Bastidores
Um empresário goiano (D.), dono de imobiliária e de uma empresa que vende medicamentos e equipamentos para hospitais, foi preso num dos mais luxuosos condomínios horizontais de Goiás — o mais ecológico, dizem — e levado para Mato Grosso. A prisão foi efetuada pela Polícia Federal e a notícia saiu nos jornais de Mato Grosso, mas não saiu nenhuma linha nos jornais de Goiás.

Um ex-deputado do PMDB explicitou na quinta-feira, 10, o principal motivo para a convocação de uma pré-convenção em maio. Peemedebistas dizem que é para evitar uma divisão mais ampla e reduzir as arestas entre os partidários de Júnior Friboi e Iris Rezende. A verdade é outra.
Na semana passada, o sinal de perigo foi dado em conversas de iristas e friboizistas. Eles temem que, até junho, mês das convenções, Antônio Gomide tenha crescido tanto que não dará mais para tirá-lo do páreo. O peemedebismo quer antecipar uma aliança com o PT de Gomide já em maio — e exatamente temendo seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto. Com Gomide subindo para terceiro lugar nas pesquisas, mas com números que signifiquem uma ascensão incontrolável, o PT nacional não vai tirá-lo do páreo. O PMDB, o de Iris e o de Friboi, entendeu isto e alarmou-se. O fato é que todos temem Gomide.
O que parecia impossível aconteceu. PT e PSDB, que se comportam como Caim e Abel na política nacional e do Estado de Goiás, decidiram se tornar Abel & Abel no Centro Acadêmico Clóvis Bevilácqua (C. A. C. B.), do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Segundo informação passada à redação do Jornal Opção, “durante o Conselho de Alunos, realizado ontem [terça-feira, 8], estudantes que” que são integrantes do “PT, PSDB, PMDB, PSD e PDT se uniram para aprovar a Comissão Eleitoral que regerá o pleito da entidade em 2014. A Comissão Eleitoral deverá administrar o C.A.C.B até a nova diretoria ser empossada e terá que garantir que as eleições aconteçam legitimamente. Contudo, esse mesmo bloco de estudantes da comissão já estuda a ideia de montar uma chapa para vencer o pleito”.
O presidente nacional do PHS, Eduardo Machado, disse ao Jornal Opção na quarta-feira, 9, que o partido só vai definir sua posição oficial sobre coligações majoritárias em maio. “Nós, do PHS, permanecemos fieis à base do governador Marconi Perillo, porém insistimos que a definição sobre aliança majoritária só sairá em maio.”
Um dos políticos mais articulados de Goiás, Eduardo Machado afirma que, com a declaração acima, não está fechando portas para ninguém. “Estou apenas explicitando que somos leais à base do governador Marconi Perillo.”
Quanto a uma possível aliança com o pré-candidato do PT a governador de Goiás, Antônio Gomide, o presidente do PHS disse que não há nada definido. “Tenho laços de amizade com o deputado federal Rubens Otoni e com o ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide. Sei que Gomide é um candidato forte a governador, mas não definimos aliança com o PT. Insisto: o PHS só define aliança em maio.”
Se depender de Gomide, o presidente do PHS será o seu vice. Eduardo Machado, no momento, prefere ser candidato a deputado federal.
Jales Naves As eleições de 1965 em Goiás para Governador foram as mais disputadas de todos os tempos e em todas as instâncias, quando os dois principais partidos políticos, que eram rivais, novamente se enfrentaram nas urnas. Do pleito surgiu uma nova liderança, o governador eleito Otávio Lage. Fazendeiro moderno e inovador, um dos responsáveis pela consolidação da cultura do café na região do Vale do São Patrício e até então desconhecido do mundo político, ele se destacou pela dinâmica administração que realizou em Goianésia, como Prefeito, de 1962 a 1965, então uma cidade pequena, inexpressiva. E também por ser filho do deputado federal Jalles Machado, um dos principais líderes da UDN histórica, que se sobressaiu pela firme atuação como parlamentar, defendendo os interesses de Goiás e lutando contra os aliados de Getúlio Vargas no Estado, em especial o antigo PSD. Determinado, ousado e com uma mensagem nova, para tirar Goiás de um atraso histórico, que o deixava na lanterna dos estados brasileiros, ele conquistou o direito de ser candidato pela União Democrática Nacional numa disputa muito acirrada. Venceu na Convenção Estadual do partido o deputado federal Emival Caiado, considerado favorito, e lutou para ocupar espaço e consolidar sua candidatura com mais três partidos (PTB, PSP e PDC). Foi difícil obter o apoio do governador eleito de forma indireta, marechal Emílio Ribas Júnior; e da cúpula militar, pois um dia antes da convenção udenista o presidente da República, marechal Humberto Castello Branco, lançou a candidatura a Governador, pelo PSD, do deputado federal Gerson de Castro Costa, conforme registraram os jornais do dia. Depois de superar os obstáculos e dificuldades que se antepunham e assumindo a liderança desse processo, ele soube se impor, consolidar a sua candidatura e, utilizando de estratégias de marketing, conquistar o eleitorado, a partir de um mote especial. A crítica da oposição, de ser despreparado para a função por ser roceiro, foi utilizada como instrumento dessa mudança: ele chegava nas cidades sempre com um chapéu na cabeça e entrava pelas principais ruas montado a cavalo, ou num trator, ou numa carroça, e saía cumprimentando a todos. Dessa forma, foi se tornando conhecido, divulgando sua plataforma de trabalho, centrada em três eixos (educação, energia e estradas) e firmando o seu nome. Na oposição, que ainda dominava o Estado, simbolizada na figura do senador Pedro Ludovico, o candidato era o médico e deputado federal José Peixoto da Silveira, um dos principais quadros do PSD, que tinha ocupado as três principais Secretarias de Estado (Fazenda, Educação e Saúde), além de ter sido deputado estadual. A situação era difícil, mas prevaleceu a mensagem desenvolvimentista, a proposta de construção de um novo Goiás, a partir dos três eixos, o que realmente aconteceu, e o resultado favoreceu o candidato da UDN. Essa observação se torna importante ainda hoje não só para resgatar o nome e o importante trabalho realizado pelo ex-governador Otávio Lage, como para fazer justiça a um dos mais expressivos governantes de Goiás. Nos últimos anos, seu netos tiveram que defendê-lo diante de críticas improcedentes, injustas e que não correspondiam à verdade. Eles admiravam o avô pela postura íntegra, pelo comportamento ético e por ser um empreendedor preocupado em unir forças para viabilizar projetos. Como a destilaria de álcool, a co-geração de energia a partir do bagaço da cana, o plantio de seringueiras, a inovação tecnológica no campo a partir de sementes certificadas etc. Quando frequentavam o ensino médio, já se preparando para o vestibular, vários de seus netos tiveram que discutir com os professores de História, que teimavam em dizer que ele tinha sido nomeado Governador de Goiás pelos militares. Inclusive, uma questão em vestibular de uma importante instituição de ensino superior, em 2003, tratava desse tema e dessa forma. Colocando-o como Governador nomeado, e não eleito em pleito democrático e popular. Otávio Lage foi, na verdade, o único governador de Goiás eleito no período militar, em pleito direto e com a efetiva participação do eleitor. Um registro que se torna necessário diante dessa falta de compromisso de professores para com a verdade, e que atinge uma pessoa que foi, por princípio, um democrata no exercício de suas funções no Executivo goiano e que honrou o mandato que cumpriu, mesmo num período de exceção. Jales Naves é jornalista.

O deputado federal Armando Vergílio conversou com o Jornal Opção a respeito do quadro político de Goiás. Sobre a crise do PMDB, o presidente do Solidariedade diz que o partido vai dividir-se de vez ou então vai unificar-se. “Quem sabe, um pouco mais à frente, o partido não consiga unificar-se em torno de um nome. Se quiser enfrentar o governador Marconi Perillo em igualdade de condições, o vencido tem de apoiar o vencer. Num ambiente desagregado — com Iris Rezende ou Júnior Friboi na cabeça de chapa —, o candidato se apresentará fragilizado ao eleitorado.”
A respeito de Antônio Gomide, Armando acredita que vai mesmo ser candidato a governador. “O líder do PT deixou a Prefeitura de Anápolis, a segunda mais importante de Goiás, para ser candidato a governador, não para ser vice ou postulante ao mandato de senador. Ele disse isso para o eleitor de sua cidade."
O pré-candidato a governador pelo PSB, Vanderlan Cardoso, é, na opinião de Armando, um “político e um empresário respeitável”. “Mas ele não tem vice, não tem candidato a senador, não tem candidatos fortes a deputado estadual e federal. É preciso verificar qual será o seu tempo de televisão. Com um tempo muito curto, terá dificuldade para apresentar seu projeto e, ao mesmo tempo, fazer as críticas que julgar oportunas.”
Por que Armando ficou fora do processo durante algum tempo? “Resolvi não participar da fase preliminar porque não dependo de ninguém — só da minha estrutura e do meu partido.”
O deputado federal acredita que, nesta eleição, ele deve funcionar como “elemento surpresa”. “A partir de agora, vou entrar em campo pra valer. Vou fazer conversas mais públicas — com todo mundo e sem restrições — e articular uma movimentação mais intensa. Não se paga impostos para conversar. Acrescento que nós, do Solidariedade, temos chapa para deputado estadual e federal. Nós podemos eleger pelo menos quatro deputados estaduais. Na questão da chapa para deputado federal, vai depender muito de meu projeto. Se eu disputar o governo, contribuo para eleger pelo menos um deputado federal, que pode ser o Silvio Sousa ou o Rodrigão Carvelo, de Catalão. O Solidariedade deve participar de algum chapão para deputado federal, pois são necessários no mínimo 162 mil votos para eleger um político para a Câmara dos Deputados.” Instado a comentar sobre a Chapinha, organizada por Eduardo Machado, presidente nacional do PHS, Armando disse que seu líder é um avião político. “Acredito, até, que Eduardo pode ser eleito deputado federal. Mas ressalvo que a Chapinha, se é forte para deputado estadual, pode não ser para deputado federal.”
Mas qual é o principal projeto do líder do Solidariedade? “Posso disputar o governo”, afirma.
Na opinião de Armando, o quadro está se definindo, mas não está inteiramente definido. “As próximas seis semanas serão fundamentais para as decisões políticas.”
O cenário atual aponta para quatro candidaturas mais consistentes a governador: Marconi Perillo, do PSDB, Júnior Friboi (ou Iris Rezende), do PMDB, Vanderlan Cardoso, do PSB, e Antônio Gomide, do PT. “Não é bem assim. É possível que se apresentem de três a quatro candidatos, mas um dos citados pode não ser candidato e eu posso ser incluído na lista.” Armando assinala que, devido ao número de candidatos, o segundo turno estará praticamente garantido. “No segundo turno, pode mudar muita coisa e, assim, ninguém sabe quem vai ganhar.”
O Jornal Opção perguntou: “Marconi Perillo e Vanderlan Cardoso são os mais definidos?” Armando avalia que, pelo contrário, “são os mais indefinidos. Goiás está mais indefinido do que o Rio de Janeiro. Tudo pode acontecer no nosso Estado”. Ele acrescenta: “É possível que alguns pré-candidatos sejam ‘abatidos’ em pleno voo. O jogo só está começando”.
As oposições goianas estão ouriçadas, segundo Armando, porque, pela primeira vez, o quadro “não é inteiramente favorável” ao governador Marconi Perillo. “Marconi está há 16 anos no poder, portanto com desgaste político e administrativo. Observe-se que seu índice de intenção de voto é o mesmo de rejeição e isto, como se sabe, é muito grave. Quem rejeita geralmente não muda de voto.” Mas a rejeição caiu. “Caiu, mas parece estabilizada no alto.”
Armando não deixou de comentar sobre a possível candidatura do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) a senador. “É quase certo que Caiado dispute mandato de senador, pois já disse que não vai disputar a reeleição. É um candidato forte e pode sair sozinho para senador, mas aí não teria chapa para deputado federal e estadual. Acredito que há possibilidade de ele compor com o governador Marconi Perillo, mas não tenho informação sobre sua verdadeira posição. Acredito que Caiado vai definir de qual aliança vai participar, se participar de alguma, aos 49 minutos do segundo tempo.”
Dado seu trabalho em defesa da área de seguro, Armando está sempre no Rio de Janeiro. “Os candidatos a governador do Rio são eleitoralmente consistentes. Anthony Garotinho, Luiz Pezão, Lindbergh Farias e Marcelo Crivella são políticos conhecidos, consolidados. Garotinho lidera, dependendo da pesquisa, mas Pezão é um bom político, simples, aberto ao diálogo.”

[caption id="attachment_1494" align="alignleft" width="620"] Ronaldo Caiado, José Eliton e Vilmar Rocha: dois deles vão figurar ao lado de Marconi Perillo na chapa majoritária na disputa de outubro | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opçã[/caption]
Há duas operações no governo de Marconi Perillo (PSDB) e entre seus aliados. Primeiro, há um grupo que, desde já, “definiu” a chapa dos sonhos — com Marconi para governador, José Eliton (PP) para vice-governador e Vilmar Rocha (PSD) para senador (curiosidade: os três são formados em Direito). Fala-se em lealdade, companheirismo e defesa do projeto da gestão do tucano-chefe. De fato, Vilmar e Eliton são respeitados por Marconi, que os considera leais e competentes. Vilmar, além da integridade ímpar, é um intelectual e, sobretudo, um político experimentado. Deputado federal por vários mandatos, tem o perfil de senador.
Eliton surpreende como articulador político hábil e com discurso afiado. Os prefeitos de Goianésia, o articulado Jalles Fontoura (PSDB), e de Rio Verde, o quase nada articulado Juraci Martins (PSD), são os templários de Vilmar.
Segundo, há o grupo que pretende bancar Ronaldo Caiado como candidato a senador na chapa do governador Marconi. O grupo não é pequeno e tem peso político. Entre seus defensores declarados estão os deputados Jovair Arantes e Magda Mofatto e o presidente regional do PSDB, Paulo de Jesus. Há muitos outros. Eles dizem o seguinte: enquanto os votos dos eleitores de Vilmar e Eliton já são de Marconi e dificilmente migrarão para outros candidatos a governador, os votos que Caiado atrairá para a coligação tucano-marconista são votos novos. “Caiado agrega valor”, diz um de seus apoiadores, que, a rigor, não tem muito entusiasmo com o deputado e presidente do DEM. “O fato é que, em política, não se discute amor, se fulano é bom ou ruim. O que importa, do ponto de vista da realpolitik, é ganhar a eleição. Com Caiado, fica mais fácil.”
Há, por fim, a possibilidade de Marconi ir para a disputa com Eliton (vice) — o jovem advogado não está fora do páreo — e com Vilmar (Senado). Caiado disputaria mandato de senador sozinho, mas com o DEM apoiando, não oficialmente, a coligação governista.

[caption id="attachment_1491" align="alignleft" width="620"] Iris Rezende (governo), Júnior Friboi (vice-governador) e Antônio Gomide (senador): esta a chapa dos sonhos do primeiro | Fotos: Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
No início, em algumas esferas, acreditava-se que Iris Rezende, que se apresentou como pré-candidato a governador de Goiás pelo PMDB, na semana passada, e Júnior Friboi estavam jogando, com o objetivo de conquistar mídia positiva para a oposição. Na verdade, os dois peemedebistas e seus respectivos grupos estão em confronto aberto. É possível, até, que aquele que perder na convenção passe a apoiar outro candidato. Por isso, o irismo quer retirar Friboi do páreo o quanto antes, para evitar traumas, oferecendo-lhe a vice. Friboi, ante a oferta, levada pelo ex-senador Mauro Miranda e pelo prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, respondeu com uma nota dura, sugerindo que vai disputar a convenção e que, sob o comando de Iris, o PMDB perdeu quatro vezes para governador e está há 16 anos fora do poder. A nota foi vista por alguns como um rompimento e, sobretudo, como afirmação de que está no páreo e que não se intimidou com o lançamento de Iris. “Friboi vai pagar para ver e, enquanto isso, vai continuar seu intenso trabalho no interior”, afirma um deputado.
Hábil no manejo do jogo político, Iris, se possível, quer montar uma chapa com Friboi na vice e Antônio Gomide (PT) para senador. O irismo avalia que, se participar da chapa majoritária, Gomide esvazia o governador Marconi Perillo em Anápolis. O município tem sido, nas últimas eleições, um reduto marconista. (Há quem aposte que Gomide “esvazia” muito mais se for candidato a governador — daí setores peemedebistas defenderem que sua candidatura, longe de ser negativa, é positiva para as oposições.)
Há outro aspecto discutido pelo irismo. Avalia-se que, com a definição de Iris, a partir de agora Friboi tende a cair nas pesquisas, desidratando-se até ao ponto da inanição. Percebendo a possibilidade, Friboi gostaria de convocar prévias para definir agora o nome do candidato do PMDB. Até a convenção, que será realizada em junho — até o dia 30, uma segunda-feira —, daqui a 85 dias, Júnior, se Iris continuar crescendo nas pesquisas, ou estabilizando-se no pico, dificilmente convencerá o peemedebismo a apoiá-lo, mesmo tendo muito dinheiro para pôr na campanha.
Integrantes do PMDB afirmam que, se Iris crescer nas próximas pesquisas, “bye, bye, Friboi”. Os aliados de Friboi contrapõem: os índices de 30% a 35% são do PMDB, não de Iris. O irismo discorda: o percentual seria mesmo de Iris. Os iristas dizem que, mesmo quando o nome de Iris é retirado da pesquisa, Friboi não chega a 15%. Portanto, o índice mais alto pertence a Iris e não ao peemedebismo — ao menos é a avaliação do irismo. Teme-se que, com um Friboi fragilizado, Marconi seja eleito no primeiro turno.

[caption id="attachment_1487" align="alignleft" width="300"] Maguito Vilela prefere Friboi mas pode compor com Iris | Foto: Wesley Costa[/caption]
É consenso no irismo que a pré-candidatura do empresário Júnior Friboi, cristão-novo no PMDB, não foi criada e formatada pelos deputados Leandro Vilela, Sandro Mabel e Pedro Chaves. Os iristas contam que o verdadeiro articulador é o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, mas afirmam que nada têm contra o ex-governador. Pelo contrário, contam com seu apoio para tentar convencer Friboi a aceitar a vice. Defende-se a tese de que, se eleito, Iris governaria três anos e três meses e, em abril de 2018, renunciaria e abriria espaço para o empresário assumir o governo e, assim, disputar a reeleição.
Na semana passada, no encontro em que Iris anunciou sua pré-candidatura, perguntaram a Maguito: “O sr. vai mesmo apoiar a candidatura de Iris Rezende a governador?” Aparentemente constrangido, o peemedebista respondeu: “E você tem dúvida de que vou apoiar Iris?” Nas proximidades, dois peemedebistas, um histórico e outro mais jovem, cochicharam, mas de maneira audível: “Sim, nós temos”. Quem ouviu riu baixinho. Os iristas não querem rompimento com Maguito, que está muito bem avaliado em Aparecida de Goiânia e será importante, até decisivo, na campanha.
O petismo avalia que, se chegar ao segundo turno, Antônio Gomide será eleito governador. Porque representa o novo e simboliza a mudança. Os petistas admitem que não será fácil superar sobretudo Júnior Friboi ou Iris Rezende, do PMDB. O gomide-petismo avalia que o pré-candidato a governador do PSB, Vanderlan Cardoso, não tem a estrutura peemedebista e tende a se desidratar na campanha. “O líder do PSB estagnou e tende a cair”, sustenta um aliado do ex-prefeito de Anápolis. A grande aposta petista é outra. Acredita-se que Iris pode ser derrotado por Friboi na convenção, num processo doloroso, e que acabará por apoiar o petista para o governo.
Antônio Gomide é o objeto de desejo do PMDB. Ao passo que o ex-prefeito de Anápolis percebe o peemedebismo como noiva, o peemedebismo o quer como noiva. Mas Gomide, desta maneira, não quer casar. Ainda assim, tanto aliados de Iris Rezende quanto de Júnior Friboi apostam que, dada a fragilidade da presidente Dilma Rouseff, que está caindo nas pesquisas — o que pode levar a uma candidatura de Lula a presidente —, o PT de Goiás vai se submeter a uma aliança com o PMDB. Peemedebistas afirmam que, embora tenha deixado a Prefeitura de Anápolis, alegando que vai disputar o governo de Goiás, Gomide pode, “muito bem”, ser candidato a senador. O PT, na opinião de peemedebistas, prefere eleger senadores em alguns Estados, a correr risco de perder um aliado como o PMDB.
A proprietária de uma imobiliária de Goiânia, moradora de um dos mais luxuosos condomínios horizontais da capital, está sendo investigada pela Polícia Federal. Forte no mercado, a empresária é apontada como suspeita de vender e não entregar medicamentos para dezenas de prefeituras de Mato Grosso. Na semana passada, a PF esteve no condomínio, nas proximidades da BR-153, à procura da executiva, tida como uma negociadora “dura” e “competente”. Ela está sendo investigada pelo setor de Crimes Previdenciários da PF. O esquema era o seguinte: a empresária vendia medicamentos aos prefeitos, recebia o dinheiro, mas não entregava a mercadoria. O dinheiro era dividido com os administradores municipais. A proprietária da imobiliária amealhou uma fortuna. É milionária. A Polícia Federal de Mato Grosso efetuou a prisão de um empresário goiano.

O prefeito de Catalão, Jardel Sebba (PSDB), defende que a composição de uma chapa majoritária deve levar em consideração: lealdade, companheirismo e tranquilidade. Por isso defende a candidatura de Marconi Perillo (PSDB) para o governo, de José Eliton (PP) para vice e de Vilmar Rocha (PSD) para senador. “Eles são companheiros e representam três partidos importantes.” Jardel fez questão de frisar que Vilmar e Eliton “são importantes para a base governista”.
Perguntado se seu aliado Thiago Peixoto (PSD), deputado federal, poderia ser vice de Marconi, Jardell respondeu de maneira enigmática: “Thiago pode ser candidato a governador... mais na frente”.
Sobre a crise interna do PMDB e sobre o conflito do PMDB com o PT, Jardel é enfático: “A oposição dividida e brigando é muito bom para o nosso projeto político. Não sei se vai ser assim, mas ainda bem que o PT de Goiás está provando que não é uma filial do PMDB”.
Jardel acompanhou o governador Marconi na visita a Belo Horizonte, onde um goiano assumiu o governo de Minas Gerais, substituindo Antônio Anastasia. Perguntado se o lançamento da pré-candidatura de Iris Rezende chamou a atenção de Marconi, Jardel foi lacônico: “O que posso dizer, com segurança, é que Marconi não ficou minimamente incomodado. Como sempre, ele disputa com qualquer um e já derrotou Iris duas vezes e Maguito Vilela uma vez”.
Ouvido sempre apurado, Jardel diz que tem escutado que os peemedebistas falam, abertamente, que querem derrotar Iris na convenção. “O que importa mesmo é que Marconi vai ser reeleito e que o PMDB vai ficar mais quatro anos fora do poder, reclamando.”

[caption id="attachment_1473" align="alignleft" width="300"] Marconi Perillo: o governador quer fazer uma campanha menos dispendiosa[/caption]
Auxiliares do governo Marconi Perillo, estranhando a sua tranquilidade, cobram uma pré-campanha mais agressiva, com mais participação nas redes sociais. O tucano-chefe ouve em silêncio, examina as ponderações, mas pede calma e sugere que, como está no governo, sua função é mesmo gerir a máquina, construir e inaugurar obras. Sua prioridade absoluta é administrar com o objetivo de tornar melhor e mais saudável a vida dos goianos. Às vezes, em tom de brincadeira, costuma dizer: “Não apresse o rio, ele corre sozinho”.
Marconi quer acelerar as principais obras, para inaugurá-las até junho. Mas tem frisado que, mesmo as obras que não forem inauguradas até este mês, vão continuar sendo tocadas. Obras, tem frisado, não obedecem ao ritmo da campanha, e sim da necessidade da população. Quando começar seu trabalho de divulgação, seja em redes sociais, seja em entrevistas, seja em encontros com a sociedade, o tucano-chefe quer ter um volume de obras considerável para mostrá-las à sociedade.
Ante a possibilidade de uma campanha milionária de Júnior Friboi (PMDB), Marconi pretende fazer uma campanha mais modesta, explorando mais a inteligência do que recursos financeiros. O tucano planeja uma campanha mais barata e centrada em programas propositivos. Ao mesmo tempo em que vai mostrar o que fez, como fez e por que fez, vai apresentar um programa de continuidade da modernização de Goiás. Marconi fala em modernização continuada. Seus aliados pretendem explorar um marketing diferenciado, mostrando que o tucano permanece moderno, portanto o novo, e um agente da mudança.
O deputado federal Armando Vergílio (Solidariedade) diz que tanto pode disputar mandato de governador quanto a reeleição. “Estou tranquilo, jogando com paciência. Na verdade, o jogo começou agora, quando todos estão colocando de fato as cartas na mesa. O Solidariedade não depende de ninguém. Não nos subordinamos aos projetos dos outros partidos, mas vou manter as conversações abertas com todos os grupos políticos”, frisa Armando.