O “Jornal do Brasil” foi um grande jornal. Foi? O “JB” permanece vivo, exclusivamente na internet, mas não é mais a bela publicação dos tempos de ouro. Era quase uma voz oficial do país. Belisa Ribeiro está certa ao escrever “Jornal do Brasil — História e Memória” (Record, 406 páginas).
Belisa Ribeiro examina as edições mais decisivas do “JB”. O jornal era muito importante para o país e era adorado pelos intelectuais.
O poeta e crítico Mário Faustino fortaleceu seus músculos intelectuais nas suas páginas, como editor, crítico e tradutor. O poeta Reynaldo Jardim, um dos maiores editores e criadores do país, militou nas suas páginas, tanto escrevendo quanto pensando e, até, desenhando-o. A poesia concreta ganhou espaço invejável e se projetou. Ferreira Gullar deu uma importante contribuição. Janio de Freitas, hoje na “Folha de S. Paulo”, e Alberto Dines foram decisivos na transformação do jornal.
Em termos políticos, o “JB” mantinha uma cobertura de primeira linha. A sinopse divulgada pela editora informa que, com suas edições muito bem feitas e com apurações rigorosas, contribuiu para “evitar a fraude em uma eleição [tentaram garfar Leonel Brizola em 1982] ou denunciar o envolvimento de militares do governo em um atentado [o caso Riocentro] que poderia ter matado milhares de jovens em um show onde cantavam Chico Buarque e Gonzaguinha”.
O segredo do “JB” era manter equipes de repórteres que, além de investigar com rigor (tinham fontes privilegiadas), escreviam muito bem. Pensavam. Num tempo em que o jornalismo por vezes assemelha-se a datilografia de relativo luxo, com repórteres tão-somente transcrevendo declarações — como se fossem seres alienados —, rever a história do jornal é pelo menos um oásis.
Um livro, em suma, imperdível e que entra para minha lista penelopiana imediatamente.
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