciar manipulação política promovida pelas esquerdas

A Operação Lava Jato impediu a cubanização e a venezuelização do Brasil. Por isso, Luis Fernando Verissimo, Janio de Freitas e Mauro Santayanna atacam o juiz Sergio Moro e o Ministério Público

Os EUA protegem seus policiais. Em Goiás, 2 militares foram assassinados por criminosos

Em Goiás, dois policiais, certamente por respeitar a política de direitos humanos, hesitaram no combate a criminosos e foram mortos, deixando suas famílias desamparadas

Os esquerdistas são ingênuos, fanáticos ou desequilibrados?

O marxismo hoje, em um país democrático ainda que imperfeitamente, como o Brasil, é uma patologia. Quem o defende é portador de um desvio, uma neurose

Dinheiro que PT gastou em porto de Cuba daria pra resolver problemas de UTIs hospitalares no Brasil

O país tem 26 mil leitos de UTI. O recomendado é 66 mil leitos. O governo brasileiro resolveria o problema com 1 bilhão de dólares que gastou no Porto de Mariel

Seis dicas decisivas para Michel Temer fazer um bom governo

José Serra, Romero Jucá e Raul Jungmann não parecem nomes adequados para um grande ministério de notáveis

Próximo governo do Brasil precisa se livrar da destrutiva ideologia petista

Que venha o novo governo, seja ele qual for, mas venha vocacionado e competente. Que tenha uma equipe econômica de peso, valorizando a responsabilidade fiscal, as metas de inflação e o dólar flutuante

Apelidos dados pela Odebrecht a políticos que receberam dinheiro são irônicos mas lógicos

É conhecido o ditado de que há um fundo de verdade mesmo nas coisas falsas, como há um fundo de bondade mesmo nas coisas más. Indo além, podemos dizer que há um fundo de comédia mesmo nas coisas trágicas. Na tragédia da corrupção que se implantou no país, ocorrem por vezes lances cômicos, ou quase. Os executivos da Odebrecht, no seu esquema secreto de doações (legais, via caixa 2 ou simplesmente propinas), para dificultar a identidade dos destinatários do dinheiro, os apelidavam, como vimos nas planilhas apreendidas pela Polícia Federal. Apelidos, ali os há evidentes, dedutíveis e misteriosos (aliás, como os nomes das operações da própria PF). Vamos a alguns: renan calheiros   Atleta — É o apelido de Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas. Talvez por ser sua carreira política algo assemelhado a uma corrida de obstáculos. Hoje, por exemplo, o senador precisa vencer nove processos no Supremo Tribunal Federal para continuar sua trajetória política. Verdadeiro atletismo.   manoela   Avião — Assim aparece a deputada Manoela D’Ávila, do PCdoB do Rio Grande do Sul, nas listas da empreiteira. Não é difícil adivinhar por quê. O vulgo diz de uma bela mulher, de curvas generosas, caso da deputada, que é “um avião”.   Raul Jungmann   Bruto — É a alcunha do deputado Raul Jungmann (PPS-PE). Talvez pela prepotência. Jungmann já chegou a trocar tapas com seguranças do Congresso, algo que sublinha bem o apelido.     Romero-Jucá-profeta   Cacique — É como surge o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Talvez por ter presidido a Funai. Talvez por ser um eterno líder de governo no Senado, seja qual for o governo. Caciques, como sabemos, são vitalícios.   Edvaldo Brito   Candomblé — Esse é fácil. É o apelido do ex-prefeito de Salvador Edvaldo Brito, defensor das religiões afro.     Eduardo Cunha   Caranguejo — É como aparece o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro. Ninguém ainda matou a charada. Só mesmo quem o batizou.     Daniel Almeida   Comuna — Trata-se do deputado Daniel Almeida, do PCdoB da Bahia. Fácil.     Humberto Costa   Drácula — É o senador Humberto Costa, do PT pernambucano. Esse apodo também é mistério, como o de Eduardo Cunha.     José Sarney   Escritor — É o apelido do ex-senador José Sarney, do PMDB do Maranhão. Fácil. Sarney pertence à Academia Brasileira de Letras, logo, presume-se que seja escritor. Ele, pelo menos, acha que é.   Adão Vilaverde Eva — Assim é conhecido na Odebrecht o deputado Adão Vilaverde, do PT gaúcho. Deve ser a clássica brincadeira com o machismo gaúcho, transmutando o Adão em Eva.     NACIONAL   Falso — Apelido do ex-governador Cid Gomes, do PPS cearense. Na Odebrecht (como em outros lugares) não devem tê-lo em alta conta.     Jorge Picciani   Grego — Assim aparece o deputado Jorge Picciani, do PMDB carioca. Mistério. Se ao menos o apelido fosse Italiano, seria mais lógico.     Plenário do Senado   Lindinho — É assim chamado nas listas do pixuleco o senador Lindberg Farias, do PT carioca. Jovem e vaidoso, deve vir daí o codinome. Ou das primeiras letras do nome.     Randolfe Rodrigues   Múmia — A Odebrecht assim apelidou o senador Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá. Jovem, não casa com o apelido, a menos que ele se refira às ideias marxistas que o senador parece admirar.   raimundo-colombo   Ovo — É o ex-governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, do PSD. Deve vir o apelido do mais famoso dos ovos, o de Cristóvão Colombo.     Jacques Wagner   Passivo — É como se conhece o ministro petista Jacques Wagner nos subterrâneos da Odebrecht. Talvez por sua proverbial indolência.     Nelson Pellegrino     Pelé — É o deputado Nelson Pellegrino, do PT da Bahia. Esse é fácil.     Roseana Sarney   Princesa — A ex-governadora maranhense Roseana Sarney. Ela acha que é.     Sérgio Cabral   Proximus — É como é chamado o ex-governador Sérgio Cabral, do PMDB carioca. Apelido também misterioso.     Jarbas Vasconcelos Filho   Viagra — É o codinome de Jarbas Vasconcelos Filho, do PMDB pernambucano. O apelido deve se referir ao pai, na casa dos 70 anos, mas com forte inclinação por belas jovens.     Jader Barbalho    Whisky — Assim é referido o senador do PMDB paraense Jader Barbalho, nas planilhas da Odebrecht. Também não é difícil imaginar as razões.    

Quando será devolvida a vergonha dos brasileiros? Com o PT, nunca

Não é preciso ser economista para sentir a gravidade da encapelada crise em que navegamos. Com exceção do setor primário, ou parte dele, beneficiado pela valorização do dólar, e que desenvolveu alta tecnologia e obteve produtividade excelente, mesmo do ponto de vista internacional, tudo o mais é sofrimento. Agricultores e pecuaristas sustentam a balança comercial brasileira há anos, embora sejam odiados pelas esquerdas, e por elas chamados de “latifundiários”. Não raro têm suas propriedades invadidas e depredadas pelos marginais do MST, sob o olhar conivente do governo federal, que os financia, e sob a atenção acovardada dos governadores, que os temem. A indústria está em franca queda, desde 2011, e dificilmente se recuperará num horizonte de dois ou três anos. O setor terciário não fica atrás, e vê cair suas vendas, mês após mês. Fábricas estão sendo fechadas, e com isso, uma longa cadeia sofre os efeitos, a partir da dispensa de operários, passando pelo impacto nos transportadores e distribuidores até às revendedoras finais. Recen­temente fechou-se, no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), a Cecrisa, primeira indústria ali instalada, em 1978. Depois de quase 40 anos de funcionamento ininterrupto, viu-se obrigada, pela crise, ao fechamento e à dispensa de duas centenas de empregados. Assim vem ocorrendo em todo o Brasil, lançando na angústia centenas de milhares de chefes de família, sem contar os jovens que chegando agora ao mercado de trabalho não encontram portas abertas, sentindo na garganta, a cada dia de frustração, um amargo de quem se vê sem um lugar no mundo e sem direito à esperança. Os que mantêm seus empregos também não estão tranquilos. As barbas dos vizinhos pegam fogo. Além disso, uma inflação persistente, e crescente, está a cada dia roubando uma parcela maior dos salários, que em tempo de crise ninguém pensa em aumentar. O Brasil é uma área presa num triângulo onde um lado é a incompetência, outro a ideologia e outro a corrupção, cada qual desviando uma parcela de recursos que fazem falta na saúde, na educação, na segurança e na infraestrutura, além de outros setores. O caos na saúde é tão visível, que chega ao escândalo, com epidemias de tantas gripes, que já pedem um dicionário. Com falta de vacinas. E com tal carência de leitos nos hospitais, atendimento médico nos ambulatórios e medicamentos nas farmácias populares que todos os dias o caos fornece às emissoras de televisão material para preencher com fartura seus noticiários. Na segurança, chegamos ao recorde mundial de 60 mil assassinatos por ano, à volta ao cangaço de um século atrás, na tomada de cidades interioranas para assalto a bancos, no tráfico intenso de drogas que uma polícia desprestigiada pela ideologia do governo federal não tem como enfrentar com sucesso, até porque os bandidos têm uma dose de proteção governamental que não existe em nenhum lugar civilizado. Aqui facínoras têm tantos “direitos humanos” que é difícil enumerá-los, direitos que sistematicamente são negados às suas vítimas. Isso é da ideologia: bandidos pertencem, no pensar torto dos esquerdistas do governo federal, às “classes oprimidas”. E os opressores, caro leitor, somos nós, que trabalhamos a cada dia, ganhamos salários inferiores aos de outras nações de nosso porte e pagamos mais impostos que quaisquer outros cidadãos do mundo. Poderíamos falar muito mais das mazelas dos que estão no governo. Mas basta, para encerrar, lembrar que neste mesmo momento, num quarto de hotel de Brasília, um ex-presidente, agindo como se presidente fosse, negocia nosso futuro com deputados que votarão o impedimento de sua afilhada presidente da República. Se o futuro que se vende é nosso, e a venda é em benefício deles, os que tomaram de assalto nosso Brasil, a moeda que compra também é nossa, são dinheiros e cargos públicos. Quando será devolvida nossa vergonha?

Não há mais como deter a queda da presidente Dilma Rousseff

Marcha da insensatez da petista e de Lula da Silva gerou a marcha da sensatez do país contra seu governo e seus múltiplos equívocos

A diferença crucial entre Lula da Silva e Ernesto Geisel

[caption id="attachment_60781" align="alignright" width="620"]Lula da Silva e Ernesto Geisel: o primeiro tem medo de depor e precisa ser levado à força; o segundo, quando intimado, compareceu ao foro e depôs sobre Paulo Maluf e ex-auxiliares e respondeu a todas as perguntas Lula da Silva e Ernesto Geisel: o primeiro tem medo de depor e precisa ser levado à força; o segundo, quando intimado, compareceu ao foro e depôs sobre Paulo Maluf e ex-auxiliares e respondeu a todas as perguntas[/caption] “Nunca antes na história desse país” um ex-presidente da República demonstrou tanto pavor diante da singela perspectiva de um depoimento perante um delegado ou juiz. Nem tanta vontade de impedir investigações da Polícia Federal. De fato, Lula da Silva, mesmo se intitulando a “viva alma mais honesta que existe”, amaldiçoa um procurador que cumpre seu dever de pedir explicações sobre seus imóveis (ou imóveis não-seus, mas como se fossem), enrolados com dinheiro de origem duvidosa. Foge, desesperadamente, de algo natural: uma oitiva com um juiz, coisa que só mete medo em desonesto. Lula chegou a derrubar um ministro da Justiça, porque ele não “controla” a Polícia Federal, vale dizer, não impede que ela investigue as falcatruas que dele vão se aproximando. Lula acabou depondo coercitivamente, coisa ainda não acontecida “na história deste país”. Algo humilhante para quem tem vergonha na cara. Infelizmente, pelas declarações cínicas que o ex-presidente deu, após ser ouvido pela polícia, não parece ser o caso. Vai aqui um fato esquecido, ou pouco sabido, a título de lição para a “alma honesta”: No governo Geisel estourou em São Paulo um escândalo financeiro, o caso Lutfalla. Tratava-se de empréstimo do BNDES (então BNDE) para uma tecelagem do sogro de Paulo Maluf, chamado Fuad Lutfalla. A tecelagem, devedora do Banco, iria à falência em 1977, com um grande prejuízo, jamais coberto. Um advogado do BNDE, licenciado para disputa de cadeira de deputado na Assembleia paulista, Walter do Amaral, fez em 1975 denúncia pública de tráfico de influência por parte de Maluf na obtenção dos empréstimos e incúria do ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso, na prorrogação dos mesmos. Exibiu documentos internos do banco, que mostravam seu presidente, Marcos Vianna, se posicionando contra renegociações e novos empréstimos a Lutfalla, tecnicamente insolvente, e Reis Veloso ordenando sequência nas negociações e rolagens, sob a alegação de evitar desemprego de mais de um milhar de operários. Walter do Amaral, que mais tarde foi juiz e desembargador federal (hoje aposentado), acabou demitido do BNDE e processado por Maluf. O caso explodiu na imprensa e no Congresso, onde o senador Paulo Brossard, que era um grande orador, fez em maio de 1977 um discurso que foi muito divulgado. Nele, deu minúcias de todo o acontecido, e condenou o mau uso do dinheiro público. A ação de Maluf contra Walter do Amaral, enquanto isso, prosseguía, e o advogado, sentindo-se ameaçado, teve a ideia, já agora em 1983, de indicar o ex-presidente Ernesto Geisel como sua testemunha. Seu raciocínio era simplório. Pretendia apenas prolongar indefinidamente a ação, evitando que a influência de Maluf, tido como homem forte do regime militar, pudesse influir em sua condenação. Nunca um ex-presidente militar iria se sentar perante um juiz, pensava Amaral, até porque o regime ainda continuava, com João Figueiredo na Presidência. Com isso, a ação ficaria para sempre paralisada. Enganava-se, e muito. Ao contrário do que hoje faz Lula, Geisel colocou-se inteiramente à disposição da Justiça. Intimado, compareceu ao foro de Teresópolis e prestou seu depoimento perante o juiz. Respondeu, com a serenidade de quem não deve, logo não se apavora, a todas as perguntas. Não ficaram dúvidas. Não, os empréstimos a Lutfalla não foram concedidos pelo BNDE no seu governo, vinham de anos antes, disse Geisel. Sim, foram feitas renegociações por ordem de Reis Veloso e Mário Simonsen, seus ministros do Planejamento e da Fazenda, respectivamente, e contra parecer de Marcos Vianna, presidente do Banco. Houve, sim, interferência de Maluf, que só cessou quando foi exigido — e negado — que avalizasse o sogro, e desse seus bens em garantia para continuidade dos empréstimos. Que, por isso mesmo, pela interferência desonesta de Maluf, que não assumia sua corresponsabilidade, o BNDE foi orientado a intervir na empresa e liquidá-la. Geisel ateve-se à verdade. Não protegeu ninguém, não ocultou fatos, mesmo que pudessem atingir seus ex-auxiliares, como o ministro Reis Veloso e seu secretário-geral do ministério, Élcio Costa Couto, ou o ministro Mário Henri­que Simonsen. Assumiu todas as suas responsabilidades. Relatou, na íntegra, a ação de Paulo Maluf e de quem mais se envolveu nos fatos. Saiu com a cabeça erguida e o respeito do juiz.

Se assumir o lugar de Dilma, o que Temer fará com Renan Calheiros?

Desculpe-me o leitor pelo realismo nada fantástico. Um impeachment ou renúncia da presidente Dilma Rousseff, no deserto de lideranças que se tornou o Brasil, vai nos levar a uma incógnita. Se o vice-presidente Michel Temer assumir, melhora, não há dúvida. Qualquer coisa é melhor que o PT no governo. O partido (ou a gangue que atende pelo nome do partido) conseguiu juntar num só programa os maiores atrasos ideológicos, a maior incompetência administrativa e o mais deslavado assalto aos dinheiros públicos. Uma combinação inglória, que resulta no desastre econômico, com queda do PIB, desemprego e inflação, no desaparecimento dos serviços públicos, com educação, saúde e segurança aos pedaços, e na degradação social, com a pregação da amoralidade e de turbulenta luta de classes. Temer, que fez parte do governo, embora sempre um tanto marginalizado, terá forças para um saneamento? O que fará, por exemplo, com Renan Calheiros, que já se apresta a abandonar o barco de Dilma? Conseguirá devassar e limpar o BNDES? Caso o im­pe­achment alcance a chapa, e Te­mer também seja impedido, o que nos reserva uma nova eleição? Com essa oposição murcha e in­competente não há muito que se esperar. A diáfana Marina Silva, no fundo, é apenas um Fernando Collor manso, sem programa e sem apoio político. Aécio Neves, na eleição presi­den­cial passada, revelou ao país algo que conseguiu manter escondido até lá: foi mau governador, ou não teria vergonhosamente perdido em seu próprio Estado. Como ser bom governador, aliás, preferindo a doce boemia carioca aos pesados encargos de governar as Minas Gerais? José Serra, não nos iludamos, é apenas uma Dilma que consegue completar raciocínios. Tão atrasado ideologicamente quanto ela, não nos afastaria do bolivarianismo e nem coibiria a selvageria do MST. Tão áspero quanto ela, não tem como reunir e liderar uma equipe de pessoas dignas e competentes, como o Brasil está a pedir. O melhor do PSDB ainda é Geraldo Alckmin, mas teria que se livrar do grande peso do seu partido, uma bola de ferro que arrastaria na Presidência. Estaria sob a influência de Fernando Henrique. Digo sempre que PT e PSDB são farinha do mesmo saco. Ideo­logicamente, não diferem muito. Por sorte ou astúcia, Fernando Henrique conseguiu passar incólume pelas indagações sobre os custos de sua reeleição e mistérios de suas privatizações. Por sorte ou oportunismo, assumiu a autoria do Plano Real, em que não acreditava, e que lhe foi imposto, quase à força, por Itamar Franco e se transformou no seu grande trunfo, a ponto de ocultar o mérito de Itamar (que morreu sentido com isso). Fernando Henrique sempre poupou Lula e Dilma, e o fez por afinidade ideológica, não por qualquer afinidade pessoal, que esta não existe. Foi sempre alvejado por ambos, merecida ou imerecidamente; e sua esposa, essa com toda certeza imerecidamente, foi alvo, como se viu, de um dossiê saído do gabinete civil de Lula, chefiado por Dilma, de uma sordidez sem limites. Fernando Henrique abortou o impeachment de Lula no mensalão; elogia Dilma nos momentos mais críticos de seu sofrível governo. Dizia meses atrás: “Lula é um líder popular. Não devemos quebrar esse símbolo”, convenientemente esquecido de toda a roubalheira. E para não buscarmos fatos distantes, na ida de Lula, coercitivamente, a depoimento na Polícia Federal, uma das poucas vozes de protesto foi a de Fernando Henrique, não pessoalmente, que seria demasiada desfaçatez, depois do que fez o PT com ele no caso da amante Miriam Dutra, dias atrás. Mas através de seu fantoche, seu ex-ministro da Justiça José Gregori, que criticou publicamente a ação do juiz Sérgio Moro e a classificou de exagerada. Quem conhece José Gregori, sabe que ele deve sua biografia à condescendência de Fernando Henri­que para com amizade que unia as suas respectivas famílias, e não aos seus discutíveis méritos. A probabilidade de Gregori fazer esta declaração sem a aquiescência (ou sem ser a mando) de FHC beira a probabilidade de ganhar um prêmio de loteria.

MST e CUT querem matar a democracia

Os fascistas italianos tinham os “camisas negras”; os nazistas os “camisas pardas”, ou SA; a esquerda revolucionária brasileira tem os “camisas vermelhas” do MST, da CUT e da UNE. Estes últimos, que invadiram e depredaram as instalações do Grupo Jaime Câmara, são idênticos aos outros, no método, que é a violência, e no objetivo, que é matar a democracia. Prove o contrário, quem puder.

Max Hasting relata histórias “miúdas” da Segunda Guerra Mundial que outros historiadores ignoram

O brilhante pesquisador britânico registra histórias de bravura de soldados, oficiais e pessoas comuns, não apenas as decisões dos governantes e dos generais

Há indícios em excesso sobre ligação de Lula com o tríplex no Guarujá e o sítio em Atibaia

[caption id="attachment_58700" align="alignright" width="620"]Lula da Silva assegura que não é dono de tríplex de luxo no Guarujá e de sítio em Atibaia, mas as evidências, cada vez maiores, parecem contrariar o ex-presidente da República Lula da Silva assegura que não é dono de tríplex de luxo no Guarujá e de sítio em Atibaia, mas as evidências, cada vez maiores, parecem contrariar o ex-presidente da República[/caption] Há uma lei física, chamada Lei dos Gran­des Números, que diz: a probabilidade de um evento tende para seu real acontecimento quando o número de repetições é muito grande. Exemplificando, se lançamos uma moeda, a possibilidade de dar cara (ou de dar coroa) é de 50%. Com um número pequeno de lançamentos, dois, por exemplo, é normal não termos uma cara e uma coroa. Poderão ocorrer duas caras ou duas coroas, embora não esteja excluído o acontecimento de uma cara e uma coroa. Mas se fizermos 2 milhões de lançamentos, teremos muito aproximadamente 1 milhão de caras e 1 milhão de coroas, ou seja, o acontecido (cara ou coroa) será praticamente igual à probabilidade de 50%. Há, no meio social, uma lei assemelhada: se indícios apontam uma realidade, mesmo que negada, a possibilidade de sua comprovação cresce com o número de indícios presentes. É essa lei que orienta os trabalhos de investigação policial, por exemplo. Ou o diagnóstico de enfermidades, outro exemplo. À medida que o número de indícios cresce, mais e mais se cristaliza uma realidade, mesmo que oculta de maneira deliberada ou não. Na recente discussão sobre um apartamento de três andares em Guarujá e um sítio em Atibaia, a afirmação de Lula de que não pertencem a ele não resiste a uma aplicação da Lei dos Grandes Nú­me­ros. Não falamos, é claro, da propriedade formal desses imóveis. Eles estão, indiscutivelmente, em nome de terceiros, e basta uma visita aos cartórios para comprová-lo. Um parece estar em nome da construtora OAS — o apartamento — e outro em nome de Fernando Bittar, um sócio de Lulinha, filho mais velho do ex-presidente. Mas os indícios de que Lula é ou era mesmo o dono de um e de outro surgem em assustadora (para ele) progressão. Vamos ao tríplex: um indício fortíssimo vem de uma revelação do próprio Lula: a de que havia uma quota, de propriedade de sua mulher, Marisa Letícia, correspondente a um apartamento, naquele mesmo edifício. Poderia então ser outro apartamento, que não aquele, tão falado, pois a opção do quotista por uma determinada unidade era obrigatória e tinha data fixa para ser exercida, data expirada anos atrás. Mas os indícios apontam no sentido inverso, e são vários, começando com o fato de que no caso citado não surgiu a devida opção por qualquer unidade. Foi o tríplex do Edifício Solaris que Marisa Letícia visitou e cujas obras fiscalizou, mais de uma vez, recebida com flores pela construtora e acompanhada de um dos filhos. Foi ali que esteve Lula, escoltado por um alto executivo da OAS, que — outro indício — está terminando justamente esse prédio, enquanto vários outros, pertencentes a pobres bancários lesados pela cooperativa dirigida por João Vaccari, ficaram por terminar. Foi ali que a OAS gastou quase 800 mil reais em acabamento, que incluiu até elevador privativo. Os indícios vão crescendo, em número e força — e até a desistência do imóvel, após a celeuma despertada na imprensa, não deixa de ser um deles. Sítio de Atibaia [caption id="attachment_58698" align="alignright" width="620"]Reprodução Reprodução[/caption] Com o sítio de Atibaia ocorre algo semelhante — ou pior. Mais indícios se acumulam. Também ali a OAS está presente: doando a mobília do local. E não é uma mobília qualquer. Custou R$ 180 mil. Outra empresa (como a OAS enrolada no petrolão), a Odebrecht, bancou uma reforma, que só em compras custou R$ 500 mil, segundo a dona de uma loja de material de construção. Indícios e mais indícios. Um engenheiro da Odebrecht foi responsável pelas obras, e diz que exerceu seu mister de graça, e nas férias, a pedido de um amigo. Não se lembrava do nome do amigo, quando indagado por um repórter. Horrível indício. A Odebrecht, apesar das evidências, nega participação nas obras. Indícios cada vez mais estranhos. Há ainda indícios que se ligam: as mobílias do sítio e do tríplex foram compradas na mesma loja, pela mesma OAS, e parte paga com dinheiro vivo. Além disso, funcionários da loja foram orientados a não fazer comentários, e as notas foram emitidas em nome de Fernando Bittar. Fraudulento indício! O instalador das cozinhas não pode ter acesso ao sítio, para as medidas dos armários. Teve que se contentar com as plantas do projeto de reforma. Inusitado, logo outro indício. Marisa Letícia comprou um barco para o sítio. Não é mais um indício? A família ali passou fins de semana, mais de uma centena de vezes. A mão de obra das reformas, ao que parece, veio do amigo José Carlos Bumlai (segundo-amigão de Lula), preso, também, por envolvimento no petrolão. O arquiteto que confeccionou os projetos teria sido pago por Bumlai. Ao menos é ligado a ele. E vão surgindo mais e mais indícios. A escritura do sítio foi passada no escritório de Roberto Teixeira, o primeiro-amigão de Lula, mas, ao que consta, não é amigo do dono formal. Nenhuma explicação válida surgiu até agora, mas indícios brotam um após outro. Lula nada fala, talvez por nada ter a dizer. Ou tema que, dizendo algo, forneça mais algum indício. O porta-voz lulista, cada vez mais suspeito, é o Instituto Lula, mas, como institutos não falam, há que se presumir que a voz seja de algum amigão entre os ali homiziados, Paulo Okamoto, quase que certamente. Outros são o pretenso beato Gilberto Carvalho, de fidelidade canina ao ex-presidente, e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (cria política de Lula). O instituto Lula só responde aos questionamentos da imprensa com evasivas, o que no fundo traduz-se em mais indícios. Gilberto Carvalho admite a reforma pelas empreiteiras, ao menos no sítio de Atibaia, que considera “a coisa mais normal do mundo”, e repisa que a propriedade não é de Lula, mas de Bittar. Na prática tenta transformar o que era um indício — benefício de uma empreiteira envolvida no petrolão a um ex-presidente ou mesmo presidente, pois Lula ainda estava no governo quando as obras já estavam em andamento — em um fato banal. Mas a banalidade é falsa. Empreiteiras não dão presentes desse valor (próximo a 1 milhão de reais), a não ser a quem lhes devolva no futuro ou lhes adiantou no passado vantagens múltiplas do valor que concederam. E Lula, os indícios pululam (sem trocadilho), foi um grande beneficiador de empreiteiras, aqui no Brasil e lá fora, cortesias que fez com nosso chapéu, principalmente com verbas do BNDES. Duas delas, Odebrecht e OAS surgem como “doadoras” de obras no tríplex e no sítio famosos. Indícios, indícios e mais indícios, alimento suficiente para a Lei dos Grandes Números. Luiz Marinho acha corriqueiro que alguém, mesmo que “apenas” sócio de Lulinha, vá até o escritório do amigo do peito de Lula (que já emprestou casa para ele), Roberto Teixeira, passar uma escritura de um sítio. Por que não num cartório qualquer? Ou isso não é mais um indício? Acha ainda natural alguém entregar uma chave a Lula e dizer que use o imóvel pelo resto de sua vida como se seu fosse. Como se isso ocorresse no dia a dia das pessoas. Quando não chama ao diálogo coisas semelhantes, e tão condenáveis quanto, como Fernando Henrique mendigando — ou achacando, sabe-se lá — banqueiros para montar o instituto que tem seu nome e alimenta sua vaidade. Como se uma malandragem justificasse outra, dando assim mais um indício de que algo errado, muito errado, ocorre com esses imóveis incríveis, fantásticos, extraordinários, como diria um programa televisivo da extinta rede Manchete nos anos 1990. Lula destruiu provas abdicando do tríplex, antes de para lá se mudar. Alega que tinha apenas uma quota e não o apartamento que preparava, com a mulher, para ocupar. Escapa jurídica mas não moralmente do apartamento. Mas não tem escapatória para a continuada fruição do sítio. Nem para as fabulosas doações das empreiteiras sujas no petrolão para seu conforto naquela propriedade. Resta-lhe rezar. Mas não sua jaculatória de devoção: “Eu não sabia”. l

Seis fatos da era petista no poder que provocam estranhamento

Estranheza 1 [caption id="attachment_54952" align="aligncenter" width="620"]Foto: Lula Marques / Agência PT Foto: Lula Marques / Agência PT[/caption] A Procuradoria-Geral da República — que tem sido muito expedita no levantar indícios, colher provas (no exterior, inclusive e principalmente) e representar contra Eduardo Cunha (PMDB), o presidente da Câmara dos Deputados — anda a passo de lesma quando se trata do presidente do Senado, o notório Renan Calheiros (PMDB). E o Supremo Tribunal Federal acalenta há três anos, sem julgá-lo, o processo contra Renan que o fez renunciar à presidência do Senado para salvar o mandato, em 2007. O jornalista Josias de Souza, da UOL, que teve acesso a esse processo, fez no seu blog, dias atrás, um relato que não deixa dúvidas: as provas são por demais concretas para que Renan possa passar incólume através delas. Mas o calhamaço, que dormiu por meses nas gavetas do ministro Ricardo Lewandowski, agora cochila, também por meses, na mesa do ministro Edson Fachin. Rapaz de sorte, esse Renan Calheiros. Ou muito esperto. Estranheza 2 mais_medicos_treinamento Onde anda a valentia do Ministério Publico do Trabalho? Os promotores e procuradores do MPT contam-se às centenas. Estão espalhados por esse Brasil todo. Também por todo o Brasil estão espalhados os médicos cubanos, já lá se vão quase três anos. Contam-se também às centenas (ou milhares). Todos os promotores e procuradores do trabalho sabem, embora possam até fingir que não, que esses pobres profissionais aqui estão na mais degradante condição de servidão, pois ela não só é material, com o confisco de quase todo seu salário pelo governo brasileiro e pela ditadura cubana, como também moral, pois acrescida das restrições de deslocamento e contato com outras pessoas, da vigilância policial cubana (mesmo aqui no Brasil) e da manutenção de parentes reféns na ilha dos irmãos Castro. Dessas centenas de bravos promotores e procuradores apenas um, Sebastião Vieira Caixeta, teve a coragem de levantar a voz contra os desmandos. Os demais compõem as centenas silenciosas perante o governo, que não têm a coragem de enfrentar. São bocas sem voz, penas sem tinta, para cumprir o dever funcional, cívico e moral. Neste mesmo instante, o MPT move intensa campanha contra shopping centers para que construam creches para os filhos de seus lojistas, dever de que esses centros comerciais tentam fugir. Louvável, porém muito mais louvável seria estender a mão para esses escravizados médicos cubanos, que longe de sua pátria e separados à força de suas famílias, estão cuidando da saúde da parte pobre da população brasileira, enquanto são roubados pelo governo desse mesmo país a que servem com sacrifício. Estranheza 3 [caption id="attachment_57607" align="aligncenter" width="620"]Rio de Janeiro- RJ- Brasil- 01/03/2015- O bolo de aniversário dos 450 anos do Rio. Ele foi montado na Rua da Carioca, no centro, com 450 metros de extensão, e distribuído com a população. Na foto, o prefeito, Eduardo Paes e o governador, Luiz Fernando Pezão. (Tomaz Silva/Agência Brasil) Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil[/caption] Há certa condescendência da imprensa, uma quase cumplicidade, com os governos cariocas, do Estado e da cidade. É tão caótico o panorama da saúde pública no Rio de Janeiro, que pede medidas de exceção. As poucas notícias que filtram já são o bastante para que se avalie a falta de médicos, de enfermeiros, de ambulatórios, de leitos, de medicamentos, de aparelhos, de insumos os mais simples, como luvas e seringas. Mas o Rio continua festivo, gastando nas comemorações tradicionais, como réveillon e carnaval, como se tudo estivesse dentro da normalidade. É um problema nacional, alguns dirão. Não é, pois é muito menos grave em São Paulo e Santa Catarina, por exemplo. O problema nasce mesmo é da desonestidade e da incompetência. Se por um lado existem os profissionais desonestos que faltam aos plantões ou atendem com desleixo os mais necessitados, existem por outro lado os conscientes, que vêm alertando os governos para o agravamento da situação, sem que sejam ouvidos. No ano passado, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro denunciou publicamente o estado de calamidade da saúde pública carioca. Não era novidade, e pouco ou nada foi feito. Nos anos anteriores, Ministério da Saúde e IBGE publicaram estatísticas mostrando que o Rio de Janeiro estava em último lugar na Federação em aplicação de recursos na saúde pública. O ápice da inconsequência veio no final do ano passado e começo deste ano, com unidades de emergência de portas fechadas por impossibilidade de atendimento, como vimos nas televisões, incapazes de esconder a situação, tão grave ela é. Estranheza 4 [caption id="attachment_42927" align="aligncenter" width="620"] Foto: Roberto Stuckert / Instituto Lula Foto: Roberto Stuckert / Instituto Lula[/caption] Num Brasil sacudido por escândalos gigantescos no campo da corrupção, paira um interrogador silêncio sobre uma sigla: BNDES. O volume de dinheiro, de certa forma subsidiado, que saiu do banco para duas finalidades pelo menos suspeitas (financiamento de obras no exterior para empreiteiras ligadas a Lula e empréstimos a empresários “companheiros”), é muito grande. Em alguns casos, o governo cercou essas operações de um injustificado segredo. Em outros, somou-se à entrega fácil de dinheiro público a governos e ditaduras com duvidosa capacidade de pagamento, um lobby dentro do governo para adjudicação das obras financiadas a empresas que retribuíram pelo menos com contratações de palestras de Lula por cachês fabulosos. Uma CPI do Congresso nunca inspira confiança, e as autoridades que investigam o petrolão, talvez para não perder o foco, não enviaram ainda as equipes da Polícia Federal para uma boa busca no Banco e nos beneficiados. Alguém duvida que se trate de um belo filão, para quem procura casos puníveis por corrupção? Estranheza 5 [caption id="attachment_55386" align="aligncenter" width="620"]Foto: reprodução / Facebook Foto: reprodução / Facebook[/caption] O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é incorrigível. Vítima preferencial do PT, de quem vem sofrendo os piores ataques e as mais graves acusações desde o primeiro governo Lula, sempre protege o partido adversário, ainda que em meio aos escândalos da Petrobrás e adjacências. Salvou Lula do im­peachment à época do mensalão, atendendo a pungente pedido do mesmo, levado por Marcio Thomaz Bastos. Já fez declarações favoráveis a Dilma Rousseff, atestando sua honestidade e colocando dúvidas sobre a validade do impeachment. Na semana passada foi mais uma vez contra seu próprio partido, o PSDB, defendendo o PT. Como se sabe o PSDB cogita de um pedido de extinção do PT por ter recebido dinheiro do exterior (Cuba ou Angola), o que foi revelado nas delações premiadas e constitui crime passível de anulação de registro partidário. Fernando Henrique discordou publicamente da medida, na semana passada, alegando que o PT deve, sim, continuar existindo. Muitos estranham essa posição, mas ela é coerente com a crença de esquerda professada por FHC, e defendida pelo Foro de São Paulo. Elos da mesma corrente ideológica, Lula e FHC. Ou como dizem, com sua sabedoria baseada na prática nossos matutos, farinha do mesmo saco. Estranheza 6 [caption id="attachment_57603" align="aligncenter" width="620"]black-blocs-fotos-publicas Fotos Públicas[/caption] Os inquéritos abertos para apurar crimes dos black blocs, que em 2013 e 2014 promoveram monumental quebra-quebra principalmente em São Paulo, estão encerrados sem denunciar ninguém. Descarada impunidade, completa incompetência da polícia e do Ministério Público. Se não há culpados, quem depredou lojas, bancos e prédios públicos? Quem incendiou veículos? Quem agrediu e feriu policiais e repórteres? Quem andava mascarado para não ser reconhecido, e por que o fazia? Não à toa, o Movimento Passe Livre (MPL), organização que defende o absurdo do transporte gratuito, como se isso fosse possível, se apoia hoje nesses desordeiros impunes.

A burocracia brasileira é mais kafkiana do que Kafka

A principal função do Estado no Brasil parece ser tolher a liberdade do indivíduo e dificultar sua vida e seus negócios