Por Marcos Nunes Carreiro

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Leilão de “livros de esquerda” vende 310 obras (de Fidel a Cecília Meireles)

Com lances iniciais de R$ 10, o leilão reúne uma seleção variada de autores No mesmo dia em que vão ocorrer protestos em todo país organizados por centrais sindicais e movimentos sociais, acontece também um leilão de "livros de esquerda". A venda acontece via internet e oferece livros dos mais variados autores, de Fidel Castro a Mikhail Gorbachev; de Huxley a Shakespeare; de Guimarães Rosa a Cecília Meireles. Também tem Machado de Assis, Graciliano Ramos, Mário de Andrade e Guido Mantega (sim, o ex-ministro da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff). A selação é variada e, se há panfletários, há também obras de pensadores. Gilberto Freyre, que comemoraria seu aniversário de 117 anos neste 15 de março, é apenas um deles. Vale à pena dar uma olhada, mesmo que o leitor não seja de "esquerda". Quem quiser ver os livros do leilão é só acessar o link (http://migre.me/weHRm), se cadastrar e dar seus lances.

Reforma tributária “fatiada” de Temer é tímida e não alcançará o efeito necessário

Brasil tem um sistema caótico de tributos que precisa ser simplificado e a proposta apresentada pelo governo federal vai ao encontro dessa ideia, porém de maneira rasa. Falta ousadia ao projeto

Feira de HQs chega a Goiânia com convidados internacionais

A cultura pop está em alta no Brasil. Prova disso são as várias feiras que têm ocorrido no País nos últimos anos, como a Comic Con Experience, a FIQ-BH, etc. E o movimento não para de crescer, e Goiânia entra no circuito com a Gibirama – Feira Goiana de Histórias em Quadrinhos, que acontece neste sábado, 11, a partir das 14h, na Galeria Pátio do Lago. A feira será gratuita e aberta ao público de todas as idades. O objetivo é congregar aficionados por HQs. Autores, colecionadores e lojistas estarão na feira, prontos para vender, comprar e trocar quadrinhos dos mais diversos gêneros. O evento contará, ainda, com lançamentos de obras da nona arte, além de sessões de autógrafos, oficinas, praça de alimentação, discotecagem de Alexandre Perini e concurso de cosplay. Edu Menna, quadrinista internacional responsável por ilustrar obras como Red Sonja, Army of Darkness e mais, é um dos convidados confirmados.

Aquecimento 
O aquecimento da Gibirama acontece na Mandrake Comic Shop nesta quinta-feira, 9, a partir das 20h. O convidado especial da noite é o quadrinista Galvão Bertazzi (Vida Besta), que lançará diversos trabalhos de sua autoria e realizará uma sessão de autógrafos e bate-papo. Serviço: Gibirama – Feira Goiana de Histórias em Quadrinhos Onde: Galeria Pátio do Lago (Av. T-3, em frente ao Vaca Brava, Setor Bueno) Quando: Sábado, 11, a partir das 14h Informações: (62) 98117-3345 / 99117-4030

5 discursos de (e sobre) mulheres: por que o feminismo tem se tornado uma palavra impopular?

Comemora-se neste 8 de março o Dia Internacional das Mulheres. E os outros dias? O Ocidente avançou muito em suas relações sociais nas últimas décadas; avanços que agora parecem regredir um pouco com a retomada de espaço pelos conservadores. A história é cíclica. Nesse contexto, o movimento feminista, que alcançou vitórias importantes não só para as mulheres, mas para a sociedade em geral, sofre fortes ataques. [relacionadas artigos="60409"] Grande parte dos "atacantes" sequer sabe do que se trata, de fato, a ideia do movimento, mas atacam mesmo assim. Outros, mais tímidos, se restringem a dizer que não gostam dos exageros do movimento. Há exageros? Sim, há exageros em todos os lugares e em relação a todas as coisas, mas o importante aqui é a ideia; é ela que precisa ser compreendida: a igualdade entre mulheres e homens é uma necessidade. Nesta lista, há mulheres falando sobre mulheres e da razão de "feminismo" nunca ter sido uma palavra popular. Não, não é de hoje; aliás, antes era pior. Não é popular a palavra, muito menos a ideia. O número de vídeos disponibilizados aqui poderia ser muito maior, mas alguns deles são grandes e, como quero que o leitor veja todos, resolvi reduzir para apenas cinco. Vale a pena assistir.

Emma Watson
Com toda a polêmica envolvendo o ensaio que atriz britânica fez para a Vanity Fair, é justo começar por ela, pois veio de Emma Watson um dos discursos mais interessantes da nova geração à frente da defesa das mulheres. É ela quem diz: "Vejo que a palavra feminismo é bastante impopular atualmente, mas a palavra não é importante; a ideia por trás dela, sim". O discurso foi o primeiro que a atriz fez na ONU, em 2014. https://www.youtube.com/watch?v=rq-jogDdKFU
Chimamanda Adichie
A fala da escritora é muito boa, intelectual e discursivamente. Ela diz sobre a realidade vivida pelas mulheres africanas, especialmente na Nigéria, seu país natal, mas a verdade é que muitas pessoas do sexo feminino, do Oriente e do Ocidente, se identificam com ela. O discurso de Chimamanda é, portanto, universal: "Culturas mudam. A cultural não faz os povos, os povos fazem a cultura". Aviso: a plateia aplaude demais e, na maioria da vezes, desnecessariamente, mas vale a pena ver o vídeo completo. https://www.youtube.com/watch?v=fyOubzfkjXE&list=PLGx2JkuEHDLJ1FYm6FlKIwL-gmP2ZIuvJ
Hillary Clinton
Do discurso da então primeira-dama dos Estados Unidos na 4º Conferência Mundial das Mulheres, da ONU, em 1995, em Pequim, uma frase se destaca: "Direitos das mulheres são direitos humanos". O motivo é simples: enquanto mulheres forem tratadas como são atualmente, as chances dos seres humanos conseguirem criar o tão sonhado mundo de "paz e prosperidade" continuarão sendo mínimas. https://www.youtube.com/watch?v=6V9mHmeK7XM
Marcia Tiburi
A filósofa brasileira não é vista com bons olhos por muitos atualmente devido às suas posições políticas. Porém, o leitor há de concordar que no Brasil atual nenhuma posição política é plenamente aceita. Então, vejamos o que Marcia tem a dizer sobre feminismo. O vídeo, que é uma entrevista editada, mostra posturas interessantes e é a primeira desta lista a colocar no bojo da figura feminina os travestis, homossexuais, etc., que são descriminados em grande parte por serem "feminalizados". Veja. https://www.youtube.com/watch?v=ZKwzGDH-468
Simone de Beauvoir
Seu trabalho é inquestionavelmente importante para várias áreas do conhecimento, por mais que não se concorde com ele. Simone era uma intelectual e até os dias atuais ocupa um espaço relevante nos estudos teóricos. Largamente conhecida por "O Segundo Sexo", a francesa acabou se tornando um ícone do feminismo e, certamente, nenhuma das mulheres cujos vídeos precedem este estaria aqui se não fosse por Simone. De todos os vídeos, este é o que mais vale a pena. https://www.youtube.com/watch?v=J-F2bwGtsMM

Da forma como está sendo feito, BRT é mesmo um trambolho de concreto

É inegável que o corredor exclusivo para o transporte público é essencial para Goiânia. Porém, se não ligar as regiões Norte e Sul, como está no projeto original, é provável que a obra já nasça obsoleta

As melhores interpretações gringas de músicas brasileiras

Não é fácil cantar em português, então é preciso valorizar o esforço dos estrangeiros A língua portuguesa não facilita a vida dos artistas. Não é fácil escrever em português e, muito menos compor (de maneira decente, eu digo) nesta língua. É claro que isso não torna as músicas brasileiras de qualidade superiores às de outras línguas, afinal é difícil compor em qualquer idioma, mas agrega valor a elas, sobretudo aos ouvidos que entendem de música. Por isso, não é simples para um estrangeiro cantar em português: há dificuldades, inclusive, físicas para falar a língua. Então, é preciso valorizar o esforço. A lista tem esse propósito. Uma observação: O que reproduzo aqui está — como todas as listas — ancorado no gosto pessoal, mas não invalida a qualidade do conteúdo apresentado. Aprecie, caro leitor.

Sant Andreu Jazz Band - Águas de Março
Sou suspeito para falar de "Águas de Março", que é uma das composições mais lindas deixadas por Tom Jobim e magistralmente interpretada por ele e Elis Regina. Aqui, a Sant Andreu Jazz Band, da Espanha, faz uma belíssima interpretação desta canção, nas vozes de Alba Armengou e Rita Payes. A escolha foi difícil porque a Sant Andreu, sob direção do maestro Joan Chamorro, tem outras fantásticas versões da MPB brasileira, como "Chega de Saudade", música de Vinicius de Moraes e do velho Tom, no portuguesa cambaleante da jovem e talentosa Andrea Motis. https://www.youtube.com/watch?v=EazJHMFvQ3s&spfreload=5
Beirut - Leãozinho
Beirut é uma das bandas das quais gosto muito. O primeiro CD que comprei deles foi em Uberlândia há anos atrás, que está no carro até hoje e, vez ou outra, roda de uma ponta a outra. Por isso, a interpretação de "Leãozinho", de Caetano Veloso, não poderia falta na lista. Neste vídeo há uma fala de Zach Condon sobre seu gosto pela música brasileira e também do porquê cantar a canção de Caetano — ele chega a mostrar alguns LPs e, quando chega no disco de Chico Buarque ele diz que "Roda Viva" é uma de suas músicas "favoritas de todos os tempos". E fala também de Jorge Ben... https://www.youtube.com/watch?v=6XKfi97Lcqo
Miriam Makeba - Chove chuva
Aliás, quem fez uma linda interpretação de Jorge Ben Jor, em 1966, foi Miriam Makeba. Ouça a beleza da voz da  sul-africana cantando "Chove chuva", música de 1963: https://www.youtube.com/watch?v=F4dT7l7sWVg
Brigitte Bardot - Maria Ninguém
Brigitte Bardot, a belíssima Brigitte Bardot, também tem uma interpretação de música brasileira. Trata-se de "Maria Ninguém", canção de Carlos Lyra, a qual cantou em 1964. Brigitte merece estar aqui? Claro, afinal, se "Deus criou a mulher", criou também a Bossa Nova. https://www.youtube.com/watch?v=fhIC4JzcqIo
Nat King Cole - Suas mãos
O inesquecível Nat King Cole cantou "Ninguém me ama". A música do compositor pernambucano Antônio Maria foi interpretada em dupla com Silvinha Telles, mas a versão que de fato marcou foi a de "Suas mãos", também de Antônio Maria em parceria com João Pernambuco. https://www.youtube.com/watch?v=bWVX3_sFpAA
Dizzy Gillespie - "Desafinado"
Outra interpretação digna de eterno replay é vem do trompetista estadunidense Dizzy Gillespie. Em uma de suas marcantes apresentações, ele tocou esta música de Tom Jobim, empolgando a plateia da época e a quem escuta atualmente, décadas depois da gravação. Dizzy era um mestre do trompete e do jazz e sua versão de "Desafinado" deve ficar eternizada. https://www.youtube.com/watch?v=nf0_s-Ijl3A
Arcade Fire - O morro não tem vez
No Lollapalooza Brasil 2014, a canadense Arcade Fire resolveu mostrar para seu público uma versão muito interessante de "O morro não tem vez", da grande Elis Regina. O trecho é curto, apenas a primeira estrofe da canção de Elis, mas vale a pena ouvir. Na voz de Régine Chassagne, a banda fez um belo mash up de Elis com "It's Never Over", da própria Arcade Fire. https://www.youtube.com/watch?v=oNlEGyR9X2Q
Esperanza Spalding - Ponto de Areia
Essa é dica do leitor Emerson Fagundes, que é músico e compartilhou com a gente essa lindeza da contrabaixista estadunidense Esperanza Spalding. Uma bela interpretação de "Ponto de Areia", música do mestre Milton Nascimento. É para fechar com chave de ouro! https://www.youtube.com/watch?v=V7snPl8L6Zg

Decisão do TCU pode acabar com a fama de “Rodovia da Morte” da BR-153

Com um fluxo superior a 40 mil veículos por dia, mas com infraestrutura da década de 1970, a via é, ao mesmo tempo, seminal para a economia do País e uma arma que tira a vida de milhares de brasileiros

Vamos ou não passar o carnaval no cinema? Sim!

[caption id="attachment_87979" align="aligncenter" width="620"] "A cidade onde envelheço" é o primeiro da programação | Foto: Divulgação[/caption] A programação de carnaval dos goianienses está repleta de opções, sobretudo para quem prefere ver um bom filme ao invés de ouvir (ou pular, seja lá como se diz) as marchinhas. Além da Mostra "o Amor, a Morte e as Paixões", que acontece no Lumière do Shopping Bouganville e que exibe uma centena de filmes (veja aqui), há também o Cine Cultura. Veja a programação de carnaval do Cine Cultura: "A cidade onde envelheço" - 15h (25 a 28 de fevereiro) e 16h (23 e 24 de fevereiro e 1º de março); "Sangue do meu sangue" - 17h (25 a 28 de fevereiro) e 18h (23 e 24 de fevereiro e 1º de março); "Belos sonhos" - 19h (25 a 28 de fevereiro) e 20h (23 e 24 de fevereiro e 1º de março). 1) A cidade onde envelheço (2017, Brasil, 99 minutos, 12 anos) Direção: Marília Rocha Elenco: Elizabete Francisca Santos, Francisca Manuel, Paulo Nazareth Sinopse: Francisca, uma jovem emigrante portuguesa morando no Brasil, recebe em sua casa Teresa, uma antiga conhecida com quem já havia perdido contato. Teresa acaba de chegar e vive momentos de descoberta e encantamento com o novo país, enquanto Francisca anseia por Lisboa. O filme acompanha as aventuras de cada uma pela cidade e a profunda ligação que nasce entre elas, obrigando-as a lidar com desejos simultâneos e opostos: a vontade de partir para um país desconhecido e a saudade irremediável de casa. 2) Sangue do meu sangue (2016, Itália, 107 minutos, 16 anos) Direção: Marco Bellocchio Elenco: Roberto Herlitzka, Piergiorgio Bellocchio Jr., Alba Rohrwacher Sinopse: No século XVII, Federico Mai chega a um monastério com uma missão: seu irmão cometeu suicídio e não pode ser enterrado em terreno sagrado, a não ser que sua amante, a irmã Benedetta, confesse seus pecados, salvando assim a alma do morto. Benedetta é submetida a provações e questionada pela hierarquia apostólica – enquanto Federico assiste. Nos dias de hoje, um homem russo deseja comprar o monastério onde Benedetta foi torturada. Ele encontra habitando o local um velho conde e uma mulher cujo marido desapareceu. 3) Belos Sonhos (2016, Itália, 134 minutos, 14 anos) Direção: Marco Bellocchio Elenco: Barbara Ronchi, Bérénice Bejo, Guido Caprino Sinopse: Massimo tem sua infância abalada pela misteriosa morte de sua mãe, a qual ele se recusa a aceitar. Anos mais tarde, após ter coberto como jornalista a guerra em Sarajevo, começa a ter ataques de pânico e é obrigado a reviver seu passado traumático enquanto se prepara para vender o apartamento dos pais. O longa é inspirado no romance homônimo de Massimo Gramellini. O Cine Cultura fica no Centro Cultural Marieta Telles Machado, na Praça Cívica e o ingressos podem ser comprados no local (somente dinheiro): R$ 8 a inteira e R$ 4 a meia.

Orquestra Filarmônica de Goiás inicia temporada no dia 16 de março com muitas novidades

[caption id="attachment_87976" align="aligncenter" width="620"] Orquestra Filarmônica de Goiás começa 2017 com novidades | Foto: Rafaella Pessoa[/caption] A Orquestra Filarmônica de Goiás tem firmado cada vez suas apresentações na agenda dos goianienses. Em muitos concertos, quem não chega cedo, não encontra lugar, o que é excelente para a cultura, pois mostra que a música erudita tem lugar em um mundo cheio de outras atrações. A Filarmônica de Goiás tem feito um bom trabalho ao levar sua música de qualidade à cidade, apresentando-se, por exemplo, em parques e com um repertório variado. É isso o que tem atraído cada vez mais o público e demarcado o espaço da orquestra, sobretudo em Goiânia, mas também no interior. Assim, para se programar. A temporada começa no dia próximo dia 16, às 20h30, no Teatro Goiânia, sob a regência de Neil Thomson, que é regente titular e diretor artístico da instituição. A entrada, como sempre, é gratuita. Neste concerto, serão apresentadas as seguintes peças: "Variations on America", do compositor americano Charles Ives; "O duende das águas", de Dvorák; "O Mandarim Maravilhoso", do húngaro Bartók e ainda "Water", do compositor e instrumentista inglês Jonny Greenwood, considerado um dos maiores guitarristas da era moderna. A temporada deste ano tem um tema: “Música que transforma”. A ideia da Filarmônica é proporcionar ao público momentos de leveza em um mundo turbulento, repleto de incertezas e de conflitos sociais e políticos. Além disso, neste ano, a orquestra continua com a missão de contribuir com a ampliação da música orquestral ao divulgar obras inéditas de autoria de compositores brasileiros. Tanto que a Filarmônica executará, pela primeira vez: “Música para orquestra nº 6”, do compositor goiano Estércio Marques Cunha;  “Noturno”, do jovem compositor Luiz Gonçalves, vencedor da 2ª edição do Opus I, concurso promovido pela Filarmônica; e ainda a estreia de “Concerto para Sixeen e Orquestra”, da compositora  Michelle Agnes. Obras nacionais de compositores já consagrados também terão seu espaço, caso de Nepomuceno, Francisco Braga, José Maria Nunes Garcia, Villa-Lobos e Guerra-Peixe. As composições deste último, inclusive, integram o 2º álbum da Filarmônica, que será lançado em julho. Contudo, os repertórios também contemplarão obras dos maiores compositores de música orquestral. Entre os destaques estão “A Sagração da Primavera” e “ O Pássaro de Fogo” de Stravinsky; a execução integral das suítes orquestrais de Bach; “Como una ola de fuerza e luz”, de Luigi Nono; o famoso “ Bolero” de Maurice Ravel; entre outros. Séries De Março à Dezembro, a temporada segue com a apresentação das séries Quinta Clássica, Concertos Especiais, Concertos para a Juventude, Concertos de Câmara, além das atividades complementares como as apresentações em parques, turnês nacional e estadual, concertos didáticos e ações profissionalizantes que visam valorizar e formar jovens músicos. A grande novidade desta temporada é a estreia da série de apresentações “Concertos Impopulares”, que apresentará repertórios contemporâneos inovadores. Para a execução desta série, a Orquestra contará com a presença da versátil soprano polonesa Alice Zavadzki, que vem ganhando reconhecimento internacional por mesclar elementos da música clássica com o jazz e o folk. Ao todo a Filarmônica realizará 40 concertos ao longo de 2017 e receberá 20 artistas renomados internacionalmente para participar dos concertos como solistas e regentes. Por meio de um sólido e bem definido calendário de apresentações, a Orquestra reafirma seu compromisso com a cultura goiana, proporcionando lazer, educação e cultura, por meio da música, de forma democrática.

Uma carta de J. R. R. Tolkien para W. H. Auden, o poeta que admirava os hobbits

Auden é um dos maiores poetas modernos e, nos anos 1950, época de lançamento dos livros mais conhecidos de Tolkien, ele foi um grande entusiasta das publicações [caption id="attachment_87915" align="aligncenter" width="620"] W. H. Auden e J. R. R. Tolkien se correspondiam e uma das cartas mais importantes do último é justamente para o primeiro e diz respeito à formação de sua obra[/caption] “No fiction I have read in the last five years has given me more joy than ‘The Fellowship of the Ring’”. Foi assim que W. H. Auden terminou seu texto publicado no New York Times, em 31 de outubro de 1954. Auden, que teria completado 110 na terça-feira, 21, não era apenas um notório poeta — um dos maiores poetas modernos; era também um leitor ávido e um admirador da obra de seu compatriota J.R.R. Tolkien. [relacionadas artigos="87846, 85596"] Por isso o texto no NYT: “A Sociedade do Anel”, o primeiro volume de “O Senhor dos Anéis”, livro mais conhecido de Tolkien, havia sido publicado em julho daquele ano pela Allen & Unwin. Tolkien leu o texto, assim como todos os outros do poeta inglês sobre sua obra. Tanto que eles se correspondiam. Auden constantemente enviava cartas a Tolkien, seja fazendo comentários ou perguntas sobre seus livros. Uma carta enviada por Tolkien a Auden, datada de 7 de junho de 1955, é especial. Auden havia recebido provas de “O Retorno do Rei”, terceiro volume de “O Senhor dos Anéis”, e escreveu a Tolkien em abril de 1955 para fazer várias perguntas surgidas do livro, mas a resposta de Tolkien não sobreviveu, pois Auden geralmente jogava cartas fora depois de lê-las. Assim, Auden escreveu novamente em 3 de junho para dizer que haviam lhe pedido para dar uma palestra sobre “O Senhor dos Anéis” no Third Programme da BBC, em outubro daquele ano, e perguntou a Tolkien se ele gostaria de ouvir algum aspecto específico sobre sua obra e se ele forneceria alguns “toques humanos” na forma de informações sobre como o livro veio a ser escrito. A resposta de Tolkien é longa e detalha aspectos interessantes sobre a criação do universo fictício que ambienta sua obra. Esta carta só sobreviveu porque ele guardou uma cópia em papel carbono, da qual o texto a seguir foi tirado. A carta que o Opção Cultural reproduz aqui está publicada em “As Cartas de J.R.R. Tolkien”, livro organizado por Humphrey Carpenter — primeiro biógrafo de Tolkien — com a assistência de Christopher Tolkien, e publicado no Brasil pela Arte e Letra Editora (2006), com tradução de Gabriel Oliva Brum. Veja: 7 de junho de 1955 76 Sandfield Road, Headington, Oxford Caro Auden, Fiquei feliz por ter notícias suas e contente por sentir que você não ficou entediado. Receio que você mais uma vez receberá uma carta particularmente longa; mas você pode fazer o que quiser com ela. Bato-a à máquina de modo que ela possa, de qualquer forma, ser rapidamente legível. Realmente não creio que eu seja terrivelmente importante. Escrevi a Trilogia¹ como uma satisfação pessoal, levado a isso pela escassez de literatura do tipo que eu queria ler (e o que havia com freqüência estava pesadamente adulterado). Um grande trabalho; e como o autor da Ancrene Wisse diz no final de sua obra: “Eu preferiria, Deus é minha testemunha, partir a pé para Roma do que começar de novo o trabalho!” Porém, ao contrário dele, eu não teria dito: “Leia um pouco deste livro no seu tempo livre todos os dias; e espero que, se você o ler com freqüência, ele mostre-se muito útil a você; do contrário, terei gasto minhas longas horas de má forma.” Eu não estava pensando muito na utilidade ou no prazer dos outros, embora ninguém possa realmente escrever ou criar algo de maneira puramente particular. Contudo, quando a BBC emprega alguém tão importante quanto você para falar publicamente sobre a Trilogia, não sem referência ao autor, o mais modesto (ou, de qualquer forma, o mais reservado) dos homens, cujo instinto é o de ocultar tal conhecimento sobre si próprio conforme o possua, e tais críticas da vida tal como ele a conhece, sob uma vestimenta mítica e lendária, não pode deixar de pensar sobre isso em termos pessoais — e achar interessante, e difícil também, expressar-se tanto breve como precisamente. O Senhor dos Anéis, como uma história, foi terminado há tanto tempo atrás que agora posso ter uma visão amplamente impessoal dele e considerar as “interpretações” bastante divertidas; mesmo aquelas que eu mesmo posso fazer, que em sua maioria são post scriptum: tive pouquíssimas intenções particulares, conscientes e intelectuais em mente em qualquer ponto*. Exceto por algumas críticas deliberadamente depreciativas — tais como a do Vol. II no New States-man², onde nós dois fomos açoitados com termos como “pubescente” e “infantilidade” —, o que os leitores apreciativos apreenderam da obra ou viram nela parece bastante justo, mesmo quando eu não concordo com isso. Excetuando sempre, é claro, quaisquer “interpretações” no modo de simples alegoria: isto é, a particular e tópica. Em um sentido mais amplo, suponho que seja impossível escrever qualquer “história” que não seja alegórica em proporção conforme “ganha vida”, uma vez que cada um de nós é uma alegoria, incorporada em um conto particular e vestido com os trajes do tempo e do lugar, da verdade universal e da vida eterna. De qualquer forma, a maior parte das pessoas que apreciaram O Senhor dos Anéis foi afetada por ele primeiramente como uma história emocionante; e é desse modo que ela foi escrita. Embora, é claro, não se escape da pergunta “ela é sobre o quê?” por essa porta dos fundos. Seria como responder a uma pergunta estética ao falar de uma questão de técnica. Suponho que se alguém fizer uma boa escolha sobre o que é “boa narrativa” (ou “bom teatro”) em um determinado ponto, também será visto ser o caso de que o evento descrito será o mais “significante”. * Pegue os Ents, por exemplo. Não os inventei conscientemente de maneira alguma. O capítulo chamado “Barbárvore”, desde a primeira observação de Barbárvore na p. 66, foi escrito mais ou menos como se encontra, com um efeito sobre mim (exceto pelas dores do trabalho) quase como o de ler a obra de outra pessoa. E gosto dos Ents agora porque eles não parecem ter algo a ver comigo. Suponho que algo estivesse acontecendo no “inconsciente” por algum tempo, e isso esclarece meu sentimento do começo ao fim, especialmente quando empacado, que eu não estava inventando, mas relatando (imperfeitamente) e às vezes tinha de esperar até que o “que realmente havia acontecido” viesse à tona. Mas olhando para trás analiticamente, devo dizer que os Ents são compostos de filologia, literatura e vida. Devem seu nome a eald enta geweorc³ do anglo-saxão e à sua ligação com as pedras. A parte deles na história deve-se, creio eu, ao meu amargo desapontamento e desgosto dos dias de colégio com o pobre uso feito em Shakespeare da chegada da “Grande floresta de Birnam à alta colina de Dunsinane”: eu ansiava por desenvolver uma ambientação na qual as árvores pudessem realmente marchar para a guerra. E nisso inseriu-se uma simples porção de experiência, a diferença da atitude “masculina” e da “feminina” em relação a coisas selvagens, a diferença entre o amor não-dominador e a jardinagem. Para voltar, se eu puder, aos “toques humanos” e à questão de quando eu comecei. É como perguntar ao Homem quando começaram os idiomas. Foi um desenvolvimento inevitável, embora condicionável, do nascimento. Tem estado sempre comigo: a sensibilidade para o padrão lingüístico que me afeta emocionalmente como as cores ou a música; e o amor apaixonado pelas coisas que crescem; e a resposta profunda a lendas (por falta de palavra melhor) que possuem o que eu chamaria de temperamento e temperatura norte-ocidentais. De qualquer forma, se quiser escrever uma história desse tipo, é preciso consultar suas raízes, e um homem do noroeste do Velho Mundo colocará seu coração e a ação de sua história em um mundo imaginário daquela atmosfera e daquela situação: com o Mar Sem Praias de seus inumeráveis ancestrais ao Oeste e as terras intermináveis (das quais os inimigos na maioria das vezes vêm) ao Leste. Além disso, porém, seu coração pode lembrar-se, mesmo se tiver sido isolado de toda a tradição oral, dos rumores ao longo das costas a respeito dos Homens vindos do Mar. Digo isso sobre o “coração”, pois tenho o que alguns podem chamar de um complexo de Atlântida. Possivelmente herdado, embora meus pais tenham morrido jovens demais para que eu soubesse tais coisas sobre eles, e jovens demais para transmitir tais coisas em palavras. Herdado de mim (suponho) apenas por um de meus filhos4, embora eu não soubesse isso sobre meu filho até recentemente, e ele não sabia disso sobre mim. Refiro-me ao terrível sonho recorrente (que começa com a lembrança) da Grande Onda, elevando-se e vindo inevitavelmente sobre as árvores e os campos verdes (Transmiti-o a Faramir). Não acho que eu o tenha tido desde que escrevi a “Queda de Númenor” como a última das lendas da Primeira e Segunda Eras. Sou um habitante das West Midlands pelo sangue (e vi o antigo inglês médio das West Midlands como uma língua conhecida assim que coloquei meus olhos nele), mas talvez um fato da minha história pessoal possa explicar em parte por que a “atmosfera norte-ocidental” me atrai como um “lar” e como algo descoberto. Na verdade, nasci em Bloemfontein e, portanto, aquelas impressões implantadas profundamente, lembranças fundamentais da primeira infância que ainda estão disponíveis de forma pictórica para inspeção são para mim aquelas de um país quente e árido. Minha primeira lembrança de Natal é a de um sol abrasador, de cortinas abertas e de um eucalipto inclinado. Receio que esta carta esteja se tornando um terrível fastio e alongando-se demais, mais longa, de qualquer maneira, do que “esta pessoa desprezível diante de você” merece. No entanto, é difícil parar uma vez estimulado por um tópico tão absorvente como si próprio. Quanto ao condicionamento: estou ciente mormente do condicionamento lingüístico. Fui para o Colégio King Edward’s e passei a maior parte do meu tempo aprendendo latim e grego; mas também aprendi inglês. Não Literatura Inglesa! Com exceção de Shakespeare (que eu cordialmente não gostava), os principais contatos com a poesia eram quando alguém tinha de traduzi-la para o latim. Não é um modo ruim de introdução, ainda que um pouco casual. Quero dizer, a algo da língua inglesa e de sua história. Aprendi anglo-saxão no colégio (e também gótico, mas isso foi um acidente sem muita relação com o currículo, apesar de decisivo — descobri nele não somente a filologia histórica moderna, que recorria ao lado histórico e científico, mas pela primeira vez o estudo de um idioma por puro amor: quero dizer, pelo intenso prazer estético derivado de um idioma por si só, não apenas livre de ser útil, mas livre até mesmo de ser o “veículo de uma literatura”). Há dois ou três elementos. Um fascínio que os nomes galeses exerciam em mim, mesmo que vistos apenas em caminhões de carvão na minha infância, é um deles, embora as pessoas me dessem apenas livros que eram incompreensíveis para uma criança quando eu pedia informações. Não aprendi nada de galês até me tornar um estudante universitário, e encontrei nele uma duradoura satisfação lingüística-estética. O espanhol foi outro: meu guardião era metade espanhol, e no início da minha adolescência eu costumava roubar seus livros para tentar aprender o idioma — o único idioma românico que me dá o prazer em particular do qual estou falando — não é exatamente a mesma coisa que a mera percepção da beleza: percebo a beleza, digamos, do italiano ou, falando nisso, do inglês moderno (que está muito distante do meu gosto pessoal) — é mais como o apetite por um alimento necessário. O mais importante, talvez, depois do gótico, foi a descoberta, na biblioteca da Faculdade Exeter, quando eu deveria estar lendo para o Bacharelado, de uma gramática de finlandês. Foi como descobrir uma adega completa repleta de garrafas de um vinho estupendo de um tipo e sabor jamais provados antes. Em muito me embriagou; e desisti da tentativa de inventar um idioma germânico “não-registrado”, e meu “próprio idioma” — ou uma série de idiomas inventados — tornou-se pesadamente afinlandesado em padrão e estrutura fonéticos. É claro que isso já é passado. O gosto lingüístico muda como tudo mais conforme o tempo passa; ou oscila entre pólos. O latim e o tipo britânico de céltico possuem-no agora, com o belamente coordenado e padronizado (ainda que padronizado de forma simples) anglo-saxão bem próximo e mais além o nórdico antigo com o vizinho, porém alienígena finlandês. Não se poderia dizer britânico-romano? Com uma forte, porém mais recente infusão da Escandinávia e do Báltico. Bem, suponho que tais gostos lingüísticos, com o devido desconto pelo revestimento escolar, sejam testes de ancestralidade tão bons quanto ou melhores do que grupos sangüíneos. Tudo isso apenas como pano de fundo para as histórias, embora os idiomas e os nomes sejam para mim inextricáveis das histórias. Eles são e foram, por assim dizer, uma tentativa de fornecer um pano de fundo ou um mundo no qual minhas expressões de gosto lingüístico pudessem ter uma função. As histórias foram comparativamente tardias no surgimento. Tentei escrever uma história pela primeira vez quando eu tinha cerca de sete anos. Era sobre um dragão. Não me recordo de coisa alguma sobre ela, exceto um fato filológico. Minha mãe nada disse sobre o dragão, mas observou que não se podia dizer “um verde dragão grande”, mas que se devia dizer “um grande dragão verde”. Perguntei-me por que, e ainda o faço. O fato de que me lembro disso possivelmente é significante, já que acho que nunca mais tentei escrever uma história por muitos anos e me ocupei com idiomas. Mencionei o finlandês porque ele deu o pontapé inicial na história. Fui imensamente atraído por algo na atmosfera do Kalevala, mesmo na fraca tradução de [William Forsell] Kirby. Jamais aprendi finlandês bem o suficiente para fazer algo mais do que penar através de um pouco do original, como um aluno com Ovídio, ocupando-me principalmente com seu efeito no “meu idioma”. Contudo, o início do legendário, do qual a Trilogia é parte (a conclusão), foi uma tentativa de reorganizar algumas partes do Kalevala, em especial o conto de Kullervo, o infeliz, em uma forma de minha própria autoria. Isso começou, como eu disse, no período do Bacharelado; quase que desastrosamente, visto que cheguei muito perto de ter minha bolsa de estudos tirada de mim, se não expulso. Digamos de 1912 a 1913. Conforme se desenvolvia, na prática escrevi-a em verso, apesar de a primeira verdadeira história desse mundo imaginário quase totalmente formado conforme aparece agora ter sido escrita em prosa durante a licença por motivo de doença no final de 1916: A Queda de Gondolin, a qual tive a insolência de ler para o Clube de Ensaios da Faculdade Exeter em 19185. Escrevi muito mais em hospitais antes do fim da Primeira Grande Guerra. Prossegui depois de retornar; mas não fui bem-sucedido quando tentei fazer com que alguma parte desse material fosse publicado. O Hobbit originalmente não possuía muita relação, embora ele tenha sido inevitavelmente atraído para a circunferência da construção maior; e, na ocasião, modificado. Ele realmente foi pretendido de modo infeliz, pelo que me consta, como uma “história para crianças”, e como na época eu não possuía senso erudito, e meus filhos não eram velhos o suficiente para me corrigir, ele possui algumas das bobagens de costumes adquiridas irrefletidamente do tipo de material que me servia, tal como Chaucer podia pegar um refrão de menestrel. Arrependo-me profundamente delas. As crianças inteligentes também. Tudo que me lembro sobre o início de O Hobbit é de sentar para corrigir provas para o Certificado Escolar no cansaço interminável daquela tarefa anual imposta sobre acadêmicos sem dinheiro e com filhos. Em uma folha em branco rabisquei: “Numa toca no chão vivia um hobbit.” Não sabia e não sei por quê. Não fiz nada a respeito por um longo tempo, e por alguns anos não fui além da produção do Mapa de Thror. Porém, tornou-se O Hobbit no início dos anos trinta, e foi finalmente publicado não por causa do entusiasmo dos meus próprios filhos (embora tenham gostado o suficiente dele*), mas porque o emprestei para a então Rev. Madre de Cherwell Edge quando ela teve uma gripe, e ele foi visto por uma ex-aluna que naquela época estava no escritório da Allen and Unwin. Ele foi, creio eu, analisado por Rayner Unwin; se não fosse por ele, quando adulto, acho que jamais conseguiria ver a Trilogia publicada. * Não mais, creio, do que The Marvellous Land of Snergs, Wyke-Smith, Ernest Benn 1927. Vendo a data, devo dizer que esse provavelmente foi um livro de fonte inconsciente! para os Hobbits, não de algo mais. Uma vez que O Hobbit foi um sucesso, foi exigida uma continuação; e as distantes Lendas Élficas foram recusadas. O leitor de um editor disse que elas estavam repletas do tipo de beleza celta que enlouquecia os anglo-saxões em uma dose grande. E muito provável que estivesse certo. De qualquer modo, eu mesmo vi o valor dos Hobbits, ao colocar terra debaixo dos pés do “romance” e ao fornecer questões para o “enobrecimento” e heróis mais dignos de elogios do que os profissionais: nolo heroizari é obviamente um começo tão bom para um herói quanto nolo episcopari é para um bispo. Não que eu seja um “democrata” em qualquer um de seus usos correntes; exceto que, suponho, para falar em termos literários, somos todos iguais diante do Grande Autor, qui deposuit potentes de sede et exaltavit humiles6. Ainda assim, eu não estava preparado para escrever uma “continuação”, no sentido de outra história para crianças. Estive pensando sobre “Contos de Fadas” e sua relação com as crianças — alguns dos resultados eu coloquei em uma palestra em St Andrews e eventualmente ampliei e publiqueia-a como um Ensaio (entre aqueles listados na O.U.P. como Essays Presented to Charles Williams e agora permitido de maneira muito vil a ficar esgotado). Como eu havia expressado a opinião de que a ligação no pensamento moderno entre crianças e “contos de fadas” é falsa e acidental, e estraga as histórias em si mesmas e para as crianças, eu queria tentar escrever uma história que não fosse destinada a crianças de modo algum (como tal); eu queria também uma grande tela. Naturalmente muito trabalho esteve envolvido, visto que eu tive de criar um elo com O Hobbit; mas ainda mais com a mitologia do pano de fundo. Esta também teve de ser reescrita. O Senhor dos Anéis é apenas a parte final de uma obra quase duas vezes maior7 na qual trabalhei entre 1936 e 1953. (Eu queria fazer com que tudo fosse publicado na ordem cronológica, mas isso se mostrou impossível.) E foi necessário lidar com os idiomas! Se eu tivesse considerado meu próprio prazer mais do que os estômagos de um possível público, haveria muito mais Élfico no livro. Mas mesmo os fragmentos que lá estão necessitariam, para que tivessem um significado, duas gramáticas e fonologias organizadas e uma grande quantidade de palavras. Teria sido uma grande tarefa sem mais nada; mas tenho sido um administrador e professor moderadamente consciencioso, e troquei de cátedra em 1945 (descartando todas as minhas antigas aulas). E, é claro, durante a Guerra freqüentemente não havia tempo para qualquer coisa racional. Fiquei preso durante muito tempo no final do Livro Três. O Livro Quatro foi escrito como um folhetim e enviado para meu filho que estava servindo na África em 1944. Os dois últimos livros foram escritos entre 1944 e 1948. Isso obviamente não significa que a idéia principal da história foi um produto da guerra. A idéia apareceu em um dos primeiros capítulos ainda em existência (Livro I, 2). Ela é realmente fornecida, e apresentada em formação, desde o início, embora eu não tivesse uma noção consciente do que representava o Necromante (a não ser o mal sempre recorrente) em O Hobbit, nem a sua ligação com o Anel. No entanto, se você quisesse continuar a partir do final de O Hobbit, acredito que o anel seria sua escolha inevitável como o elo. Se então você quisesse uma história grande, o Anel adquiriria na mesma hora uma letra maiúscula, e o Senhor do Escuro apareceria imediatamente. Como ele o fez, sem ser convidado, na lareira em Bolsão tão logo cheguei naquele ponto. Assim, a Busca essencial começou imediatamente. Porém, encontrei várias coisas no caminho que me surpreenderam. Tom Bombadil eu já conhecia; mas eu nunca havia estado em Bri. Passolargo sentado no canto da estalagem foi um choque, e eu não tinha mais idéia de quem ele era do que Frodo. As Minas de Moria tinham sido um simples nome; e sobre Lothlórien notícia alguma havia chegado aos meus ouvidos mortais até que eu lá chegasse. Longe dali eu sabia que havia os Senhores dos Cavalos nos confins de um antigo Reino dos Homens, mas a Floresta de Fangorn foi uma aventura inesperada. Jamais havia ouvido falar da Casa de Eorl nem dos Mordomos de Gondor. O mais inquietante de tudo, Saruman jamais havia se revelado a mim, e fiquei tão perplexo quanto Frodo com o fracasso de Gandalf em aparecer em 22 de setembro. Eu nada sabia sobre os Palantíri, apesar de que, no momento em que a pedra de Orthanc foi arremessada da janela, eu o reconheci e soube o significado da “rima da tradição” que havia estado perambulando na minha mente: sete estrelas, sete pedras e uma árvore branca. Essas rimas e nomes surgirão, mas nem sempre explicam a si mesmos. Ainda tenho de descobrir alguma coisa sobre os gatos da Rainha Berúthiel8. Mas eu sabia mais ou menos tudo sobre Gollum e seu papel, e sobre Sam, e eu sabia que o caminho era guardado por uma Aranha. E se isso tiver algo a ver comigo sendo picado por uma tarântula quando eu era uma criança pequena9, as pessoas podem pensar o que quiserem (supondo o improvável, que alguém esteja interessado). Só posso dizer que não me lembro de nada sobre o fato e não saberia sobre ele se não tivessem me contado; e não tenho aversão a aranhas a ponto de entrar em pânico, e não tenho impulsos para matá-las. Geralmente resgato aquelas que encontro na banheira! Bem, agora estou ficando realmente gárrulo. Espero que você não fique terrivelmente entediado. Também espero vê-lo novamente alguma hora, quando talvez poderemos falar sobre você e seu trabalho e não sobre o meu. De qualquer maneira, seu interesse em mim é um encorajamento considerável. Com os melhores votos. Sinceramente, J. R. R. Tolkien. Notas do organizador:

  1. Auden usou o termo “trilogia” em sua carta; para a aversão de Tolkien à palavra aplicada a O Senhor dos Anéis, vide as cartas n° 149 e 165.
  2. O crítico, Maurice Richardson, escreveu: “É tudo que posso fazer para evitar que eu grite.... ‘Adultos de todas as idades! Unam-se contra a invasão infantil.’ .... O Sr. Auden sempre foi cativado pelo mundo pubescente da saga e da sala de aula. Há passagens em The Orators [“Os Oradores”] que não são diferentes de partes da hobbitice de Tolkien.” (18 de dezembro de 1954)
  3. Do poema anglo-saxão The Wanderer [“O Vagante”], 87: “eald enta geweorc idlu stodon”, “as antigas criações dos gigantes [i.e. construções antigas, erigidas por uma raça anterior] permaneceram desoladas”.
  4. O segundo filho de Tolkien, Michael.
  5. “A Queda de Gondolin” na verdade foi lida para o Clube de Ensaios da Faculdade Exeter não em 1918, mas em 1920, conforme está registrado no livro de atas do clube: “... na quarta-feira, 10 de março, às 8:15 p.m.....o presidente passou para assuntos públicos e chamou o Sr. J. R. R. Tolkien para ler seu ‘Queda de Gondolin’. Como uma descoberta de um novo cenário mitológico, o assunto do Sr. Tolkien foi extraordinariamente esclarecedor e evidenciou-o como um fiel seguidor da tradição, um tratamento sem dúvida à maneira de românticos típicos tais como William Morris, George Macdonald, de Ia Motte Fouqué etc... A batalha das forças opostas do bem e do mal, conforme representada pelos Gongothlim [sic, para Gondothlim, o nome para o povo de Gondolin no “Queda de Gondolin” original; vide Contos Inacabados p. XVII] e pelos seguidores de Melco [sic, para Melko, um nome antigo para Melkor] foi contada de modo muito gráfico e surpreendente.” Entre aqueles na reunião estavam Nevill Coghill e Hugo Dyson.
  6. Latim, “que depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes”; do Magnificat.
  7. Uma afirmação potencialmente equivocada. Enquanto estava escrevendo O Senhor dos Anéis, Tolkien trabalhou na revisão e reescrita de grande parte de O Silmarillion. Por outro lado, O Silmarillion existia antes de 1936, e não pode ser considerado como tendo sido originado entre esse ano e 1953.
  8. “- É mais provável ele encontrar o caminho de casa numa noite cega do que os gatos da Rainha Berúthiel.” (Aragorn sobre Gandalf em O Senhor dos Anéis, Livro II, Capítulo 4.) Vide Contos Inacabados p. 513.
  9. Um episódio da infância de Tolkien em Bloemfontein; vide Biography p. 13.

A lista definitiva das 10 melhores séries de todos os tempos

Outro dia vi uma lista sobre as séries mais importantes de todos os tempos e nela constava "Smallville". Ora, se alguém que considera "Smallville" importante, eu precisava me pronunciar, porque poucas vezes uma série foi tão ruim quanto àquela do "somebody saaave me" [tenho certeza que você cantou isso mentalmente]. Pois bem. Decidi levar em consideração apenas dois critérios: relevância e qualidade de roteiro e de filmagem, sendo esta a razão pela qual o leitor não verá séries como "Friends" aqui [ok, os seis amigos tiveram uma grande influência no mundo dos seriados, porém, convenhamos, todo mundo assiste, mas ninguém leva aquilo a sério]. Sem mais explicações para o momento, vamos lá: Star Trek "Star Trek" foi exibida na década de 1960, em plena corrida espacial, e significou muito para o mundo das séries. A importância da obra de Gene Roddenberry é tão grande que serviu de inspiração para George Lucas criar Star Wars, uma das maiores sagas já vistas no cinema. Além disso, os caras "filmaram" teletransporte em 1966!  Isso só não é mais incrível do que os efeitos de "Além da imaginação", clássico do final da década de 1950. Família Soprano Quem nasceu na década de 1990 e se acostumou às séries dos anos 2000 provavelmente terá dificuldades em ver este clássico. Porém, ele deve figurar em todas as listas de melhores séries, além de ter a melhor abertura já feita. Arquivo X Outro clássico dos anos 1990. Existem inúmeras séries policiais (inúmeras!), mas esta é a única entre as mais bem avaliadas em todos os sites especializados. Não é a toa. Afinal, quem não viu "Arquivo X" não sabe o que é tensão. House of Cards Nenhuma série sobre política merece tanto espaço quanto "House of Cards". E não só pela genial atuação Kevin Spacey como Frank Underwood, mas pela belíssima fotografia, pela fantástica trilha sonora e, sobretudo, pela indiscutível qualidade do roteiro. Sim, a série vale todos os adjetivos. O que pouca gente sabe é que a série, embora seja um produto "original Netflix", não é original, ao pé da letra, mas uma releitura da série da BBC de mesmo nome lançada na década de 1990. A "House of Cards" da BBC foi exibida em três temporadas de quatro episódios cada e mostrava as tramas de Francis Urquhart (Ian Richardson) para alcançar o cargo de primeiro-ministro da Grã-Bretanha, no lugar de Margaret Thatcher. Sim, a história é a mesma, só que na Inglaterra. The Leftovers Essa produção da HBO não é uma série policial, embora tenha um policial como protagonista; não é uma série religiosa, embora tenha o arrebatamento como tema principal; não é uma série sobrenatural, embora conte sempre acontecimentos nada naturais. A série caminha para a quarta temporada e quem acompanha entendeu pouco do que já ocorreu, mas continua ali, curioso. Esse é o mérito da série. "The Leftovers" é provavelmente a série mais humana que você irá assistir. Tão humana que embrulha o estômago. É por isso que ela está aqui. Sherlock Esta produção da BBC segue a genialidade e a sociopatia de seu próprio personagem principal, fantasticamente vivido por Benedict Cumberbatch. Na verdade, ninguém poderia encarnar a versão mais antipática de Sherlock Holmes e ainda conseguir cativar seu público. Não bastasse, ainda vemos Martin Freeman encarnando a, provavelmente, melhor versão de Watson já filmada; ele e Cumberbatc são uma boa dupla. A série, que está na quarta temporada e segue o padrão da BBC de poucos episódios (três temporadas de três e uma de quatro), embora longos (média de 60 minutos), é um primor e vale as horas dispensadas. Game of Thrones Não, Game of Thrones (GoT) não é superestimada. A série é excelente: bem filmada, bom roteiro, linda fotografia, trilha sonora impecável e repleta de bons atores. Com GoT, a HBO elevou (e muito) o nível de produção de seriados — basta ver o que andam fazendo com "Westworld", que é muito boa, mas ainda não chegou lá. A verdade é que o mundo contemporâneo das séries é um antes de GoT e outro completamente diferente depois dele. Breaking Bad Confesso que não assisti, mas li tanto a respeito na época do último episódio, que vale a pena colocar aqui. Afinal, são raras as séries de grande abrangência cujo final agrada à maioria absoluta dos fãs. * As duas últimas séries da lista são revelações, pois nem só de "velharia" viverão os “binge-watchers”. Bem, estas duas são séries de apenas uma temporada e, se você ainda não viu, veja. The People vs. O.J. Simpson Genial. Essa é a palavra para definir "The People vs. O.J. Simpson". O caso do jogador de futebol americano acusado de assassinar a ex-esposa marca a primeira temporada de American Crime Story, produzida pela FX. A história é fantástica, mas a forma como Ryan Murphy, Anthony Hemingway e John Singleton a filmaram é de tirar o fôlego. Não à toa, a série ganhou tudo no Emmy 2016. Sem contar que o elenco é sensacional: Cuba Gooding Jr., Sarah Paulson, John Travolta, Courtney B. Vance, Sterling K. Brown e David Schwimmer (sim, ele consegue fazer outro papel que não seja o eterno Ross, de "Friends". Aliás, ele está muito bem na série, vivendo Robert, o pai da então desconhecida família Kardashian). 11.22.63 O leitor com certeza conhece o streaming Netflix. E o Hulu? Não? É quase a mesma coisa. A única diferença é que o Hulu nasceu da junção de duas grandes cadeias televisivas dos EUA, a Fox e a NBC Universal, na tentativa de lucrar com o advento dos streamings. Bem, a nota de abertura foi só para dizer que é este streaming que produz "11.22.63", série do diretor J.J. Abrams (conhecido por "Lost". Nada a ver, amigos. Nada a ver). A série de uma só temporada trata do assassinato de J.F. Kennedy, ocorrido na data que dá título à série, e ainda reúne viagem no tempo e uma trama bem feita e magistralmente filmada. Merece lugar aqui. Bônus: Os Simpsons Diga a verdade: nada supera "Os Simpsons".

Se deus está nos detalhes, quando se trata de planejamento urbano, é preciso enxergar o panteão inteiro

Goiânia não pode ser gerida com um pensamento voltado para o interno, pois uma metrópole não é uma cidade, mas cidades

“Crime e Castigo” é um dos livros mais lidos em presídios de segurança máxima

Seria catarse? Não importa, pois quem lê Dostoiévski está sempre em boa companhia [caption id="attachment_13953" align="alignleft" width="300"] Fiódor Dostoiévski: retratista da alma humana[/caption] "Crime e Castigo" é um dos melhores livros já escritos na história da literatura; é, sem dúvida, uma obra brilhante de Dostoiévski, que com uma narrativa única passa por vários temas, da angústia à filosofia da ideia pelo homem e não do homem pela ideia. Porém, a história de Raskólnikov, que mata para provar uma ideia, é sobretudo sobre redenção, que no romance é representada por Sônia, a jovem prostituta a quem Raskólnikov passa a amar. A verdade é que "Crime e Castigo" é um retrato da alma humana. Não à toa, a obra de Dostoiévski é lida e relida desde o fim do século 19, quando foi publicada, sem nunca deixar de ser atual — e provavelmente nunca deixará, pois é este o grande mérito das obras brilhantes. E é por isso que não estranha o fato de "Crime e Castigo" estar entre os livros mais lidos por presos brasileiros que buscam abatimento de pena. O levantamento foi feito pelo Ministério da Justiça nas penitenciárias de segurança máxima e mostra também livros como "Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago, e "Através do Espelho", de Jostein Gaarder.  O ranking faz parte da "fiscalização" do Projeto Remição pela Leitura, que permite ao presidiário o abatimento de quatro dias de sua pena pela leitura de um livro, benefício alcançado com uma resenha escrita pelo preso. Contudo, infelizmente, o detento não é livre para ler quantos livros quiser. Cada preso só pode participar do projeto até 12 vezes no ano, o que representa 48 dias a menos na prisão. Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, informa em sua coluna que, desde 2010, foram produzidas 6.004 resenhas nas penitenciárias de Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte e Rondônia. Agora, por que escolher "Crime e Castigo"? Bem, podemos sempre falar também em catarse, não é mesmo? Mas isso não importa, na verdade. O importante é que, ao contrário de Raskólnikov, que tinha muita leitura, mas lia mal, os detentos que o escolherem estarão lendo bem. Ao menos, assim se espera.

“A hora da estrela”, livro mais conhecido de Clarice Lispector, ganha edição especial de 40 anos

Livro que já foi publicado em 27 países terá nova edição pela Rocco lançada em maio Em 2017, “A hora da estrela”, último livro de Clarice Lispector, completa 40 anos e deve ganhar edição especial pela Rocco.  As informações são de "O Globo". Uma das grandes reclamações dos admiradores de Clarice é que a Rocco até hoje não publicou uma edição decente do livro, que é o mais conhecido da escritora. Agora, esta promete ser uma boa edição, pois terá capa dura, sobrecapa e seis textos críticos assinados por nomes como a professora da USP Nadia Gotlib, o escritor e crítico Eduardo Portella, o crítico e escritor irlandês Colm Tóibín, e a crítica e poetisa francesa Hélène Cixous. Além disso, a edição deverá ter ainda um caderno extra com reproduções em fac-símile do manuscrito original do livro e dos últimos bilhetes escritos por Clarice.

Desenvolvimento do Entorno interessa a Goiás, ao Distrito Federal e ao Brasil. Mas faltam ações

Dependência histórica que o Entorno tem de Brasília só acabará se a região for industrializada e, para que isso ocorra, um trabalho conjunto se faz necessário