Por Euler de França Belém

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Armando Vergílio diz que não está na hora de definir alianças porque a Reforma Política muda tudo

armando_vergilio44 O presidente do Solidariedade, Armando Vergílio, disse ao Jornal Opção na quinta-feira, 30, que conversou com o possível candidato a prefeito de Goiânia pelo PMDB, Iris Rezende. “Falamos de política, porém muito mais de amenidades. Nós dois sabemos que não está na hora definir alianças e ‘fechar’ acordos”, frisou. “É preciso cautela. Porque a Reforma Política pode mudar radicalmente o quadro. Deve cair a coligação proporcional, o voto distrital pode ser implantado e deve ocorrer a fusão de pelo menos seis partidos. PSB e PPS confirmaram a fusão e PTB e DEM estão entrando em acordo”, anota Armando. “Nós estamos organizando o Solidariedade no Estado.” Aos afoitos, Armando recomenda prudência. Armando destaca que Lucas Vergílio, de 27 anos — o deputado federal mais jovem da história de Goiás —, é o principal operador da organização do Solidariedade nos municípios goianos. “Nós queremos lançar candidatos a prefeito em várias cidades, como Anápolis. Neste município, o partido deve bancar a candidatura do deputado estadual Carlos Antônio, um campeão de popularidade.” Sobre as fusões partidárias, Armando nota que alguns políticos e mesmo jornalistas não estão percebendo o que significam do ponto de vista de adesões. “A fusão só abre ‘janela’ de saída, mas não de entrada. Por exemplo: a senadora Lúcia Vânia, se quiser filiar-se ao partido originário da fusão entre PPS e PSB, pode enfrentar problemas na Justiça Eleitoral. Porém, se seu sobrinho, o deputado federal Marcos Abrão, quiser sair do PPS, por discordar da fusão, não sofrerá nenhuma penalização.” Sobre a consulta de Lúcia Vânia ao Tribunal Superior Eleitoral, Armando pondera: “A consulta só pode ser feita em tese, e não citando um caso específico, como o da senadora. Porque se deixar o PSDB, e sofrer uma ação por parte do partido, na tentativa de retomar-lhe o mandato, a Justiça terá de julgá-la. Se deu-lhe um parecer favorável, como poderá avaliar sua decisão de sair do partido?”.

Deputado Lucas Calil apresenta projeto que isenta ICMS de pequeno produtor

Projeto apresentado pelo de­putado Lucas Calil (PSL) propõe alteração na Lei n° 13.453, que autoriza a concessão de crédito outorgado e redução da base de cálculo do ICMS para o pequeno e médio produtor rural na aquisição de gerador de energia elétrica. O objetivo é estimular o setor leiteiro de Goiás, sobretudo pequenos e médios produtores, que não têm os mesmos mecanismos de defesa da concorrência dos grandes. “Em um mercado cada vez mais competitivo, o pequeno produtor experimenta situação de grande dificuldade: o alto custo para produzir e baixo preço de venda.” Calil busca assegurar a oferta de energia elétrica e reduzir os custos de produção do pe­queno produtor.

Tucanato aposta que Dilma Rousseff vai sangrar até 2018. Mas e se melhorar a imagem?

Tese de um cientista político: “O tucanato acredita que, após o mensalão, o então presidente Lula da Silva iria sangrar até a próxima eleição. O petista, ancorado nos programas sociais e no sucesso da economia, recuperou-se e foi reeleito”. “Agora”, complementa o cientista político, “o tucanato quer que a presidente Dilma Rousseff sangre até 2018. Porém, com três anos e oito meses pela frente e apesar do petrolão, é provável que a petista-chefe recupere parte de sua imagem”. Noutras palavras, se o PT recuperar a imagem, ainda que parcialmente — o que, se é difícil, não é impossível —, Lula da Silva se torna o candidato favorito para a disputa de 2018. O problema é que começam a crescer as denúncias contra Lula.

Ex-senador Luiz Estevão planeja comprar o Correio Braziliense

Comenta-se, em blogs de Brasília, que o milionário Luiz Estevão estaria se preparando para comprar o “Correio Braziliense”. Resta saber se os Diários Associados querem vender sua galinha de ovos de ouro. Luiz Estevão já está atuando forte no rádio de Brasília, contratando jornalistas de peso, como Mino Pedrosa.

Governo retoma duplicação da GO-070 e obra pode ser concluída em 60 dias, diz deputado Jean Carlo

[caption id="attachment_34420" align="aligncenter" width="620"]Deputado Jean garante duplicação entre Itauçu e Itaberaí | Foto: Marcos Kennedy / Alego Deputado Jean garante duplicação entre Itauçu e Itaberaí | Foto: Marcos Kennedy / Alego[/caption] O deputado Jean Carlo esteve na Agetop, com o presidente Jayme Rincón e o diretor Marcos Musse, e recebeu a informação de que homens e máquinas já voltaram a trabalhar na duplicação da GO-070, entre Itauçu e Itaberaí. “As obras foram paralisadas devido ao período chuvoso”, afirma o parlamentar do PHS. “Em 60 dias, a obra estará concluída, possivelmente.”

Heuler Cruvinel e Baldy, cada vez mais próximos, almoçaram com o ministro Gilberto Kassab

Os deputados federais Alexandre Baldy e Heuler Cruvinel, o primeiro do PSDB e o segundo do PSD, estão cada vez mais próximos em Brasília. Recentemente, os dois almoçaram com o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD.

O PSD de Vilmar Rocha está de olho gordíssimo no passe de Alexandre Baldy

O PSD de Vilmar Rocha está de “olho grande” no passe de Alexandre Baldy. Mas resta saber que se o deputado federal tem vontade de deixar o PSDB. Tudo indica que não tem.

Funcionalismo diz que governo mudou regra do jogo. Isto não suprime o fato de que é caro pra sociedade

É fato que o governo de Marconi Perillo (PSDB), ao pagar o salário em duas parcelas, a primeira dentro do mês e a segunda até o quinto dia útil, não está pagando com atraso, porque, se fosse assim, todas as empresas goianas e brasileiras estariam quitando os pagamentos de seus funcionários em atraso. Mas procede que está mudando a regra do jogo. Durante dezesseis anos, infalivelmente, pagou-se dentro do mês. O que se prova mesmo é o quanto a estrutura estatal é cara para a sociedade. Cerca de 150 mil funcionários públicos ficam com cerca de 60% da arrecadação do governo de Goiás. Como há uma dívida gigante, além das despesas de custeio da máquina, sobra quase nada para o governo investir em benefício da sociedade. Pode-se culpar os funcionários públicos pelo inchaço da máquina? Não, porque eles não se colocaram no interior do governo; foram levados para lá por vários políticos, governadores ou não, durante anos.

Gomide pode disputar mandato de senador em 2018. Mas PT pode pressioná-lo a ser candidato a governador

O ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide, do PT, deve ser candidato a senador em 2018. Por dois motivos. Primeiro, embora cotado para disputar o governo, deve abrir espaço para outro nome do partido. Mas possivelmente será pressionado para disputar o Ex­ecutivo. Segundo, como estarão em disputa duas vagas no Senado — a de Lúcia Vânia (PSDB) e a de Wilder Morais (DEM) —, aposta-se, no meio petista, que Gomide terá chance de ser eleito.

Ministério Público Federal dá parecer favorável ao procedimento de registro do PL de Cleovan Siqueira

O Ministério Público Federal deu parecer favorável ao procedimento de registro do Partido Liberal (PL). O MPF concluiu que o direito é igual para todos os partidos. Noutras palavras, o pedido de impugnação do PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros e do DEM de Ronaldo Caiado não está surtindo efeito. Cleovan Siqueira diz que o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, continua apoiando a organização do PL.

Secretária da Fazenda aposta que, com ajustes firmes, Goiás voltará a investir, e com recursos próprios

[caption id="attachment_29608" align="aligncenter" width="620"]Ana Carla Abrão, secretária da Fazenda, aposta que o governo terá menos dívidas e mais dinheiro no caixa | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção Ana Carla Abrão, secretária da Fazenda, aposta que o governo terá menos dívidas e mais dinheiro no caixa | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption] O objetivo do governador Marconi Perillo é que o Estado de Goiás se torne relativamente autossuficiente. Noutras palavras, que retome a sua capacidade de investimentos, mas com recursos próprios, não apenas com base em financiamentos do governo federal ou do exterior. Na semana passada, um auxiliar de proa do governo tucano disse que a secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão Costa — que mantém uma linha direta com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy —, sempre afiança que tem sido rigorosa em termos conjunturais, com um ajuste firme nas contas do Estado, para melhorar, no médio e longo prazo, a estrutura do Estado. Assim, tem sugerido que se acredite no trabalho que está fazendo, porque, adiante, todos — inclusive os funcionários públicos — vão agradecê-la pelo trabalho nada simpático que está fazendo agora. Aposta-se que, a partir de 2016, o governo de Goiás, com as contas ajustadas, voltará a fazer investimentos pesados na economia, na expansão da infraestrutura, e, o que é mais relevante, com recursos do própria caixa.

Ronaldo Caiado e José Eliton se configuram como grandes players para a disputa do governo em 2018

[caption id="attachment_34339" align="aligncenter" width="620"]Ronaldo Caiado e José Eliton: na prática, os dois estão se dizendo — somos os adversários de 2018 | Fotos: Jota Eurípedes / Pedro França / Agência Senado Ronaldo Caiado e José Eliton: na prática, os dois estão se dizendo — somos os adversários de 2018 | Fotos: Jota Eurípedes / Pedro França / Agência Senado[/caption] Por ser menos experiente do que o senador Ronaldo Caiado, o vice-governador de Goiás e secretário de Desenvolvimento, José Eliton (PP), passa a impressão de que é um player menor. Pode até ser. Mas o fato é que está articulando com o máximo de desenvoltura e tem incomodado o senador do DEM. As reclamações do líder democrata, sugerindo que o vice-governador estaria cooptando seus aliados, sugerem duas coisas. Primeiro, Caiado está reclamando porque José Eliton está fazendo política, ou seja buscando o próprio fortalecimento e o consequente esvaziamento do adversário. Não há nada de ilegal e mesmo ilegítimo nisto. Segundo, o vice teria “culpa” se aliados de Caiado querem ser cooptados? José Eliton está estruturando uma base partidária para que ser candidato a governador com apoio o mais amplo possível. Mostra inteligência e capacidade de articulação. Assim como Caiado está buscando novos aliados, sobretudo no PMDB, José Eliton está fazendo o seu trabalho. Na prática, os dois estão se dizendo: somos os adversários de 2018.

Se o Pop tivesse insistido, serial killer poderia ter revelado ser leitor de livros sobre assassinato

O TALENTOSO RIPLEY Arthur de Lucca, aficionado por questões gráficas, frisa que, na entrevista do serial killer Tiago Henrique Gomes da Rocha ao jornal “O Popular”, sobraram espaços e faltou diagramador. “Pelo menos uma resposta está colada numa pergunta”. Carlos Wilson amplia: “Há uma pergunta que poderia ter obtido, quem sabe, uma resposta sensacional, ‘Você gosta de ler?’, se a repórter Rosana Melo tivesse insistido. O serial killer diz: ‘Gosto muito de ler, principalmente livros. Não gosto muito de jornais e revistas’ [sobretudo os atuais, poderia ter acrescentando]. A repórter deveria ter perguntado: quais os livros que o sr. mais apreciou? A resposta seria muito importante, pois possivelmente Tiago Henrique é leitor de romances policiais, sobretudo de histórias de assassinato”. Arthur de Lucca concorda: “Tiago Henrique tem cara e modos de leitor de livros de Patricia Highsmith”. Carlos Wilson discorda: “Ele é mais parecido com personagens de P. D. James, de Dashiell Hammett e Raymond Chandler”. Um jornalista diverge dos dois: “Tiago Henrique parece muito mais saído de um livro de Ilana Casoy sobre assassinos em série”.

Virmondes Cruvinel, deputado do PSD, participa de evento da CNI para pequenas empresas

O deputado estadual Virmondes Cruvinel (PSD) representou o Legislativo de Goiás no 2º Seminário Pense nas Pequenas Primeiro: Políticas de Fomento às Micro e Pequenas Empresas. O evento aconteceu nesta quarta-feira, 29, no auditório da sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. Entre os temas do seminário, a revisão do Simples Nacional e orientações sobre os sistemas de compras governamentais. “Também participei de uma palestra sobre um dos temas mais importantes para as pequenas empresas, que é o das políticas de redução de riscos de falência e de recuperação judicial”,  conta Virmondes (na foto, no centro). Dada a natureza do Legislativo, cuja atuação tende a ser pulverizada, é preciso eleger bandeiras claras e ter identidade com elas para se destacar. E o jovem deputado do PSD tem conseguido. Além de liderar a Frente Parlamentar da Pequena Empresa, Virmondes circula com desenvoltura a respeito de temas importantes, como educação, cultura e qualidade de vida nas cidades.

Galvão Bueno diz, em livro, que Ayrton Senna foi o melhor piloto da história da Fórmula 1

[caption id="attachment_34297" align="alignright" width="250"]“Fala, Galvão!” conta boas histórias mas reserva apenas 16 linhas para Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. ‘Nunca foi um homem de futebol’ “Fala, Galvão!” conta boas histórias mas reserva apenas 16 linhas para Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. ‘Nunca foi um homem de futebol’[/caption] "Fala, Galvão!" (Globo Livros), de Galvão Bueno e Ingo Ostrovsky, são as memórias seletivas — quase hagiográficas — de um narrador esportivo que avalia que o mundo é galvaocêntrico (chega a se tratar na terceira pessoa, como se fosse Pelé). A impressão que se tem é que o jornalista da TV Globo (salário superior ao de William Bonner; é dono de vinícolas no Brasil e no exterior, cria gado) quer ficar bem com todo mundo — até com o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, antes tido como desafeto. A amizade muito próxima com jogadores de futebol e pilotos de automobilismo às vezes trava a percepção crítica, o julgamento equilibrado. Os amigos e colegas são apontados como “espetaculares”. Descontados os elogios exagerados e os erros de revisão, há boas histórias, sobretudo dos bastidores da Fórmula 1. O mais incensado dos pilotos, e com razão, é Ayrton Senna (1960-1994), apontado como o maior da história. Aos 22 anos, ao ganhar uma corrida da Fórmula Ford 2000, Ayrton Senna aproximou-se e, chamando o narrador de “seu Galvão”, disse: “Eu vou chegar à Fórmula 1 e o sr. ainda vai narrar muita corrida minha”. Ayrton Senna — ou “Ayyyyyyrton Senna do Brasiiiiil”, na narrativa das provas para a Globo — ganha 28 das 311 páginas do livro. Nenhum outro piloto ganha tanto espaço. O piloto era uma fonte privilegiada para Galvão Bueno. Numa cor­rida, nos Estados Unidos, ante a informação de que “os carros da Williams eram mais rápidos” do que os da McLaren, Ayrton Senna cantou a pedra para o narrador: “Tive a in­formação de que o carro deles é muito rápido, mas o câmbio não vai aguentar, não deve passar de 15 voltas”. O funcionário da Globo deu a notícia e, de fato, “o câmbio da Williams de [Nigel] Mansell” quebrou. No início de sua vida como piloto, Ayrton Senna estava sob pressão de seu pai, Milton Teodor Guirado da Silva. Miltão queria que o jovem “abandonasse o automobilismo”. O piloto insistiu e um sócio do pai, Armando Botelho, passou a se responsabilizar por ele. Na Fórmula 3, em 1983, Ayrton Senna disputou 20 corridas e “ganhou 12 — nove consecutivas”. Um jornal inglês passou a chamar o autódromo de Silverstone de “Silvastone”. “Nesse ano, transmiti [com comentários de Reginaldo Leme] sua primeira corrida. Foi a única vez em sua história que a TV Globo transmitiu uma corrida de Fórmula 3. Todo mundo já percebia que ali existia um fenômeno.” Mas o futuro “rei” ainda era um plebeu que morava “numa casinha alugada e tinha um Alfa Romeo usado”. Quando recebeu uma multa, por ter estacionado em local indevido, Galvão Bueno teve de pagá-la. Seu prato preferido era espaguete. Em 1984, Galvão Bueno o reencontra “correndo pela Tole­man”, quase uma carroça perto das outras escuderias. “Ele me vendeu a certeza de que chegaria lá. E eu comprei.” Era um jovem “reservado”. Porém, como piloto, era de “uma segurança enorme e uma cobrança de si mesmo absurda, quase desumana”. Numa corrida de 1984, na África do Sul, Ayrton Senna marcou seu primeiro ponto e saiu “tão exausto que não conseguia nem andar”. “Reginaldo e eu o ajudamos a chegar ao motor house. E lá, trocamos a roupa dele. Ele estava entrevado de tanto esforço físico e tinha espasmos musculares. Ali, ele entendeu que a Fórmula 1 não era só talento. Fórmula 1 era talento, força mental e condicionamento físico. Foi a partir daí que Ayrton começou a trabalhar com Nuno Cobra e virou um atleta excepcional. Força mental ninguém nunca teve igual a ele. Ele destruía os adversários na mente. E no talento, nem se fala.” O narrador não explica o que quer dizer, exatamente, com “destruía os adversários na mente”. [caption id="attachment_34299" align="alignright" width="620"]sena_moto Ayrton Senna e Galvão Bueno: os dois se tornaram amigos íntimos e o narrador da TV Globo conseguia informações exclusivas com frequência[/caption] Em Mônaco, ainda na Toleman, quase ganhou sua primeira corrida. “A ultrapassagem em cima de Niki Lauda foi histórica. Ele estava em segundo, chegando em Prost, mais duas voltas e assumiria a ponta. As palavras que mais se ouviam nas cabines internacionais de TV vizinhas à nossa para descrever o que Senna estava fazendo eram ‘incredible’, ‘incroyable’ e ‘inacreditável’”. Porém, devido ao temporal, o diretor encerrou a prova. O brasileiro ficou, alegre, em segundo. Alex Hawkridge, Ayrton Senna e Galvão Bueno foram ao Cassino de Monte Carlo, mas Ayrton Senna, de jogging, foi barrado e teve de pegar um paletó emprestado. Em 1985, na Lotus, Ayrton Senna conquistou sua primeira vitória, sob forte chuva, no Grande Prêmio de Portugal. No mesmo ano, ganhou em Spa-Francor­champs, na Bélgica (adorava correr em Spa e Mônaco). O piloto comprou uma Mercedes 190, “o carro mais barato da Mercedes”, e, deliciado, dizia: “Paguei minha Mercedes hoje, paguei minha Mercedes!”

Primeiro título

Em 1988, pela McLaren, Ayrton Senna ganha seu primeiro título. Derrotou Prost. “Para mim, o campeonato mais marcante de todos foi esse. Ayrton foi o melhor piloto que já conheci.” O “maior piloto de todos os tempos”. Ao narrar uma corrida no qual ele vencera com certa dificuldade, Galvão disse: Ayrton Senna “é um homem que vive, que acorda, que almoça, que janta e que dorme Fórmula 1 e a sua profissão”. Reservado na maioria das vezes, Ayrton Senna se transformava na presença de amigos mais íntimos. Era brincalhão. “Íamos sair para jantar e Ayrton bateu na porta do meu quarto. Quando abri, ele jogou um balde de água em mim. Ainda todo molhado, eu só pensava no troco.” Certa feita, o piloto estava com uma namorada, “importada” do Brasil, de nome Edileine, e Galvão Bueno queria devolver o balde de água. Pediu para Reginaldo Leme chamá-lo e ficou escondido. “Vou abrir, espera um pouco”, disse Ayrton Senna. “A porta abriu, eu mandei a água. Só que era ela. Toda arrumada para jantar, maquiada, pintada, chique pra caramba. Um vexame! E ele morrendo de rir atrás da moça.” Nos anos 1980, em Miami, Ayr­ton Senna pôs “três cadeados no passador de cinto” da calça de Galvão Bueno. “Como é que eu ia tirar o cadeado se não tinha a chave? Tive que embarcar com os três cadeados. O americano não queria me deixar embarcar. E Ayrton dizia: ‘Não deixa ele embarcar, não, ele é louco’. (...) Eu quase não consigo embarcar.” No Grande Prêmio de Mônaco, em 1988, Ayrton Senna “estava 52 segundos à frente de Prost”, mas “bateu na curva da entrada do túnel”. Galvão Bueno indagou-lhe: “Como é que bateu daquele jeito?” Ayrton, irritado, disse: “Pra você eu vou contar. Eu queria botar uma volta no Prost, uma volta no baixinho”. “Os dois corriam pela McLaren e seria diabólico meter uma volta no companheiro de equipe. Olha só a cabeça do Senna.” O piloto queria que Galvão Bueno explicasse isso aos jornalistas. Acabou sobrando para Reginaldo Leme. Em 1993, Galvão Bueno perguntou: “Hoje você sofre mais do que se diverte, sofre muito, né?” Vitorioso, sempre na ponta, Ayrton Senna respondeu: “É uma pressão enorme ganhar todas as corridas”. O narrador ponderou: “Você tem que ser feliz. Você tem que se co­brar menos”. O piloto replicou: “Não consigo, Galvão”. “Ele era mais que ídolo, era um herói brasileiro. Ele era o brasileiro que deu certo, vindo de um país onde tudo dava errado. Ele era o Brasil que dava certo.” No GP da Europa em Donin­gton Park, naquele ano, Ayrton Senna teve como principal rival o francês Alain Prost. “Talvez tenha sido a melhor corrida que ele fez na vida. Ganhou de Prost [debaixo de chuva] — e também de Damon Hill — no braço e na estratégia. Fez as apostas certas de pneus naquela maluquice de chuva, sol, chuva, sol, ao contrário de Prost. Ayrton trocou de pneus quatro vezes; Prost, sete.” Na transmissão para a TV Globo, Galvão Bueno extrapolou: o piloto “não era desse planeta, era um extraterrestre”. Num determinado momento, disputando a ponta com Prost, Ayrton Senna “entrou pelos boxes de Donington e a equipe McLaren não estava pronta para o pit stop. Ele passou como um louco e foi embora”. Galvão Bueno disse: “Que erro absurdo!” Mais tarde, Ayrton Senna explicou-se para o amigo: “Eu quis fazer um teste e avisei para os caras: vou passar por dentro dos boxes e vocês me dão a cronometragem, porque se o Prost estiver na minha frente, eu passo ele por dentro dos boxes”. Era “pura estratégia”, frisa o narrador. “Naquela época não existia limite de velocidade nos boxes. Ayrton tinha domínio total da corrida, sabia de cada detalhe do que acontecia na pista, era inacreditável”. Prost e Ayrton Senna eram ad­ver­­sários ferrenhos. “As voltas de clas­sificação” de Ayrton Senna “são ines­quecíveis. Ele ficava dentro do car­ro, ele e Prost, um olhando para o ou­tro, para ver quem saía por último. E Prost saía antes. Ele vinha depois, fa­zia a pole position no último se­gundo. Era cruel com os adversários, mas o mundo da Fórmula 1 é assim. (...) O cara para ser campeão de automobilismo não pode ser bonzinho”. Ayrton Senna e Prost se respeitavam da mesma maneira que se odiavam nas pistas. “Ayrton era mais rápido, arrojado. Prost era mais frio, calculista. “Na largada do GP do Japão”, em 1990, “Ayrton, de McLaren, literalmente bateu de propósito na primeira curva na Ferrari de Prost. Os dois saíram da corrida. O campeonato foi decidido na primeira curva de Suzuka: bicampeonato de Ayrton. Eu me lembro de ter perguntado depois: ‘Pô, o que você fez? Fechou os olhos?’ Aí ele, cinicamente, falou: ‘Não, Papagaio, eu errei os pedais. Fui pisar no freio, pisei no acelerador’. E saiu dando risada”. Prost já o havia atingido, em 1989. De um profissionalismo que atormentava os mecânicos, Ayrton Senna “era sempre o último piloto a sair do autódromo. Era um perfeccionista, lia a telemetria de cabo a rabo. Quantas vezes nós jantávamos, ele com aqueles papéis de telemetria na mão, e eu dizendo: ‘O que você está fazendo? ‘Tô vendo as minhas curvas de potência... aqui, ó... tá vendo aqui? Aqui eu vou passar o Prost se ele estiver na minha frente’”. “Cruel consigo mesmo”, Ayrton Senna “se cobrava num nível próximo ao da loucura. Exigia perfeição a cada instante, e por isso foi o piloto que foi”, diz Galvão Bueno. Na Itália, em 1994, Ayrton Senna e outros pilotos estavam muito preocupados com a segurança. Havia um “boato de que Ayrton não correria em protesto pela falta de segurança”. Por isso Frank Williams perguntou para Galvão Bueno: “Você, que o conhece bem, acha que ele vai correr amanhã?” O narrador contrapôs: “Frank, eu achei que você o conhecesse melhor. Não é só correr. Ele vai correr e ganhar a corrida”. O chefão da Williams aquiesceu: “É, também penso assim, mas queria mais uma opinião”. Em Jerez de La Frontera, Galvão Bueno quis saber: “Para você, o que é uma Ferrari?” Ayrton Senna respondeu: “A Ferrari é uma cor, um ronco de motor, um estilo de vida, um carro campeão”. Mesmo sabendo que a Ferrari não estava bem, o narrador sugeriu que aceitasse ser piloto da escuderia italiana. O piloto não quis: “Eu não posso, porque eu já não sou campeão há dois anos [tinha sido em 1991]. Eu não posso ficar mais um ano sem ser campeão. (...) Eu vou para a Williams, vou ganhar o campeonato, vou correr lá dois anos, quero ganhar dois campeonatos para igualar o Fangio, e depois eu vou para a Ferrari. Aí encerro a minha carreira na Ferrari”. No meio do caminho, diria Carlos Drummond de Andrade, tinha uma curva. Em 1994.