Por Euler de França Belém

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Presidente do PRB diz que mantém as portas abertas para o deputado Sandes Júnior

Ricardo Quirino 1 O presidente do PRB de Goiás, Ricardo Quirino, manteve uma longa conversa com o deputado federal Sandes Júnior na quinta-feira, 21. “Sandes descartou, ao menos no momento, qualquer possibilidade de se filiar ao nosso partido. Ele me disse que será candidato a prefeito de Goiânia pelo PP.” Ricardo Quirino disse que o PRB mantém as portas abertas para o deputado federal — que está mesmo insatisfeito com o PP, ou com setores do partido (na eleição passada, ficou como suplente por falta de suporte partidário). O PRB, segundo Ricardo Quirino, vai conversar com os pré-candidatos a prefeito em Aparecida de Goiânia. “Lá, nós temos o vereador Cláudio Nascimento. Ele vai à reeleição. Hoje, estamos na base do prefeito Maguito Vilela e é possível que o partido apoie o seu candidato a prefeito.” Mas o líder partidário frisa que “o quadro permanece indefinido”. Em Anápolis, cidade que tem o terceiro maior eleitorado do Estado, o PRB não tem vereador. Mas quer ampliar sua força política local. “Nós estamos conversando, como é típico da democracia, com o prefeito João Gomes e com os outros pré-candidatos. Estamos totalmente abertos ao diálogo.” Em Rio Verde, frisa Ricardo Quirino, “o PRB vai apoiar o candidato do PSD, Heuler Cruvinel”. Ele afirma que o PRB sairá mais forte das eleições municipais. Inquirido se avalia que Iris Rezende será candidato, Ricardo Quirino diz que ainda não se sabe qual será a conduta precisa do líder do PMDB. “Como é conhecido, pode declarar-se candidato em cima da hora. E há uma expectativa de que será candidato, tanto entre os peemedebistas quanto em parte da oposição.” Sobre o delegado Waldir Soares: “Ele sempre deu declarações fortes de que seria candidato”.

Livros de Elio Gaspari, Svetlana Alexievich, Elena Ferrante e Raul Hilberg: grandes lançamentos de 2016

[caption id="attachment_57078" align="alignright" width="620"]Raul Hilberg, Carlos Lacerda e Svetlana Alexievich: as grandes apostas das editoras neste ano. O 2º como personagem Raul Hilberg, Carlos Lacerda e Svetlana Alexievich: as grandes apostas das editoras neste ano. O 2º como personagem[/caption] As editoras já definiram alguns de seus lançamentos para 2016. A maior aposta da Intrínseca é “A Ditadura Acabada”, do jornalista e pesquisador Elio Gaspari. Trata-se do quinto volume da série Ilusões Armadas. O editor deveria convencê-lo a escrever um sexto volume a respeito dos arquivos implacáveis de Golbery do Couto e Silva. É provável que o autor dirá que os arquivos foram usados fartamente, e é verdade. Mas sempre escapa detalhes interessantes que não seriam adequados para os cinco livros escritos. A obra sai em junho. Um dos grandes lançamentos será “Vozes de Chernobil”, da jornalista Svetlana Ale­xievich. Sairá pela Companhia das Letras em março. No segundo semestres, a editora publicará “O Rosto Pouco Feminino da Guerra”. A autora usa o jornalismo para contar grandes e trágicas histórias, indo além do jornalismo factual (quase datilografia), mas sem deformá-las. Quase tudo parece ficção, mas é tudo real. O real às vezes é tão espantoso que parece ficção. É provável que Svetlana Alexievich esteja próxima, ainda que não seja uma discípula, do escritor e jornalista russo Vassili Grossman, cujos “Vida e Destino” (uma das obras fundamentais do século 20) e “A Estrada” saíram no Brasil pela Alfaguara, com tradução notável de Irineu Franco Perpétuo. [caption id="attachment_57080" align="alignright" width="370"]Elio Gaspari e Mário Magalhães: o primeiro vasculha o fim do governo de Ernesto Geisel e o governo de João Figueiredo e o segundo esmiúça os últimos 13 anos de vida de Carlos Lacerda, com documentos que nunca foram publicados em livro Elio Gaspari e Mário Magalhães: o primeiro vasculha o fim do governo de Ernesto Geisel e o governo de João Figueiredo e o segundo esmiúça os últimos 13 anos de vida de Carlos Lacerda, com documentos que nunca foram publicados em livro[/caption] O jornalista Mário Ma­galhães, autor de uma extraordinária biografia de Carlos Marighella, lança no final deste ano, pela Companhia das Letras, um livro (ainda sem título definido) sobre os últimos 13 anos de vida do jornalista, escritor e político Carlos Lacerda. Pega de 1964 a 1977. Não é, portanto, uma biografia de toda a vida. No seu blog, no UOL, ele anotou: “Escrever sobre Lacerda é desejo antigo, mas eu me impunha uma condição: haver novidades para publicar. Há mais de 15 anos coleciono informações e papéis sobre meu novo personagem, porém ainda não eram suficientes. O cenário mudou, com o acesso a milhares de páginas de documentos, sigilosos na origem, produzidos por governos e agências do Brasil e do exterior. Todos sobre Carlos Lacerda e figuras vinculadas a ele”. Da escritora da moda, a italiana Elena Ferrante (autora do best seller transnacional “A Amiga Genial”, publicado no Brasil pela Globo, no selo Biblioteca Azul, e traduzido por Maurício Santana Dias), sai em fevereiro “A História de um Novo Nome”. Não se sabe quem é de fato a autora, mas os jornais publicam reportagens seguidas tentando decifrar o mistério. O grande lançamento da Record será a biografia “Ro­berto Carlos em Detalhes”, de Paulo César de Araújo. O autor reescreveu e atualizou o livro que havia sido censurado pela Justiça a pedido do cantor. A Editora Amarilys promete pôr nas livrarias um clássico incontornável da literatura histórica: “A Des­truição dos Judeus Eu­ropeus”, do brilhante historiador austríaco Raul Hilberg. É base de todos os livros sérios sobre o Holocausto.

Processar jornalistas é um direito de Lula, mas e se o tiro sair pela culatra?

[caption id="attachment_57075" align="alignright" width="341"]Lula da Silva e Chico Buarque: o político e o compositor-escritor são críticos dos  Estados Unidos, mas estão copiando a tradição contenciosa dos americanos Lula da Silva e Chico Buarque: o político e o compositor-escritor são críticos dos
Estados Unidos, mas estão copiando a tradição contenciosa dos americanos[/caption] Organizações criminosas matam jornalistas em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Há políticos e empresários que, irritados com as reportagens publicadas, chegam a agredir fisicamente repórteres. Há duas formas legítimas e legais de se revolver pendências entre publicadores de denúncias e denunciados. Primeiro, com diplomacia, com os dois lados guardando a ira nas gavetas cerebrais. Um direito de resposta adequado, mesmo sem a mediação da Justiça, é uma das saídas. Muitas vezes, ouvindo atentamente pessoas que se sentiram “atingidas” pelo jornal, percebi que, mais do que processar, queriam expor suas versões de maneira mais ampla possível. Segundo, há outra instância civilizada: a Justiça. Quando não há acordo possível entre as partes, o recurso é o Judiciário. Eu, como todo jornalista, não gosto de ser processado. Mas entendo que é a instância democrática. Busca-se na figura do juiz, não a imparcialidade total — que é ficção —, mas um elemento relativamente neutro à pendenga e que, por isso, poderá avaliá-la com propriedade e, daí, proferir uma sentença justa. A Justiça às comete injustiças, mas no geral acerta mais do que erra. Quando chegou aos Estados Unidos, o historiador austríaco Raul Hilberg (1926-2007), autor do seminal “A Destruição dos Judeus Europeus” — o primeiro livro mais amplo e documentadíssimo sobre a quantidade de judeus que foram assassinados nos campos de extermínio criados pelo nazismo de Adolf Hitler —, ficou surpreso com o contencioso judicial dos norte-americanos. No país de William Faulkner, por qualquer motivo move-se um processo. Na Europa, há mais diálogo e ponderação entre as partes. O Brasil, que importa até racismo (disfarçado de antirracismo), importou a praga americana dos processos com motivações pífias. Em alguns casos, a razão nem é esclarecer os fatos, e sim intimidar repórteres e fontes. Mas, insistamos, a ação judicial é civilizada, mesmo que os interesses não sejam lá muito legítimos. O compositor e escritor Chico Buarque foi chamado de “ladrão” pelo jornalista e antiquário João Pedrosa. Este, numa carta pública, admitiu que extrapolou e pediu desculpas. O artista não aceitou-as e decidiu processá-lo. A carta é uma retratação e, apresentada à Justiça, será útil, quem sabe, como atenuante. Chico Buarque é esquerdista, da linha festiva, mas não é larápio. O processo oferece a oportunidade para João Pedrosa provar o que ele roubou. Ou fará uma retratação mais precisa do que a carta. Outro processador-mor, é o ex-presidente Lula da Silva, um esquerdista, apesar da retórica, moderado. Ao final das investigações e ações da Operação Lava Jato, será possível concluir que os supostos negócios de Lula têm mais a ver com tráfico de influência? Ainda não se sabe. Mas o petista-chefe decidiu processar jornalistas por atacado. Será que, orientado por advogados gabaritadados e sabendo que, ao final, seu nome não irá inteiramente para a lama, Lula da Silva quer, desde já, intimidar os jornalistas investigativos mais atuantes? Pode ser que isto seja verdade, mas os processos são legítimos e vão oferecer uma oportunidade para os repórteres apresentarem suas provas, contundentes ou não. “Comecei a processar jornalistas. Quando processo jornal, o dono do jornal se livra do processo jogando a culpa no jornalista. Então, eu falei: vou começar a processar jornalista para ver se a gente recupera a dignidade da categoria e as pessoas verem que quando escrevem alguma coisa prejudicando alguém aquilo tem consequência. Contratei o Nilo Batista [advogado]. Daqui pra frente vou processar todo mundo, criminalmente, civil, sei lá. Pra ver se a gente consegue colocar um pouco de ordem na casa”, afirma Lula. O texto é meio Lula, meio advogado. [caption id="attachment_57076" align="alignleft" width="328"]Nestor Cerveró e José Carlos Bumlai: o que eles dirão, até o final dos processos, sobre Lula? O primeiro não quer proteger o ex-presidente Nestor Cerveró e José Carlos Bumlai: o que eles dirão, até o final dos processos, sobre Lula? O primeiro não quer proteger o ex-presidente[/caption] “Antigamente, os jornais tinham dono, você falava com o dono. Hoje você tem preposto, você tentava resolver alguma coisa, hoje os donos não falam mais nada, hoje é executivo. A politização da imprensa chegou a tal ordem. Admito que tenham um lado, que publiquem editoriais, o que quiserem. A única coisa que não admito é mentira na informação, é mentira. Daqui pra frente vou processar. Tem muito processo a dar com pau. Vamos cada vez mais, não tem outro jeito. Eu não gostaria que fosse assim”, acrescenta Lula. O que terão a dizer, até o final dos processos, Nestor Cerveró e José Carlos Bumlai, supostos amigos do ex-presidente. O problema é que processos às vezes é um tiro pela culatra. O autor da ação sempre acredita que vai ganhar, mas pode perder. A Justiça pode entender que ao menos algumas das informações contra Lula da Silva não são invenções e foram extraídas de documentos colhidos ou formulados pelo Ministério Público e que, aos poucos, estão chegando à Justiça. Todo processo que o ex-presidente perder soará como uma espécie de condenação para o público.

Katteca critica a exposição excessiva do jogador Wendell

chargeO personagem Katteca é uma criação de Britvs, o grande “editorialista” de “O Popular”. Se há alguém que dá identidade ao jornal é a criação de Britvz. Ele diz coisas que a gente gostaria de dizer, mas não diz, nos seus quadrinhos diários, que deveriam ser publicados na primeira página. Na edição de quinta-feira, 21, Katteca esteve impagável. O jogador goiano Wendell, autor do gol mais bonito de 2015, se tornou o xodó dos jornais, revistas, emissoras de televisão e rádio. É o Cauã Reymond do futebol, mais celebrado do que Eric, que o Palmeiras comprou do Goiás. O que Katteca critica é o excesso de exposição. No início, Katteca, travestido de repórter, informa: “Wendell acordou!”. O jogador está deitado numa cama e é fotografado e filmado. Em seguida, “Wendell tá escovando os dentes!”. Microfones aparecem de todos os lados. “Wendell tá almoçando!” No fim do quadrinho, Wendell corre para o banheiro, com ar aflito, e, de repente, os repórteres saem correndo. Um deles e Katteca apertam o nariz. Até a Escola de Frankfurt aprovaria a graça inteligente do indiozinho.

Gravador é céu e inferno para o repórter. É preciso observar e usar mais o cérebro

[caption id="attachment_57068" align="alignright" width="620"]Reprodução Reprodução[/caption] O gravador é útil, mas também é uma praga. Por isso recomendo aos repórteres que o usem apenas se estiverem preparando reportagens investigativas, que envolvam denúncias e é preciso “comprometer” as fontes. As gravações têm o hábito de tornar as fontes mais ponderadas, verdadeiras e, às vezes, menos dadas a ficcionalizar os fatos. Porém, para reportagens mais leves, o gravador atrapalha (e até intimida) e seu uso frequente e abusivo impede, por vezes, o repórter de observar o entrevistado, de verificar as expressões faciais ao comentar um fato, a registrar o ambiente. O gravador mais distancia do que aproxima entrevistado e entrevistador. O resultado é que algumas reportagens são meras transcrições do que o jornalista gravou. Quase uma datilografia de relativo luxo. Por vezes, o repórter não elimina sequer os vícios da linguagem oral. Sugiro, portanto, menos gravador e mais observação. Os olhos do repórter e sua memória (é preciso treiná-la, mesmo sob o domínio do mundo digital; o cérebro ainda é o mais poderoso computador de um indivíduo) são “gravadores” excepcionais.

Sai uma grande biografia de Charles M. Schulz, o criador do Snoopy

46090474A Biografia do Criador do Snoopy” (Seoman, 588 páginas, tradução de Denis de Brong Mattar e José Julio do Espírito Santo), de David Michaelis, é um livro magistral. Uma radiografia matizada do múltiplo e contraditório gênio.

Desleixo editorial de O Popular Online em reportagem de luta de MMA

O jornalismo online de “O Popular” é no mínimo descuidado. Ao noticiar a derrota de Matt Mitrione para Travis Browne, lutadores pesos-pesados do UFC, um repórter escreveu que “Fulano de Tal” havia perdido a luta. O Fulano de Tal — lembra as reportagens policiais dos velhos tempos — é Matt Mitrione, que, além de perder a luta, saiu com um olho inchado, muito inchado. Depois que os leitores notaram, o jornal retificou o erro. print_pop2

Belisa Ribeiro lança livro sobre a história do “Jornal do Brasil”

Capa Jornal do Brasil V2 MFO “Jornal do Brasil” foi um grande jornal. Foi? O “JB” permanece vivo, exclusivamente na internet, mas não é mais a bela publicação dos tempos de ouro. Era quase uma voz oficial do país. Belisa Ribeiro está certa ao escrever “Jornal do Brasil — História e Memória” (Record, 406 páginas). Belisa Ribeiro examina as edições mais decisivas do “JB”. O jornal era muito importante para o país e era adorado pelos intelectuais. O poeta e crítico Mário Faustino fortaleceu seus músculos intelectuais nas suas páginas, como editor, crítico e tradutor. O poeta Reynaldo Jardim, um dos maiores editores e criadores do país, militou nas suas páginas, tanto escrevendo quanto pensando e, até, desenhando-o. A poesia concreta ganhou espaço invejável e se projetou. Ferreira Gullar deu uma importante contribuição. Janio de Freitas, hoje na “Folha de S. Paulo”, e Alberto Dines foram decisivos na transformação do jornal. Em termos políticos, o “JB” mantinha uma cobertura de primeira linha. A sinopse divulgada pela editora informa que, com suas edições muito bem feitas e com apurações rigorosas, contribuiu para “evitar a fraude em uma eleição [tentaram garfar Leonel Brizola em 1982] ou denunciar o envolvimento de militares do governo em um atentado [o caso Riocentro] que poderia ter matado milhares de jovens em um show onde cantavam Chico Buarque e Gonzaguinha”. O segredo do “JB” era manter equipes de repórteres que, além de investigar com rigor (tinham fontes privilegiadas), escreviam muito bem. Pensavam. Num tempo em que o jornalismo por vezes assemelha-se a datilografia de relativo luxo, com repórteres tão-somente transcrevendo declarações — como se fossem seres alienados —, rever a história do jornal é pelo menos um oásis. Um livro, em suma, imperdível e que entra para minha lista penelopiana imediatamente.

Marconi joga em 2016 para fortalecer sua base para a disputa de 2018. Quer enfraquecer a oposição

[caption id="attachment_57056" align="alignright" width="620"]O governador Marconi Perillo tende a apostar tanto em Waldir Soares quanto em Giuseppe Vecci; seu objetivo é enfraquecer a aliança Iris Rezende-Ronaldo Caiado. É um jogo estratégico O governador Marconi Perillo tende a apostar tanto em Waldir Soares quanto em Giuseppe Vecci; seu objetivo é enfraquecer a aliança Iris Rezende-Ronaldo Caiado. É um jogo estratégico[/caption] Os incautos de praxe sugerem que o governador Marconi Perillo se afastará do processo político de 2016 — abrindo espaço para outros articuladores, como o vice-governador José Eliton. Que a participação deste cresceu nos últimos tempos, tanto nas articulações administrativas — o que sugere que está sendo preparado para assumir o governo em abril de 2018 — quanto nas políticas, parece óbvio até ao observador pouco interessado. Mas poucos políticos são tão perceptivos — uma percepção temperada por pesquisas e análises rigorosas do confronto das forças em campo — quanto o tucano-chefe. Na verdade, Marconi Perillo sabe, desde há muito tempo, que os eleitores não querem o governador fazendo política o tempo todo. Quer vê-lo administrando o Estado. Por isso, com rara habilidade, o governador articula mais nos bastidores. E é incansável na articulação, na formatação de alianças políticas e agregação de novos valores (técnicos e políticos). Como tem uma visão estratégica, e não meramente tática, da política, está trabalhando, com o apoio de uma equipe pequena mas eficiente, para que a base governista tente eleger ao menos 200 prefeitos. O objetivo, lógico, não é melhorar estatísticas. As razões principais são duas, e até óbvias. Primeiro, ampliar a estrutura política, pois a aliança tucano-pepista-petebista-pessedista, depois de 20 anos de poder, em 2018, terá dificuldade para eleger o próximo governador. Uma estrutura ampla, com fortes ramificações em todo o Estado, tem mais chance de derrotar uma candidatura sem apoios sólidos — inclusive financeiros — na maioria das cidades. Segundo, ganhar mais prefeituras, especialmente nas médias e grandes cidades, significa reduzir a estrutura política e financeira das oposições. O PMDB, se perder Goiânia e Anápolis (cidade administrada pelo semialiado PT), terá muita dificuldade de enfrentar uma situação cada vez mais encorpada. Dito isto, é possível concluir que um político inteligente, como Marconi Perillo, estuda o processo político e joga com pelos menos duas hipóteses em Goiânia: com Giuseppe Vecci e, também, Waldir Soares. O que conseguir derrotar Iris Rezende ganha a simpatia e o aplauso do tucano-chefe.

Daniel Vilela não tem alternativa: ou enfrenta Iris ou não carimba passaporte para o governo em 2018

[caption id="attachment_57053" align="alignright" width="620"]Daniel Vilela e Iris Rezende: a batalha entre os dois é a luta de substituição do velho pelo novo; e um terá de sair de cena Daniel Vilela e Iris Rezende: a batalha entre os dois é a luta de substituição do velho pelo novo; e um terá de sair de cena[/caption] Há uma guerra no PMDB na qual o velho, Iris Rezende, tenta retardar a chegada do novo, Daniel Vilela, ao poder. Diria Abraham Lincoln — o ex-prefeito gostava de se apresentador como “lenhador” na juventude, como o presidente americano — que se trata de uma batalha mortal. O que está ocorrendo é um parto político — onde um segue vivo politicamente, até por muitos anos, e o outro pendura as chuteiras. O problema é que Iris Rezende não entrega os pontos. Joga pesadíssimo. Às vezes, põe Iris Araújo na linha de frente, até sugerindo que sua mulher é radical e não é diplomática, mas, no fundo, é quem articula de fato. Trata-se de um político implacável que, ao longo do tempo, não recuou um minuto em relação a expurgar militantes e líderes do partido. Muitos foram saindo — até constituir um partido forte em Goiás, o PSDB, e tomaram-lhe o poder. Iris Rezende, por assim dizer, criou os adversários — que sempre tratou como inimigos — que lhes arrancaram do poder. Ninguém que trombou com Iris Rezende ficou no PMDB para contar a história. Para relatá-la à sociedade, tiveram de sair do partido, buscando liberdade de expressão noutros partidos. São os casos de Henrique Santillo, Nion Albernaz, Irapuan Costa Junior, entre outros. Mas agora o quadro está mudando. Sentindo que a fera perdeu duas presas, peemedebistas começam a reagir ao seu poderio e controle político coronelístico. Os integrantes mais jovens do PMDB, que ainda não têm força suficiente para expurgar Iris Rezende, admitem que ele deve disputar a Prefeitura de Goiânia. O espaço é do velho cacique. No entanto, além de mandar na prefeitura, quer, também, chefiar o PMDB estadual. Nailton Oliveira ou Iris Araújo no comando é o mesmo que Iris Rezende. Os dois são prepostos. O deputado federal Daniel Vilela, espécie de Davi do PMDB, não se intimida com o relativo vigor dos dentes frontais de Iris Rezende. Sabe que pode até sair “ferido” da refrega pela presidência do PMDB, mas nada que seja mortal. Ele sabe que a hora de enfrentar Iris Rezende é agora. Se conseguir se tornar presidente do PMDB, com o apoio dos deputados estaduais e do deputado federal Pedro Chaves, e do ex-deputado federal Sandro Mabel, Daniel Vilela carimba seu passaporte para a disputa do governo em 2018. Porém, se fraquejar agora, por covardia ou conveniência política, desistindo da peleja e dos guerreiros que estão no campo de batalha, não terá condições de disputar o governo. Assistirá o próprio Iris Rezende disputando o governo ou bancando Ronaldo Caiado — o peemedebista-chave o avalia positivamente devido ao seu anti-marconismo — para o Poder Executivo estadual.

O médico Zacharias Calil é cotado para ser vice do delegado Waldir Soares

[caption id="attachment_57051" align="alignright" width="299"]Reprodução Reprodução[/caption] O médico Zacharias Calil (PP), uma das estrelas da medicina brasileira — mais conhecido por separar gêmeos siameses —, confidenciou a alguns políticos, que, convidado, chegou a pensar em ser vice do deputado federal Waldir Delegado Soares na disputa pela Prefeitura de Goiânia. Porém, ao comunicar o fato ao presidente do PP em Goiás, senador Wilder Morais, recebeu a informação de que o PP vai apoiar a candidatura do deputado federal Sandes Júnior para prefeito. Nas conversas, Zacharias Calil teria dito que ouviu de Waldir Soares que, com sua popularidade e o prestígio do médico, a chapa seria imbatível na capital. A chapa teria mais credibilidade.

PSD define que terá candidato a prefeito em Goiânia e não admite recuo

[caption id="attachment_57049" align="alignright" width="620"]Virmondes Cruvinel é visto como o pré-candidato mais consistente do PSD Virmondes Cruvinel é visto como o pré-candidato mais consistente do PSD[/caption] O presidente do PSD em Goiás, Vilmar Rocha, chegou de viagem com uma convicção. O partido que dirige vai lançar candidato a prefeito de Goiânia. Para marcar posição? Não. Para fortalecer seus líderes, para dotá-los de um discurso mais elaborado e para que o partido, ganhando musculatura, a partir do conflito com outros postulantes, talvez eleja o prefeito da capital. O líder pessedista convocou os deputados Francisco Júnior e Virmondes Cruvinel para conversas separadas e garantiu total apoio àquele que for definido. Não haverá prévias, pois a cúpula espera que os dois parlamentares encontrem um denominador comum. A definição do nome, frisou o secretário das Cidades e Meio Ambiente do governo de Goiás, vai ocorrer antes do fim de fevereiro. Os dois postulantes são preparados tecnicamente e conhecem bem a cidade. Mas Virmondes Cruvinel é o que articula mais. Na semana passada, conversou com o secretário de Gestão e Planejamento, Thiago Peixoto, com o ex-deputado Frederico Nascimento e vai conversar com o deputado Lincoln Tejota na segunda-feira, 25. Uma das conversas proveitosas foi com o economista Flávio Peixoto, pai de Thiago. O pré-candidato tem conversado com intelectuais, como o doutor em economia Murilo Rezende, professor da Fasam. Virmondes Cruvinel articula bem com os segmentos organizados de Goiânia e, aos que o interpelam se vai ser vice do possível candidato do PSDB a prefeito, Giuseppe Vecci, afirma, de maneira civilizada mas firme — com o tom da voz ligeiramente alterado, o que é raro —, que não. “De maneira alguma. O que quero é disputar a Prefeitura de Goiânia. Não tenho o sonho de ser vice e o PSD é um partido respeitável.”

Líderes partidários dizem que Vanderlan Cardoso, embora sério, é um político que não tem ânimo

[caption id="attachment_55235" align="alignright" width="620"]Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Dois líderes partidários conversaram com Vanderlan Cardoso recentemente e não sentiram firmeza nas suas posições. A um deles, o líder do PSB disse que, depois de duas derrotas seguidas, em 2010 e 2014, se perder mais uma, este ano, terá de encerrar sua carreira política. “A gente percebe que se trata de um homem sério, mas, com o perdão da palavra, falta-se tesão para a vida político-partidária. A política exige muito e, por isso, não deve ser vista como extensão dos negócios particulares”, afirma o presidente de um partido. Res­salte-se que o empresário está articulando, conversando com líderes de vários partidos, mas até agora não conseguiu estabelecer nenhuma aliança sólida. Aproximou-se de Marconi Perillo e agora se diz independente.” Tal comportamento, frisa o líder partidário, não funciona. “Não se pode assumir uma oposição, simular que pertence a um grupo político e, em seguida, recuar. Os eleitores ficam desconfiados da seriedade de seus propósitos”, afirma o presidente do partido.

Waldir Soares pode ser arma para evitar que Iris Rezende seja eleito no primeiro turno

[caption id="attachment_57045" align="alignright" width="620"]Reprodução Reprodução[/caption] Tudo indica que não há como a base do governador Marconi Perillo descartar o deputado federal Waldir Delegado Soares, do PSDB. O motivo é prosaico: sem o delegado na disputa, dividindo os votos na periferia, sobretudo na região Noroeste, Iris Rezende pode ser eleito no primeiro turno. Em 2014, ele contribui para derrotar Iris Araújo, reduzindo seu eleitorado nos bairros, e contribuiu para eleger Fábio Sousa e Thiago Peixoto. Em 2016 pode contribuir para esvaziar Iris.

Magda Mofatto convida Waldir Soares para se filiar ao PR e garante que vai disputar mandato de senadora

[caption id="attachment_57033" align="alignright" width="620"]Magda Mofatto: “Queremos o delegado Waldir no PR, mas as conversas não foram finalizadas” Magda Mofatto: “Queremos o delegado Waldir no PR, mas as conversas não foram finalizadas”[/caption] A deputada federal Magda Mofatto disse ao Jornal Opção na sexta-feira, 22, que, de fato, convidou o deputado federal Waldir Delegado Soares (PSDB) para se filiar ao PR. “Quem não quer uma aliança com um deputado extremamente popular como Waldir? O PR quer, como outros partidos. Ele está conversando com o Pros, fala com todo mundo, e provavelmente por isso não me deu uma resposta objetiva a respeito do convite. Preciso conversar mais vezes com Waldir, um homem gentil e perspicaz.” Magda Mofatto conta que está organizando o PR em mais de 200 municípios. “Nós queremos ampliar a nossa base política. O PR certamente sairá das eleições de 2016 como uma força considerável. Estou me preparando para disputar mandato de senadora, em 2018, e por isso preciso de um partido forte e presente em praticamente todos os municípios. A conquista de Waldir Soares, se isto for possível, encorparia o partido na capital.” O PR já está com um pé em Goiânia. “O vereador Felisberto Tavares é o presidente do PR metropolitano. É um coordenador de primeira linha.” O repórter pergunta: “Cláudio Meirelles vai permanecer no partido?” Magda Mofatto garante: “Cláudio Meirelles não sai do PR de jeito nenhum. Ele é um excelente político, posicionado, firme.”